ARTIGOS

Devolva o meu São João

19 de junho de 2023, 14:57

Foto: Reprodução

Há muitos anos os festejos juninos do interior do nordeste vêm se descaracterizando, perdendo sua real essência em detrimento à invasão de ritmos que, de longe, se quer imitam o verdadeiro forró, a chamada música de raiz nordestina. Numa espécie de ‘mea culpa’, muitos artistas se auto intitulam como cantores de ‘forró sertanejo’, ’forró universitário’ e até mesmo ‘forró eletrônico’.

Outros estilos musicais têm o ano todo para se apresentar, enquanto o forró se limita praticamente em apenas trinta dias, no mês de junho, quando o sanfoneiro é mais requisitado. Uma concorrência desleal a disputa por espaço entre a sanfona e o teclado, sem contar os expressivos valores recebidos pelos artistas ou bandas da moda do momento.

Até sexta-feira (23), o Notícia Limpa estará repostando três textos de autoria do jornalista Gervásio Lima que aborda esta temática. O primeiro é o ‘Era uma vez o forrobodó’, postado no dia 4 de julho de 2018. Os próximos textos (dias 21 e 23) serão: “Antônio, João e Pedro agora são Luan, Gustavo e Safadão” e “O forró agora é pop”.

Era uma vez o forrobodó

O período das festas juninas encerrou oficialmente no dia 30 de junho, após as comemorações do dia do último santo do mês, o São Pedro, o primeiro papa da Igreja Católica, (não confunda com São Pedro de Alcântara, santo padroeiro do Brasil, cuja comemoração acontece no dia 19 de outubro). Mas por ter uma população ‘festeira de nascimento’, muitas cidades do nordeste, mas especificamente na Bahia, as festas se prorrogam por praticamente todo o mês de julho.

Os ‘arraiás’ ainda arrastam pé e arrastam muita gente. O forró de raiz, mesmo que a cada ano esteja sendo ameaçado de extinção, sobrevive nostalgicamente. O ‘dois pra lá, dois pra cá’ da dança vem sendo trocado por coreografias que mais parecem passos de balizas de fanfarras (uma mistura de ginástica artística, rítmica, teatro e arte circense). Já o gênero musical oriundo basicamente do conjunto de instrumentos como o triângulo, a sanfona e a zabumba está cada vez mais desconfigurado, sendo substituído por estilos denominados de ‘urbanos e modernos’. A guitarra, o teclado e a bateria são os responsáveis em produzir os sons do novo ‘forró universitário’ e de uma espécie de pop chamado de ‘forró eletrônico’. Triste realidade.

Existe espaço para todos os estilos e gostos musicais, mas apelar e insistir em usar e descaracterizar o forró pé de serra é uma forma ingrata de contribuir com o desaparecimento de uma das principais tradições nordestina. As novas gerações precisam conhecer a verdadeira história vivida por seus pais, avós e bisavós, de maneira, a saber, preservá-la. Copiar uma identidade não seria tão salutar quanto construir e conquistar seus próprios valores.

Qualquer nordestino, desde os mais novos (graças às comemorações realizadas nas escolas), sabe reconhecer uma típica festa junina. As vestimentas, a culinária e as ornamentações são únicas; totalmente diferente dos shows espetaculares com extravagâncias de som e luz e músicos e bailarinas com roupas coloridas e cheias de brilho.

Em 2017, um evento particular denominado ‘Forro Sertão’, realizado durante os festejos do São João da cidade de Irecê, no norte da Bahia, as principais atrações foram as cantoras Anitta e Ivete Sangalo, os cantores Gustavo Lima e Léo Santana e a dupla Henrique e Juliano. Uma clara demonstração da descaracterização musical do termo ‘forró’. Neste ano (2018), Senhor do Bonfim, cidade localizada também no norte da Bahia, conhecida como a ‘Capital Baiana do Forró’, antes referência na preservação do tradicional festejo junino se rendeu ao modismo e teve entre as atrações contratadas pelo executivo municipal os cantores Tayrone, Gabriel Diniz, Wallas Arrais e a sul-mato-grossense Paula Mattos. Como já dizia o maior forrozeiro do Brasil, Luiz Gonzaga, ‘aqui tudo mudou, tudo tá mudado’.

