ARTIGOS

Os dias continuam passando iguais

11 de março de 2025, 10:13

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Não existe luz que não apague, mas, para a frustração dos que pregam as trevas, a escuridão também não é eterna. O dia se reveza com a noite. Numa espécie de contemplação democrática, os gostos são satisfeitos sem que aconteçam conflitos.

Uns gostam do sol, enquanto outros adoram a lua. Os que sentem frio valorizam o verão, já os que sofrem com o calor contam os dias para a chegada do inverno.

A vida segue assim, cada qual com suas escolhas e respeitando as ‘estações’ individuais. Nada é para sempre, tudo é transitório; portanto não adianta atropelos, pois, ao contrário do que é preestabelecido, tudo ainda pode acontecer, inclusive nada.

A construção talvez seja uma das mais importantes palavras para caracterizar o sucesso e o insucesso. O saber, o afeto, as relações e sobretudo a resiliência são construídos de acordo com o que se quer aprender. Assim como as cores e os significados que lhes são atribuídos. O azul, o rosa, o vermelho, o preto, o branco… são apenas tonalidades.

Nem sempre o que é bom para um vai agradar o outro. Ratificando, geralmente os que sofrem com o calor admiram o inverno e vice-versa. O bom mesmo é saber que existe a Primavera.

“Mudaram as estações, nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Tá tudo assim, tão diferente…” – Por Enquanto – Cássia Eller

*Jornalista e Historiador

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Educação é vida, um tributo a João Felipe

04 de fevereiro de 2025, 15:51

*Por Gervásio Lima –

A vida é como um monumento que precisa de uma paisagem tão convincente quanto para justificar sua existência. Redundantemente, a presença de luzes, no seu infinito conceito, não pode ser ausência em seu entorno. Para uma boa apresentação, o cuidado precisa ser coletivo, pois a principal obra em que se está inserido pode não ser a mesma para todos.

Longe do apenas saber ler e escrever, a educação é uma paisagem, com passagens que vão desde o processo de ensino-aprendizagem até o desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais e morais. É uma provocação das habilidades natas e de novas descobertas, construídas em diferentes ambientes, mas tendo sempre como bases a família e o aprendizado escolar.

Parafraseando a música, ‘existem momentos na vida que lembramos até morrer’; sim, existem vários, até porque a essência da sobrevivência é viver, estar em atividade, aprendendo ou compartilhando o que se aprendeu.

A emoção da primeira vez é algo indestrutível. O nascimento, considerado, sem exageros, um milagre, estaria entre um dos responsáveis pelo sentimento mais sublime que se tem conhecimento: o de celebrar a vida.

Os primeiros passos, as primeiras palavras enunciadas, o primeiro dia de escola, o aprender a ler… é como ‘o primeiro Valisere, que as meninas nunca esquecem’.

A iniciação da educação infantil seria a segunda parte da separação umbilical, com exagero mesmo. É o início não somente da vida escolar, mas o principal e essencial passo para a socialização; para a oportunidade de ter acesso às informações e de aprender a conhecer o mundo fora dos confortos materno e paterno.

A educação está entre o monumento e os seus arredores são constituídos por paisagens naturais ou construídas.

Ao meu neto João Felipe – que em seu primeiro dia de aula (03/02/2025) fez mãe, pai, avó, avô, bisavós e tios chorarem de emoção -, desejo que a educação seja um pilar para sua vida, tanto dentro como fora da escola. Te amamos.

*Jornalista e Historiador

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A esperança é a última que morre

30 de janeiro de 2025, 13:27

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

A música ‘Modinha para Gabriela’, da saudosa Gal Costa, caracteriza perfeitamente aquele, ou aquela, que popularmente é chamado de ‘cabeça dura’. Pessoa que não muda de ideia sobre nada, que se recusa a aceitar que a opinião do outro pode estar certa, e, ainda pior, não diz o motivo de tal resistência: ‘Eu nasci assim, eu cresci assim. E sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabriela. Sempre Gabriela’.

Está em alta fazer juízo de valor sobre assuntos em evidência no dia a dia, principalmente os que se referem a política, gênero, empoderamento e religiosidade. Muitas vezes, de forma irresponsável e até criminosa, emitem-se opiniões a partir de uma avaliação subjetiva, baseadas em valores, crenças, experiências e emoções pessoais, sem respeitar as escolhas do outro.

