ARTIGOS

Morra quem morrer, o Brasil mostra que não está nem aí para o coronavírus

04 de julho de 2020, 09:43

Foto: Gomez

por Carlos Alexandre de Souza

Acabou. O Brasil decidiu mostrar a cara, sem proteção alguma, ao inimigo que matou 63 mil pessoas em pouco mais de três meses. Essas vidas perdidas para o novo coronavírus já superam em muito o total de brasileiros vítimas de mortes violentas por ano — em torno de 41 mil, segundo estudos mais recentes. De nada adiantou o sofrimento das famílias e amigos que perderam pessoas queridas e nem puderam se despedir. Tornou-se inglória a luta constante dos profissionais de saúde, que põem a vida em risco, enfrentam jornadas extenuantes, muitas vezes em condições dificílimas, para atender a doentes que exigem tratamento por horas, dias, semanas a fio. Caíram no vazio os alertas do ministro Mandetta; o “fique em casa”, recomendação seguida em todas as partes do mundo; ficaram na memória as entrevistas coletivas, diárias e transparentes, nas quais assistíamos a um esforço de conscientizar a população sobre os riscos da pandemia; perdeu serventia a agilidade do Governo do Distrito Federal, que antecipou as medidas preventivas ainda no mês de março, antes de se perder em um labirinto de contradições.

Máscara, álcool em gel, distanciamento, home office, grupos de risco, atenção aos idosos, aos vulneráveis… Tudo isso fica desprovido de sentido no momento em que nós — sim, nós — decidimos abraçar o novo coronavírus. Vamos lotar as ruas do Leblon, promover uma live proibida, descobrir um restaurante clandestino. Afinal, somos livres. Precisamos espairecer, ninguém aguenta mais essa história de mortos e infectados todos os dias. Vamos tomar vermífugo e outros remédios de maneira preventiva, mesmo que inexistam provas, estudos, recomendações oficiais sobre um medicamento confiável contra o vírus. Vamos esquecer essa conversa fiada de serviços essenciais e liberar todo mundo para trabalhar. Afinal, é a economia que precisamos preservar. Pouco importa se as pessoas ficarem doentes; se morrerem. A morte, a miséria e a desigualdade sempre estiveram presentes no cotidiano brasileiro, muito antes da chegada da covid-19. Não será uma mera gripe que nos despertará o senso de coletivo, que nos aproximará, que encurtará o distanciamento social da realidade brasileira. Há anos, estamos afastados uns dos outros, defendemos os nossos interesses particulares em detrimento do bem comum.

O Brasil de hoje é um país que escolheu os piores caminhos para enfrentar a pandemia. Fracassamos no desafio de agir como nação. Mostramo-nos incapazes de enxergar um propósito coletivo a ser alcançado, que precisa da colaboração de todos. Em vez de se buscar a cooperação, insistimos em alimentar rivalidades. Ficamos restritos à nossa mesquinhez, ao nosso obscurantismo, à nossa arrogância de achar que só têm razão aqueles que pensam como nós. Perdemos um tempo precioso — perdemos vidas — com discussões inúteis sobre remédios mirabolantes, com questionamento de autoridades sanitárias, teorias conspiratórias abjetas, desrespeito explícito das recomendações para usar máscara e evitar aglomerações, politização sobre uma doença que afeta a todos — dos 38 milhões de “invisíveis” aos ilustres ocupantes dos mais altos cargos da República.

Entre os nossos erros de origem, reside o fato de termos escolhido o enfoque inadequado para lidar com o problema. Tentou-se, em primeiro lugar, preservar a economia, como se a economia não dependesse de pessoas vivas para se manter. Em seguida, vieram as sucessivas crises políticas, algumas decorrentes da própria pandemia, outras fabricadas sobre temas diversos, a fim de distrair a opinião pública e deixar de lado o assunto verdadeiramente de interesse nacional. Enquanto isso, a saúde pública, aquela que deveria ser prioridade absoluta, aquela que é nossa defesa indispensável para atravessarmos a pandemia com o menor número possível de vítimas, ficou em segundo plano. A necessidade imperiosa de coordenar, da melhor forma possível, estratégias de combate em uma guerra sanitária sem precedentes foi desviada para um debate político nefasto, no qual declarações sobre a doença passaram a ser vistas como posicionamento político. O alerta das autoridades e da imprensa é tachado de fatalismo; temas antes restritos a cientistas e médicos se vulgarizaram em conversa rasteira de palpiteiros; o negacionismo alcançou níveis assustadores.

