ARTIGOS

Em tempo de Murici, cada um cuida de si

31 de março de 2021, 16:46

Foto: Enzo Lima

Por Gervásio Lima – 

 “Em tempos de Murici, cada um cuida de si”. Um dos provérbios mais egoístas e arrogantes que existe, é atribuído ao nordestino por conta de uma frase que seria dita pelo baiano de Inhambupe, o coronel do Exército Pedro Nunes Tamarindo, durante a terceira expedição militar no então arraial Belo Monte (Canudos), quando pela terceira vez a população local, comandada pelo líder religioso Antônio Conselheiro, derrotou as tropas federais.

Nunca se imaginava que uma celebração ao egoísmo fosse servir como um alerta à necessidade do isolamento e do distanciamento social, quando o indivíduo, ao cuidar de si, estará protegendo e salvando não apenas a sua, mas a vida dos que estão em sua volta e em seu convívio. Numa verdadeira inversão de valores para o bem, valorizar a autoproteção neste momento de pandemia é uma forma consciente e humana de valorizar a vida e proteger o próximo.

Salvem-se quem puder. Se cada cidadão cuidar da sua própria vida é quase certo que irá sobreviver e contribuirá com a sobrevivência dos outros.

O mundo vive uma crise sanitária inimaginável, um problema de proporções catastróficas, sem comparações de ocorridos há mais de um século, quando a medicina não tinha os avanços tecnológicos e farmacêuticos que existem na atualidade, e quando as informações não eram compartilhadas de forma instantânea como agora.

Se compararmos o comportamento da população mundial, conforme relatos históricos, diante do combate da Gripe Espanhola ocorrida há 100 anos, com a forma como a população encara a Covid-19 em pleno século XXI, pode se afirmar que agimos como se vivêssemos na ‘idade das trevas’, com a predominância da ignorância e do negacionismo, por mais insano que isso pareça.

A gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, foi uma vasta e mortal pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou em torno de 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial. A Covid-19, descoberta no final de 2019 na China, disseminou rapidamente para todo o planeta, e em pouco mais de um ano já contaminou cerca de 130 milhões e tirou a vida de mais três milhões de pessoas. Somente no Brasil, já foram infectadas 13 milhões, com 320 mil mortes até o momento, conforme dados apurados a partir dos números de pacientes que procuraram atendimentos médicos e que realizaram testes. De acordo com as autoridades de saúde, é possível que as ocorrências podem ser de quatro a cinco vezes maiores que os números oficiais divulgados.

O problema é muito sério. Independentemente do lado político, religioso ou da condição social de cada indivíduo, o melhor é acreditar na verdade da ciência e absorver a mensagem do antigo provérbio em toda a sua plenitude. Fica a dica.

Jornalista e historiado                                   

 

*Jornalista e historiador      

            

 

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O PÊNDULO: DE GALILEU A FOCAULT – A Função Preguiça na Matemática Baiana

21 de março de 2021, 09:10

Quando Galileu Galilei, aos 18 anos descobriu a Lei do Isocronismo Universal e fez a fórmula matemática que calcula o movimento pendular, jamais imaginou que Humberto Eco, escritor italiano, a descreveria com tanta beleza e arte em sua monumental obra O Pêndulo de Focault: “…em sua isócrina majestade…eu sabia – mas qualquer um teria podido concluir pela magia daquele plácido respirar – que o período era regulado pela correlação entre a raiz quadrada do comprimento do fio e a do número π, que, embora irracional para as mentes sublunares, relaciona, por alguma razão divina, a circunferência ao diâmetro de todos os círculos​ possíveis – de modo que o oscilar de uma esfera de um pólo a outro decorre de uma arcana conspiração entre a mais intemporal das medidas, a unidade do ponto de suspensão, a dualidade de uma dimensão abstrata, a natureza terciária do π, o tetrágono secreto da raiz e a perfeição do círculo.”

Eu, por minha vez, também tentei dá um destino melhor a equação de Einstein que relaciona friamente a energia à matéria, a famosa E=mc². Sendo a velocidade da luz uma constante universal, considerando a preguiça o inverso da energia pessoal, o quociente entre as velocidade do movimento corporal e a da luz, o tempo no espaço de uma vida torna-se o inverso desta mesma velocidade. Concluí que o preguiçoso vive mais do que aquele que vive correndo atrás das coisas do mundo, o famoso workaholic. Quando o ócio é criativo, este transforma o inferno do tédio cotidiano num paraíso doce e estimulante para se viver. Este lento meditar se intensifica quando catalisado por uma dolente rede cearense.
Despretenciosamente, neste eco de Eco, talvez minha fórmula manemolente não ecoe como as belas palavras do mestre italiano.