A falta de informação dificulta a compreensão, podendo levar a interpretações equivocadas, mas pior mesmo é a falta de interesse pela busca do conhecimento. É mais prático e conveniente acompanhar o ‘ouvi dizer’ em vez da comprovação da verdade.

As referências não são mais as mesmas. Ter algo ou alguém como exemplo está sendo arriscado e quase em extinção, com as relações de confiança passando por revisões frequentemente. O grau de desconfiança tem aumentado vertiginosa e assustadoramente por culpa da desinformação.

Os mesmos que pregam a paz, estimulam os conflitos, e os paladinos da moralidade agem sempre em favor deles mesmos. Daí a necessidade do exercício constante da capacidade cognitiva para não apenas desconfiar, mas também para acreditar, seguindo a premissa de que ‘a esperança é a última que morre’.

Não confunda Zé carroceiro com Zeca roceiro.

*Jornalista e Historiador

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A perigosa artificialidade da inteligência

21 de janeiro de 2025, 10:30

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

A disseminação das chamadas ‘informações rápidas’, sem sequer analisar seus conteúdos, se tornou uma prática de leitura onde o que menos importa é a veracidade. Numa espécie de fuxico dos tempos modernos, a preocupação em encaminhar mensagens, muitas vezes agressivas para o receptor, tem tornado as chamadas redes sociais (que de sociáveis não tem quase nada), em perigoso instrumento de manipulação e desinformação, onde ‘crias podem ser vítimas de criadores’ e vice versa.

A exposição de dados pessoais e até mesmo uma simples imagem, seja ela individual ou familiar, com amigos, no ambiente de trabalho ou outros, pode se tornar uma dor de cabeça, se usada por criminosos cibernéticos: aqueles que comentem crimes por meio da internet.

A Inteligência Artificial (IA), como qualquer outra tecnologia, se não usada para o bem, pode se transformar em poderosa arma letal. O objetivo geral da IA é desenvolver máquinas que possam operar com o mesmo nível de capacidade cognitiva dos humanos, ou até superá-los em certos casos, o que é bastante preocupante. Como, onde, para quê e para quem as máquinas realizarão tarefas antes exclusivas à inteligência humana?

Quanto mais aparecem novas tecnologias em um futuro vivido e vivenciado hoje, mais se recorre ao ontem, ao passado, onde os ensinamentos e as lições de vida eram capazes de fazer valer o respeito, principalmente aos semelhantes. No tempo em que virtudes como a generosidade, a solidariedade, a empatia e a compaixão partiam de um coração de verdade, capaz de sentir dores e se emocionar, as regras, de fato, eram seguidas.

No mais, temperança e dar tempo ao tempo. Enquanto isso, o melhor é aceitar que dói menos’.

*Jornalista e Historiador

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Todos são iguais perante as leis

14 de janeiro de 2025, 16:07

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Cachorro que late muito nem sempre morde, mas, além de incomodar, pode estar a anunciar algo ruim ou desagradável. Identificar a índole de determinados cachorros, no sentido figurado, não é uma tarefa difícil. Eles são facilmente reconhecidos pela forma como se comportam e se expressam.

Como um ser adestrado, na ânsia de agradar o seu tutor (ou tutora), mesmo este sendo temporário, demonstra uma fidelidade exacerbada, a ponto de desagradar o próprio dono, tão exagerado a exposição dos seus comandos (ordens).

O animal considerado o melhor amigo do homem é por vezes penalizado pela comparação a determinados elementos ou por se atribuir sua alcunha a ações intoleráveis. Quem nunca usou o termo ‘cachorrada’, que atire a primeira pedra.

Falar o que não deve é, talvez, um dos atos mais abusivos e egoístas do animal racional. Um despreparo, uma verdadeira violação das regras básica da boa convivência entre os semelhantes. Pensar antes de falar é um ‘antídoto’ contra palavras venenosas, que machucam e, no ápice da ignorância, podem provocar algo bem pior.

A prática do bom comportamento, do respeito e da boa convivência, torna as relações menos intolerantes e mais amistosas. A humildade faz parentesco com os bons costumes a partir do tratamento que se oferece aos que estão em seu entorno: sem preconceitos e sem discriminações.

De acordo com as leis, principalmente a divina, todos são iguais, mas muitos contrariam esta premissa, indo sempre de encontro à ‘política da boa vizinhança’.