A responsabilidade pelo estágio calamitoso da covid no Brasil não recai apenas sobre os ombros das autoridades lenientes com a tragédia sanitária. A indiferença não está apenas entre aqueles que dizem que tudo não passa de uma gripezinha, que é preciso reabrir o comércio, “morra quem morrer”. A negligência, o egoísmo, o individualismo, a falta de empatia, a ausência de civilidade acometem o cidadão comum, também. Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou a possibilidade de o país ter alcançado a estabilização na quantidade de mortes. Vejam a que ponto chegamos: estamos aliviados porque completamos uma semana com a média acima de mil mortes a cada 24 horas. É como se, todos os dias, ocorressem ao menos cinco acidentes como o da TAM, que ceifou 199 vidas.

Sejamos honestos. Morra quem morrer, o Brasil não está nem aí para o coronavírus.

Fonte: Correio Braziliense 

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Opinião: Uma pandemia mais que reveladora

18 de junho de 2020, 11:17

*Por Gervásio Lima –
 
O mundo vive atualmente um dos piores momentos da recente história da humanidade. Não bastassem as crises econômicas que já vinham acontecendo em diversos países, de todos os continentes, a população mundial é surpreendida por um perigoso e mortal vírus que em um curto espaço de tempo, da sua descoberta em dezembro passado, já ceifou milhares de vidas e destruiu, além de famílias, muitos sonhos.
 
O novo coronavírus é uma triste realidade que precisa ser encarada de frente, com responsabilidade, sapiência e muito cuidado. A covid-19 é talvez a doença mais ‘democrática’ que se tem conhecimento, ela não escolhe cor, raça, religião, gênero ou idade. Todos estão suscetíveis à contaminação: menino, menina, criança, jovem e idoso, pobre, rico, médico, servente, pedreiro…
 
A pandemia do novo coronavírus escancarou a fragilidade de órgãos de saúde e de governos pela falta de preparo para situações complexas. A ausência de materiais e profissionais que já eram sabidos veio à tona no momento em que mais precisa. Os investimentos na saúde, mesmo sendo um dos principais motes de discursos políticos e campanhas eleitorais, nunca fizeram jus ao tema. A ausência de equipamentos como respiradores, que deveriam ser tão essenciais como o álcool e o esparadrapo em uma unidade de saúde tem mostrado a fraqueza e o descaso dos governantes, no caso do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente os gestores municipais.
 
O cuidado com a vida humana nunca foi tão propalado e tão pouco desdenhado. A dor causada pela covid-19 não se resume apenas nos pacientes acometidos pela doença, mas naqueles que estão na linha de frente do atendimento (enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde), nos amigos dos infectados e principalmente nos seus familiares, quiçá, os que sentem dores às vezes maiores quando acontece a perda dos seus entes queridos.
 
Segundo autoridades sanitárias o país ainda não atingiu o pico da doença e a situação se complica a cada dia, principalmente pelo relaxamento do isolamento e distanciamento social. Nas cidades onde as medidas estão sendo mais rígidas a contaminação tem atingindo menos pessoas; enquanto em outras, onde a flexibilização com a abertura total dos serviços tem acontecido, a curva do gráfico da doença tem subido desordenadamente.
 
A realização das eleições municipais programadas para acontecerem este ano ainda é uma incógnita, face ao aumento de casos do coronavírus em todo o território brasileiro, mas caso aconteça muitos gestores que buscam a reeleição receberão seus votos de acordo com seus comportamentos diante do coronavírus. Com certeza, principalmente para os que viveram de perto o problema, a recíproca será verdadeira.
 
 
*Jornalista e historiador
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OPINIÃO – Médica elogia o Slim Prime: adotei hábitos saudáveis, me alimento bem e sem restrições

04 de junho de 2020, 07:24

Foto: Divulgação

Por Tamara Leal – 

Depois de comprovar a eficácia do programa em sua própria vida, ela o tem indicado para pacientes com patologias como hipertensão, diabetes, hipotireoidismo, além das medidas farmacológicas indicadas para cada caso

Jacobina – Com vasta experiência em programas de Emagrecimento, a fisioterapeuta e proprietária da empresa Slim Family (Emagrecimento Inteligente), Celiane Santos, dispõe do programa Slim Prime (veja aqui), tratamento integrado e multidisciplinar saudável e sem uso de remédios.

O programa Slim Prime vem chamando a atenção pelos resultados rápidos: é aplicado em três fases, possibilitando a perda de peso sem redução de massa magra e a manutenção de peso, na fase pós programa.

