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Governo mente dizendo que queimada no Brasil é a menor em 18 anos

28 de setembro de 2020, 08:07

Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Na tentativa de se esquivar das críticas à política ambiental diante dos focos de incêndio na Amazônia e no Pantanal, o governo de Jair Bolsonaro publicou neste sábado (26) uma comparação incabível e fez uma afirmação falsa, de que a área queimada no país é a menor dos últimos 18 anos.

Mesmo com os focos de incêndio que acometem o Pantanal e outros biomas brasileiros, a área queimada em todo o território nacional é a menor dos últimos 18 anos. Dados do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] revelam que 2007 foi o ano em que o Brasil mais sofreu com as queimadas”, publicou a Secom.

Antes vinculada à Presidência da República, mas agora sob guarda-chuva do Ministério das Comunicações, a Secom (Secretaria de Comunicação) comparou dados de oito meses deste ano com dados fechados de 12 meses dos anos anteriores.

A postagem feita no sábado foi reproduzida por autoridades como os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Comunicações, Fábio Faria, e pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho de Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente não havia compartilhado a publicação até o início da tarde deste domingo (27).

Os mesmos dados já haviam sido publicados na quinta-feira (24) por Fábio Faria.

“Nada mais didático para que tenhamos um retrato claro dos últimos anos. Os números do Inpe estão aí para que todos possam ver a verdade”, escreveu o ministro acrescentando a hashtag #AcreditenoBrasil.

Faria também publicou uma imagem com o total, por ano, de focos de incêndio. Nesta publicação, não há menção a 2020.

Procurada pela Folha de S.Paulo, a Secom disse que “expôs os dados que estão à disposição, sem ocultar nada” e que “o que passa disso é ilação falaciosa do jornal”.

Os dados do Inpe são públicos, estão na internet, são gratuitos e de fácil compreensão.De janeiro a agosto de 2020, houve registro de 121.318 km² em todo o Brasil. Este dado é utilizado na publicação da Secom. No entanto, para o 2019, a Secretaria de Comunicação usa como dado os 318.389 km² que queimaram durante todos os 12 meses do ano passado.

Se utilizasse o mesmo período de tempo que é possível para 2020 -de janeiro a agosto-, a área queimada, ainda sim, seria maior em 2019, primeiro ano da gestão de Bolsonaro, 131.327 km².Porém, fazendo a comparação entre os mesmos períodos de 2003 a 2020, o governo teria que informar que 2020 teve mais área queimada que os anos de 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.

A Folha de S.Paulo contestou a resposta inicial da Secom com estes dados, mas não houve manifestação até a publicação desta reportagem.

Se for feito um recorte dos dois biomas que mais têm sofrido com queimadas no momento, Pantanal e Amazônia, 2020 é um ano ainda mais complicado.Até agosto, já foram queimados 18.646 km² no Pantanal este ano. Número que perde apenas para 2005, quando 20.219 km² foram queimados.

Na Amazônia, o Inpe registara 34.373 km² de área queimada entre janeiro e agosto deste ano. É menos que os 43.573 km² queimados no mesmo período de 2019, também no governo Bolsonaro. Mas é mais do que ficou em chamas nos anos de 2008, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.

“Se a metade da energia que o governo gasta tentando criar uma realidade paralela fosse empregada no combate ao crime ambiental, o problema do desmatamento e das queimadas já estaria resolvido”, disse, por meio de sua assessoria, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Para Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace ao fazer comparação entre dados de anos fechados com apenas oito meses de 2020, o governo demonstrar querer fazer uma guerra de narrativas em vez de enfrentar a gravidade das queimadas no país.

“Da Amazônia ao Pantanal, o patrimônio dos brasileiros segue sendo consumido rapidamente pelo fogo. É desonesto minimizar tamanha crise ambiental que resulta em impactos econômicos, sociais e ambientais”, afirmou Mazzetti.

O site do Inpe também permite fazer a comparação do total de focos ativos de queimadas detectados pelo satélite de referência em cada mês, no período de 1998 até 26/09/2020.De janeiro até este sábado, eram 151.779 focos em todo o país, mais que os 143.734 registrados entre janeiro e setembro do ano passado.

