ARTIGOS

Síndrome de Estocolmo

13 de outubro de 2022, 14:57

Foto: Gervásio Lima

* Por Gervásio Lima

A escolha é livre, é uma ação pessoal e deve ser respeitada, mesmo quando esta vai de encontro a princípios éticos, étnicos e religioso. A tentativa de persuasão se torna um crime moral quando a partir de ameaças se inibe determinadas tomadas de decisões. A capacidade do discernimento pode até ser um empecilho em alguns momentos, mas a distinção daquilo que está posto não é dificuldade nem para o pior dos incautos.

Existem os que humildemente acreditam que precisam aprender e os que pensam que sabe de tudo, os famosos ‘sabichões’. Estes últimos, aproveitando de limitações ou de momentos em que indivíduos demonstram precisar de apoios, principalmente de ajuda emocional, investem literalmente na promessa da cura dos mais variados problemas.

Ser contra as ojerizas daqueles que se espera comportamentos diferenciados é um sintoma de sensatez, de juízo e capacidade cultural. O sádico muitas vezes se disfarça de satírico para enganar os mais desavisados. Geralmente escondem-se atrás do que a sociedade considera como pilares da vida – a família e a religião.

Situações patéticas se tornaram comuns aos olhos e entendimentos dos que enxergam a figura de um palhaço como um ser inocente e apenas comprometido em fazer graças. Mas ao conhecer histórias macabras de figuras que se passavam por palhaços para matarem, é possível compreender com preocupação determinados comportamentos.

Na década de 1970, nos EUA, um dos seriais killers mais horrendos da história se apresentava como palhaço em eventos, como festas infantis. Era John Wayne Gacy,  conhecido como uma figura amigável, prestativa e popular por grande parte das pessoas. Gacy, o ‘palhaço assassino’, conquistava grandes grupos de amigos com seu charme, desenvoltura e inteligência. Ele foi condenado à pena de morte depois que se descobriu que o mesmo havia abusado sexualmente e matado mais de trinta jovens

Neste momento nebuloso por que passa todo o mundo, faz-se necessário conhecer e evitar a ‘Síndrome de Estocolmo’, caracterizada por um estado psicológico de intimidação, violência e abuso do agressor contra a vítima, porém, em vez de repulsa, a vítima cria simpatia e até mesmo um forte laço emocional de amizade ou amor pelo agressor.

É bom sempre lembrar que no ferido a cicatriz remonta ao sofrimento.

*Jornalista e historiador

Leia mais...

Depende de nós

15 de setembro de 2022, 14:03

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

Um dos maiores desejos que existem é o de que tudo de bom que acontece na vida dure para sempre, que a felicidade seja um sentimento único e que a dor seja substituída por prazer e alegria. Contudo, por mais que se esforce para ser diferente, percalços são inevitáveis e infelizmente recorrentes.

Tudo na vida passa, o que foi feito ou o que se desejou fazer vira passado da mesma forma, tornando-se marcantes na mesma intensidade tanto os momentos bons como os ruins. Sem medo de ser feliz, a vida é para se viver, independentemente do que possa acontecer. A busca por dias melhores é constante, porquanto o amanhã é certo, mas o que vai acontecer nele é absolutamente incerto.

Como diz o cantor e compositor Ivan Lins, ‘depende de nós, se este mundo ainda tem jeito, apesar do que o homem tem feito, se a vida sobreviverá’. A vida é moldada de acordo com o comportamento de cada um, em todas as suas fases.

Assim como a felicidade e o sucesso estarão sempre à disposição daqueles que os procuram, agruras sempre existirão. As escolhas são individuais, mas quando as opções são apresentadas, torna-se mais fácil a tomada da decisão. Optar pelo ‘menos ruim’ é uma decisão do fraco, do incapaz de discernir o verdadeiro do falso, o bem do mal.

É preciso estar preparado para as vicissitudes da vida, sabendo que o que está em cima hoje poderá estar embaixo amanhã, e vice-versa. Nem sempre o acaso vai proteger. A chave para o sucesso é a luta, sem ringue e sem machucados.

É preciso saber viver com o desejável, mas também com o aceitável, respeitando as diferenças na mesma intensidade.

Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais

E até errado mais

Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado

As pessoas como elas são

Cada um sabe a alegria

E a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar distraído... Epitáfio/Titãs

*Jornalista e Historiador

Leia mais...

Depoimento pessoal do professor Creso Júnior

24 de agosto de 2022, 09:49

Foto: Arquivo pessoal

A gratidão é uma das principais virtudes do ser humano!

No dia 23 de agosto de 2020, fui agraciado com a oportunidade de fazer parte da equipe de colaboradores do Centro de Estudos Jacobinense (CEJ), que compreende oito polos da Unopar, dois colégios (Oásis, o Oásis Idiomas) e a Faculdade de Ciências Jurídicas de Jacobina (curso presencial de Direito).

Fazer parte dessas empresas é ter a certeza de que também estou contribuindo para o desenvolvimento da região. Com mais de 4 mil alunos formados nos cursos de graduação e pós-graduação, a Unopar alcança os mais altos níveis de empregabilidade. Os profissionais formados pela instituição são atores que fazem parte do ecossistema de desenvolvimento regional.

A nossa gestora, Maria Alice Guerra, antenada com as inovações, está sempre implantando projetos para contribuir com a qualidade de vida dos mais de 200 colaboradores do CEJ. É uma honra fazer parte de um time de profissionais humanos, que trabalham sempre pela qualidade dos serviços ofertados para os nossos alunos.

Nesses meus dois anos de CEJ, venho a público agradecer aos alunos, ex alunos, colaboradores e a gestão, pela oportunidade de participar de um projeto que há mais de 30 anos está comprometido com a transformação de vidas por meio da educação.

Muito obrigado!

Creso Júnior Rabêlo – Pós-graduado em Economia Criativa; MBA em empreendedorismo, marketing e finanças; especialista em Gestão Pública com Ênfase em Cidades Inteligentes. Possui graduação em Administração pelo Centro Universitário UniAGES. Atualmente é Secretário de Administração e Planejamento na Prefeitura Municipal de Caém; coordenador estratégico na Unopar polo de Jacobina e Strategic Partner na Ótica Realce. Idealizador do projeto Nos Caminhos do Sertão. Possui experiência na área de gestão de empresas, consultoria, auditoria, marketing, gestão pública, gestão escolar, gestão de projetos, relações interinstitucionais e docência na educação básica e superior.

Leia mais...

Aniversário é vida

23 de agosto de 2022, 18:00

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

Comemorar aniversário é mais que lembrar o dia em que nasceu, é um momento de celebrar e festejar a vida. Poder a cada ano desejar parabéns para quem se gosta é uma forma de compartilhar felicidade e de demonstrar todo o sentimento de carinho, apreço, gratidão e afeto.

A chegada da nova idade é como uma ‘reinauguração do pregresso’, quando tudo o que foi vivido se transforma em uma espécie de histórico suscetível a mudanças, desde que o vivente, ou melhor, o aniversariante, queira.

O fato de mudar o número do tempo de vida decorrido desde o nascimento é uma vitória, principalmente para aqueles que’ vivem cada dia como se fosse o último’. O marco temporal é capaz de transformar comportamentos, mesmo que ‘seja por livre e espontânea pressão’.

Em um mundo onde o egoísmo e a vaidade roubam as cenas antes protagonizadas pela empatia e a compaixão, o aparecimento de rugas passa a ser um troféu que simboliza a vitória e a alegria de um atleta que, mesmo não vencendo a corrida, se completa por ter ultrapassado a linha de chegada.

Aniversariar é isso. Participar de novas provas todos os anos, sem que necessariamente chegue em primeiro lugar. O importante é que cada prova sirva como lição de vida e contribuição para a maturidade e para a forma como o indivíduo passa a conhecer a essência da vida na sua transversalidade.

As memórias impactam no ser único que o indivíduo se tornou. A existência humana é única. Cada ser, independentemente da idade, precisa saber que a recíproca deve ser sempre verdadeira.

Feliz aniversário!

*Jornalista e historiador

Leia mais...

Depois da tempestade, vem a bonança

14 de julho de 2022, 11:25

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

O ditado mais utilizado para expressar a ideia de esperança e tranquilidade diz que “depois da tempestade, vem a bonança”; uma espécie de alento para quem acredita que ‘nada vai durar para sempre’, ou seja, o que está ruim hoje, amanhã pode melhorar.

