ARTIGOS

A solicitude é humana

15 de outubro de 2021, 06:17

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

A solicitude talvez seja uma das mais agradáveis atitudes da relação humana; comportamento percebido nos que ainda exaltam o bem como parte indispensável entre as relações e o respeito como a principal essência da vida coletiva.

Tratar o outro como gostaria de ser tratado pode até ser considerado um ato de sensatez, mas quando esse tratamento diverge da resposta esperada por alguma das partes o recíproco dará lugar ao inesperado, o que pode provocar resultados desastrosos. Ao contrário do imã, em que os pólos opostos se atraem, uma pessoa negativa não conseguirá conviver com outra positiva, e vice-versa. Portanto, antes de esperar do outro uma forma de tratamento que lhe agrade é mais prudente se antecipar e praticar com ele o que você deseja para si.

Ser do bem não é um dom, uma obrigação ou uma espécie de política da boa vizinhança; ser do bem é estar bem consigo mesmo para poder proporcionar ao semelhante momentos prazerosos a partir de um estado de plenitude com satisfação e equilíbrio físico e psíquico.

O saudoso apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, em uma das suas famosas frases, dizia: “nada se cria, tudo se copia”, referindo-se especificamente ao formato da televisão. Na verdade, esse ditado é incorporado e adotado cotidianamente à vida das pessoas. Não se copia tudo, mas no mínimo se plágia, o que é considerado crime por se apropriar de uma ideia ou invenção. Mas quando se trata de exemplo de vida, o crime é não copiar. Boas referências e inspirações são atos motivacionais que têm como principal objetivo elevar a autoestima e consequentemente melhorar as relações.

Como na boa gíria baiana, ‘o sujeito não precisa ter pegada e sim saber chegar’, pois o segredo da uma boa ‘chegada’ é a tolerância, baseada em atitudes pessoais e também em cuidados na forma de lidar com o outro. Conviver é um exercício diário de cidadania e viver em sociedade é, acima de tudo, uma necessidade humana. A vida torna-se simples quando se depende uns dos outros para viver melhor.

Seja dócil quando quiser ser ríspido, acalme os ânimos e diga o quanto todos são importantes. Dê o primeiro passo na direção certa e veja como vale a pena.

“Sabe o que eu mais quero agora?

Morar no interior do meu interior

Pra entender por que se agridem

Se empurram pro abismo

Se debatem, se combatem sem saber… Onde Deus possa me ouvir – Vander Lee

*Jornalista e historiador

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O circo está armado

01 de outubro de 2021, 09:06

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

Uma das expressões mais usadas no Brasil, ‘armar o circo’, é na verdade uma característica de situações mal resolvidas, seguidas de inevitáveis constrangimentos, tanto para quem arma quanto para os envolvidos no contexto. Dependendo da região, o ato de provocar barulho e confusão é denominado como um ‘escarcéu’, ‘arruaça’ e ‘barraco’, manifestações que acontecem geralmente quando algo não está de acordo com o ponto de vista daquele, ou daqueles, que, por algum motivo, sentem-se prejudicados ou no dever de defenderem o que consideram certo.

Portanto é correto afirmar que quando se juntam vários fatores que antecedem um desfecho ruim, diz-se que ‘o circo foi armado’. Ao contrário do que muitos pensam, atitudes deselegantes, xenófobas e violentas partem frequentemente do lado considerado mais abastardo, que quase sempre dispensa um tratamento hostil contra os menos favorecidos, os negros e até mesmo contra os que nasceram no norte ou nordeste do país: verdadeiras vítimas de ‘circos’ ou de ‘palhaçadas’.

A classe social do sujeito nunca deveria ser motivo para discriminação e preconceito. As atitudes, em todas as suas formas, são resultados da índole e da compostura do cidadão, independente de cor, raça, naturalidade, gênero ou religião. A qualidade do ser humano está no sentimento de igualdade, de prudência e de respeito ao próximo.

Se não bastasse o ‘armar o circo’, ainda é necessário se lidar com uma outra – e verdadeira – atração do palhaço, que mesmo vendo o seu picadeiro pegando fogo insiste em fazer graça, com piadas de mal gosto para satisfação apenas dos ’amigos’. Triste realidade de um momento trevoso em que vive um povo que outrora era considerado um dos mais felizes do mundo, mas que hoje apenas testemunha o caos envolto em chamas.