Por Gervásio Lima

Jornalista e Historiador

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A educação como base da vida

01 de junho de 2023, 12:59

Foto: Gervásio Lima

* Por Gervásio Lima

Considerar a educação como base da vida não é e não pode ser apenas tema de discursos onde o emissor pretende agradar o receptor através de uma lógica arraigada da definição do contexto de aprendizagem e de vivência.

A educação talvez seja uma das palavras mais completas que existem. Sua definição está longe de tratar exclusivamente do aprendizado escolar ou de um ato de cortesia e civilização. Ela é uma instituição de reprodução social, de formação humana, que ajuda a desenvolver indivíduos com altos valores morais e sociais. É um processo de humanização das pessoas, um despertar da autoconsciência para a transformação da sociedade e de seus membros.

Além de ser uma atividade direcionada para atingir determinados objetivos, como transmitir conhecimentos ou promover habilidades e traços de caráter, a educação é um instrumento também de desenvolvimento da compreensão, racionalidade, bondade e honestidade. Daí a importância de transformar a figura humana em um ser verdadeiramente educado, com qualidades, sensatez e capacidade de interpretar e entender o verdadeiro sentido da existência.

Os hábitos, costumes e valores de uma sociedade são transferidos de geração para geração. Partindo deste princípio, a educação oferecida no âmbito de uma instituição de ensino é um complemento para a formação do sujeito educado, conforme a narrativa exposta nos parágrafos anteriores.

Para o filósofo e professor doutor Neidson Rodrigues (in memoriam), “o ser humano, por não receber qualquer determinação por natureza, pode construir o seu modo de vida tendo por base a liberdade da vontade, a autonomia para organizar os modos de existência e a responsabilidade pela direção de suas ações, essa característica do ser humano constitui o fundamento da formação do sujeito ético”.

*Jornalista e Historiador

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A tragédia invadindo o lugar da empatia

18 de maio de 2023, 16:11

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

A vida é feita de escolhas. Talvez esta seja uma das mais simples e principais frases quando se quer atribuir acontecimentos, sejam positivos ou negativos, na trajetória de um indivíduo, principalmente quando este chega à fase adulta.

Quando se remete a a algo ruim vem logo em seguida a expressão ‘só lamento’, ou ‘sinto muito’, formas mais utilizadas e quiçá a que se tem acesso com frequência. Mas, mesmo em desuso, de maneira não intencional, com menos frequência, o bom resultado é expressado por um eloquente ‘ô glória’, o elogio aos que alcançam vitórias; a recompensa daquele que pratica o bem.

O interessante é que as percepções alheias acontecem como uma avaliação sobre o comportamento daquele que se quer conhecer ou com quem tenha alguma relação. Os aplausos geralmente são em menos quantidade do que as vaias. É a tragédia invadindo o lugar da empatia. A satisfação não está mais em estender a mão, mas em alegrar-se com a queda.

As pessoas têm pagado para ver o que poderia ser evitado de graça. As pessoas perdem a cabeça num mundo que se encontra de ponta, como um objeto perfurante na iminência de ferir. Uma corrida maluca, sem vencedores. Assim caminha a humanidade, com dificuldades em lidar com seus conflitos, mas com facilidade em machucar e não reconhecer o próximo como o seu semelhante.

Decepção, a palavra da vez, não escolhe mais suas vítimas e cotidianamente transita em todos os ambientes. Sentimento negativo de tristeza e mágoa remete a engano e ingratidão.

Como na vida tudo passa, o correto é acreditar que existe de fato a resiliência, a capacidade de voltar ao normal. Se apegar e fazer o bem sem olhar a quem também é uma maneira de manter longe as agruras, as desilusões e frustrações.

No resto, é vida que segue…

*Jornalista e historiador

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Fazer o bem sem olhar a quem

04 de abril de 2023, 13:11

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Várias são as certezas da vida, inclusive a mais assustadora e pouco aceita por muitos, a da morte. Uma série de coisas um dia tem um fim, atendendo uma data de validade mesmo que involuntariamente e a contragosto. Viver o momento aproveitando o que foi bom no ontem  é talvez o que mais importa em uma trajetória.

Defender que ‘nada é para sempre’ é egoísmo dos que vivem apenas para si, não atentando que a felicidade é algo composto e envolto de empatia, respeito e complacência. Boas atitudes fazem do ser um humano, com atitudes e sentimentos que ultrapassam a racionalidade.