A expectativa de melhoras após um período conturbado é um sentimento quase que unânime, mas quando o inverso acontece a dificuldade de resiliência é sem tamanho. O indivíduo não costuma trabalhar com a possibilidade de que “depois da bonança vem a tempestade”, talvez por acreditar que na vida só existe espaço para o que for positivo. Esquece que as agruras também fazem parte da existência humana e está presente inclusive nas consideradas “melhores famílias’.

Nem tudo acontece como se espera que aconteça, portanto é necessário aprender-se a lidar com os problemas e adaptar-se às mudanças para superar os obstáculos e resistir à pressão de situações adversas. Conformado desta realidade, a capacidade de aceitação e o aumento de forças para um possível enfrentamento das adversidades será bem mais fácil e natural.

O mundo vem lutando contra o coronavírus, uma das maiores pandemias de todos os tempos. No Brasil, especificamente, a demora na chegada das vacinas foi responsável pela morte de centenas de milhares de seres humanos. A postura anticiência contribuiu para que o país fosse um dos piores na resposta à doença.

Na ânsia de se permitir ser, e estar feliz, depois de um longo período de confinamento e medo, muitas pessoas, encorajadas pela diminuição de casos graves e pelos efeitos positivos das vacinas, se ‘aventuraram’ no primeiro teste do retorno das grandes aglomerações ao participar dos festejos juninos realizados em praças públicas de diversas cidades do nordeste brasileiro.

O agarradinho da dança de forró e os encontros em volta das fogueiras foram alguns dos exemplos de bonança que marcaram o mês de junho e início de julho deste ano. Mas como diz outro ditado, ‘o que é bom dura pouco’, o ajuntamento de pessoas nas confraternizações juninas está sendo responsabilizado pela ascensão da média móvel de Covid no período. Informação considerada uma verdadeira tempestade.

É como ficar triste depois de ficar feliz.

Mas todo bom brasileiro sabe que é uma questão de tempo a volta da felicidade e do sossego.

Forte é o povo.

*Jornalista e historiador

Leia mais...

As pessoas precisam ser ‘concertadas’

14 de junho de 2022, 17:34

*Por Gervásio Lima –

Entende-se por emancipação a possibilidade de adquirir de forma antecipada, ou por algum tipo de mérito, a soberania, a conquista da liberdade. A palavra remete àquilo que avança, algo benéfico.

 Um anseio coletivo seria a realização de um desejo em comum entre sujeitos. Em um mundo globalizado a visão que se espera sobre a vida é a do respeito e a complacência. Se comportar como se estivesse participando de uma competição de ‘cabo de guerra’, onde o principal objetivo é medir forças entre dois grupos até que apenas um vença é, além de uma infeliz demonstração de egoísmo, um ato que beira a insensatez.

Que o mundo, em especial a Terra Tupiniquim, vive um momento hostil todo mundo, ou quase todo mundo, sabe. A valorização da desavença em detrimento do bom relacionamento assusta, enquanto as instituições sociais são desvalorizadas a partir de ataques banais e desnecessários. Uma verdadeira desconstrução dos preceitos básicos para a convivência harmoniosa entre os seres.

A família, a igreja e o estado voltam a ser usados de forma deturpada, tendo inclusive suas características deformadas e seus sentidos alterados. Demagogias explícitas têm influenciado diretamente nas mudanças de comportamentos, provocando a disseminação do ódio e outras atrocidades que poderiam ser evitadas.

“A esperança é a última que morre”, portanto o bom brasileiro não pode desistir nunca de buscar ou criar meios para que o avanço signifique confiança em dias realmente melhores para todos, independentemente de que lado da corda esteja.

Como em um jogo de xadrez, é preciso ter autocontrole e inteligência emocional para saber o momento certo para fazer acontecer aquilo que se almeja –  ou seja, o lance final.

Antes de mais nada, as pessoas precisam ser concertadas (no sentido de estar em harmonia) para que determinados consertos aconteçam.

Forte é o povo!

*Jornalista e historiador

Leia mais...