A médica Rísia Maria Barreto conheceu o programa por meio do empreendedor Túlio Rafael e surpreendeu-se com os resultados. “Ele havia seguido o Slim Prime alguns meses antes. Acompanhei o processo e vi que, perto de outros métodos testados pelo Túlio (e foram muitos), esse realmente fez alguém que eu conhecia, louco e desenfreado por comida, aprender a controlar suas vontades mesmo colocado em tentação a todo momento”, destaca.
Túlio Rafael teve um excelente resultado, emagreceu de forma saudável e mantém o peso. “Isso me chamou bastante atenção. Comecei a observar que ele comia fracionado, respeitava os horários e principalmente bebia água – algo que como profissional sempre orientei, mas pouco fazia. Além do Tulio, o meu irmão, o médico Renan Barreto, topou fazer o programa – já o vi fazer vários outros e sempre voltava a comer sem consciência e retornava ao peso anterior. Com o Slim Prime foi diferente, mesmo nas reuniões de família, com banquetes, comida gostosa de mãe, não caía em tentação. Foi de fato que percebi: algo diferente era feito!”, revela a médica.

Mesmo presenciando os casos de sucesso de Túlio Rafael e Renan Barreto, a médica ainda evitou, por várias vezes, encarar o processo por ideias negativas. Mas como iria mudar de Jacobina, resolveu entrar no programa. “Em novembro, decidi entrar no Slim Prime, estava prestes a ir embora da cidade e era minha “última” chance com o tempo certinho do programa. Entrei e, particularmente, pensei tratar-se de uma data péssima, pois chegaria natal, réveillon e carnaval (muitas tentações no caminho!). Foi então que, em conversa com a Celiane Santos, percebi que as tentações estão aí, o tempo todo: nos finais de semana, aniversários, reuniões de amigos, e toda vez você vai adiar ou aprender a lidar com esses momentos? Refleti e decidi seguir com o pensamento de fazer dar certo”, confessa Dra. Rísia.

Equipe multidisciplinar

A equipe multidisciplinar (nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta) do programa possibilitou que as maiores dificuldades da Dra. Rísia Maria, como pensamentos negativos e gerenciamento das necessidades alimentares, fossem transpostas.

A médica explica: “Fazer a escolha certa diante de uma mesa farta e desenvolver a consciência de que uma falha hoje não é só um pulinho fora da dieta, mas fora do que eu tinha como objetivo em mente, só foi possível com ajuda da equipe. Todos os profissionais foram fundamentais para que eu adquirisse a consciência de uma alimentação saudável e saber lidar com as vontades. E não é que não possamos comer “besteiras” mas ter a consciência do ato e como agir após, ou até evitar, por você saber que não precisa daquilo”.

Resultado

“Eliminei poucos quilos que, para mim, foram maiores do que 10, pode ter certeza. A balança mostra o peso, sem separar o que significa, o método utiliza as bioimpedâncias, essas falam muito mais sobre seu “peso”, e o que aconteceu foi a troca de gordura corporal por massa magra, houve substituição, meu corpo modificou-se, mas o peso não foi tão significante. Utilizo a balança convencional para manter meu peso, ligo alerta quando sobe um pouco e acredito que é natural subir após um final de semana, quando nos permitimos comer algo diferente, mas é ela (balança) também que nos lembra de voltar aos hábitos saudáveis para controle do peso”, orienta.

A médica Rísia Maria tem conseguido manter o peso. Ela explica que o Slim Prime possibilita conhecer mais dos alimentos e comer de tudo, compondo pratos mais balanceados. “Adotei hábitos saudáveis, alimento-me bem e sem restrições. Essa mudança teve impacto direto na minha saúde: durmo melhor, acordo disposta, o funcionamento intestinal melhorou, pele saudável… Ah, havia um fator que me irritava muito mais que o peso, a retenção hídrica, causada pelo excesso de peso, alimentos errados, baixa ingesta de líquidos. Após o programa é muito raro ver meus pés inchados”, conta a médica.

Outro ganho destacado pela cliente: “O alívio das cólicas menstruais e da tensão menstrual sem precisar daquelas reposições hormonais ou ingestão de remédios, frequentes todos os meses. E depois de perceber tantos benefícios, tenho indicado muito para os pacientes com hipertensão, diabetes, hipotireoidismo e tantas patologias nas quais se alimentar bem é fundamental além das medidas farmacológicas”, finalizou.

Sobre o método Slim Prime
É um programa de emagrecimento voltado às pessoas com obesidade e sobrepeso. Visamos a mudança de composição corporal, ou seja, o emagrecimento saudável e sem uso de remédios. O paciente perde massa gorda, preserva ou ganha massa magra (sem a obrigatoriedade da prática de atividade física), diminui o percentual de gordura visceral e resgata o peso ideal, consequentemente, a saúde, autoestima e o bem-estar.