Por: Montiez Rodrigues 

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Amar como Jesus amou

18 de março de 2021, 08:28

*Por Gervásio Lima  –

A capacidade de certos indivíduos em deturpar conceitos, valores, significados, sentimentos e princípios inerentes a determinadas coisas e até mesmo a seus semelhantes assusta e merece atenção e cuidado, diante do perigo que este tipo de comportamento pode oferecer. A depender do problema que venha a ser ocasionado são inevitáveis tomadas de decisões, inclusive com a utilização dos direitos estabelecidos por leis.

De proporções inimagináveis, o ódio e a descrença nunca estiveram tão presentes entre as sociedades. Tudo que se acreditava que aconteceria a partir da facilidade de acessar as informações, que aproximou o que há pouco tempo era considerado muito longe e até mesmo inacessível, não aconteceu. Hostilidade, desamor, desumanidade e insanidade são as características intrínsecas dos que mesmo com a possibilidade da emancipação social preferem viver e se comportar como seres primitivos, como um ogro.

Incrivelmente, os que pregam o quanto pior melhor defendem suas opções maldosas como princípios criados como uma espécie de ‘estatuto’ com o objetivo de punir os que se opõem às suas opiniões, sempre arraigadas de preconceitos de gênero, cor e condição social. Esses são os verdadeiros incongruentes, sujeitos contraditórios, desconexos, incoerentes, desproporcionais e incompatíveis, desprovidos de ‘senso de ridículo’.

Viver em sociedade, respeitando as diferenças, é talvez a principal base da boa relação entre os seres. A harmonia, como a própria palavra soa, remete ao bem comum, o bom convívio e à deferência. Mas, em pleno século XXI, a animosidade, a intriga, a desavença e o desrespeito, como uma erva daninha, invadem, sem pedir licença, e prejudicam as relações humanas, provocando efeitos devastadores. Uma verdadeira luta constante entre o bem e o mal, onde o mal travestido de bem confunde, e tira até mesmo a vida, principalmente dos incautos.

Em qualquer ocasião, amar é extremamente nobre. Amar sem olhar a quem, criar empatia e entender o outro com as necessidades físicas e afetivas se faz necessário, sendo a melhor demonstração de que nós humanos podemos voltar a ser racionais.

“Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu; sentir o que Jesus sentia; sorrir como Jesus sorria e ao chegar ao fim do dia, eu sei que eu dormiria muito mais feliz…” – Padre Zezinho

*Jornalista e historiador 

 

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Tudo na vida passa

11 de março de 2021, 08:31

Foto: Notícia Limpa

*Por Gervásio Lima – 

“Tudo na vida passa, tudo no mundo cresce. Nada é igual a nada não. Tudo que sobe desce, tudo que vem, tem volta. Nada que vive, vive em vão. Nem todo dia é festa, nem todo choro é triste. Nenhuma dor sempre
 
Em 1982 a banda The Fevers, uma das mais queridas e tocadas no Brasil fazia sucesso com a música ‘Elas por Elas’ (trecho acima). Neste mesmo ano a seleção brasileira foi considerada a melhor seleção da Copa do Mundo, mesmo não levando a taça. No início daquele ano, no dia 19 de janeiro, morre uma das melhores interpretes da música brasileira, a cantora Elis Regina. Bem mais para frente, no dia 13 de dezembro, o saudoso Leonel Brizola é eleito governador do Rio de Janeiro. Brizola foi único político eleito pelo voto para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. 
 
Já se passaram 39 anos, mas incrivelmente a estrofe da música ‘Elas pro Elas’ continua atual, uma verdadeira mensagem de otimismo para uns e um recado para outros. Didaticamente falando, ‘quem avisa amigo é’ ou ‘os ‘os humilhados serão exaltados’. 
 