A lâmpada e um Aladdin baiano

27 de maio de 2022, 13:55

Foto: Gervásio Lima

×Por Gervásio Lima –

Praia de Jardim Armação, localizada no bairro do mesmo nome, em Salvador. Início da manhã de um dia da semana, em alguma data de um mês de 2022. O mar estava bastante agitado, com maré alta e apesar de o clima estável, as nuvens no céu apresentavam a chegada de chuvas.

Não muito comum, a praia estava totalmente vazia e não apresentava sujeira. O mar estava bastante convidativo.

O som das ondas quebrando nas pedras e na areia era o ‘resumo da ópera’.

De repente uma lâmpada. Peraí, areia, onda, mar e lâmpada? Sim, uma lâmpada é encontrada na areia com algumas conchinhas grudadas, em um sinal de que ela estava no oceano há algum tempo.

Antes da ação cidadã de coletar e jogar em um local adequado, a vontade de esfregar o objeto, como fez o personagem infantil Aladdin, foi enorme. Como na saga, os três pedidos, desta feita o de um baiano, já estavam automaticamente prontos: 1º – que o ser humano volte a ser sinônimo de humanidade; 2º – que a vida seja respeitada em todos os seus aspectos e 3º – que a igualdade deixe de ser uma utopia.

A lâmpada de Aladim representa o centro da inteligência humana, mais precisamente a consciência, o que infelizmente tem faltado no ser humano, que insiste em carregar consigo os resquícios do período neolítico, com sabedoria limitada e instinto selvagem.

A lâmpada, que remete à luz e à vida, fora do seu bocal tem o poder de machucar caso esteja quebrada e de contribuir para destruir um ecossistema.

*Jornalista e Historiador

Leia mais...

A cabeça pensa onde os pés pisam

26 de maio de 2022, 13:41

*Por Gervásio Lima

Ter a oportunidade de caminhar na areia das praias é um privilégio para poucos, ainda que subestimado por muitos. Viver a natureza não seria suficiente se não existisse a possibilidade de sentir em sua plenitude os efeitos da contemplação e do contato com o real. Só quem já praticou sabe o quanto é relaxante andar com os pés descalços ao longo de uma praia. O corpo agradece e a mente festeja.

Como uma mensagem subliminar, uma forma de incentivar algum tipo de comportamento, apreciar o meio ambiente é ter a capacidade de proteger e defender aquilo que é bom e que faz bem. Como diz o filósofo Leonardo Boff: “cuidar é mais do que um ato; é uma atitude. Portanto, mais do que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”.

Conscientizar as pessoas sobre a necessidade da preservação ambiental é tão importante quanto difícil, e achar que essa premissa não é urgente e não afeta de imediato é uma visão equivocada. Diversos têm sido os ‘recados’ para os que, mesmo sabendo que chegaram depois, insistem em desafiar a responsável por sua origem.

Mas o que tem a ver o caminhar na areia com a natureza e o zelo com o outro? Tudo. O resumo de um conjunto de boas atitudes e bons comportamentos é a essência da vida, do respeito com o que ainda contribui direta e indiretamente para a existência humana. Invadir espaços preestabelecidos não faz bem nem para o invasor, nem para o invadido. O resultado não bate com a soma.

Fingir que não se importa chega a ser pior do que acreditar que a responsabilidade é uma atribuição alheia. Agir para resguardar propósitos que contribuam para justificar a sobrevivência das espécies são atribuições lógicas e conscientes de uma humanidade sadia.

Já desconstruir para satisfazer o ego pernicioso, é comportamento característico do dissimulado, do sujeito danoso. Acompanhar ou apoiar situações que põem em risco a harmonia do natural com o imaterial é tão tacanho quanto a mentalidade do tosco incentivador de tal barbárie.

“A cabeça pensa onde os pés pisam”, afirmou Frei Betto.

*Jornalista e Historiador

Leia mais...

A impunidade prevalecerá enquanto não houver consciência

11 de maio de 2022, 13:25

*Por Gervásio Lima

A ausência da punição ou a sua aplicabilidade de forma não desejada tem deixado de ser discussões que antes remetiam apenas à área jurídica, ao ambiente forense. Atualmente, como técnico de futebol, onde todo torcedor se autodeclara suficientemente capaz de escalar e fazer determinadas mudanças no seu time do coração, as sentenças são amplamente comentadas e às vezes decididas por tribunais compostos por magistrados com os mais diversos tipos de entendimentos sobre a mesma matéria.

