ARTIGOS

O chicotinho ainda não queimou

25 de julho de 2024, 15:03

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Quem nunca brincou de ‘chicotinho queimado’? Talvez uma das mais antigas da roda da cultura africana, a brincadeira é um verdadeiro teste para medir o nível de agilidade e a percepção dos participantes, que são desafiados a não desistirem até encontrarem o que buscam.

Todos tapam os olhos, enquanto um outro esconde o chicotinho queimado. Daí inicia-se a saga, já com os olhos abertos saem à procura do chicotinho (um objeto qualquer). À medida que se aproximam do esconderijo, dirá, ‘está morno’; muito perto, ‘está quente’ e se estiver longe, ‘está frio’.

Além de uma nostalgia, aquele que foi um dos principais entretenimentos infantis, pode significar diversas situações que ocorrem na atualidade. Nesse momento, onde as atenções estão voltadas para as definições eleitorais dos que buscam cadeiras nos legislativos e executivos municipais, por exemplo, o ‘chicotinho queimado’ seria justamente os cargos pleiteados.

Como no início de qualquer corrida, a eleitoral não seria diferente. Até a finalização do prazo para as homologações das convenções partidárias, tudo continua frio, passando a mornar quando forem oficializadas as definições das candidaturas. A partir daí, ‘macho véi’, como diz o bom nordestino, o ‘bicho pega’, todos estarão em um verdadeiro ‘banho maria’.

Mas, ao contrário do chicotinho queimado, onde para se sair vencedor depende exclusivamente da capacidade individual de interpretar o sentido das ‘temperaturas’, a eleição, seja ela nas esferas municipal, estadual ou federal, é um jogo coletivo que, além das habilidades da liderança escolhida, necessita-se da qualidade da composição, do poder de aglutinação, de se ser verdadeiro e, principalmente, da capacidade para conquistar a ‘graça da população. Estes são os bizus necessários para que a coisa fique ‘quente’.

Que não se confunda ‘chicotinho’ com chicote.

“A mão que afaga é a mesma que apedreja” – Augusto dos Anjos.

*Jornalista e Historiador

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Não repetir o mesmo erro é fundamental

19 de julho de 2024, 12:59

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Indecisões, trapalhadas, bate-cabeças, vaidades e até mesmo maldades fazem parte da bagunçada ‘gramática política’, no período pré-convenções partidárias, em diversos municípios. O ‘agora é ele ou ela’ tem mudado frequentemente para ‘agora já não é mais ele, nem ela’; o ‘agora vai’ para ‘não foi’, e assim por diante.

Ao contrário do objetivo principal da escolha eleitoral, a consulta popular tem dado lugar a um jogo onde as peças do tabuleiro se movem de acordo com as vantagens oferecidas aos que estão jogando, em detrimento da vontade do eleitor.

Desprovidos de respeito, caráter e outras atitudes que se espera do processo, indivíduos já apresentam o que pode vir a ser o seu ‘modus operandi’, caso consiga transformar  o desejo em realidade.

O que começa errado, continua errado e quase sempre acaba errado. Uma atitude muito importante, que para muitos não é valorizada, o direito do exercício da cidadania através do voto, é talvez uma das principais demonstrações de responsabilidade dos que prezam a coletividade e a harmonia social no seu habitat.

Uma ação impensada, que poderia ser das mais plausíveis e democrática, pode se transformar em um aterrorizante pesadelo e desastre para os que sonham com o bom funcionamento dos serviços essenciais, como saúde e educação; sem perseguições e sem gaiatices.

Depois do “pirilililiI” da urna eletrônica, já era. Se a consciência e a certeza de que realmente avaliou a vida pregressa dos escolhidos prevalecerem, certamente  não haverá arrependimentos e decepções.

É necessário evitar e, se possível, banir da vida pública estelionatários eleitorais; aqueles que agem apenas de acordo com as suas conveniências, bem como os que, desprovidos de empatias e de liderança nata, acreditam que a condição financeira é suficiente para engabelar o ‘votador’.

Errar é humano, mas não repetir o mesmo erro é fundamental.

Forte é o povo!

*Por Gervásio Lima – Jornalista e Historiador

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Vale a pena ver de novo?

