ARTIGOS

Chegou a vez dos ‘verdadeiros falsos profetas’

14 de outubro de 2020, 14:38

*Por Gervásio Lima

Transferir responsabilidades como forma de fugir de determinada realidade é um ato covarde, característico do fraco, um comportamento do mau-caratismo que beira à insanidade. Negar uma verdade como forma de escapar do que considera desconfortável é de extremo egoísmo, uma irresponsabilidade.

A busca pelo poder expõe, torna vulnerável, humilha e machuca os que são utilizados como ‘massa de manobra’ para que os intentos dos que se dizem representar, ou serem representantes, geralmente chamadas de ‘classe dominante, sejam concretizados. Este tipo de comportamento é perceptível com mais frequência em ano eleitoral, quando ‘lobos e cordeiros’ disputam o mesmo espaço e com os mesmos direitos, com o agravante de que um pode estar travestido e, se passando pelo outro, pode ocupar um lugar onde nunca poderia ser confiado em estar.

“Fulano é gente boa, prestativo, correto em suas atitudes, trabalhador, capacitado em suas funções…, mas cicrano, apesar de não possuir as mesmas qualidades precisa mais do mandato de vereador pois ainda não tem uma casa para morar”. Este é um trecho verídico de um discurso que demonstra claramente a falta de noção de um eleitor. Um dos momentos mais importante para uma população tem sido tratado como uma futilidade. Votar achando que irá contribuir com a possibilidade de seu candidato use o provável mandato como caminho para a aquisição de um imóvel é um crime moral tanto quanto os métodos espúrios que venham a ser utilizados por um político para se capitalizar. Usar a coerência e a consciência inteligentemente na hora da escolha diminuirá o risco de decepções.

Por mais inocente que seja, o eleitor que precisa ter no mínimo dezesseis anos para exercer o direito do voto possui o discernimento necessário para fazer suas escolhas, quiçá um adulto, principalmente aquele calejado em decepções eleitorais. Alegar que o período para avaliar o perfil de determinado candidato é muito curto não seria a justificativa mais correta a ser aplicada. Das convenções partidárias, onde se conhece oficialmente os interessados em concorrer a uma vaga no Legislativo ou no Executivo, até o dia das eleições o eleitor passa a ter até mais de sessenta dias para avaliar os nomes postos.

Todas as escolhas são individuais e as decisões idem, mas durante uma campanha eleitoral é preciso ficar atento aos ‘verdadeiros falsos profetas’ treinados para persuadir e enganar os desprovidos de atenção e conhecimento. Não custa lembrar que todos são responsáveis pelos seus atos, por tanto, a opção de errar também é individual e ‘intransferível’, ficando além da culpa por um inevitável estrago coletivo, o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento.

*Jornalista e historiador

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Cristo, redentor da pátria

12 de outubro de 2020, 09:16

Por Montiez Rodrigues – 

Hoje o Cristo Redentor completa 88 anos. Jesus Cristo de carne e osso que deu seu sangue e seu corpo como pão e vinho da eucaristia, foi crucificado aos 33 anos. O numeral 3 nada mais é que um 8 cortado ao meio, descartadas as bandas da esquerda. O 8 é universalmente, considerado o símbolo do equilíbrio cósmico, as interações entre o yin e o yang. Jesus simbolizou a metade desta equilíbrio. A outra metade ficou com o satanás que o tentou no deserto. O 8 deitado simboliza também o infinito e a perene letargia deste meu Brasil deitado em berço esplêndido, representando também a inexistência de um começo ou fim, do pré-Big Bang ao Bic Crunch, nascimentos e mortes inseridos nestes ciclos, e aquilo que não tem limite. Jesus é limitado, mas o Cristo é infinito.