O que era para ser um ‘ponto de vista’ vem se transformando, em muitos casos, em ‘meias-verdades’, utilizando-se elementos reais para se criar situações embaraçadoras e perigosas, colocando, inclusive, reputações até então ilibadas como duvidosas.

Os chamados ‘julgadores de plantão’ confundem, e, consequentemente, prejudicam mais que ajudam. Um verdadeiro desserviço para uma sociedade atônita e acometida por rajadas de desinformações e intolerâncias. Um caos total.

As relações interpessoais estão cada vez mais difíceis, sem respeito às ideias e opiniões alheias. A intriga permeia, enquanto a compreensão, o entendimento, a aceitação e a consideração (empatia) têm perdido espaço para a violência, a desarmonia e o ódio. E isso com um agravante, o uso da religião e a imagem da família para confundir aqueles de astúcia limitada.

A antiga estratégia de comunicação, que consiste em empregar recursos emocionais ou simbólicos pra induzir alguém a aceitar uma ideia, uma atitude, ou realizar uma ação (persuasão), tem sido a principal ferramenta utilizada para distrair e tirar o foco de um problema que tem se tornado cada dia mais crônico: a lógica da mentira e  da enganação.

A arte de persuadir nunca esteve tão presente, e, o pior, o emprego de argumentos ilegítimos está conseguindo mudar até mesmo a conduta e a crença de muitos indivíduos, afetando inclusive seus caracteres.

A impunidade prevalecerá enquanto não houver consciência.

Forte é o povo!

*Jornalista e historiador

Leia mais...

Sabido era o chimpanzé

05 de maio de 2022, 12:21

*Por Gervásio Lima

Reza a lenda que nos lugares mais secos da África para se encontrar um local com a presença de água se prendia um chipanzé por dias, e quando o soltava era só o seguir que encontraria o precioso líquido, pois o mesmo iria direto para uma ‘fonte conhecida’. Sendo verdade ou não, seria uma excelente, mas criminosa, estratégia, uma clara demonstração de maus tratos com um animal.

É de fácil imaginação, usando como exemplos cotidianos, que os praticantes deste macabro método de utilizar o sofrimento alheio para amenizar o próprio, não se penalizavam por tal atitude, por considerar o que pode se chamar da ‘lei da sobrevivência’ ou instinto, uma constante luta pela continuidade da existência. Isso é fato desde a época das cavernas.

O uso de táticas para a garantia da vida vem desde os primórdios. O aprendizado e a evolução humana marcaram a história da existência na terra. Corrobora esta afirmação a espécie à qual pertencemos, o Homo sapiens, que desde o seu surgimento, há cerca de 300 mil anos, já ‘se virava’ para se manter vivo, utilizando da sua habilidade em caçar e cozinhar a carne de suas ‘presas’.

O antigo ditado popular ‘procurar a rudia onde quebrou o pote’ (atribuir a autoria de algo ao seu verdadeiro autor) surge como uma forma de validar a sabedoria popular, que não seria o caso específico do chipanzé (a vítima), mas daquele que ao mesmo tempo é detentor da inteligência e de ausência do conhecimento.

É natural, elogiável e humilde, recorrer àquele ou aquilo que aponte a solução que se procura. Pedir ajuda não ranca pedaço de ninguém (mais um ditado), ao contrário, fortalece o espírito coletivo, melhorando as relações entre os semelhantes.

Agora, usar ‘a lei do mais forte’ como álibi para tirar proveito, do que quer que seja, se valendo da posição que esteja, da função que exerça ou da condição financeira que possua, é mau-caratismo, comportamento típico do covarde.

As relações sociais serão mais efetivas e sadias quando o respeito pelas diferenças e a irmandade passem a ser reconhecidos e praticados na sua essência, onde a sobrevivência seja o significado do dever cumprido (sem usura, sem inveja e sem violência) do ser humano durante sua passagem pelo mundo.

*Jornalista e historiador

Leia mais...

Boas Festas!

VÍDEOS