11 de julho de 2024, 12:55

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima. –

A teledramaturgia da vida real, ou melhor do período eleitoral, está próxima da sua estreia oficial. As histórias de cada ator, diga-se candidato, serão apresentadas ao público/eleitor em capítulos até o final do folhetim, e, diferentemente do seu homônimo televisivo, poderá mexer não apenas com o emocional de quem acompanha, mas também com os destinos de toda uma população.

O elenco ainda está sendo escolhido, mas alguns artistas já são dados como certos na participação da novela que estreia um novo roteiro a cada quadriênio. Homens e mulheres disputam quem será o ator ou a atriz principal, enquanto os telespectadores apostam de camarote em quais serão os seus vilões ou heróis preferidos.

Muita expectativa nesta hora. A espera pelas definições dos nomes, o que só ocorrerá a partir do lançamento da trama, tem causado ansiedade, um sentimento de preocupação, nervosismo, quiçá medo, entre os protagonistas e os coadjuvantes temerosos de se frustrarem por não acontecer o que esperam.

Pelas decepções e esperanças perdidas, tem crescido o movimento dos neófitos, dos que buscam o novo como saída positiva contra os que se autodenominam peritos. Para uma grande maioria, o ‘vale a pena ver de novo’ é uma reprise dos antigos artistas, daí se explicam as escolhas pelo tenro.

A defesa do discurso sensato, coerente e verdadeiro, sem perseguições e demagogias, com respeito aos diferentes e na defesa da melhoria de vida dos expectadores (o povo), definirá, inevitavelmente, quem será o personagem escolhido para ator ou atriz principal dessa narrativa chamada eleição, que tem data para acabar – o próximo dia 6 de outubro.

Para quem defende o “não vale a pena ver de novo”, resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.

*Jornalista e historiador

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Jacobina: morte e vida de um ex-político

12 de junho de 2024, 13:25

*Por Américo Júnior –

Não é novidade para ninguém que este ano teremos mais uma corrida eleitoral em busca do direito de ocupar o paço municipal, local onde hoje possui uma sala cheia de penduricalho que mais parece um brechó, mas que também serve para abrigar o gabinete de vossa excelência na prefeitura. E em se falando de jacobina, esta busca incessante pelo honroso e vaidoso título de prefeito, trás componentes deveras interessantes!

Além de hoje termos um gestor que reduziu o identitariíssimo a um simples nome de remédio para hipocrisia, há quase 30 anos surgiu em Jacobina um certo personagem político que transformou-se no terror de alguns, e na felicidade de outros (estes seus fiéis puxa sacos), podemos chamá-lo de “Odorico jacobinense”.

Assim como o seu homônimo de sucupira, tinha uma capacidade rodrigueana de dramatizar a cena política com discursos de reafirmação do amor por sua terra, pois esta era a razão de  continuar na política. Até hoje os seus correligionários o consideram como “o melhor administrador que Jacobina já teve”, só faltou combinar com o funcionalismo público da época, principalmente a educação, quando o setor ficou 8 anos sem aumento nem valorização.

Após dois mandatos ( foi o único prefeito que conseguiu a reeleição) e uma coleção de desafetos, sofreu uma dura derrota na justiça eleitoral, tornando-se inelegível por 8 anos, sabe aquele ditado “ há males que vem para o bem”? Pois é, para os seus fiéis eleitores ele foi injustiçado e perseguido pela cruel e vil justiça eleitoral, virou mito, assim como o seu ex-presidente.

A partir dali (não o Salvador) ele amargou um périplo de quase “morte” política, ficando restrito apenas a administração do nosocômio de sua “quase” propriedade, estrutura construída e inaugurada na gestão do então presidente João Goulart, filho da pessoa que empresta o nome ao hospital (aposto que ninguém sabia!!)

Long after volta à baila o nome do Odorico jacobinense como postulante ao cargo de alcaide, colocando no hall do esquecimento todos os atos perpetrados outrora no exercício da função, inclusive o que se refere ao seu afastamento do cenário político.( segundo a justiça)

Como “a função do historiador é lembrar a sociedade aquilo que ela quer esquecer”, e diante da sua outrora “morte” política,  penso que será necessário, não inaugurar um cemitério, mas sim, ressuscitar como Lázaro.