Aos pés da Santa Cruz, em nome de Jesus, mulheres virtuosas sentiram naquele instante sagrado o amor divino. O Cristo Redentor, de braços abertos, sem estar pregado à cruz, abre os braços sobre a Guanabara para abençoar os que moram na Tijuca, no Leblon, em Copacabana e no entorno da lagoa Rodrigo de Freitas; amaldiçoando ao mesmo tempo os pobres demônios que habitam a Rocinha, o Morro do Alemão, Vidigal, Amarelinho, Maré e as demais favelas, que “adoram” conviver com o tráfico de drogas. Este Jesus brasileiro, fortemente armado como preferiu Witzel, o próximo ladrão a ser preso, o Bosta e os bolsobostas, trabalha em conjunto com o Supremo Cabaré Federal para, em conjunto, selecionar quem castigará ou não. De preferência, pretos e pobres. É claro que os mais abastados, os que consomem e traficam o pó em larga escala são inatingíveis.

Este Cristo vai durar para muito além dos 88 anos que ora se completam. Atravessará séculos, pois é feito não de carne e sangue como o outro, mas de concreto, cimento e aço. E a seus pés não se ajoelham nem jamais se ajoelharão mulheres virtuosas dobradas na dor, mas lindas modelos e cantoras risonhas e seminuas que desfilam, produzindo livres e videoclips aos pés do Redentor.

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Máscaras não estão conseguindo se manter em rostos que se auto-degeneram

06 de outubro de 2020, 15:46

*Por Gervásio Lima  – 

A fé está presente no consciente e no inconsciente das pessoas, mesmo das que se intitulam ‘ateias’. O acreditar e rogar por uma força espiritual está cotidianamente presente na vida do clemente e nas orações dos intercessores.

A vontade de viver se confunde com o querer viver, assim, as limitações não são obstáculos para os que buscam verdadeiramente conquistar seus objetivos, especificamente espiritual e profissional, mas para os que veem a fé como instrumento de felicidade e sucesso pessoal. Para muitos, estar bem com o Ser Superior é o que importa para crer que todos os pedidos, dos mais esdrúxulos e irreais possíveis, sejam atendidos.

O sofrimento alheio, principalmente quando esse ‘alheio’ não comungue com a mesma linha de pensamento, opção religiosa ou faça parte do mesmo grupo social é apenas mais um sofrimento. Dividir o alimento depois de ter saciado primeiro a sua própria fome soa mais como um ato de se evitar desperdício do que um momento de caridade. Oferecer ao próximo a sobra das refeições se caracteriza como ‘estelionato moral’ e não uma generosidade.

A fé e a família estão intrinsecamente ligadas. Sabendo desta primícia e da importância que as mesmas representam para a vida de muitos seres humanos, esses dois pilares passaram a fazer parte de discursos dos que até pouco tempo eram repreendidos e até mesmo excomungados. Com um empurrãozinho do conservadorismo aliado a inverdades vários messias e paladinos da moralidade passaram a ocupar lugar de destaque em diversas áreas em todo o mundo. “Defender” o que existe de mais sagrado é sucesso certo.

Mas, para o bem geral, muitas máscaras não estão conseguindo se manter em ‘rostos que se auto-degeneram’. Os que insistem na defesa dos ‘pseudos defensores’ estão fadados ao ostracismo, com o agravante da decepção, o arrependimento e a lamentação. Ao contrário das fases da Lua e as estações do ano que se repetem de tempo em tempo, cada dia da vida é único e o futuro para o cristão a Deus pertence, e para os demais ‘tudo pode acontecer, inclusive nada’.

Deus é brasileiro, o papa é da Argentina e Santo Antônio é o padroeiro de Jacobina.

“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”.

*Jornalista e historiador

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Hoje é o dia de São Francisco

04 de outubro de 2020, 08:14

Foto: Reprodução

Por Montiez Rodrigues – 

O santo que mais respeito na hagiografia católica é São Francisco de Assis, o medieval Francesco Bernadoni. Uma das mais belas cidades e de povo mais lindo que conheci foi San Francisco, na Califórnia. Velho Chico é o rio São Francisco que se esparrama banhando quatro estados nordestinos e agora, com sua transposição, adentra-se, também, pelo Piauí, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Francisco é Jorge Mario Bergoglio, nosso papa. Meu pai era Francisco, tenho ainda uma tia de nome Francisca e namorei uma Chiquinha, apesar de detestar as chiquititas. Santo ecológico, bem que empunharia a bandeira que a sueca Greta Thunberg agora agita.