Contato:
Multiplace – Rua Manoel Novaes, 276 – Sala 204  –  Centro – Jacobina/BA
Telefones: (74) 3622-4109 / WhatsApp: (71) 99184-1463
Instagram: @slimfamily_jacobina

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Opinião: As organizações da sociedade civil (OSCs) e a proteção dos animais

07 de maio de 2020, 11:08

Foto: Reprodução

*Ana Rita Tavares –

Em tempos, ou não, de Covid19, o Poder Público deve assegurar vida digna e livre de sofrimento aos animais. Embora esse reconhecimento esteja inscrito no ordenamento jurídico brasileiro, são milhares de seres sencientes convivendo, cotidianamente, com o abandono, agressões diversas, privação de liberdade, de alimento e de condições básicas de existência. Ante a ineficácia ou mesmo inexistência de políticas públicas, as OSCs assumem protagonismo.

A Constituição Federal, art. 225, § 1º, VII, incumbe ao Poder Público o dever de proteger os animais. E a Lei Federal nº 9.605/98, art. 68, dispõe, categoricamente, que pratica crime aquele que deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, tendo o dever legal de fazê-lo. É inequívoco, portanto, que privar os animais da devida assistência pública configura grave desrespeito à legislação pátria.

Em Salvador, lamentavelmente, ao longo dos anos, a escassez de investimentos públicos e de políticas contínuas e eficazes provocou quadro crônico de desamparo. No município, apenas são disponibilizados, e não atendem a necessidade local, os serviços públicos de vacinação antirrábica, de castração de caninos e felinos domiciliados e, mais recentemente, de recolhimento de animais de grande porte soltos em vias públicas, após insistentes reclamos do nosso mandato. Permanecem descobertas questões cruciais, como a castração e cuidados pós-operatórios de caninos e felinos que vivem nas ruas, o atendimento veterinário clínico e cirúrgico e a educação em prol da guarda responsável.

Nesse cenário, quando animais em situação de rua ou sob a guarda de tutores carentes, por exemplo, são atropelados, envenenados, sofrem inúmeras outras agressões e contraem doenças, o que é bastante comum, são as OSCs, ou, isoladamente, pessoas compassivas e solidárias, que propiciam cuidados básicos, sem qualquer apoio governamental, arcando com despesas que fogem à sua capacidade orçamentária. Diariamente, inúmeros animais morrem ou permanecem desamparados porque não há assistência pública que lhes assegure dignidade e saúde.

A Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA-BA) é um exemplo de organização da sociedade civil que desempenha o papel do Poder Público na cidade, entre tantas outras (Gatil da Barroquinha, Terra Verde Viva, Cuidar é o Bicho). Fundada em 1949, a mais antiga instituição de proteção animal de Salvador abriga mais de 300 animais, sem apoio governamental, contando apenas com doações de pessoas solidárias.

São caninos e felinos resgatados das ruas, vítimas de maus-tratos, que recebem assistência veterinária, são castrados e ficam aptos à adoção responsável. Alguns permanecem no abrigo da Associação, sobretudo os

idosos, deficientes e portadores de doenças crônicas, que necessitam de tratamento e alimentação especiais. As despesas mensais com ração, produtos de limpeza, medicamentos, remuneração de veterinários e outros itens somam mais de 55 mil reais.

É absurdo e incompreensível o flagrante desequilíbrio entre a atuação do Poder Público e o trabalho voluntário das OSCs. É sabido que o ativismo cria realidade social. Historicamente, a ação de pessoas engajadas, conscientes de seus direitos e deveres, exercitando a cidadania, assegurou conquistas importantes para a coletividade. É imprescindível, portanto, que ativistas, gestores das OSCS, simpatizantes da causa e os setores acadêmicos das universidades se mobilizem, defendam os interesses daqueles que não têm voz e cobrem das autoridades públicas respeito à legislação, mais dignidade e saúde para os animais.

GHANDI já dizia que: “Se pode avaliar a grandeza e o progresso moral de uma nação pela forma como ela trata os seus animais”. E é desse pacifista que me faço acompanhar ao trazer aqui está inadiável reflexão.

*Vereadora de Salvador (PT), advogada e ativista em defesa dos direitos animais.

