Todo ano, nesta época, nosso smartphone é um lembrete de que é preciso estar pronto para a mudança, porque a Apple e o Google anunciam atualizações para os sistemas operacionais que alimentam o iPhone e os celulares Android. Em breve, o software que faz com que os dispositivos funcionem terá ajustes de design e novos recursos – ou seja, coisas novas para aprender.
A Apple revelou recentemente o iOS 16, a próxima versão do sistema operacional do iPhone, que vai incluir novos recursos, como uma tela de bloqueio redesenhada e a capacidade de editar mensagens de texto. Em maio, o Google introduziu o Android 13, que possui um aplicativo simplificado de carteira para armazenar cartões de crédito e documentos importantes, como o registro de vacinas. Ambas as empresas também anunciaram que estão melhorando seus aplicativos para o envio de mensagens de texto.
Os novos sistemas operacionais do iPhone e do Android vão chegar aos celulares como atualização gratuita em setembro.
A Apple e o Google frequentemente incluem linguagem pomposa e promessas nessas atualizações de software. "Hoje vamos levar nossas plataformas mais longe do que nunca", disse o CEO da Apple, Tim Cook, em um vídeo pré-gravado para o evento que divulgou o novo sistema operacional. Mas, na realidade, muitas das mudanças – sobretudo a capacidade de editar retroativamente um texto – são melhorias incrementais que dão a sensação de que deveriam ter sido feitas há muito tempo. Aqui estão as atualizações mais notáveis.
A Apple está revisando a tela de bloqueio do iPhone
A Apple afirmou que estava fazendo uma mudança na primeira coisa que alguém vê ao usar um iPhone: a tela de bloqueio. No passado, podia-se modificar apenas o papel de parede. Mas, com o iOS 16, o usuário do iPhone pode personalizar a tela, escolhendo entre diferentes fontes e cores para o relógio. Além disso, pode fixar "widgets", que são essencialmente atalhos para aplicativos como calendário e monitor de dados de fitness, na tela de bloqueio. Essas personalizações podem nos ajudar a adaptar o telefone ao nosso estilo de vida. Considere que o novo software permitirá que o usuário crie uma série de telas de bloqueio personalizadas para diferentes cenários.
Por exemplo, uma tela de bloqueio para o trabalho pode mostrar um papel de parede do seu prédio de escritórios e conter um widget de calendário com sua próxima reunião. A tela para suas coisas particulares pode mostrar um papel de parede do seu cão e um widget de exercício. A ideia é que as pessoas alternem entre telas de bloqueio para acomodar melhor suas necessidades ao longo do dia.
O aplicativo Wallet do Google tenta alcançar o da Apple
A pandemia acelerou o pagamento de compras com o celular, porque muita gente optou pela modalidade sem contato para evitar tocar em dinheiro. A Apple tem uma opção robusta de pagamentos eletrônicos há mais de cinco anos com seu software Wallet para iPhone, que permite que as pessoas façam compras com cartão de crédito e carreguem documentos importantes como cartão de embarque e dados de saúde.
O Google, que tem lutado para comercializar sua tecnologia de pagamento móvel, aprofundou-se ainda mais nos pagamentos com o Android 13. Durante anos, seu sistema Google Pay ficou atrás do sistema de pagamento da Apple, porque poucos usuários de Android sabiam como usar a tecnologia.
O Google renomeou seu aplicativo de pagamentos digitais Google Wallet. A empresa simplificou a tecnologia incorporando um atalho para a carteira na tela de bloqueio do Android. Além disso, planeja expandir o software para além dos cartões de crédito, a fim de incluir documentos como cartão de embarque, ingresso de cinema e carteira de vacinação.
O Google e a Apple estão expandindo seus aplicativos de mensagens
Qualquer um que tenha enviado mensagens de texto pelo celular está familiarizado com a divisão digital entre os chamados balão verde e balão azul.
Quando uma mensagem de texto é enviada de um telefone Android, ela aparece em um balão verde na tela do destinatário, com fotos e vídeos muitas vezes pixelados e distorcidos, porque uma mensagem no balão verde é enviada pela rede da operadora telefônica, que automaticamente diminui a qualidade da imagem.
Em contraste, as mensagens do balão azul enviadas entre os usuários de iPhone passam pelo iMessage, o serviço de mensagens proprietário da Apple, que mantém a alta qualidade de fotos e vídeos.
Com o Android 13, o Google está tentando criar uma experiência própria de balão azul. A empresa está incluindo em seu aplicativo de mensagens uma tecnologia chamada Rich Communication Services, que pode enviar imagens de alta resolução e arquivos grandes. Também permitirá que conversas em grupo sejam criadas, como a maioria dos aplicativos de mensagens modernos.
A Apple, por sua vez, está fazendo alterações no iMessage para que o usuário do iPhone possa editar ou recuperar mensagens depois que forem enviadas. Essa edição retroativa de mensagens, que nos pouparia do constrangimento de erros de digitação bizarros ou do texto enviado acidentalmente, é um recurso que o consumidor quer há anos.
Ambas as empresas estão reforçando a privacidade do usuário
Hoje, nenhuma atualização de software estaria completa sem uma empresa da Big Tech proclamando que se preocupa com nossa privacidade, porque as empresas de tecnologia querem que o usuário se sinta seguro compartilhando dados pessoais, especialmente porque houve reprimendas de reguladores europeus e outros. Portanto, naturalmente, a Apple e o Google anunciaram que estavam oferecendo mais proteção aos dados do usuário em seu próximo sistema operacional.
A Apple, que há muito permite que o usuário do iPhone dê aos membros da família e ao parceiro romântico acesso permanente aos seus dados de localização, declarou que forneceria controles mais profundos para esse compartilhamento caso uma relação íntima acabe. Seu novo recurso de software, o Safety Check (checagem de segurança), permitirá que a pessoa revise e cancele rapidamente o acesso a esses dados para que possa proteger suas informações contra abusadores.
O Google declarou que daria ao usuário mais controle sobre quais dados são compartilhados com aplicativos de terceiros. Na próxima versão do Android, este também poderá liberar aos aplicativos o acesso a apenas certas fotos em vez de todas que estão no celular – medida de proteção contra aplicativos maliciosos que se disfarçam de software de edição de fotos.
Em conclusão
Se vários desses ajustes parecem ter chegado com muito atraso, é porque isso é verdade. Assim como as atualizações de hardware do smartphone se tornaram cada vez mais incrementais, o software também vai avançando para se tornar melhor – mas bem aos poucos.
The New York Times