ARTIGOS

Bicho maluco beleza

16 de maio de 2025, 10:17

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

No momento em que o egocentrismo sufoca a complacência, a melhor maneira de praticar a boa convivência é concordar com o discurso e evitar o acirramento, pois como diz o adágio popular, ‘o mal do sabido é pensar que todo mundo é besta’. A prudência é a arte praticada pelos que têm o dom da sabedoria, aqueles que verdadeiramente sabem viver.

A harmonia é um comportamento coletivo, um estado de equilíbrio e cooperação entre os indivíduos. Quando as divergências atingem um grau de desrespeito, o sinal de alerta deve ser acionado e medidas devem ser tomadas para evitar uma convulsão social.

A arrogância é típica do intolerante, daí a justificativa do afastamento em vez da tentativa de conciliação. Apoiar-se na domesticação do selvagem vai de encontro às regras da natureza cultural e racional. Engana-se quem acredita que aquilo ou aquele desprovido de sensibilidade e sensatez seja capaz de demonstrar ou praticar a compaixão, ser empático.

Perda de tempo disputar espaço com o vazio. Recipiente com furos não armazena líquido. O irracional vive quase que exclusivamente em busca de suas presas, pela necessidade de sobrevivência e procriação. Habituá-lo ao convívio social, fora de sua bolha, é quase sempre uma tarefa impossível.

Não é necessário ter posicionamentos iguais ou semelhantes. O ideal é a convivência harmônica com as diferentes experiências, opiniões e perspectivas. O importante é ter um olhar mais amplo e humano sobre o mundo e suas pluralidades.

“Ô, ô-ô, bicho maluco beleza

Ô, ô-ô, bicho maluco beleza

Bicho maluco beleza do Largo do Amparo

Teu estandarte tão raro, Bajado criou

Usando tintas e cores do imaginário

Ai, quantas dores causaste ao teu caçador” – Bicho Maluco Beleza – Alceu Valença

*Jornalista e Historiador

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Inversão de valores: o cúmplice travestido de vítima

16 de abril de 2025, 15:08

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

É fácil, muito fácil, cobrar aquilo que não se consegue realizar. Demandar é cômodo, transferir responsabilidade é mais ainda. A necessidade de demonstrar poder, mesmo sem tê-lo, é comum entre os fracos, que geralmente se escondem atrás do potencial alheio

Esperar do próximo aquilo que não possui é uma forma bizarra de animosidade. Não tem como exigir o que não é recíproco. Em uma sociedade onde se busca a harmonia, o respeito às diferenças, e a garantia de direitos, a disputa de poder é vista como uma forma de ocupar os espaços ou a eles ter o acesso, ao contrário do abuso do poder, onde o egocentrismo encontra moradia para cometer as mais perversas e inaceitáveis maldades para impor os seus desejos.

O uso da dor, do sincretismo, do berço familiar e do sentimento de pertencimento, são elementos essenciais para os novos tipos de ‘abutres’, que se aproveitam do sofrimento e da crença do semelhante para obter os mais diversos tipos ilícitos de vantagens.

Provocar situações em busca de resultados pessoais ou da corja à qual se está inserido, é uma espécie de ‘modus operandi’ do mau-caratismo de sujeitos vis. Ser influenciado ou persuadido por aquele que vive e pratica o mal nem sempre é inocência, mas vontade de ser igual: um cúmplice travestido de vítima.

Que nessa Semana Santa, uma das celebrações mais importantes para os cristãos – quando é relembrada a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo – a figura de Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus, entregando-O à morte, por 30 moedas de prata, após ter participado da Última Ceia, sirva como exemplo de quão é necessário o máximo de cuidado para não se deixar surpreender com as maldades dos falsos profetas.

*Jornalista e Historiador

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Apolo ou Tupã? A escolha é individual

08 de abril de 2025, 11:45

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Uma das maiores e mais discrepantes inversão de valores que se tem conhecimento é a de o mal sobrepor o bem. Ferir e até mesmo exterminar, em situações mais extremas, têm sido uma prática quase que normalizada pelos que desprezam a divergência.

A imposição de ideias está virando regra e caminha a passos largos, lado a lado com a intolerância, numa brutal e perigosa busca por um ideal egoísta e subserviente. Como nas mitologias gregas e indígenas, vive-se um momento onde existe um deus para cada situação, numa verdadeira disputa de crenças, com a intransigência obtendo cada vez mais destaque.

Defender o indefensável está na moda. Blasfêmias, ofensas, insultos, afrontas e desacatos são utilizados com frequência para justificar barbáries sociais e jurídicas. Vale aquilo que disseram ou praticam, menos as observações pessoais.