Tempos convulsos e confusos, de circos sendo armados para espetáculos monólogos de comédia, drama e farsa, onde apenas um artista faz o papel de vilão para uma plateia opaca que se faz presente por ter ganhado o ingresso como brinde, mesmo sabendo que as lágrimas por arrependimento são dadas como certas.

O circo pegou fogo, o palhaço deu sinal. Acode, acode a bandeira nacional…

Only Jesus in the cause

*Jornalista e historiador

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Tem mal que vem para o mal

24 de setembro de 2021, 16:07

*Por Gervásio Lima

O mundo passa constantemente por períodos nebulosos. Os registros de conflitos são desde os primórdios, fazendo parte inclusive do primeiro livro da bíblia, com o relato da morte de Abel – um dos filhos de Adão e Eva -, praticada pelo seu próprio irmão, Caim, depois de ‘uma crise de ciúmes’.

As disputas, principalmente pelo poder, fazem parte da nossa cultura, nós tidos como animais racionais, e até mesmo dos irracionais, com o agravante de nos considerarmos  possuidores da capacidade de discernimento para distinguir o certo do errado.

É sabido que o ciclo de vida humana é voltado para as necessidades de sobrevivência, de acordo com o meio em que se vive, mas, como diversas outras normas de relacionamento, não basta apenas saber viver, mas também saber conviver em sociedade, facilitando as interações e a cooperação entre os semelhantes.

As regras sociais impõem determinadas posturas de comportamentos, estando ligadas diretamente à moral e ao respeito, partes do processo da integração do indivíduo com um determinado grupo cultural. Tensionar as relações com o intento de impor vontades próprias é uma das atitudes mais egoístas e  bizarras possíveis, podendo causar prejuízos não só morais como também caracterizar desvios de conduta. Um  procedimento característico da busca do poder, pelo poder.

Talvez um dos mais simples – mas também sábio e profundo – é o ditado popular ‘o certo não dói’, que deve ser lembrado por aqueles que insistem em incorrer em erros. Se conseguirem compreendê-lo e, quiçá, adicioná-lo ao seu modo de vida, inevitavelmente a cidadania passa a ser um dos sinônimos de ‘não conflito, de harmonia e de paz social’.

Quando não se respeita as regras, em qualquer situação, não adianta procurar culpado. É preciso reconhecer a incapacidade de identificar suas próprias falhas. A provação como demonstração de obediência nada mais é do que uma desculpa do pecador, que, agindo como um delinquente, aposta na absolvição dos seus erros ao justificar o injustificável.

A Bonança e a fartura são frutos do comprometimento com o real e o aceitável. Tem mal que vem para o mal, isso é fato, enquanto o bem sempre vem para o bem. Ledo engano acreditar que eventos ruins podem trazer bons resultados ou levar a consequências favoráveis.

O destino é uma construção, a soma de atitudes praticadas entre o passado e o presente. As consequências pelas atitudes e escolhas, sejam elas positivas ou negativas, nortearão modos de vida e servirá em determinados momentos como teste de sobrevivência. Enquanto isso, dar tempo ao tempo.

É preciso saber viver…

*Jornalista e historiador

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Sensos ridículos

26 de agosto de 2021, 15:06

Foto: Opinião

*Por Gervásio Lima

O senso de ridículo, acompanhado dos seus parceiros, conhecidos pela alcunha de ‘Seu Insignificante’, ‘Ignorante Mor’ e ‘Dona Anta’, está assombrosamente ocupando espaços que antes eram dominados pelas senhoras ‘sensatez’, ‘empatia’ e ‘harmonia’, tornando assim habitual a tal da futilidade e da banalidade.

Valores estão propositadamente tendo seus reais significados deturpados, enquanto as inversões seguem a todo vapor e sem pudores, exalando nos quatro cantos tupiniquins os odores do ódio, do rancor e da violência exacerbados.

Metonímias têm destruído a moralidade, enfraquecendo os princípios e normas de comportamentos, prejudicando incessantemente a relação social dos indivíduos, estes, muitas vezes passando de vítimas para corresponsáveis, numa espécie de envenenamento coletivo da relação humana.

Nem mesmo o atual momento – em que a humanidade enfrenta uma pandemia responsável pela eliminação de quase cinco milhões de pessoas, além de ter deixado sérias sequelas em outras milhões que foram infectadas – tem sido suficiente para despertar a compaixão e o amor ao próximo.

Os bons exemplos se sucumbem diante da enorme quantidade dos maus, estes alimentados por elementos que têm se demonstrado cada vez piores. Contrariando o cantor e compositor baiano Gilberto Gil, infelizmente a ‘fé tem falhado’ na mesma proporção das outras duas virtudes teologais: a esperança e amor.