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Opinião: Jornalistas são agredidos por Bolsonaristas – Voto tem consequências

05 de maio de 2020, 14:38

Notória a adesão de importantes meios de comunicação de massa à campanha do presidente Jair Bolsonaro. Da mesma forma – assim como em outras categorias profissionais elitizadas – muitos jornalistas, mesmo conhecedores dos fatos e sempre bem informados, por razões que a razão desconhece, ‘surfaram na onda’ e ‘mergulharam de cabeça’ na campanha, abonando-a com seus respectivos votos e, por via de consequência, influenciando no resultado do pleito eleitoral.

Bolsonaro, eleito, não perdeu oportunidade para humilhar e ofender ditos profissionais, para além de atacar os respectivos meios de comunicação. O reiterado bullying presidencial redundou, domingo (03/05), em atos de agressão física a profissionais da imprensa livre, em uma manifestação em frente ao Palácio da Alvorada, justamente no Dia Internacional que lhe é dedicado.

Jornalistas do Brasil, fica aqui a minha dica: voto tem consequências aqui e em qualquer lugar do mundo.

Vandilson Rosa Matos

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Artigo | A responsabilidade legal pelo fim da quarentena

28 de março de 2020, 10:22

A pandemia conhecida como Peste Negra, que surgiu na segunda metade do século XIV, causada pelo bacilo Yersinia pestis, e que provocava enormes manchas enegrecidas na pele, inchaços nas regiões ganglionares do sistema linfático, como a virilha e as axilas, e comprometimentos respiratórios, foi um desses surtos pandêmicos de forte impacto não só demográfico –  pois dizimou um terço da população europeia em menos de 6 anos (1348-1350), alcançando 50% na Inglaterra –, mas também cultural, pois está associada historicamente à Guerra dos Cem Anos, tendo aterrorizado a Europa até muitos anos depois de seu surgimento, com avanço para além dos anos 1700.

A transmissão da doença ocorreu inicialmente por causa de ratos pretos e pulgas. Estas infestavam as cidades europeias às voltas com precaríssimas condições sanitárias, o que deu lugar ao contágio através do contato interpessoal por espirros e tosses. Operava-se então um círculo vicioso nessa relação rato-pulga: a pulga infectada picava o rato urbano que, infectado, se tornava abrigo de outras pulgas que através dele também se infectavam. Quando esse rato morria vitimado pela infecção, as pulgas que ele abrigava buscavam um novo hospedeiro.

Atribui-se a disseminação da Peste Negra aos mongóis que haviam conquistado a China, tendo a transmissão se propagado através das caravanas da chamada Rota da Seda, constituída por rotas do comércio desse tecido entre Oriente e Europa, já que nos seus aprestos se escondiam os ratos negros.  Segundo alguns estudiosos, um dos fatores que contribuíram para sua exponenciação teria sido a drástica diminuição, na Europa,  de gatos, predadores naturais dos ratos, exterminados sistematicamente durante séculos por uma crença mística de que seriam associados ao Diabo, o que, apesar de isso ser controverso, parece ter origem na distorção do sentido da Bula Vox in Rama, do Papa Gregório IX, de 1.233, que condenava cultos ditos satânicos que se utilizariam de representações com animais, inclusive felinos.

Embora o extermínio dos gatos possa não ser considerado a causação central da expansão epidêmica da Peste Negra, ela põe em evidência como as crendices fazem mais mal do que bem em horas de grave problemas de saúde pública, capazes de originar tumulto social de difícil contenção.

Não é inoportuno lembrar que à medida que foi crescendo o destaque do chamado Método Científico, idealizado por René Descartes, as crendices místicas foram decrescendo em relação inversamente proporcional.  Todavia, quando se pensava que elas estavam mortas, ressuscitam no discurso de um Presidente que produz alegorias sem pé nem cabeça, como a de vincular uma suposta imunização do brasileiro ao contato que ele tem no esgoto. Mesmo se sabendo que esse Presidente tem uma frágil formação intelectual, seria pelo menos exigível que ele atuasse com a prudência própria do ocupante do cargo. Muito mais grave, entretanto, é assistir a um deputado federal e médico como Osmar Terra afirmar, como fez horas atrás, que 99,6% das pessoas infectadas pelo Covid-19 nada sentirão.

Essas declarações que procuram desmerecer as medidas que o mundo inteiro está tomando para evitar o aumento da infecção pelo novo Coronavírus jogaram o povo brasileiro, nos últimos dias, numa sensação de que o mal não é tão grande. Claro que o motor causal disso é de natureza econômica, afinal tudo aquilo que afeta o bolso termina sendo elevado comumente a preocupação central de nossas vidas, negligenciando-se que é nessas horas que o Estado deve intervir em favor de uma população historicamente escorchada com encargos financeiros.