Ganhei de batismo este nome porque um padre francês François Demontieux foi quem chefiou a delegação que trouxe ao Brasil a efígie original de Nossa Senhora de Fátima para uma peregrinação por todo o território nacional e que, quando minha mãe engravidou de mim, este padre passava uns dias em Juazeiro do Norte, onde nasci. O padre de pele morena tostada pelo sol da costa mediterrânea, a famosa Cote d’Azur francesa, era tão bonito que impressionou profundamente as jovens caririenses da época, entre elas minha mãe. Às vezes, desconfio que sou filho deste padre. Se eu fosse mais bonito, teria certeza! Por outro lado, talvez isto explique todo este amor que tenho pela língua e pela cultura francesa. Os nomes de meus filhos são franceses: Isabelle, Marianne e Brunnell. Até mesmo minha frustrada vocação pra ser padre ou frade franciscano pode ter se derivado disto.

Novas pesquisas científicas revelaram que as chagas de São Francisco de Assis eram lepra que ele havia adquirido em destemido e íntimo contato com os leprosos da época. Não eram as chagas de Cristo, como a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana fez o mundo acreditar nesta mentira que durou séculos. O best seller A CONSPIRAÇÃO FRANCISCANA também faz revelações do tipo. Então São Francisco das Chagas não tinha chagas; São Francisco do Oeste era do Nordeste; o do Canindé nem cantava nem tocava violão como o Canindé baiano; o do Conde não era nobre; o de Paula não era sambista nem nunca tinha visto um piano; o Xavier não era chaveiro; São Francisco do Sul era nortista e os outros Sãos Franciscos, todos eles milagreiros e que, apesar desta miríade de nomes, dá tudo no mesmo na hora de apelar para o Santo: VALEI-ME, MEU SÃO FRANCISCO!

Ainda bem que o futuro São Francisco Demontiez possui as mãos limpas, é do Cariri, canta e escreve nas areias do Facebook. Não é nobre, não fabrica chaves e nem toca piano. No futuro, alguns o chamarão apenas de São Chico ou Santo Demo para diferenciá-lo dos Sãos Franciscos algures.

Nestes tempos conturbados, de ameaças ao meio ambiente com a derrubada de florestas e incêndios criminosos na Amazônia, no pantanal e na mata do cerrado; de racismo e xenofobia exarcebados; e de uma concentração de renda tão cruel, seria tão bom se todos ao dormir e ao levantar pedissem tudo o que se reza na ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO:
“Senhor, fazei de mim um instrumento da tua paz…”

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MORRER, PRA QUÊ?DIA NACIONAL DO IDOSO

01 de outubro de 2020, 16:39

Por Montiez Rodrigues – 

Enquanto múmias milenares são encontradas intactas e outros corpos desencarnados, cujos ossos alvejam campos de batalhas pelo mundo, e mais aqueles desaparecidos nos porões da ditadura e na guerrilha do Araguaia, uma família luta desesperadamente para enterrar um idoso de 72 anos(agora 78) morto há cinco anos. Isto foi noticiado no Jornal da Manhã há exatamente um ano. Segundo a reportagem, o idoso sofria de Alzheimer e morreu ao léu, sem lenço e sem documento. O corpo encontra-se no IML de Salvador desde seu falecimento, aguardando um exame de DNA.