Fazer o bem faz bem, independentemente de a quem. Praticar boas ações sem intenções de levar ‘vantagens sentimentais’ não é o mesmo que demonstrar afeto por conveniência para se conquistar vantagens fora do contexto que envolve relações verdadeiras de apreço e consideração.

A prática do bem faz bem e não beneficia apenas o praticante, mas tudo e todos que estão em sua volta. Inclusive é uma questão de saúde, pois aumenta a autoestima e dá a sensação de satisfação e bem-estar. Sensação que inclusive consegue reduzir os níveis de estresse, propiciando um equilíbrio emocional às pessoas.

A capacidade de se colocar no lugar do outro é saber que o diferente existe e precisa ser compreendido, sem justificativas. Conviver com o diferente, sem indiferença, é também um ato de generosidade.

A recíproca tem que ser sempre verdadeira para que a gratidão seja demonstrada em toda a sua plenitude. Demonstração de apreço e consideração é uma atitude do bem.

Desenvolver ‘habilidades sociais’ se faz necessário para a boa convivência, independente do ambiente. Ser educado, sorrir e ajudar a quem mais precisa são atitudes do bem. Fica a dica.

“A gratidão de quem recebe um benefício é bem menor que o prazer daquele de quem o faz”. Machado de Assis

*Jornalista e Historiador

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Paz, amor, harmonia e, principalmente, noção da realidade

14 de março de 2023, 16:48

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Conviver em harmonia e buscar sempre a união como uma demonstração de empatia e civilidade nunca foram tão necessários.

Infelizmente, o perigo de ser hostilizado por conta de reações a conceitos que não agradem o outro é uma realidade cada dia mais presente. Os valores e o respeito derretem como a própria consciência dos que pregam amabilidade, mas carregam a agressividade e a indelicadeza como regras de vida.

A questão não é a que não se pode acreditar, é o além da concepção de descomedimento, da falta de civilidade e de postura; uma clara ausência de urbanidade. É inconcebível, se não fosse inimaginável, que em pleno século 21 ainda existam ‘serumaninhos’ com atitudes e comportamentos racistas, homofóbicos, xenófobos e outros tantos tipos de intolerância.

Há uma carência muito grande de noção da realidade. Talvez por distúrbio de caráter, a convivência em sociedade, a coexistência pacífica e harmoniosa continua sendo algo difícil para muitos indivíduos que não aceitam o diferente. Indivíduos que sempre querem impor a sua opinião em detrimento da do outro.

Viver em sociedade, com respeito às diferenças e obediência às regras de conduta moral e ética é uma das maiores necessidades humana. Nem mais, nem menos. Se incomodar com o alheio é uma demonstração de pequenês e da falta do que fazer dos que cultuam o quanto pior melhor, numa clara demonstração de egoísmo e inveja.

Caçoar o semelhante enquanto a piada está intrínseca é uma conduta do ignorante, do mentecapto, do provocador do próprio escárnio. A postura dos que buscam e pregam o bem é facilmente identificada pelas boas maneiras, a forma de tratamento e a educação que lhes são peculiares.

Lamentavelmente em todos os ambientes existem figuras que aparentam ter boa índole, mas na realidade são más, perversas e até mesmo desonestas. São os verdadeiros lobos em peles de cordeiros.

É vida que segue…

*Jornalista e Historiador

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Acima de tudo a vida

23 de fevereiro de 2023, 14:28

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima

As boas referências são o que mais buscam aqueles que sonham com um mundo sem maldade, um mundo onde o viver é contribuir literalmente para a vida. Reagir às iniciativas condenáveis, sendo contra qualquer tipo de ações negativas a algo ou a alguém, é um sinal de condescendência, típico dos que cuidam.

Se espelhar em uma pessoa má, imitando seus atos, é uma ação covarde e de mau-caratismo, comportamentos característicos da pequenez e imoralidade daqueles indivíduos que seguem a lógica do quanto pior melhor, mesmo que para conseguir seu intento desrespeite inclusive o direito de viver.