*Historiador e jacobinense

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Pior que a validade da pena é o crime cometido

12 de junho de 2024, 10:35

Foto: Gervásio Lima

* Por Gervásio Lima –

Longe de uma opinião jurídica, mas usando do aprendizado cidadão, da moral e dos bons costumes, é possível afirmar que o ladrão que roubou um frango é tão criminoso quanto aquele que furtou vários frangos pois os dois se apropriaram ou tiraram proveito de algo que não era seu, que não o pertencia. Se a justiça vai atenuar a pena, ou até mesmo não penalizar, o que roubou menos é outra discussão; a alcunha de larápio continuará a mesma.

No meio político a amenização de determinadas faltas de condutas é uma praxe utilizada para justificar o quase sempre injustificável, tanto pelo acusado quanto pelos seus cumplices, ou melhor seu apoiadores. É um despautério enunciar que o apoiado ‘rouba mais faz’ ou que ‘todos roubam’ e ao mesmo tempo arrotar seriedade e condenar corrupção sendo um corrupto ou um corruptor.

Para se conseguir o intento os lobos se passam por cordeiros e agindo como um verdadeiro estelionatário se passa por um paladino, de caráter inquestionável e disposto a proteger os fracos e lutar por causas justas. Os falsos moralistas geralmente apontam os defeitos dos seus oponentes para persuadir aqueles que não o acompanham, desprovidos de valores e impregnados de maldades. O dissimulado é um algoz contumaz.

Ainda quanto ao crime e o tempo de sua pena, a discussão não deve ser em volta da data de validade do delito, mas sim ao dano causado pela incorreção. É sempre bom lembrar, não existe amizade entre  o frango e a raposa, não adianta insistir.

Por tanto, se faz necessário ficar atento para os ilusionistas, principalmente em ano eleitoral quando os ‘santos de pau oco’ estão à solta e como uma cobra, prontos para dar o bote.

Forte é o povo!

*Jornalista e historiador

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Para bom entendedor, meia palavra basta

16 de maio de 2024, 14:58

Foto: Gervásio Lima

*Gervásio Lima –

Não basta apenas querer. É preciso saber que nem sempre a vontade prevalece, principalmente quando um outro possui a mesma intenção. Confundir poder com desejo é enganar um sentimento egoísta, típico do narcisista que enganosamente acredita que existe apenas uma verdade, a sua.

Agir de forma a agradar o ego, não respeitando as diferenças, levará o sujeito, inevitavelmente, ao fracasso e, talvez, ao ostracismo. Mostrar superioridade mesmo sabendo que numa construção o pilar do telhado parte do chão, não é uma demonstração de falta de conhecimento, mas de ‘nanismo mental’, quando a inferioridade está intrínseca na alma.

Na prática, o ‘querer é poder’ somente na expressão popular, como uma frase motivacional para encorajar os que buscam a realização dos sonhos. Uma espécie de impulso para o desacreditado.

Infelizmente, nem tudo que se almeja é alcançado. O que é simples e possível para uns pode ser bastante complicado e distante para outros, daí vem o problema: acreditar em algo por excesso de otimismo e depois sofrer com a decepção e o sentimento de incapacidade.

Em determinadas situações, o querer facilita sim, e muito, o poder. Geralmente a ninhada, por exemplo, se sobressai da proeminência.

Diversos dizeres da cultura popular refletem com autenticidade passagens do cotidiano, muitas vezes usando uma linguagem própria, de quando e quando carregada de algum tipo de preconceito, como o que diz que ‘pobre só dá o filho para o rico batizar para chamá-lo de compadre’. Uma pena, o afilhado quase sempre não escolhe o seu padrinho.

“… Cantor atormentado

Herdeiro sarará

Do nome do renome

De um feroz senhor de engenho

E das mandingas de um escravo

Que no engenho enfeitiçou

Sinhá”. Sinhá – Chico Buarque e João Bosco

*Jornalista e Historiador

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“O evento foi climático, mas a tragédia é política”

14 de maio de 2024, 09:58

Foto: INMET / Reprodução

*Américo Oliveira Júnior –

Nos últimos 5 anos presenciamos o acirramento do embate entre as forças políticas de extrema direita, e a ala progressista. A extrema direita com a opacidade que lhe é peculiar, conseguiu transformar todo um debate que é sério e benéfico para a sociedade, inclusive o que fala sobre o meio ambiente, num verdadeiro FEBEAPÁ.

A tragedia – a segunda em 6 meses – que assolou o Estado do Rio Grande do Sul, causando até agora 143 mortes e 125 desaparecidos num total de 272 pessoas, demonstra que o aquecimento global não é coisa de comunista e nem é brincadeira.