Mas, como o bom sertanejo descrito no livro ‘Os Sertões’ de Euclides da Cunha, aquele que prega o bem, simbolizado pela pureza do sertanejo, é, antes de tudo, um forte. Embora não demonstre da forma que muitos gostariam, tem como estilo de vida a propagação da generosidade, da piedade, da esperança e da resiliência.

Até onde tudo isso vai, “quem souber morre”, como preconiza o ditado popular.

*Jornalista e historiador

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Quando um não quer dois não brigam

12 de agosto de 2021, 15:25

*Por Gervásio Lima

O termo “quando um não quer dois não brigam” é um ditado popular bastante utilizado para mostrar que uma briga depende da ação de pelo menos duas pessoas. Uma discussão, por exemplo, só ocorre se houver disposição dos dois lados e caso um deles decida não participar dificilmente o debate seguirá em frente.

No momento em que a intolerância tem alcançado níveis alarmantes, com ataques comumente às opções individuais e violações constantes de leis que protegem o cidadão, é mais que propícia a aplicabilidade desta sugestão da sabedoria popular. Ultimamente muitas pessoas estão sendo invocadas em favor de discursos de ódio por estímulos provocados a partir de argumentos irreais e carregados de maldades. Percebe-se, em muitos casos, que as prerrogativas de enxergar, falar, ouvir e até mesmo pensar de determinado sujeito estão sendo transferidas para aquilo que se acredita ser a verdade absoluta.

Comportamentos irracionais não são mais exceções e, assim como muitos animais, a disputa por espaço tem fugido do campo da capacidade racional, dando lugar às mais bizarras atitudes. O contraditório tem superado a coerência e a sensatez, abrindo caminhos para a estupidez.

É preciso trabalhar a capacidade de aprender a respeitar calçado com o ‘chinelo da humildade’ e se identificar com o sentimento da empatia e da solidariedade, olhando para o semelhante como gostaria de ser olhado. A recíproca deve ser sempre verdadeira desde quando o objeto da ação não seja de animosidade.

Ao viver sabendo usar o coração, controlando o que sai da boca e o que entra no ouvido, aproveitando a pureza do ar que rodeia o ambiente onde se encontra e positivando os pensamentos, entende-se o significado da longevidade.

As atitudes servem como forma de reconhecimento. De acordo com o comportamento é possível identificar as intenções e o modo como certos indivíduos vivem e veem o mundo. Felicidade é um estado de espírito constante, construído por atitudes, portanto abuse das atitudes positivas, criando condições para que o bem permeie até mesmo os caminhos não virtuosos.

*Jornalista e historiador

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É agora ou nunca mais

05 de agosto de 2021, 15:20

*Por Gervásio Lima –

O nestante é o ontem, enquanto o agora é o amanhã. O passado é uma certeza mais presente e o futuro a Deus pertence, portanto não deixe para depois o que pode fazer neste momento. Procrastinar não pode e nem deve ser uma regra ou um modo de vida, pois o ‘adiar’ pode caracterizar covardia, medo de encarar o que está por vir, uma inação.

Saber viver é encarar a vida como ela é, seguindo as regras da boa convivência, com o respeito e a aceitação como palavras chaves no conjunto das ações necessárias para se habitar no mesmo espaço dos afins. O comportamento pessoal norteia para a qualidade de sua relação interpessoal e uma pessoa não se define apenas por suas palavras, mas também por seus atos, o que pode contribuir positiva e negativamente em sua interação com a sociedade.

A facilidade em ser bem recebido e acolhido passa pelas ações e condutas demonstradas em uma trajetória, não podendo se esquecer que a recíproca precisa ser sempre verdadeira.

Com uma boa quantidade de comedimento e sapiência, acrescentados de uma pitada de empatia e cortesia a gosto, é possível preparar a receita da boa convivência e, sem susto, ‘degustar’ um prazeroso resultado.

Daqui a pouco pode até não acontecer nada, apenas uma reminiscência, mas ter pressa para que aconteça o apenas desejado, sem ter a certeza que este seja de fato uma realidade, é se martirizar. Como a ‘síndrome do peru do Natal’, aquele que se antecipa a ponto de ficar ansioso ou nervoso está sofrendo antes da hora.

Apenas nas lembranças, o passado é o que aconteceu e o futuro é o que se acredita que vai acontecer. Porque se preocupar com o 21 se o 22 será diferente?