*Jornalista e Historiador

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Caranguejo é quem anda para trás; será?

03 de janeiro de 2025, 16:18

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Ao contrário da virada de ano, em determinadas situações vai se o novo e volta o velho, e consigo vários agravantes como os maus comportamentos, as perseguições, a arrogância e a presunção vêm juntos. O adágio popular onde diz que, ‘se não prestou, substitui’ tem sua teoria perdido forças. Muitos que foram ‘tirados’ por não condizerem com o que se esperava por uma maioria têm conseguido feitos antes considerados impossíveis ou improváveis e retornam à cena.

Vai que numa espécie de carrancismo, misturado com revanchismo e uma grande porção de vaidade o ano de 2025 resolve retroceder mais de uma década e querer ser por pura birra o ano de 2008, olha a confusão dos diachos que seria. Quem já viu o novo querer ser o velho? A evolução das coisas, principalmente do mundo não permitiria tal déjà vu .

Ledo engano, a evolução é construída de reminiscências, mesmo estas tendo agradado apenas a ‘troianos’ (não confunda com tiranos). Se apegar ao passado como forma de aprendizado, filtrando aquilo que foi positivo é uma virtude, mas ressuscitar o que em algum momento foi reprovado beira ao masoquismo.

Um trecho de uma música do chamado forró eletrônico, ‘caranguejo é quem anda para trás e quem vive de passado é museu’, aborda a temática de superação, sugerindo que se deve seguir em frente e não olhar para trás. Na teoria este conselho é excepcional, mas não se aplica à unanimidade, contrariando os que acreditam, como o saudoso cantor Belchior, ‘que o novo sempre vem’.

Como já dizia Ariano Suassuna, “O otimista é um tolo. O pessimista um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

Vida que segue…

*Jornalista e Historiador

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Árvore de sisal para um Natal tipicamente brasileiro

24 de dezembro de 2024, 16:07

*Por Gervásio Lima. –

A árvore de Natal em formato de pinheiro é originária da Alemanha, sendo o principal símbolo das comemorações. Lá no período natalino é inverno com a neve predominando; um clima bastante frio, com uma temperatura média de 5 graus célsius. Nestas condições o Papai Noel se sente confortável com suas luvas e o gorro completando uma vestimenta que cobre todo o seu corpo.

No Brasil, no mesmo período, inicia a estação mais quente do ano, com temperaturas beirando, e às vezes ultrapassando, os 40 graus; mas nem por isso o país fica sem a árvore de Natal, com algodões substituindo a neve e o Papai Noel, este com apenas a barba sendo postiça, alimenta a imaginação da criançada.

Um país sem identidade própria, não necessariamente; mania de imitar tradições e comportamentos, talvez sim; sentimento de inferioridade e falta de pertencimento, provável; querer ser o que não pode, aí vai perguntar ‘a quem interessar possa’.

O Brasil é multicultural, sua ancestralidade é tão quanto importante que o do resto do mundo, com diferenciais que o diferencia pela magia, a alegria e a forma e a vontade de viver do seu povo que celebra todos os dias como se fosse o último.

O Natal do brasileiro segue uma tradição cristã mundial, de celebrar o nascimento do Menino Jesus, mas é também um momento de reflexão, onde muitos manifestam um sentimento exacerbado pela caridade e amor ao próximo, mesmo que seja apenas em um momento específico.

A data é a mesma para todos, enquanto os motivos para comemorar são diferentes. A árvore de Natal que deveria ter como simbolismo plantas do bioma local, como o sisal presente na Caatinga, valorizaria ainda mais o sentimento de pertencimento.

‘Feliz Natais…’

*Jornalista e historiador

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A solicitude em qualquer dia do ano

13 de dezembro de 2024, 09:22

Foto: Gervásio Lima

*Gervásio Lima –

Todo ano é assim: é preciso que se aproxime o final do ano para se perceber que algumas ‘prestações de contas’ são inevitáveis. Toda renovação tem um custo, algumas menos, é verdade; mas a maioria exige os mais diversos tipos de esforços, perseverança e muita luta e labuta para ser alcançada em sua plenitude.

Os anos vão passando e com eles as histórias vividas para serem contadas. Final de ano é isso; uma mistura de saudade, alegria, tristeza, comemoração e, por vezes, frustração. Para o cristão, é o momento de comemorar a vida, tendo como fonte inspiradora o nascimento do verdadeiro Messias, Jesus Cristo.