Conforme estudiosos do assunto, o caráter é definido pelo conjunto de traços morais e éticos de um indivíduo. É ele que define a índole da pessoa e como ela rege as suas atitudes, dentro dos parâmetros da honestidade e do respeito ao próximo. Quando se afirma que alguém tem caráter, é porque essa pessoa apresenta traços de honestidade, sensatez e senso de justiça. Já o sem caráter é aquele cujas atitudes quase sempre prejudicam outras pessoas em seu único e exclusivo benefício.

Claramente perseptível também, a família, a escola, a religião, entre outras formas de convivência em sociedade, contribuem na formação do caráter, a partir do ensino de certos valores. Quando uma dessas peças é mau interpretada ou mexida de forma errada é inevitável o surgimentos de criaturas que se comportam como verdadeiros monstros.

Alguns comportamentos são intrínsecos, mas não necessariamente imutáveis. O homem é produto do meio, portanto com base nesta afirmação pode se aplicar as máximas ‘quem com porco anda, farelo come’ ou ‘me diga com quem andas que te direi quem és’.

Seguir o mal e se identificar com determinadas atitudes e comportamentos errados não nos dá o direito de aplicá-los contra o semelhante. O respeito à vida está acima da práticas de loucuras e de mentiras. Somente assim a sociedade vive em paz, numa convivência saudável, assentada na consideração, solicitude e civilidade.

*Jornalista e historiador

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A menina da praia

24 de janeiro de 2023, 15:28

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Era uma vez uma menina que conheceu a praia aos três anos de idade e o menino que viu o mar pela primeira vez por volta dos dez anos de vida.

No tempo em que quem degustava requeijão eram os mais abastados ou os filhos dos donos da própria desnatadeira onde se produzia tal guloseima, a praia era para poucos, enquanto o mar era de todos. A areia, as ondas e até mesmo o sol eram elitistas; este último literalmente brilhava para uma selecionada minoria.

Não disseram para a menina da praia que tudo na vida é um complemento de coisas, um conjunto de ações, e de acordo com as escolhas que se faça a tábua de marés estará sempre do seu lado, evitando, entre outras situações, bater-se de frente com uma grande onda, levando o famoso caldo

Por outro lado, a imensidão do oceano serve para alimentar sonhos, desafios e uma mistura de sentimentos como o de conquistas e bravuras do então humilde garoto.

Imaginar explorar os mares é conceituar a vontade de vencer, independente da distância e da profundidade, estando a maré alta ou baixa.

Partindo deste preceito e sabendo que o tempo vivido através de determinados lazeres poderia ser mais prazeroso a partir do conhecimento, a praia e o mar se tornaram um só ambiente e com múltiplas funcionalidades, entre estas o de compreender a vida, de descobrir que nem sempre os que chegam primeiro são os que saberão conviver com determinadas contratempos futuros.

Confirmando a lógica, o hoje chegou e a menina, ainda no passado, se vangloria do fato de ter ido à praia pela primeira vez aos três anos de idade, quando subitamente uma verdadeira onda lhe deu um caldo; sendo socorrida por aquele que conheceu e viveu em seu momento o mar.

“Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa, tudo sempre passará

A vida vem em ondas como o mar

Num indo e vindo infinito…

… Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir

Nem mentir pra si mesmo agora

Há tanta vida lá fora, aqui dentro

Sempre como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar…” –  Como uma Onda – Lulu Santos

^Jornalista e Historiador

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Amanhã será um novo dia

29 de dezembro de 2022, 18:15

*Por Gervásio Lima

Todo ano é assim, quem chega, chega de mansinho; enquanto quem parte, parte geralmente com alvoroço. Na verdade o interstício entre o início e o fim será o responsável pela avaliação de determinado período, podendo ser bom, mas também ruim, o que determinará se prevalecerá o silêncio ou o barulho.

As escolhas, assim como o comportamento, são fatores preponderantes nos resultados de certas ações. A festa é coletiva e a diversão é individual; uma está para outra, mesmo não sendo necessária a presença de uma das partes para que ambas aconteçam.

A alegria é um sentimento de contentamento, de prazer de viver, de satisfação…, talvez seja uma das condições mais almejadas por quem busca conviver em harmonia, respeitando os espaços e  os direitos do outro.

Reconhecer que o que está sendo bom para si pode não ser o esperado para o semelhante é um sinal de emancipação social, um avanço da capacidade de discernir o certo do errado e consequentemente evitar conflitos.