Ansiosos, então, para restaurarem a normalidade da vida social e econômica, alguns governantes municipais estão começando a afrouxar a quarentena e com isso podem se tornar responsáveis por notas trágicas nos resultados da pandemia. Por óbvio que nenhuma atuação como essa vem desacompanhada de contramedidas escondidas nas dobras do discurso. Uma delas é a subnotificação, prática voluntária ou não que consiste em notificar menos do que seria devido. A China está sendo neste momento acusada de ocultar o aumento de testes positivos. Os Estados Unidos, que a ultrapassaram em número de casos, pressionados pela opinião pública sobre essa nova quantificação, atribuem sua própria escalada, segundo as palavras de Donaldo Trump ditas horas atrás, ao mérito de terem aumentado os testes (“it’s a tribute to our testing”).

No Brasil, não se vê movimentação do governo federal alguma para dar visibilidade aos casos. A manobra que talvez seja usada doravante para quem vai abolir a quarentena será camuflá-los com a máscara de que as infecções que derem entradas nos hospitais possam ser anunciadas como patologias com sintomas respiratórios similares, o que não será difícil fazer, já que não estão sendo disponibilizados testes com suficiência nacional para o Covid-19.

Se isso acontecer e o crescimento pandêmico se tornar alarmante, talvez os governantes devam saber que serão responsabilizados criminalmente e por improbidade administrativa, o que não tem nada a ver com o dever indenizatório que o Presidente quer lhes imputar. As leis são tão claras nesse sentido que os serviços de assessoria jurídica nem deveriam ser acionados para esclarecimento.

Em vez de esses gestores seguirem a onda desinformacional do atabalhoado Presidente que macaqueia muito mal tudo que seu desastroso colega americano faz, deveriam promover discussões comunitárias mediadas por epidemiologistas, infectologistas e estatísticos, como alguns poucos lugares estão fazendo, em vez de simplesmente desatarem os nós da contenção e permitirem que as pessoas possam livremente circular em lugares comercialmente públicos, pois foi isso que produziu o quadro alarmante nos Estados Unidos e Reino Unido, levando-os a recuar nas razões meramente economicistas ao anteverem os efeitos nefastos da propagação. Como disse o primeiro ministro britânico Boris Johnson, que revelou há pouco ter sido infectado pelo novo Coronavírus, trata-se da pior ameaça em décadas da Europa.

Nunca, nos tempos modernos, a tentação de pôr o dinheiro à frente de qualquer resultado de miséria social pode ser tão trágica como agora.

Vitória da Conquista, 27 de março de 2.020, 12h20min.

Retirado do Blog: www.blogdegiorlandolima.com

https://blogdegiorlandolima.com/2020/03/27/artigo-a-responsabilidade-legal-pelo-fim-da-quarentena/

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Jacobina: Enquanto a oposição não se decide, Luciano Pinheiro segue sua viagem

16 de março de 2020, 15:25

Com a aproximação do prazo oficial para a campanha eleitoral para a eleição municipal, as pedras políticas já começam a se movimentar no tabuleiro. Prováveis alianças são cogitadas, pré-candidaturas se aproximam de definições e trocas de legendas partidárias são autorizadas. O caldo político começa a engrossar. Os considerados fortes seguem na luta, enquanto os que não possuem sebo nas canelas vão ficando para trás.

Não diferente de outros municípios, em Jacobina a corrida eleitoral começa a ganhar corpo e os nomes que reúnem reais condições de concorrer ao pleito deste ano passam a ser conhecidos pela população. Com exceção aos que já declararam não ter mais a intenção de concorrer pela renovação do mandato, como o vereador Doutor Pedro, os restantes que compõem a Câmara de Vereadores da cidade são candidatíssimos. Já para o Executivo a certeza até o momento é nome do atual prefeito Luciano Pinheiro que irá tentar a reeleição. O grupo de oposição ao seu mandato aparece com três prováveis nomes, o ex-deputado Amauri Teixeira (PT), o vereador Tiago Dias (PC do B) e a diretora do Núcleo Regional de Saúde (NRS), Kátia Alves (Podemos). Todos, até o momento, se colocam com pré-candidatos a prefeito.

Do jeito que está Luciano venceria com tranquilidade a eleição para prefeito, pois a divisão dos votos dos seus opositores lhe beneficiaria, como aconteceu no pleito anterior quando concorreu contra três candidatos. Caso aconteça o consenso, e os demais nomes decidam pela união de forças, a reeleição do atual gestor estaria comprometida. Por incrível que pareça, contrariando a matemática e prevalecendo a lógica política, a disputa contra três candidaturas seria bem mais fácil do que contra apenas uma.