A arrogância e a prepotência são passageiras, e o resultado na vida para quem insiste em se comportar como tal é inevitavelmente catastrófico. Pior que caminhar se livrando dos espinhos é tropeçar em pedras no caminho. O bem pode em certos momentos ser apenas uma trilha, mas sempre levará a um destino seguro, onde as lágrimas causadas por tribulações durante o percurso serão transformadas em sentimentos de alegria, em comemoração às conquistas e às curas das dores.
 
O ato de cantar ajuda a exercitar o coração, fazendo com que as pessoas se sintam bem, passando quase sempre uma mensagem sobre o olhar para o que realmente importa na vida. A música também influencia diretamente no desempenho da memória, um exemplo disto é a canção ‘Pra não dizer que não falei da Flores’ (1968), de Geraldo Vandré:
 
“Caminhando e cantando, e seguindo a canção, Somos todos iguais, braços dados ou não. Nas escolas, nas ruas, campos, construções. Caminhando e cantando, e seguindo a canção…” 
 
A letra que transmitia, e ainda transmite, esperança, acabou se tornando um hino de resistência no Brasil,  sendo, na época, censurada e proibida de tocar pelos militares. 
 
Como diz Flávio José, “Se avexe não, amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada”. 
 
*Jornalista e historiador 
 

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Que vença a virtude soberana

03 de março de 2021, 17:18

*Por Gervásio Lima  –  

Aquilo que se vaticinou infelizmente aconteceu, numa velocidade também previsível. A desdenha por parte de um grande número de brasileiros com relação à pandemia da Covid-19 tem gerado sofrimentos irreparáveis pelos que foram contaminados e pelas famílias e amigos das quase 260 mil vidas perdidas por conta da doença.

Os que ainda lutam para sobreviver em um leito hospitalar e os que procuram as unidades médicas para serem atendidos e não encontram vagas são vítimas da insanidade, da frieza e da desumanidade daquele que deveria levar a sério o cargo que lhe foi confiado através do voto, mas ao contrário, insiste em imitar o comportamento ditatorial e fascista do nazismo, movimento político que entre outras aberrações se caracterizou pelo autoritarismo, apontando os comunistas como responsáveis pelos problemas sociais e estimulando a irracionalidade como meio de adesão às propostas políticas de solução dos problemas nacionais.

Onde está o erro dos que estão do lado da vida? Qual a maldade dos que promovem o bem? Seguir as orientações das autoridades em saúde é um das principais caminhos para quem busca a cura de enfermidades, isso é uma lógica. Duvidar do que a comunidade científica de todo o mundo tem exposto é sinônimo de ignorância, quiçá genocídio. Na guerra entre um vírus e a ciência, a morte é o soldado da doença e os profissionais de saúde são os guerreiros que lutam pela vida.

A sensatez, a compaixão e a empatia dividem a mesma trincheira. Aquele que acredita que o mal vence o bem não é digno de admiração moral. Negar o perigo de uma doença que já afetou centenas de milhões no planeta é negligenciar a vida dos seus próprios seguidores.

Chorar por um erro cometido é um sentimento de culpa reversível, algo que muitas vezes sem muito esforço pode ser corrigido. Chorar pela morte de um ente querido é uma dor que se torna crônica, que castiga e machuca pelo resto da vida. Que o choro seja de alegria, por saber que no fundo do mar sempre há um chão onde pisar, por tanto, vamos todos nos vacinar.

Ainda há tempo para o súdito se redimir, pois enquanto existem vidas, existem esperanças. Que vença a virtude soberana.

 

Vacina, sim!

*Jornalista e historiador

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A sensatez na luta contra a ignorância

17 de fevereiro de 2021, 17:46

*Por Gervásio Lima

Nunca na história deste país a política do quanto pior melhor esteve tão presente e atuante. Na contramão de praticamente todo o planeta, o Brasil (e um monte de brasileiros) se passa de desavisado e corrobora para que a mais dramática e perigosa pandemia que o mundo já passou se torne cada vez mais uma ameaça à vida e às estruturas que permitem o viver.

A sensatez disputa diuturnamente contra a ignorância. A angústia e a tristeza são desdenhadas em troca da vergonha e do arrependimento impregnados nos que defendem a violência em detrimento da vida.

Loucura, loucura, loucura…, como diz aquele que visando o poder, apenas pelo poder segue o que sua vaidade construída em apontar misérias contribuiu e continua contribuindo para a instalação generalizada da desavença e da mentira na terra que um dia foi uma ‘nação canarinho’, mas que hoje não passa de uma povoação repleta de dragões, expelindo fogo pelas ventas.