O pobre é injustiçado até na morte. Nem o direito de ser enterrado tem já que foi esquecido em vida. Neste caso, se cristão, acreditou que na ressurreição dos mortos seu corpo se ergueria da cova para cumprir a sentença divina: ir para o céu ou padecer no inferno por toda a eternidade. Neste caso, bastará um sopro divino para descongelar seu corpo e trazê-lo de voltar à vida para ser julgado; se espírita, acreditando na reencarnação, reencarnado, viverá o ultraje de ver seu antigo corpo estendido numa gaveta do IML; se ateu, tanto faz já que morto jaz.

Parece que estas coisas não são incomuns nesta Bahia cheia de mistérios. No final da década de 50 do século passado, Jorge Amado descreveu a vida e as mortes de um funcionário público num clássico da literatura nacional: A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D’ÁGUA. Sem nenhuma elegia a este cidadão esquecido, sequer só posso desejar que um dia a terra lhe seja leve.

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Todo cuidado é pouco em um processo eleitoral

01 de outubro de 2020, 16:23

*Gervásio Lima – 

A única festa a ser comemorada de fato neste ano de 2020 será a ‘festa da democracia’, quando todos os brasileiros, sem distinção, de cor, raça, gênero ou condições financeiras estarão no mesmo nível e com as mesmas responsabilidades ao escolher as pessoas que lhe representarão no Legislativo e Executivo municipal.

No momento em que o virtual passou a ser uma realidade mundial a disputa política deverá acompanhar esta mudança, ficando todos os envolvidos obrigados a conviver e absolver de maneira inteligente esse novo comportamento que requer não somente o domínio digital, mas também muita atenção no que determina as leis, inclusive a eleitoral, para não cometer irregularidades e crimes.

Sem aglomerações, o tapinha nas costas e o aperto de mãos não serão mais os principais símbolos dos cumprimentos dos candidatos com seus eleitores. Aqueles que se saírem melhor no uso da tecnologia, das redes sociais e, principalmente no discurso e no poder de convencimento levarão vantagens sobre seus concorrentes.

Depois das últimas eleições ocorridas em todo o país, quando a disseminação de notícias falsas beneficiou candidatos e contribuiu para o surgimento de um ambiente hostil, misógino, homofóbico, preconceituoso, raivoso e outras odiosidades, se fez necessário, em regime de urgência, ampliar as discussões em torno do assunto. De maneira ainda tímida a justiça tenta incriminar os principais suspeitos em criar e disparar as mentiras que provocaram e continuam provocando um grande estrago para a democracia brasileira.

Para não ser enganado na eleição deste ano é preciso que o eleitor preste muita atenção não só nos discursos presenciais, mas no que venha a receber através de aplicativos de mensagens e nas redes sociais. Como ‘gato escaldado tem medo de água fria’, todo cuidado é pouco com os criminosos travestidos de políticos e apoiadores. Não se tem conhecimento de nenhum vereador ou prefeito beatificado, por tanto não custa nada ficar com ‘um olho no padre e o outro na missa’.

Querer não é o bastante se este não vier junto com o fazer. Como em tudo na vida, não basta desejar o bem e sim realizá-lo e, neste momento virtual, compartilhá-lo. A festa não se resume nas bebidas a serem, consumidas e nas guloseimas a serem degustadas. Festa é sinônimo de alegria, uma comemoração coletiva onde nem todos os envolvidos dançam ou cantam, mas se divertem por estar no mesmo ambiente.

A condução do processo eleitoral, a maneira como acontece o ato de votar e o papel do eleitor antes e após a festa democrática será o retrato dos mandatos dos escolhidos. Que o atípico 2020 seja referência e exemplo de superação, com a empatia e o amor ao próximo prevalecendo como regra de vida.

*Jornalista e historiador

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COSME & DAMIÃO: A FESTA DO CARURU

29 de setembro de 2020, 08:32

Apesar de ter vivido na infância numa cidade de muita religiosidade como Juazeiro do Norte, com suas muitas igrejas, e de ter estudado no seminário dos franciscanos, nunca ouvi falar de nenhuma festa comemorativa em homenagem a dupla de santos São Cosme e São Damião, no Cariri.