A adesão cega a determinado sistema ou doutrina tem demonstrado historicamente que as consequências são danosas, provocando mais horrores que afeições. Para aceitar, compreender e respeitar opiniões divergentes, não precisa de uma ponte ou de um carteiro, mas entender que a política da boa vizinhança depende de atitudes próprias.

Se aceitar os deuses da ancestralidade como símbolo dos anseios e dos temores for a saída, que se cultue Apolo, uma divindade da mitologia grega que representa, entre outras coisas, a ordem e a justiça; ou o deus Tupã, segundo a mitologia indígena, criador dos céus, da terra e dos mares. O grande “Espírito do Trovão”, que deu origem à vida. O primeiro representa a paz, enquanto o outro ensina a viver.

A escolha é individual.

“Sabe o que eu queria agora, meu bem?

Sair, chegar lá fora e encontrar alguém

Que não me dissesse nada

Não me perguntasse nada também”Onde Deus possa me ouvir – Vander Lee

*Jornalista e Historiador

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O Brasil foi batizado na Bahia

21 de março de 2025, 09:45

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

O baiano é, além de receptivo e solícito, uma inspiração de brasilidade, amante da cultura e disseminador de alegria. E isso, com o privilégio de ter nascido no berço das tradições culturais, ser descendente da coragem, resultante das lutas e vitórias históricas que reverberam até os dias atuais.

Talvez o fato de poder acordar ouvindo Gil, Caetano, João Gilberto, Betânia, Caymmi, Raul, Tom Zé, Moraes Moreira, Brown, Ivete Sangalo; ou dormir depois de ler Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro, assistir a um filme de Glauber Rocha, recitar as poesias de Castro Alves,  e aprender geopolítica com Milton Santos, sejam motivos de incômodo para aqueles que não têm uma praia de Itapuã para banhar e o Farol da Barra para iluminar a alma.

O que fariam em Lençóis ou em Porto Seguro os que descansam mais que trabalham? Com certeza eles não entenderão o que é gozar do privilégio de viver a natureza e, ao mesmo tempo, trabalhar duro para recepcionar não apenas os que gostam do acarajé, mas também de uma boa buchada, mocotó, traíra frita, galinha caipira e bode assado com pirão de aipim.

Já é Carnaval cidade, acorda pra ver, pois o São João bate na porta e a Festa de Reis está prestes a acontecer. Como é bom saber que todo brasileiro se amarra na folia e que o Brasil foi batizado na Bahia. Olodum ou Filhos de Gandhi, o que importa é a baianidade nagô.

O baiano é humilde por natureza, mas não confundam sua benevolência com idiotice. Enganam-se os que acreditam que os filhos ou moradores da terra de Mãe Menininha do Gantois e da Santa Dulce dos Pobres normalizam situações ou aceitam provocações que ferem seu brio. Xenofobia contra o lugar onde nasceu o Brasil é um disparate. Comentários jocosos e gratuitos, partindo de onde deveriam ser combatidos, são repugnantes. A justiça poderia ser muda e não cega.

Alô doutor, o senhor calado é um poeta.

Sorria, você está na Bahia. Aqui o baiano não nasce, estreia.

*Jornalista e Historiador

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Os dias continuam passando iguais

11 de março de 2025, 10:13

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Não existe luz que não apague, mas, para a frustração dos que pregam as trevas, a escuridão também não é eterna. O dia se reveza com a noite. Numa espécie de contemplação democrática, os gostos são satisfeitos sem que aconteçam conflitos.

Uns gostam do sol, enquanto outros adoram a lua. Os que sentem frio valorizam o verão, já os que sofrem com o calor contam os dias para a chegada do inverno.

A vida segue assim, cada qual com suas escolhas e respeitando as ‘estações’ individuais. Nada é para sempre, tudo é transitório; portanto não adianta atropelos, pois, ao contrário do que é preestabelecido, tudo ainda pode acontecer, inclusive nada.

A construção talvez seja uma das mais importantes palavras para caracterizar o sucesso e o insucesso. O saber, o afeto, as relações e sobretudo a resiliência são construídos de acordo com o que se quer aprender. Assim como as cores e os significados que lhes são atribuídos. O azul, o rosa, o vermelho, o preto, o branco… são apenas tonalidades.

Nem sempre o que é bom para um vai agradar o outro. Ratificando, geralmente os que sofrem com o calor admiram o inverno e vice-versa. O bom mesmo é saber que existe a Primavera.