Mais de 240 mil brasileiros perderam a vida em apenas um ano. Famílias arrasadas e desesperadas. Muitos dos que se foram eram arrimos, principais alicerces familiares; os portos seguros. Eram irmãos, filhos, sobrinhos, afilhados, amigos, tios, pais, avós. Todas as vítimas da Covid-19, disseminada nos quatro cantos do mundo, eram seres humanos, com uma história, com sonhos, com vontade de viver.

O novo coronavírus foi uma surpresa, ninguém imaginava que em tão pouco tempo uma peste, no sentido literal da palavra, fosse causar um estrago tão grande, sem escolher classe social, raça, cor, gênero e religião. Mas surpresa ainda foi saber que os energúmenos realmente existem e o pior, são tão prejudiciais quanto a doença que tem matado os inocentes em sua maioria.

Mesmo acompanhando a devastadora ação da doença causada pelo novo coronavírus, negacionistas, que em outros tempos eram chamados de anticristos, insistem em ir de encontro às orientações das autoridades de saúde e como forma de desafiar a ciência e os preceitos da compaixão e empatia pregam o contrário de tudo aquilo que poderia e pode salvar vidas.

Se puder fique em casa e quando chegar sua vez diga SIM para a VACINA.

*Jornalista e historiador

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O ser humano é único

11 de fevereiro de 2021, 17:05

Foto: Reprodução

O ser humano é único; cada um carrega sua característica, com genótipo e fenótipo individual. Já o modo de se comportar, a maneira como ver o mundo e a forma de agi em determinadas situações podem sofrer interferências e influências externas.

O acesso à informação, o ambiente onde está inserido e, principalmente, o processo de ensino e aprendizagem desde o caminho percorrido na educação escolar, na profissão escolhida e na construção familiar, poderão servir como parâmetros para entender determinadas atitudes de um sujeito.

É fato que a ambientação, a convivência e o relacionamento social podem ‘moldar’ o indivíduo, o aprendizado que o forma, e o faz produto do seu meio.

Conforme o filósofo Jean-Jacques Rousseau, ‘o homem nasce bom em si mesmo, ou seja, sua natureza é dotada de bondade e que ‘é a partir do momento em que resolve viver em sociedade que as desigualdades aparecem’. Rousseau acreditava que existiam dois tipos de desigualdade: ‘a primeira, a desigualdade física ou natural, que é estabelecida pela força física, pela idade, saúde e até mesmo a qualidade do espírito; e a segunda desigualdade era moral e política, que dependia de uma espécie de convenção e que era autorizada e consentida pela maioria dos homens. Segundo o filósofo, para estudar a desigualdade moral e política, deve-se “ir até a essência do homem para julgar a sua condição atual”.

Vale ressaltar que o processo de ensino e aprendizagem não pode se limitar à mera transmissão de informações. Nem sempre o que se ouve, ver ou ler é uma verdade absoluta. A capacidade de identificar e absorver o que é certo e o que é verdade irão expor quem é realmente o manipulado e o conhecedor.

Segundo o provérbio, ‘quem nunca comeu melado quando come se lambuza’. Essa pérola da sabedoria tradicional remete àquele que nunca teve acesso a algum bem ou guloseima ou mesmo posição social, quando passa a tê-lo exagera na dose, gerando rupturas, desconfortos e até mesmo conflitos.

 

 

“Viver

E não ter a vergonha

De ser feliz

Cantar e cantar e cantar

A beleza de ser

Um eterno aprendiz”…  – O que é, o que é? – Gonzaguinha

 

Por Gervásio Lima

Jornalista e historiador

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Sonhos que queremos ter

04 de fevereiro de 2021, 16:53

*Por Gervásio Lima – 

Entre as mais usadas em prosas, versos, canções e nos mais diversos discursos, principalmente políticos, a palavra ‘sonho’ vai além de uma simples expressão ou um recurso estilístico. Era o tempo em que sonhar remetia à utopia, à apenas vontade, desejo… De conotação forte e verdadeira ‘sonho’ sempre foi, mas com um sentido mais expressivo atualmente, uma palavra de sentidos positivos, sobretudo quando o ‘sonhador’ está literalmente acordado.