O que está escrito mesmo no primeiro parágrafo? Ah, deixa pra lá, já passou mesmo.

Vida que segue…

*Jornalista e historiador

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A humanidade está em parafuso

23 de julho de 2021, 11:31

*Por Gervásio Lima

“Minha vó já me dizia: meu filho, meu filho, tu vai ver coisa, tu vai ver coisa, e eu pensava que nada, isso é mentira de Dindinha… Mentira uma p*. Era tudo verdade”. Esta, talvez, seja a frase mais lembrada entre tantas outras proferidas pelo saudoso Jotinha. O humorista baiano de Elísio Medrado se tornou um ícone após fazer sucesso com postagens de vídeos e áudios com sua voz esganiçada e quase infantil em aplicativos de mensagens e redes sociais.

José Luiz Almeida da Silva, o Jotinha (52), que faleceu no dia 5 de novembro do ano passado, vítima de complicações da Covid-19, praticamente vaticinou o que estava por vir em todo o mundo e infelizmente foi uma prova viva, ou morta, do que sua avó já lhe dizia.

A humanidade está em ‘parafuso’ e situações inimagináveis têm se tornado corriqueiras, com desfaçatez. O politicamente correto passou a ser uma ‘política incorreta’, sem respeito aos valores mínimos para uma convivência harmônica entre os indivíduos. Ser diferente tem deixado de ser uma opção para se tornar sinônimo de demonização por sujeitos que buscam culpados para esconder pecados.

O bom senso se encontra em desvantagem em um jogo onde o seu adversário não possui qualidade técnica para suportar a pressão da lógica, apelando quando se encontra na iminência de sofrer uma derrota. O bem, se treinado corretamente, jamais será abatido pelo mal, mesmo que o árbitro conspire a favor do último, não ‘dá zebra’.

A sabedoria é a qualidade de ter experiência, conhecimento e capacidade de fazer bons julgamentos. Daí se origina os bons conselhos e lições de vida que as pessoas mais velhas, geralmente avós e avôs, passam para os mais novos. Quanto mais se percorre uma estrada se conhece seus trechos e conforme se delineia o percurso do caminho, conhece-se a verdadeira personalidade do viajante. Desejar ao outro o que não quer para si é um comportamento típico dos que possuem alterações patológicas das faculdades mentais.

Os conhecimentos tradicionais, também chamados de sabedoria popular, são de extrema importância para o desenvolvimento da sociedade. É o saber que permite discernir qual é o melhor caminho a seguir e qual é a melhor atitude a se adotar nos diferentes contextos que a vida apresenta. Portanto ouvir os que realmente desejam o bem e têm a empatia já é ‘meio caminho’ andado para quem busca e contribui com a vitória do bem contra o mal no jogo da vida.

Descanse em paz Jotinha.

*Jornalista e historiador

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O hipócrita é um ‘cringe’ em potencial

14 de julho de 2021, 18:37

*Por Gervásio Lima

Hipocrisia significa fingimento, falsidade; fingir sentimentos, crenças, virtudes, que na realidade não possui. Hipocrisia deriva do latim e do grego e significava a representação, no teatro, dos atores que usavam máscaras, de acordo com o papel que representavam em uma peça. Ou seja, o hipócrita é alguém que oculta a realidade através de uma máscara de aparência. Ele exige que os outros se comportem com certos parâmetros de conduta moral que ele próprio extrapola ou deixa de adotar.

No momento em que os comportamentos humanos e sociais estão entre os assuntos mais discutidos e questionados, é possível observar que o poder de percepção dos indivíduos está mais aflorado, sendo mais fácil, assim, identificar o mau-caratismo presente nos que até pouco tempo se escondiam atrás de uma fantasia que não lhes pertencia.

Existem os que tentam ser o que não são e os que são e não se sentem desconfortáveis em assumir o que realmente são. Tal redundância proposital, que não chega a ser uma prolixidade, é uma forma de enunciar características distintas de determinados sujeitos que se apresentam de acordo com suas conveniências.

Cringe, a palavra da moda, utilizada principalmente pelos nascidos no início do século XXI, remete à vergonha alheia. O termo de origem inglesa é uma gíria para se referir também a algo “vergonhoso”, constrangedor, a situações embaraçosas, aos “micos”, aos momentos em que alguém faz algo descontextualizado.