Até sábado, o Pantanal já registrava um total de 16.667 focos ativos de queimadas, mais do que a soma dos 12 meses de 2019 (10.025).

Setembro de 2020, mesmo ainda não completo, também já tem o maior registro de queimadas na história do Pantanal, 6.514 focos de incêndio até o dia 26. O recorde total anterior era de agosto de 2005, com 5.993 focos de calor.

Há meses a situação já se mostrava crítica. O período mais úmido do Pantanal teve pouca chuva e 2020 teve o primeiro semestre com maior número de queimadas no bioma. Julho também teve o maior registro de fogo e agosto manteve elevado número de focos de calor, próximo ao recorde.

Na Amazônia, até sábado eram 73.459 focos de incêndio, ante 66.749 entre janeiro e setembro de 2019, ano que fechou com 89.176 focos de queimada registrados.

O bioma perdeu uma área equivalente a 270 mil km² entre os anos 2000 e 2018. No período, a maior floresta tropical do planeta viu desaparecer 8% de sua cobertura, substituída, principalmente, por áreas de pastagem, segundo números das Contas de Ecossistemas: Uso da Terra nos Biomas Brasileiros (2000-2018), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados na quinta-feira.

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O traficante que deu origem ao culto do Senhor do Bonfim e outras descobertas do ‘mapa da escravidão’ em Salvador

27 de setembro de 2020, 11:18

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Site mapeia homenagens controversas, reparadoras e locais esquecidos de resistência à escravidão na capital baiana.

Anualmente, no mês de janeiro, a cidade de Salvador se reúne diante da Igreja do Senhor do Bonfim para uma celebração sincrética que reúne católicos e adeptos do candomblé. A festa teve início com a lavagem que pessoas escravizadas faziam da Igreja e hoje é considerada Patrimônio Imaterial do Brasil, celebrada por autoridades locais como espaço livre de discriminação.

Mas a praça diante da igreja homenageia um dos principais traficantes de africanos escravizados da Bahia. Seu túmulo, na verdade, está em destaque dentro do templo, já que ele foi o responsável por trazer a imagem que permitiu o culto ao Senhor do Bonfim no Estado.

Em meio ao debate sobre homenagens a traficantes de seres humanos retirados da África — que ganhou nova força com os protestos de movimentos antirracistas nos Estados Unidos e na Europa neste ano — um grupo de historiadores decidiu jogar luz sobre esta e outras ligações esquecidas de homenagens, ruas e locais históricos de Salvador com a escravidão.

Salvador foi o segundo maior porto de desembarque de africanos nas Américas durante a vigência do comércio transatlântico de pessoas escravizadas, atrás apenas do Rio de Janeiro. Estima-se que mais de 1,2 milhão de africanos chegaram à Bahia nos chamados navios negreiros.

A iniciativa dos historiadores deu origem ao site Salvador Escravista, que mapeia homenagens controversas, homenagens reparadoras e também lugares esquecidos, onde ocorreram episódios importantes da história da população negra da cidade.

“O propósito do site não é simplesmente mudar nomes de ruas ou retirar monumentos, mas isso poderia, sim, vir como resultado”, diz à BBC News Brasil Felipe Azevedo e Souza, professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e um dos realizadores do projeto.

“O que queremos é um debate maior sobre políticas públicas voltadas para a memória da cidade, que sejam mais democráticas e mais plurais.”

O projeto já inspira historiadores de outros Estados, como Pernambuco, Goiás e Rio Grande do Sul, a fazer iniciativas semelhantes.

Os organizadores também pretendem criar um aplicativo que transforme os verbetes do site em um percurso turístico que possa dar mais informações aos visitantes sobre o lado menos conhecido dos personagens e monumentos da capital baiana — e do país.

A BBC News Brasil reúne aqui algumas dessas histórias:

O traficante de escravos que decorou a Igreja do Senhor do Bonfim

O português Teodósio Rodrigues de Faria foi capitão de um navio mercante da Índia por anos e, já com fama de “grande homem do mar”, na década de 1740, se estabeleceu em Salvador, onde passou a investir no comércio — incluindo o de pessoas.