Ter, querer, realizar, conquistar e, para muitos, enricar, são, talvez, os mais egoístas dos verbos da gramática brasileira, se contrapondo com os mais suaves sentidos de doar, dedicar, dividir, ajudar, alimentar, ofertar e rezar. As palavras da primeira e segunda relação podem até ser antagônicas, mas todas elas se resumem no contexto do sonho. Por tanto, sonhar não é apenas ter vontade, imaginar ou como diz a gíria popular, ‘viajar na maionese’.

Sonhar é luta, labuta e sinônimo de realidade para os que acreditam que o impossível é uma lamentação dos fracos e incautos. Como tudo que se deseja precisa de cautela, responsabilidade, respeito e humildade, não se pode brincar com o sonho, caso contrário ‘o boi foi pro brejo’.

Geralmente a maneira como o indivíduo se comporta em suas ações demonstra sua personalidade. Se o modo de agir de um sujeito com os seus pares diferir da forma que agia quando era apenas um sonhador este passa a ser motivo de preocupação, por caracterizar um dos principais sinais de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), conhecido antigamente como “dupla personalidade” (o nome deixou de ser usado, inclusive porque o paciente pode apresentar mais de duas). Infelizmente muitas pessoas possuem uma maneira diferente de interagir e lidar com o meio onde estão inseridas.

As frases: “Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é” (Nicolau Maquiavel), ‘‘Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder” (Platão) e “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe o poder” (Abrahm Lincoln), são tão recentes quanto era no período em que foram ditas. Guiam o atual momento político brasileiro, em todas as suas esferas.

 

“Essa noite

Eu tive um sonho de sonhador

Maluco que sou, eu sonhei

Com o dia em que a Terra parou

Com o dia em que a Terra parou … “ 

O dia em que a Terra parou – Raul Seixas

 

*Jornalista e Historiador

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A ciência venceu a arrogância. Viva a vida, viva a vacina!

18 de janeiro de 2021, 15:40

*Por Gervásio Lima – 

Os defensores do bom senso, da sanidade, da ciência, e principalmente da vida estão comemorando a autorização para o início da vacinação contra o novo coronavírus, responsável por causar a Covid-19, doença que já infectou quase 100 milhões de pessoas no mundo e tirou a vida de mais de 2 milhões, sendo cerca de 210 mil apenas no Brasil.

Não tendo mais como postergar, o Governo Federal que tinha quase como certeza a presença da vacina produzida na Índia neste domingo (17), no Brasil, quando esta receberia a licença para uso emergencial, foi obrigado a, literalmente, ter que ‘engolir’ a confirmação da autorização da vacina oriunda da China, aquela que foi motivo de chacota e até mesmo desautorizada o seu uso pelo presidente da República.

Do ponto de vista da ciência, tendo como parâmetro o tempo para produção de um imunizante, a chegada da vacina em produção industrial é considerada um recorde; enquanto que o atraso da sua presença em condição de uso no país é tido como que imoral e criminoso. É fato que a demora para a sua licença que só aconteceu depois de mais de 8 milhões de contaminados, se deu por birra política e irresponsabilidade administrativa.

Mesmo sendo o segundo país no mundo com o maior número de mortes, ficando atrás somente dos Estados Unidos da América (EUA), o Brasil se comportou como uma nação ditatorial, com seu timoneiro, adepto ao negacionismo, desdenhando de um grave e grande problema planetário, tentou a todo momento descaracterizar e amenizar a situação, fato que infelizmente foi e é seguido por uma grande parte dos seus apoiadores.

O que importa agora é que mais uma vez o bem venceu o mal, a coerência venceu a arrogância e a ciência novamente contribui para a prevenção da vida. Que venham os imunizantes, independente do continente, língua de origem, regime de governo, ideologia ou partido político.

A vacina contra a Covid-19 será a responsável pela chegada de um novo normal no planeta. Espera-se que os próximos votos para a escolha dos representantes eletivos dos municípios, dos estados e do país sirvam também como um antídoto contra os que se comportam como tiranos, responsáveis por toda a miséria moral, material e social da população brasileira.

Viva a vida!
Viva a Vacina!


*Jornalista e historiador

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Opinião: O cangaço tem de ser mais estudado!

17 de janeiro de 2021, 11:42

* Josias Gomes – 

Baiana, natural da brava Paulo Afonso

Ela nasceu Maria Gomes de Oliveira, ficou conhecida como Maria de Dea acréscimo que veio do nome de sua mãe, como é costume no nordeste. No entanto, depois de seu assassinato, passou a ser Maria Bonita. É verdade, só depois de sua morte é que ela recebeu esse nome. Incrível, não?