Portanto é possível afirmar que muitos brasileiros são cringes pelo comportamento adotado diante das inúmeras situações vexatórias e constrangedoras no que se referem à conduta, atitude, modos, atuação, desempenho e costume. O país vive uma hipocrisia generalizada, virou uma arte discursar aquilo que não se pratica, mesmo o ‘orador’ sabendo que está sendo envenenado pelo próprio veneno. Verdadeiros farsantes e incoerentes em suas palavras e ações.

A hipocrisia tem sido o grande mal da nossa sociedade, devendo ser evitada e combatida. A mentira não é doença, é mau-caratismo.

*Jornalista e historiador

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Um erro não justifica o outro

08 de julho de 2021, 16:16

*Por Gervásio Lima

‘Justificar um erro é errar duas vezes’. Uma verdade sincera e sábia absolvida apenas por quem prega a humildade e possui a capacidade de reconhecer suas falhas, fazendo uma autocrítica ao analisar os seus próprios erros sem apontar outras alternativas de culpa, como encontrar um bode expiatório.

Uma das atitudes mais medíocres e covardes é tentar apontar o erro de alguém como se isso fosse capaz de diminuir ou justificar o próprio erro. ‘Mas fulano também fez e sicrano fez pior…’ Um erro não justifica o outro, fato.

O que mais se ouve ultimamente são discursos fraudulentos, tendo como pano de fundo a imagem da família e da religião, usando levianamente o nome de Deus na tentativa de valorizar os mais bizarros comportamentos. Nunca se viu tantos falsos profetas e paladinos da moralidade pregando uma coisa na teoria e pecando nas atitudes, na prática. Muitas são as falas ‘de boca para fora’.

Mas como diz o ditado popular, ‘quem fala demais dá bom dia a cavalo’, muitos têm aberto a boca quando deveriam ficar calados. A verdade está em extinção e, o pior, os que mais diziam defendê-la agora viajam literalmente numa espécie de nave carregada de mentiras e enganações delirantes, com destino incerto.

Comportamentos toscos, misturados com barbáries,  revelam à sociedade sujeitos que em um certo momento foram considerados pessoas normais, empáticas, solidárias e de paz, mas que hoje, incentivados e espelhados por seus verdadeiros semelhantes, espalham o ódio e o medo aos que ousam discordar daquilo que defendem. As relações humanas não são mais as mesmas, e isso tem assustado os indivíduos do bem.

Quem conhece ou presenciou a história brasileira a partir de meados da década de 1960 até meados da década de 1980 estão vivendo um verdadeiro ‘Déjà Vu’.

*Jornalista e historiador

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É preciso saber viver

16 de junho de 2021, 17:41

*Por Gervásio Lima

É vida que segue. Talvez esta seja a frase mais coloquial para se referir à necessidade de superação, atenuar sofrimentos e servir como alento para as mais diversas atrocidades oferecidas de formas instintivas por alguns elementos que permeiam a vida. Mesmo não sendo por vontade própria, acontecimentos negativos surgem como o vento, sem avisarem que vão chegar.

A vida não é o oposto da morte, é o mais importante significado da existência, a principal dádiva do ser humano. Os que acreditam que nada é perfeito possuem ‘desvio de existência’, na verdade não sabem viver, já que não valorizam a singularidade de estar entre os bilhões de viventes que habitam o planeta. Fazer o mal ou fazer o bem é uma opção, ao contrário de conviver com o desagrado por não ter o comando de determinadas situações.

Saber viver é estar bem consigo mesmo, respeitando as diferenças e os espaços dos seus semelhantes. Saber viver é desejar ao próximo aquilo que gostaríamos que ele nos desejasse, é ter paz interior e sentimentos que não sejam de culpa, é fazer o bem sem olhar a quem, de forma intensiva e espontânea, cotidianamente. O mal é ruim para a vida, é danoso, estraga relações, afasta tudo que poderia ser bom e, muitas vezes,  concretiza prematuramente a única certeza que temos – a da morte.

O anseio pela perfeição e a busca da felicidade plena podem desencadear um egoísmo perigoso e reverso. Antes de ser adepto ao “salve-se quem puder” é essencial que se procure exemplos que desconstruam a narrativa do “quem tem a unha maior sobe na parede”. Nada melhor que refletir, mas caso a mágoa, o rancor ou outros sentimentos ruins insistam em querer denominar a situação, busque força para vencer, pois é necessário ter sabedoria constante para a travessia da existência.

Quem espera que a vida

Seja feita de ilusão

Pode até ficar maluco

Ou morrer na solidão

É preciso ter cuidado

Pra mais tarde não sofrer

É preciso saber viver – É preciso saber viver (Roberto Carlos)

*Jornalista e historiador

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