No seminário, dentro da hagiografia católica, li de passagem um breve resumo da vida destes santos gêmeos, ambos médicos, oriundos da Ásia Menor, talvez de algum lugar dentro da atual Turquia. Mais tarde, numa coleção de biografias de santos em quadrinhos, aprendi um pouco mais sobre eles. Porém, só depois que vim morar na Bahia foi que entendi tanta devoção por eles. Por aqui comemora-se o Dia de Cosme e Damião nos dia 26 de setembro para os católicos e no dia 27 de para os adeptos do candomblé e umbanda, onde são conhecidos também como os orixás Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os devotos e simpatizantes têm o costume de fazer caruru, uma comida típica da tradição afro-brasileira, chamado também de “caruru dos santos” e “caruru dos sete meninos” porque representa os sete irmãos Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi.

Na Igreja Ortodoxa, os santos são celebrados no dia 1º de novembro, sendo que os ortodoxos gregos comemoram em 1º de julho. Esses santos morreram por volta do ano 300 d.C. degolados, vítimas de uma perseguição do imperador romano Deocleciano.

São Cosme e São Damião também são considerados protetores dos gêmeos e das crianças. Por isso, as pessoas criaram o costume de distribuir docinhos para homenagear os santos ou cumprir promessas feitas a eles.Por outro lado, o termo “Cosme e Damião” teve forte conotação no meu de estudante em Recife, quando frequentava reuniões políticas e éramos perseguidos dentro da noite pela polícia do exército que fazia varredura na área evacuada e depois deixava por conta da polícia estadual, uma dupla de soldados denominada “Cosme e Damião”, escolhidos entre os policiais mais altos, fortes e truculentos. Estes adoravam “descer o pau” em estudantes. Nunca apanhei, mas corri muito para não ser pego. Talvez este tenha sido meu prévio treinamento para tarde me tornar um atleta de corridas da aeronáutica.

A designação desse policiamento como “Cosme e Damião” surgiu na década de cinquenta no Rio de Janeiro e é mantida por tradição até os dias atuais. Em alguns Estados da Federação foram atribuidas outras denominações:

Na BMRS (Batalhão Militar do Rio Grande do Sul) se chamava “Pedro e Paulo”. Na Polícia Feminina da antiga Guarda Civil de São Paulo, a dupla feminina era conhecida por “Marta e Maria”. Na PMBA (Polícia Militar da Bahia) a dupla composta por um policial masculino e um feminino é chamada de Romeu e Julieta.

Hoje, pela força do movimento LGBTI, intersesexuais, transexuais, bissexuais, gays e lésbicas, que forem policiais, podem patrulhar em dupla com as denominações, além das citadas acima, “Romeu-Romeu”, “Julieta-Julieta”, ou serem indistitamente cognominadas com a antonomásia COSME E DAMIÃO.

Bora comer caruru com xinxim de galinha? Será o prato tradicional de hoje.

Por Montiez Rodrigues 

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O preconceito, o racismo e a discriminação são características do irracional

17 de setembro de 2020, 07:25

*Por Gervásio Lima  – 

O conceito de beleza não se resume no porte físico, na cor da pele, no tipo de cabelo, na condição financeira, na posição profissional, na linhagem ou sobrenome. Ser ‘lindo’ é muito mais que tudo isso, é ter a condição de se comportar corretamente como um ser humano que enxerga no outro a sua semelhança, é ter a capacidade de amar e empatia, independente de classe social, raça, gênero ou religião.

A compreensão de vida não se resume em estereótipos, de imagens preconcebidas, padronizadas e generalizadas, como o próprio significado da palavra remete. Definir o sujeito a partir de seus dotes, raça ou situação social é cometer intencionalmente discriminação, racismo e preconceito. Julgar sem conhecer o julgado é perigoso e pode causar situações violentas, assim como o preconceito que geralmente está atrelado à discriminação por parte daqueles que valorizam a si próprios e deprecia os demais.