Se estivesse viva, Maria Bonita completaria hoje 111 anos. No mesmo dia do seu nascimento, 55 anos depois nos Estados Unidos, nascia Michelle Obama que veio a ser anos depois a primeira-dama norte-americana.

O cangaço já foi objeto de vários estudos sociológicos, históricos, mas ainda acho que o tema é objeto de interpretações de vários estudos pouco esclarecedores do momento em que ocorreu o fenômeno, onde a lei era o “olho por olho, dente por dente” vigente no nordeste. Não sei, mas ainda cabem estudos que dêem conta de forma mais profunda qual o mundo político nordestino da época e seus atores principais. O tema precisa ser socializado para entendermos, inclusive, os movimentos libertários que se seguiram na região, a exemplo das lutas campesinas.

Desde a adolescência, me interessei pelo tema, o primeiro livro que li sobre o cangaço foi Lampião, Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira, isso quando ainda estava no Ginásio Agrícola de Escada no início dos anos de 1970. O aprendizado adquirido no livro me valeu o direito de responder sobre Lampião num programa que a direção do Ginásio fazia semanalmente, imitando a rede Tupi, que tinha um programa onde o apresentador Jota Silvestre entrevistava uma pessoa sobre uma personalidade, até o mesmo cometesse um erro de resposta.

Aglae respondeu durante meses sobre Lampião, eu assisti a todos os programas. Depois continuei lendo muito sobre o tema, mas confesso que é necessário mais estudos.

Recentemente, o tema da mulher no cangaço tem sido objeto de estudos que valem a pena serem lidos, a maioria é biografias, mas contextualiza muito bem a presença das mulheres no cangaço.

Para conhecer e compreender a razão e o porquê de mulheres de ingressarem no cangaço, torna-se indispensável a leitura destas novas publicações.

No entanto, hoje é dia de relembrar a mais importante mulher cangaçeira, a rainha do cangaço. Foi casada com Zé de Neném, natural de Santa Brígida, – terra do meu companheiro Gordo de Raimundo- abandonou o marido pra se unir ao rei do cangaço. Alguém naquele mundo de meu Deus brigaria com o “homi” pela posse de Maria de Dea?

A história do Cangaço explica o mundo de opressões que vivia os nordestinos.
Lampião e o seu bando de valentes não foram meros assassinos. Foi um homem do seu tempo que não aceitou o assassinato do seu pai, nem a usurpação da pequena propriedade de terra. Lutou como um Dante, errou como qualquer um erraria naquelas condições opressoras.

É preciso entender as razões políticas e econômicas para se fazer justa análise das inúmeras atrocidades praticadas pelos cangaçeiros e seus perseguidores – as tropas oficiais- já documentadas e do conhecimento geral. É tanta riqueza histórica que precisamos nos debruçarmos pra entender a capacidade que o comandante Lampião exercia no Nordeste e fazia temer o poder Federal. Tanto que foi condecorado pelo estado como Capital Virgulino, o objetivo era jogar o cangaço contra a Coluna Prestes, fato que não ocorreu mas que serviu pra receber armamento moderno.

Também carecemos de mais explicações sobre o fato de Lampião ter uma série de coiteiros, dentre eles, governadores, latifundiários, policiais militares. Talvez essa conjuntura nos alertem para um fato: a revolução de 1930 com suas ambiguidades, mas que tenha vindo pra modernizar o país e em grande parte o fez. Apesar de manter a mesma estrutura social que bem poderia dar fim nesse país que era e continua sendo tão desigual. Getúlio se tornou um ditador que navegou na onda autoria dos anos Hitler/ Mussolini.

Igual aos dias atuais, onde somos mais uma vez, um país refém de uma onda antidemocrática patrocinada por um déspota que contou com apoio da direita e de grande parte da mídia.

E a essa altura, na há nordestino cabra da peste que não diga: ah, Lampião que faz falta!

Mesmo que a afirmação acima seja exagerada, é inegável que devemos beber da fonte de coragem de Lampião e Maria Bonita, usando os meios democráticos para subvertermos a opressão do desgoverno que consegue ser mais violenta do que os tempos do Cangaço!

*Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

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Boas Festas!

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