Assim que assumiu o governo gaúcho em 2019, Eduardo Leite apoiado maciçamente pelo bolsonarismo gaúcho, permitiu que as leis ambientais do Estado fossem flexibilizadas, isso causou uma alteração em quase 500 pontos que eram de suma importância na proteção ao meio ambiente.

Um projeto que demorou apenas 75 dias para ser elaborado e aprovado e que só não transcorreu em menos tempo por causa de uma medida judicial que impediu o caráter de urgência.

A atitude do governo não respeitou sequer uma das grandes autoridades em ecologia no país, José Lutzemberg, responsável inclusive pela criação da AGAPAN ( associação gaúcha de proteção ao ambiente natural) que a época era presidida por Francisco Milanez.

Segundo o próprio Milanez à época das mudanças do código ambiental, “seria um retrocesso de 40 anos, uma proposta destruidora e prostituinte”, ele ainda considerou irônico que “o Estado do Rio Grande do Sul, pioneiro na luta ambiental no Brasil, primeiro com Henrique Roessler nos anos 50 e com Lutzemberger nos anos 70, enveredasse pelo caminho inverso”.

Uma das mudanças é “A supressão de todo financiamento financeiro vindo do Estado, até mesmo para as pesquisas e centros de pesquisas, manutenção de ecossistemas, racionalização do aproveitamento da água e energia, entre outras tantas”. Notemos que esta é uma pratica bem usual dos governos extremistas que não valorizam o investimento na ciência através do financiamento público, jogando esta responsabilidade nas mãos da iniciativa privada, seus principais cafetões políticos.

Diante de todo este contexto previsivelmente trágico, nos cabe avaliar se mais este desastre não poderia ter os seus danos minorados se houvesse por parte da gestão estadual um respeito pelo que fora acordado na lei ambiental lá nos anos 2000.

Mas seria muito exigir de um grupo criado para remar contra a maré da tal “esquerda comunista”, um pensamento que trouxesse vaga lembrança do coletivismo.   As ondas de negacionismo vacinal e ambiental, as Fake News que até hoje pululam nas redes sociais como se fossem pragas numa lavoura, transformaram-se no prato principal da extrema direita bem representada aqui no Brasil pelo bolsonarismo, seu fiel correspondente.

“O evento foi climático, mas a tragédia é política” – Milton Ribeiro

*Historiador

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O palhaço da vida real

16 de abril de 2024, 11:14

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima. –

Determinados comportamentos atingem um nível de ridicularidade tão grande quanto o tamanho de uma verdadeira ‘anta’. O modo de agir é um acusador natural do que se pode esperar de alguém que usa a sátira como uma premissa, uma forma de caçoar tanto os que estão próximos quanto os que estão longe. Um palhaço de piadas prontas, sem graça, mas repletas de gracejos.

O humor faz parte do relacionamento humano, é uma forma de demonstrar empatia, alegria e outros sentimentos que proporcionam o bem. Este é o bom humor, uma característica das pessoas que vivem de maneira leve, cultivam atitudes de cortesia, são hábeis em desenvolver emoções positivas, recordam com frequência bons momentos e procuram transmitir serenidade e esperança.

Chacotear a vida alheia, inclusive a dos que lhe confiaram o direito de representá-los, é uma brutalidade sem tamanho, quiçá uma traição típica do ingrato, dos incautos e insolentes, que veem seu semelhante como um instrumento manipulável, como marionete.

Para aqueles que conhecem e sabem usar a capacidade positiva da internet, principalmente das redes sociais, não é difícil diferenciar o lobo do cordeiro. Basta uma simples pesquisa, ‘dar um google’, para conhecer ou obter informações daquilo ou daquele que se tem curiosidade. Tomando, claro, os devidos cuidados para não ser vítima de fake news.

Se o boi tivesse noção da proporção do seu tamanho frente ao do vaqueiro, não estaria sujeito a chicotadas, ao uso de canga e nem seria marcado com ferro quente.

Se o pobre fica rico quando está bêbado, o rico fica pobre quando precisa do pobre para ficar mais rico.

A jiboia, após a alimentação, hiberna por um bom tempo, mantendo-se em estado de letargia para digerir a presa. Para ficar protegida durante a hibernação, busca locais isolados.