Os preconceituosos e racistas têm dificuldades em aceitar e conviver com as diferenças, e muitas vezes são medrosos, inseguros e suas atitudes chegam ao delírio, para não dizer ao ridículo. Tratar o outro com inferioridade se julgando superior é um ato insano e irracional.
Bonito é saber viver, literalmente, respeitando o diferente e as diferenças, pregando o bem sem olhar a quem. Não existe riqueza maior que amar e ser amado, ter amigos e uma família construídos com irmandade.

Não sai caro defender e trabalhar em prol da coletividade, basta não ter como regra a satisfação do ego e a lei da vantagem. A comunhão sim deve aparecer como palavra principal quando o convívio em sociedade estiver correndo algum tipo de risco.

Em momentos difíceis a reflexão faz parte do dia a dia daqueles que estão acometidos por algum tipo de situação negativa, seja em uma desilusão amorosa, um problema de saúde, perda de um ente, inseguranças, entre outras. Muitas vezes o ato de refletir serve como uma espécie de ‘antídoto’ para as intempéries da alma. Pensar é um momento de autoavaliação, oportunidade de rever atitudes e inclusive conceitos.

“Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice…”

*Jornalista e historiador

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Violência tem jeito: para começar, sensibilidade

08 de setembro de 2020, 08:57

*Por Ana Rita Tavares –

As autoridades governamentais brasileiras ligadas à segurança pública, pelo que é divulgado nas mídias, não perceberam até agora o problema da violência relacionado com o comportamento agressivo de crianças e adolescentes contra animais. Não despertaram para a importância da chamada “Teoria do Link”, desenvolvida na América do Norte a partir de pesquisas científicas realizadas para aprofundar essa questão, que é óbvia: crianças e adolescentes violentos com os animais serão violentos com o próprio ser humano.

Há alguns anos, através da Associação Brasileira Terra Verde Viva, vínhamos apoiando e desenvolvendo importante trabalho de educação para o público infantojuvenil, a partir da criação de músicas (2005 – CD lançado com o apoio do Ministério Público da Bahia), aulas e exibição de vídeos, ao lado da reflexão sobre a alimentação vegetariana. Tudo tendo como base os princípios da não-violência e valores de respeito a todas as formas de vida, enfatizando a vida animal, que é ainda a mais desconsiderada culturalmente e passa distante do comportamento ético que deveria ter o animal humano.

Em “Maus-tratos aos animais e a violência contra as pessoas”, de Marcelo Robis Nassaro, capitão da PM paulista, colhem-se informações amplas sobre a produção científica nos Estados Unidos nessa linha de entendimento. Fernando Tapia (professor da Faculdade de Medicina do Missouri), em 1971, realizou pesquisa que intitulou “Crianças que são cruéis com os animais”, reportando-se, dentre outros, ao trabalho Enuresis, Firesettingand Cruelty to Animals: A Triad Predective of Adult Crime, publicado por Daniell S. Helmann e Nathan Blackman, em 1966. Seus estudos sugerem que a enurese (incontinência urinária) persistente, atos incendiários frequentes e a crueldade com animais, que formam a tríade de comportamentos, “quando presentes de forma concomitante em crianças ou adolescentes, podem indicar que serão pessoas violentas no futuro”.

Os psicólogos Mary Louise Petersen e David P. Farrinton, apontando o psiquiatra forense e pesquisador Jonh Marshall Macdonald como precursor de estudo dessa natureza, em 1963 (“A ameaça de matar”), já anunciavam a importância da tríade do sociopata ou tríade Macdonald, que tinha a crueldade com animais como um dos ingredientes que compunham o comportamento violento de pessoas contra pessoas.