A vantagem para o prefeito estaria no excesso da vaidade dos seus oponentes. Demonstrando a falta de um projeto político, onde a discussão coletiva está sendo sucumbida pelo egoísmo, partidos e pessoas querem mostrar forças numa mera disputa de poder em detrimento ao bem comum.

Como se estivessem se precavendo de uma contaminação viral, os nomes que se apresentam em melhores condições para enfrentar Luciano Pinheiro nas urnas neste ano insistem no distanciamento, se comportando como se fossem inimigos e não integrantes da mesma corrente política.

Até que se faça a terraplanagem, drenagem e pavimentação da estrada de cascalho, os que circulam em rodovias já pavimentadas estarão a quilômetros de distâncias. Uma coisa é real, enquanto a oposição não se decide, o prefeito Luciano segue sua viagem em rodovia sem curvas.

Ano eleitoral é como uma corrida de fundo, o atleta que sair na frente inevitavelmente será o campeão da prova.

Por Gervásio Lima

Jornalista e historiador

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É preciso ver para crer

04 de março de 2020, 16:36

*Por Gervásio Lima – 

 

São Tomé foi um dos 12 apóstolos de Cristo, o abusado que disse que só acreditaria na ressurreição de Jesus se pudesse ver e tocar as chagas da crucificação. A partir daí nasceu a expressão “ver para crer”.

Assim como o apóstolo Tomé, que duvidou da ressurreição de Jesus e exigiu tocar suas chagas para que se convencesse, o mais precavido dos mortais também evita fazer juízo de valor para não incorrer no grave e perigoso erro de julgar algo que não conhece ou que não viu. O apóstolo que no primeiro momento se comportou como um homem de pouca fé, um descrente, teve de certa forma uma atitude digna dos que abominam pré-conceitos e, principalmente julgamentos feitos a partir de percepções individuais e ‘do que ouviu dizer’.

A decepção ou desilusão é o sentimento de insatisfação que surge quando as expectativas sobre algo ou alguém não se concretizam. Apesar de ser semelhante ao arrependimento, difere deste na medida em que o arrependimento está focado nas escolhas pessoais que levaram a um resultado negativo, enquanto que a decepção está focada no próprio resultado. No caso de São Tomé nenhuma das opções sentimentais se aplicam, ao contrário do que acontece com freqüência na política eleitoral, cuja maior dificuldade é encontrar um impenitente.

A fidelidade política é o pré-conceito eleitoral e as defesas e as garantias postas antes de se atingir um determinado objetivo, geralmente a vitória nas urnas, não são mantidas pela maioria. O voto de união é um dos momentos mais marcantes numa aliança política. Como em uma cerimônia de casamento religioso, onde é prometido ‘estar junto na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, amando, respeitando e sendo fiel em todos os dias da vida’, o anúncio de pactos políticos durante uma eleição quando não é motivo de festa, simboliza ao menos alegria. Quando a união é com um noivo ou uma noiva rica, vixe, aí que a zuada é grande.

Para a tristeza de muitos o matrimônio não é eterno e, o pior, tem durado menos que se espera. Neste caso a decepção e o arrependimento se resumem em uma única palavra, ‘frustração’. Às vezes mais do que os desquitados; pais, padrinhos, amigos e familiares sofrem a dor da separação, principalmente se o motivo foi o adultério, tanto quanto.

Todo excesso é prejudicial. Tudo que ultrapassa o limite da razão tende a não dar certo. Para os que acreditam no ‘já ganhou’, é bom lembrar que a autoconfiança requer humildade. Os seres humanos estão acostumados à prática exagerada da vaidade e do orgulho e por conseqüência têm sido surpreendidos pro resultados nada agradáveis. Resultado de eleição é feito São Tomé: ”precisa ver o resultado das urnas para crer” pois até então tudo é ignoto, ou seja, desconhecido.

O problema das pessoas, inclusive dos políticos, talvez não seja a falta de confiança, mas o excesso dela.

*Jornalista e historiador

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Não deixe de fazer agora o que não sabe se vai ter a oportunidade de fazer depois

12 de fevereiro de 2020, 17:37

*Por Gervásio Lima  –  

A estupidez, a insensatez e a arrogância destroem não apenas a capacidade intelectual e social dos impensantes e irracionais interlocutores, como também, e com efeito dominó, todos aqueles que seguem suas tortas e falhadas linhas construídas a partir das mais absurdas conclusões à respeito do que é e como se comporta o ser, humano.