O bom é saber que o perigo de ser atacado por um animal que hiberna é praticamente nulo se forem respeitadas as regras da natureza.

Bicho que hiberna não morde

*Jornalista e historiador

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Respeitável público…

05 de março de 2024, 18:20

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima =

Em muitas cidades do Brasil, ano de eleição municipal para escolhas de prefeitos e vereadores é um dos momentos mais esperados pela população, que, assim como os nascidos no dia 29 de fevereiro, aguardam quatro anos para fazer a festa. Na verdade, a corrida, muitas vezes literalmente maluca, inicia-se no ano anterior à realização do pleito eleitoral.

Especulações, acordos, autovalorizações, zoada, muita zoada, e até mesmo brigas marcam as ‘pré-disputas’. Em ano de eleição, a política é o principal assunto das rodas de conversas no jogo de futebol, no aniversário, no churrasco e até mesmo nos velórios.

O processo democrático para a escolha de representantes políticos é um dos principais direitos e deveres de uma sociedade. É o momento de escolher, por meio do voto, os governantes.

O eleitor é o principal responsável pelas consequências de suas escolhas, por isso a importância de usar a consciência, a sapiência, a perspicácia e a responsabilidade – enquanto sujeito chave – no momento de definir as pessoas que irão dar o rumo do lugar que se escolheu para morar.

Se faz necessário o empoderamento. Os postulantes devem enxergar e dispensar o tratamento merecido ao eleitor, que, como protagonista e não como mero coadjuvante, possui os poderes de os eleger ou rejeitar.

A participação cidadã efetiva nos momentos que antecedem qualquer disputa eleitoral é salutar, desde que os direitos não sejam violados. A escolha, como o choro, é livre, mas tem que se escolher sabendo que a decepção e o arrependimento serão inevitáveis, se optar pelas pessoas erradas.

Que a festa mais importante da democracia, quiçá a mais envolvente, aconteça com os envolvidos discutindo o futuro, as melhorias  e o bem-estar humano. Como numa avaliação escolar, em que se estuda antes com a finalidade de acertar as respostas, na política o eleitor passa quatro anos estudando o comportamento dos que querem uma nova chance.

… Começou o espetáculo!

*Jornalista e Historiador

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Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é

15 de fevereiro de 2024, 16:54

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

A expressão atribuída ao filósofo Nicolau Maquiavel, que viveu entre os séculos XV e XVI, “Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é”, talvez seja uma das frases mais usadas para demonstrar insatisfação com comportamentos de determinados elementos, após uma ascensão, principalmente política.

Maquiavel, no uso catedrático das palavras, economizou adjetivos para se referir ao sujeito mau caráter, dissimulado e mentiroso; o tipo que se esconde atrás de um modo próprio, intrínseco, de nascença, sempre que lhe é conveniente.

Seria muita ousadia discordar do fundador do pensamento da política moderna, já  que, como ninguém, escreveu sobre o Estado e o governo como realmente são, e não como deveriam ser. Mas, como diz o ditado popular, ‘meia palavra basta’, o poder é apenas uma das desculpas para as ações inconcebíveis e abomináveis, às vezes covardes, de lobos que se comportam como cordeiros.

A incompetência está para o arrogante e o vaidoso, assim como a verdadeira humildade está para a pessoa digna e decente. Aliás, como os bobos da corte, que viviam de fazer gracejos para os ricos rirem, desde o Egito Antigo; muitos, ainda hoje, confundem situação financeira com ombridade.

Presumivelmente, os palhaços da corte atuavam pela sobrevivência, no papel de um verdadeiro artista e não como chacoteiros. Naquela época, pela dificuldade do acesso ao livro, e consequentemente à leitura, o conhecimento era limitado, quiçá impossível, para grande parte da população, fato que pode explicar as submissões. No Brasil escravista,  por exemplo, logo ali no século XIX (o século atual é XXI), os malês, negros mulçumanos, eram muitas vezes mais instruídos que seus senhores, e, apesar da condição de escravos, não eram submissos, mas muito altivos, graças ao conhecimento adquirido por meio da leitura.

Recorrendo a mais um ditado popular, ‘o mal do sabido é pensar que todo mundo é besta’. É bom sempre lembrar que, assim como o poder, o status é passageiro. O hoje, amanhã já é passado.

Se o boi tivesse noção do seu tamanho e de sua força, com certeza não seria guiado por um carroceiro.

*Jornalista e historiador

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