A pesquisa de Helmann e Blakman analisou 84 prisioneiros adultos do Centro de Saúde Mental de St. Louis, no Missouri, EUA, dos quais 31 foram condenados por crimes violentos contra pessoas. Na infância, estes apresentavam a tríade comportamental. Do restante, 15 apresentaram a tríade completa ou de forma parcial. Isso fez os pesquisadores concluírem que a “presença da tríade na infância ou adolescência poderia ser um prognóstico de comportamento antissocial violento futuro, ou seja, quanto mais cedo fosse detectada a tríade, mais cedo se evitariam crimes violentos no futuro”.

Em Cabo, na África do Sul, onde os índices de homicídio e outros crimes cometidos contra pessoas e animais eram alarmantes, foi implementado um programa de educação por uma ONG humanitária, iniciado na casa de detenção da cidade, que transformou a agressividade dos detentos a partir dos cuidados que eles passaram a ter com pássaros que lhes foram entregues.

Nosso objetivo na via do ativismo, e agora como parlamentar, é despertar nossos governantes para esse aspecto da violência. À falta de valorização desse foco no trabalho de prevenção, muito deixa de ser feito e vidas são ceifadas diuturnamente. A inclusão desse elemento construtor da paz no sistema de educação das escolas públicas e privadas ajudaria a controlar a violência.

Entendendo que esse é um assunto de interesse suprapartidário, convocamos os governantes e os gestores públicos a unir forças nessa direção. Em Catu (BA), a juíza de direito da Vara da Infância e Adolescência apresentou declaração formal à Terra Verde Viva, reconhecendo que o trabalho educativo realizado na rede municipal de ensino daquele município, em 2011, diminuiu a incidência de infração cometida por menores.

*Vereadora de Salvador (PT), advogada e ativista em defesa dos direitos animais

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A mentira é uma das qualidades do néscio 

26 de agosto de 2020, 14:31

*Por Gervásio Lima –

O que seria respeito à vida se não enaltecer a oportunidade de ‘viver’, de sonhar, sorrir, ser útil, feliz, orar, rezar, amar e ser amado? Acreditar que a morte é uma certeza não é a mesma coisa que considerar o fato de morrer ser algo aceitável e não dolorido. Toda perda é sim dolorida e quando se trata de vidas humanas as condolências não são suficientes para amenizar o sofrimento dos enlutados.  

Desdenhar de mortes e de sofrimentos é uma característica de figuras agressivas, sem empatia e amor ao próximo; verdadeiros truculentos que muitas vezes se escondem em uma religião para disfarçar suas maldades e suas blasfêmias. Lobos em peles de cordeiros. Mas existem também muitos que se autodenominam enviados para cuidar dos rebanhos; esses, são seres inescrupulosos que enganam a fé de pessoas inocentes que buscam em Deus a paz espiritual e muitas vezes a ‘solução’ dos seus problemas.  

Uma passagem bíblica (Mateus 7:10-20), ressalta que: “a árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons”, ou seja, em um exemplo bem didático: “é pelo fruto que se conhece a árvore. Se você pegar uma banana, você dirá que ela veio de uma goiabeira?”. Segundo Paul Washer, missionário, escritor e advogado americano, “uma pessoa de Deus é conhecida pelos frutos, não por suas palavras”. Partindo desta premissa é correto afirmar que o Mundo, em particular o Brasil, está ‘empesteado’ de falsos profetas. 

Com exceção do que aconteceu no ápice da Ditadura Militar, na década de 1970, nunca na história do país se viu a propagação de tanto ódio, mentiras, perseguições contra políticos, artistas e a imprensa. Numa espécie de filme de terror e um sonho de pesadelos, os que viveram o período de chumbo (1964 – 1985) e os que conhecem a verdadeira história do que aconteceu na época passaram a conhecer na segunda década do século XXI a triste realidade do Brasil nas últimas três décadas do século XX. 

Momento perturbador cheio de sentimentos ruins, como ansiedade, medo e incertezas, e o pior com a família e a religião sendo usadas por néscios que estão à frente dos principais postos eletivos do território nacional. 

Enquanto a democracia está sendo ameaçada, o amém e o aleluia são deturpados. 

*Jornalista e Historiador 

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