“Mudaram as estações, nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Tá tudo assim, tão diferente…” – Por Enquanto – Cássia Eller

*Jornalista e Historiador

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Educação é vida, um tributo a João Felipe

04 de fevereiro de 2025, 15:51

*Por Gervásio Lima –

A vida é como um monumento que precisa de uma paisagem tão convincente quanto para justificar sua existência. Redundantemente, a presença de luzes, no seu infinito conceito, não pode ser ausência em seu entorno. Para uma boa apresentação, o cuidado precisa ser coletivo, pois a principal obra em que se está inserido pode não ser a mesma para todos.

Longe do apenas saber ler e escrever, a educação é uma paisagem, com passagens que vão desde o processo de ensino-aprendizagem até o desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais e morais. É uma provocação das habilidades natas e de novas descobertas, construídas em diferentes ambientes, mas tendo sempre como bases a família e o aprendizado escolar.

Parafraseando a música, ‘existem momentos na vida que lembramos até morrer’; sim, existem vários, até porque a essência da sobrevivência é viver, estar em atividade, aprendendo ou compartilhando o que se aprendeu.

A emoção da primeira vez é algo indestrutível. O nascimento, considerado, sem exageros, um milagre, estaria entre um dos responsáveis pelo sentimento mais sublime que se tem conhecimento: o de celebrar a vida.

Os primeiros passos, as primeiras palavras enunciadas, o primeiro dia de escola, o aprender a ler… é como ‘o primeiro Valisere, que as meninas nunca esquecem’.

A iniciação da educação infantil seria a segunda parte da separação umbilical, com exagero mesmo. É o início não somente da vida escolar, mas o principal e essencial passo para a socialização; para a oportunidade de ter acesso às informações e de aprender a conhecer o mundo fora dos confortos materno e paterno.

A educação está entre o monumento e os seus arredores são constituídos por paisagens naturais ou construídas.

Ao meu neto João Felipe – que em seu primeiro dia de aula (03/02/2025) fez mãe, pai, avó, avô, bisavós e tios chorarem de emoção -, desejo que a educação seja um pilar para sua vida, tanto dentro como fora da escola. Te amamos.

*Jornalista e Historiador

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A esperança é a última que morre

30 de janeiro de 2025, 13:27

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

A música ‘Modinha para Gabriela’, da saudosa Gal Costa, caracteriza perfeitamente aquele, ou aquela, que popularmente é chamado de ‘cabeça dura’. Pessoa que não muda de ideia sobre nada, que se recusa a aceitar que a opinião do outro pode estar certa, e, ainda pior, não diz o motivo de tal resistência: ‘Eu nasci assim, eu cresci assim. E sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabriela. Sempre Gabriela’.

Está em alta fazer juízo de valor sobre assuntos em evidência no dia a dia, principalmente os que se referem a política, gênero, empoderamento e religiosidade. Muitas vezes, de forma irresponsável e até criminosa, emitem-se opiniões a partir de uma avaliação subjetiva, baseadas em valores, crenças, experiências e emoções pessoais, sem respeitar as escolhas do outro.

A falta de informação dificulta a compreensão, podendo levar a interpretações equivocadas, mas pior mesmo é a falta de interesse pela busca do conhecimento. É mais prático e conveniente acompanhar o ‘ouvi dizer’ em vez da comprovação da verdade.

As referências não são mais as mesmas. Ter algo ou alguém como exemplo está sendo arriscado e quase em extinção, com as relações de confiança passando por revisões frequentemente. O grau de desconfiança tem aumentado vertiginosa e assustadoramente por culpa da desinformação.

Os mesmos que pregam a paz, estimulam os conflitos, e os paladinos da moralidade agem sempre em favor deles mesmos. Daí a necessidade do exercício constante da capacidade cognitiva para não apenas desconfiar, mas também para acreditar, seguindo a premissa de que ‘a esperança é a última que morre’.

Não confunda Zé carroceiro com Zeca roceiro.

*Jornalista e Historiador

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A perigosa artificialidade da inteligência

21 de janeiro de 2025, 10:30

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

A disseminação das chamadas ‘informações rápidas’, sem sequer analisar seus conteúdos, se tornou uma prática de leitura onde o que menos importa é a veracidade. Numa espécie de fuxico dos tempos modernos, a preocupação em encaminhar mensagens, muitas vezes agressivas para o receptor, tem tornado as chamadas redes sociais (que de sociáveis não tem quase nada), em perigoso instrumento de manipulação e desinformação, onde ‘crias podem ser vítimas de criadores’ e vice versa.

A exposição de dados pessoais e até mesmo uma simples imagem, seja ela individual ou familiar, com amigos, no ambiente de trabalho ou outros, pode se tornar uma dor de cabeça, se usada por criminosos cibernéticos: aqueles que comentem crimes por meio da internet.