Aceitar é uma atitude dos fortes, dos que possuem a capacidade da compreensão, independente do sexo, raça, trabalho, credo religioso e de convicções políticas. Viver o momento não significa que o comportamento e ações do agora sejam definitivos. O mundo dá muitas voltas.

O importante é se jogar nas festividades, despertar o folião que existe em si e cair de corpo e alma na positividade do período que marca a vida para os cristãos.

Amanhã será um novo dia!

*Jornalista e historiador

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Aceita que dói menos

19 de dezembro de 2022, 15:46

*Por Gervásio Lima

Admitir uma realidade, sem fugir e sem negar, faz parte do comportamento dos fortes, dos verdadeiros vencedores. A aceitação é uma manifestação de bravura e de humildade, típico dos que consideram a derrota apenas como uma consequência e não como algo definitivo.

Resultados desfavoráveis, em muitos casos, servem de lições para se aprimorar comportamentos e, principalmente, como degrau para se alcançar o sucesso. O lamentar é justificável, não sendo, porém, uma regra de vida.

Como disse o artista marcial e filosofo,  Bruce Lee, “A derrota é um estado de espírito; ninguém é derrotado até a derrota ter sido aceita como uma realidade”.

É normal se sentir frustrado diante de um fracasso, mas se comportar como um fracassado diante de revés é atitude do fraco. Aceitar a realidade é um antídoto para o calunduzeiro. Não adianta espernear e chorar sobre o leite derramado.

Promover arruaças e instigar a violência usando como álibi a defesa do bem, além de ser ato criminoso é uma atitude demagógica, sobretudo porque o que se pleiteiam são vantagens próprias e interesses pessoais. Na verdade o ‘eu’ se sobrepõe ao ‘nós’.

Verdadeiros culateiros incitam em vez de orientar, transformando sujeitos em elementos com comportamentos (muitas vezes patéticos) condenáveis pelas leis e pela sociedade em geral.

Como massas de manobras, são incapazes de tomar decisões próprias, de discernir ou raciocinar sobre o que acredita que se está defendendo. Agindo como marionetes, perdem a oportunidade de contribuírem efetivamente. Como se o único som a ser escutado é aquele emitido por um berrante, insistem em protagonizar peças teatrais de todos os gêneros –  monólogo, comédia, drama, farsa, melodrama e outros mais.

“Caminhando contra o vento

Sem lenço, sem documento

No Sol de quase dezembro

Eu vou …” – Alegria, Alegria (Caetano Veloso)

*Jornalista e Historiador

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As conquistas são consequências do que se é trabalhado

24 de novembro de 2022, 11:49

*Por Gervásio Lima –

Um dos trechos da música Trem-Bala, de Ana Vilela, diz que ‘não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu, é sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu’.

Como em qualquer situação, o ponto de vista, a interpretação, é livre e na maioria das vezes se diverge, mas ao tentar se aproximar ao máximo utilizando todo o contexto da mensagem que a compositora quer passar, é possível afirmar que o importante não é somente alcançar determinado objetivo, mas também a experiência adquirida durante o caminho percorrido até chegar ao intento.

Valorizar a luta e a labuta é uma demonstração, antes de tudo, de humildade. Contemplar a estrada torna a viagem mais aprazível, mesmo que esta seja repleta de conexões.

Na verdade a vida é cheia de objetivos. Se apegar à conquista de um único feito é como viajar sempre para um único destino, cujo trajeto não possui atalhos. É uma espécie ‘mas do mesmo’.

Longe de priorizar a aventura, ou se jogar no desconhecido, é necessário saber o que se quer e onde se pretende chegar; sempre com algumas peças na mala, pois é essencial que se leve objetos extras, como sapiência, resiliência, empatia e esperança.

As conquistas são consequências do que se é trabalhado. A definição do bem-estar não é atrelado a bonanças, como a financeira.

Certas ausências corroboram para a frustração, em detrimento de emoção. Assim como a partida, a chegada não pode ser única, mas incessante. A busca é algo intrínseco ao ser humano, porém estará fadado ao fracasso e à decepção aquele que não sabe o que está se buscando.

O certo é nunca ir com muita sede ao pote, mas dar tempo ao tempo.

É vida que segue…

*Jornalista e historiador

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Boas Festas!

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