Uma miscelânea de sentimentos em um momento em que aflora uma série de boas e más lembranças, mas com a caridade e a misericórdia prevalecendo, mesmo que momentaneamente.

Realizar a vontade do próximo é um acalento que só os que são gratos entendem. Em uma época de tantas simbologias e significados, não basta apenas querer, é preciso fazer, sem incentivos externos à própria vontade. Se não puder ser agora, que seja depois, mas que aconteça, ou melhor, “que seja”.

O ano tem 365 dias, enquanto o dia se completa com 24 horas. Alegar falta de tempo para realizar o que se tem vontade nunca é uma boa justificativa. Reconhecer as fragilidades e limitações é uma atitude digna do humilde.

Enquanto o Carnaval não chega, a folia fica por conta da Festa de Reis.

Viva a Santo Reis!

*Jornalista e Historiador

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O segundo grau virou passado

28 de novembro de 2024, 10:07

Foto: Notícia Limpa

A conclusão do Ensino Médio talvez seja a principal etapa da vida escolar depois da alfabetização, quando se aprende a ler e escrever as primeiras palavras e conhecer as letras que compõem o próprio nome. Um misto de felicidade com apreensão, ansiedade, dúvidas e até mesmo saudades, por saber que é um início de uma fase que definirá aptidões e de despedidas dos colegas com quem conviveu por anos.

O segundo grau, como foi chamado no passado, era o fim do período educacional para muitos alunos; mas também uma vitória, já que por conta de diversos fatores, principalmente pela ausência de uma universidade ou a dificuldade em acessá-la era considerada a principal ‘formatura’.

Como já dizia o saudoso cantor Genival Lacerda, ‘aqui tudo mudou tudo está mudado’. As opções de cursos universitários e unidades que os oferecem tem crescido substancialmente. É possível ter uma graduação sem ter que sair de casa.

O fato é que, como em outros bons momentos da vida, o encerramento da educação básica não se resume apenas no processo de ensino, mas também de um aprendizado de vida e de amizades.

‘Terceirão’ do Colégio Yolanda encerra o ano letivo com uma excursão para o litoral da Bahia

Para marcar uma das mais emocionantes, e não tão dolorosa, despedidas, alunos e alunas do último ano do ensino médio do Colégio Yolanda Dias Rocha, de Jacobina, embarcaram no início da manhã desta quinta-feira (28) para a tradicional viagem do ‘terceirão’. O destino é o Resort Costa do Sauípe, localizado no Litoral Norte da Bahia, onde passarão o final de semana realizando uma atividade extraclasse com o lazer, a alegria e a descontração como os temas principais.

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Se avexe não; o novo sempre vem

26 de novembro de 2024, 16:19

Foto: Gervásio Lima

Em qualquer fase da vida, seja na infância, na adolescência ou quando adulto, todo tipo de aprendizagem é salutar, até mesmo as desagradáveis, aquelas que involuntariamente surgem como um tipo de provação. A aprendizagem sustenta a evolução e o desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida, permitindo que o mesmo adquira novos conhecimentos, desenvolva habilidades e conheça o verdadeiro significado de valores.

Em tese, o conhecimento é construído a partir de experiências vividas e interações com o mundo, que impulsiona a inovação, promove a adaptação a novos desafios e fortalece a capacidade de resolver problemas complexos.

Sim, e daí?

O aprendizado é algo contínuo e para sempre. O pouco que se aprendeu no passado pode não ser o suficiente para o hoje, mas será de grande valia e importância para o que se espera do amanhã.

O saudoso cantor e compositor Belchior já dizia, em resumo, que ‘até poderiam achar que ele estava inventando, mas que o novo sempre vem’. Já o sanfoneiro Flávio José, ‘nordestinamente’ falando, passou o bizu de que ‘toda caminhada começa no primeiro passo’, por isso não precisa se avexar, já que amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. E para o bom carioca Zeca Pagodinho, para desapegar dos problemas e confiar no futuro, vivendo de uma forma mais leve e menos ansiosa, basta deixar a vida o levar.

É sempre bom lembrar que as girafas dão à luz em pé ou andando, fazendo com que o filhote caia de uma altura de cerca de dois metros. A queda é uma forma de ensinar o filhote a levantar-se rapidamente para sobreviver a predadores.

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Boas Festas!

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