A Inteligência Artificial (IA), como qualquer outra tecnologia, se não usada para o bem, pode se transformar em poderosa arma letal. O objetivo geral da IA é desenvolver máquinas que possam operar com o mesmo nível de capacidade cognitiva dos humanos, ou até superá-los em certos casos, o que é bastante preocupante. Como, onde, para quê e para quem as máquinas realizarão tarefas antes exclusivas à inteligência humana?

Quanto mais aparecem novas tecnologias em um futuro vivido e vivenciado hoje, mais se recorre ao ontem, ao passado, onde os ensinamentos e as lições de vida eram capazes de fazer valer o respeito, principalmente aos semelhantes. No tempo em que virtudes como a generosidade, a solidariedade, a empatia e a compaixão partiam de um coração de verdade, capaz de sentir dores e se emocionar, as regras, de fato, eram seguidas.

No mais, temperança e dar tempo ao tempo. Enquanto isso, o melhor é aceitar que dói menos’.

*Jornalista e Historiador

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Todos são iguais perante as leis

14 de janeiro de 2025, 16:07

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Cachorro que late muito nem sempre morde, mas, além de incomodar, pode estar a anunciar algo ruim ou desagradável. Identificar a índole de determinados cachorros, no sentido figurado, não é uma tarefa difícil. Eles são facilmente reconhecidos pela forma como se comportam e se expressam.

Como um ser adestrado, na ânsia de agradar o seu tutor (ou tutora), mesmo este sendo temporário, demonstra uma fidelidade exacerbada, a ponto de desagradar o próprio dono, tão exagerado a exposição dos seus comandos (ordens).

O animal considerado o melhor amigo do homem é por vezes penalizado pela comparação a determinados elementos ou por se atribuir sua alcunha a ações intoleráveis. Quem nunca usou o termo ‘cachorrada’, que atire a primeira pedra.

Falar o que não deve é, talvez, um dos atos mais abusivos e egoístas do animal racional. Um despreparo, uma verdadeira violação das regras básica da boa convivência entre os semelhantes. Pensar antes de falar é um ‘antídoto’ contra palavras venenosas, que machucam e, no ápice da ignorância, podem provocar algo bem pior.

A prática do bom comportamento, do respeito e da boa convivência, torna as relações menos intolerantes e mais amistosas. A humildade faz parentesco com os bons costumes a partir do tratamento que se oferece aos que estão em seu entorno: sem preconceitos e sem discriminações.

De acordo com as leis, principalmente a divina, todos são iguais, mas muitos contrariam esta premissa, indo sempre de encontro à ‘política da boa vizinhança’.

*Jornalista e Historiador

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Caranguejo é quem anda para trás; será?

03 de janeiro de 2025, 16:18

Foto: Gervásio Lima

*Por Gervásio Lima –

Ao contrário da virada de ano, em determinadas situações vai se o novo e volta o velho, e consigo vários agravantes como os maus comportamentos, as perseguições, a arrogância e a presunção vêm juntos. O adágio popular onde diz que, ‘se não prestou, substitui’ tem sua teoria perdido forças. Muitos que foram ‘tirados’ por não condizerem com o que se esperava por uma maioria têm conseguido feitos antes considerados impossíveis ou improváveis e retornam à cena.

Vai que numa espécie de carrancismo, misturado com revanchismo e uma grande porção de vaidade o ano de 2025 resolve retroceder mais de uma década e querer ser por pura birra o ano de 2008, olha a confusão dos diachos que seria. Quem já viu o novo querer ser o velho? A evolução das coisas, principalmente do mundo não permitiria tal déjà vu .

Ledo engano, a evolução é construída de reminiscências, mesmo estas tendo agradado apenas a ‘troianos’ (não confunda com tiranos). Se apegar ao passado como forma de aprendizado, filtrando aquilo que foi positivo é uma virtude, mas ressuscitar o que em algum momento foi reprovado beira ao masoquismo.

Um trecho de uma música do chamado forró eletrônico, ‘caranguejo é quem anda para trás e quem vive de passado é museu’, aborda a temática de superação, sugerindo que se deve seguir em frente e não olhar para trás. Na teoria este conselho é excepcional, mas não se aplica à unanimidade, contrariando os que acreditam, como o saudoso cantor Belchior, ‘que o novo sempre vem’.

Como já dizia Ariano Suassuna, “O otimista é um tolo. O pessimista um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

Vida que segue…

*Jornalista e Historiador

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Boas Festas!

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