Conceitos antecipados são tão cruéis e nocivos quanto os tardios. Julgar pela aparência física, profissional e de classe social é imoral. A satisfação precisa ser estendida para além do ego pessoal numa demonstração de que a alegria é um sentimento que depende de provocações externas, independente de cor, raça, clero e gênero. A felicidade vem de fora para dentro, e como outros ciclos e momentos da vida só é completa quando envolve outros atores e coadjuvantes.

Não se é feliz sozinho. A felicidade é um sentimento que precisa de um ou mais motivos para acontecer. Algo de bom é preciso ser vivido para se ter a sensação de bem estar, contentamento e partilha. O indivíduo não é feliz e realizado por está desfrutando egoisticamente algo que o único beneficiado é ele próprio. Estar bem é olhar em todas as direções e perceber que os semelhantes buscam seguir o mesmo caminho, livres de curvas e barreiras negativas.

Muitos sofrimentos podem ser evitados. As escolhas erradas são como andar em uma estrada desconhecida, até que se perceba que está no caminho errado a decisão de seguir em frente ficará por conta e risco daquele que até então era um ‘desorientado’ e passou a ser um ‘aventureiro’.

O ‘achismo’ é algo perigoso. A teoria é indispensável para se chegar à prática, mas quando confundida com a verdade absoluta se torna traiçoeira, pois nem tudo aquilo que não foi praticado ou testado será o que realmente se apresentou como sendo. Para ‘achar’ é preciso procurar, lógico, mas quando se trata da relação humana não se tem o cuidado de averiguar antes de acusar, fato.

Pedir desculpa é um ato nobre e de humildade. Esta demonstração de arrependimento pode ser evitada quando a mesma nobreza e humildade antecedem uma ação negativa. O disse que, o parece, talvez, provavelmente e, principalmente, eu acho, são termos usados geralmente pelos adeptos do fuxico, da fofoca e da futrica.

Viver é enxergar o outro como sua semelhança.

 

*Jornalista e historiador

 

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A alcateia travestida de rebanho

04 de fevereiro de 2020, 17:17

*Por Gervásio Lima –  

Os cargos eletivos são todas as funções ocupadas por cidadãos eleitos pelo voto do povo. No Brasil as eleições são realizadas de dois em dois anos, alternadas entre gerais (quando são eleitos presidente e vice-presidente da República, governadores e vice-governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais e distritais) e municipais (quando se elegem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores).

Poder se candidatar a um cargo político eletivo é um entre vários direitos políticos garantidos ao cidadão brasileiro, mas para isto, o cidadão precisa cumprir algumas condições que estão previstas na Constituição. Para ser candidato a pessoa precisa, entre outros requisitos, ter nacionalidade brasileira ou ser naturalizado; ter domicílio eleitoral na circunscrição há pelo menos um ano antes do pleito, ser filiado a um partido político também há pelo menos um ano antes da eleição e possuir idade mínima exigida para cada cargo ao qual se deseja concorrer.

Tais informações são do conhecimento de boa parte dos que buscam uma vaga em um dos cargos disponíveis no sistema eleitoral do país. No momento em que se decide que irá concorrer, até a pré e a campanha propriamente dita, uma alcateia travestida de rebanho se apresenta como paladina da moral, da ética e dos bons costumes e como um ‘salvador da pátria’ promete até mesmo asfaltar o caminho para o céu e encanar a água do mar.

As eleições acontecem e aquele, ou aqueles, que antes de assumir o poder abusava de solicitudes é eleito. A posse é oficializada, e como em um conto de fadas com apenas uma movimentação de uma varinha o sujeito se transforma da água para o vinho. Como um verdadeiro ‘171’ (estelionatário no Código Criminal), o escolhido pela maioria (mesmo que a diferença tenha sido de apenas um voto) passa a se comportar como um especialista em enganar e dar golpes nos seus confiados e comandados.

Participar do processo político e poder eleger seus representantes é um direito de todo cidadão brasileiro. No entanto, a grande maioria da população vota em seus candidatos sem a mínima noção da responsabilidade da escolha. A emoção, o egoísmo e até mesmo o voto de cabresto se sobrepõem ao consciente, levando os desprovidos de malícia a incorrer em grave erro.

A ignorância não é pré-requisito daquele que pratica violência; o ignorante, geralmente por falta de estudo, não tem conhecimento, cultura e experiência ou prática em determinadas situações, o que na maioria das vezes o faz chorar sobre o leite derramado.

 

*Jornalista e historiador

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