Ao que tudo indica, ele já era devoto do Senhor do Bonfim, que dava nome a um de seus barcos. Segundo o historiador Cândido Domingues, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o navegante invocou a proteção do Cristo crucificado durante uma tempestade marítima em viagem a Lisboa. E, em retribuição, levou para Salvador uma imagem do Senhor do Bonfim semelhante à que existia na cidade portuguesa de Setúbal.

“A imagem foi eventualmente colocada na Igreja do Senhor do Bonfim, que estava sendo construída na Colina Sagrada. Segundo registros de outros historiadores, Teodósio também investiu bastante na decoração da Igreja. Na pintura do teto se vê um painel em que um grupo de marinheiros entrega aos santos e anjos um quadro representando o navio durante a tempestade, e a vela do navio”, disse Domingues à BBC News Brasil, em entrevista por telefone.

A devoção e o investimento na igreja também lhe renderam lugar de destaque na irmandade do Senhor do Bonfim, que reunia outros comerciantes influentes na sociedade da época.

Quando morreu, em 1757, Teodósio Rodrigues foi enterrado dentro da Igreja, que é um dos principais cartões postais de Salvador e palco de uma de suas maiores festas inter-religiosas, a Lavagem do Bonfim.

O traficante está enterrado dentro da igreja como seu “primeiro benfeitor”. A praça diante do tempo e uma rua lateral também o homenageiam, sem mencionar sua participação no comércio de africanos – Foto: Cândido Domingues | Acervo pessoal / BBC News Brasil

O capitão português também dá nome à praça que fica diante da igreja e a uma rua próxima, tamanha é a sua importância na sua fundação.

“Só que, nos anos 1750, Teodósio Rodrigues de Faria também atuou intensamente no tráfico de africanos, um detalhe que costuma ser omitido ou posto em dúvida nas homenagens e reportagens sobre ele feitas durante a festa do Bonfim”, diz o historiador.

Em sua pesquisa, Cândido Domingues encontrou registros de navios negreiros que Farias possuía em sociedade com outros traficantes da época e até uma prestação de contas em que ele reivindica escravizados que lhe pertenciam em um navio cujo dono morreu ao chegar da África.

“A importância de conhecermos e discutirmos isso é dar a possibilidade a fieis e cidadãos de compreender outras histórias que estão no nosso passado. A ideia não é necessariamente desfazer esses monumentos. Mas, conhecendo as outras partes da nossa história, podemos registrá-las e fazer a crítica necessária”, afirma Domingues.

O Elevador construído com dinheiro do comércio ilegal de africanos

O famoso Elevador Lacerda, que liga as partes alta e baixa da capital baiana e chegou a ser o maior do mundo à época de sua inauguração, em 1873, não foi construído para homenagear um traficante de escravos, como outros monumentos agora polêmicos.

O projeto inicialmente foi chamado de Elevador Hidráulico da Conceição, e era considerado uma ideia um tanto extravagante. Só em 1896 passou a se chamar se chamar Elevador Antonio de Lacerda, em homenagem ao seu idealizador.

O principal cartão portal da capital baiana provavelmente não teria sido construído sem uma fortuna obtida com o tráfico de africanos, mesmo após a lei que o proibia, segundo historiadora Foto: Getty Images / BBC News Brasil

No entanto, segundo a historiadora Silvana Andrade dos Santos, doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a obra provavelmente não teria sido feita sem a riqueza acumulada pelo pai de Lacerda, o negociante português naturalizado brasileiro Antonio Francisco de Lacerda, no tráfico ilegal de africanos, ou seja, mesmo após a proibição por lei.

“Pela imagem que pude construir a respeito de Antonio Francisco de Lacerda através da minha pesquisa, ele parece um especulador. Sempre que via uma oportunidade de fazer um bom negócio ele fazia e, quando achava que aquilo já não era pra ele, saía”, disse à BBC News Brasil.

“A historiografia tem demonstrado que cinco anos antes da proibição oficial do tráfico de pessoas, quando o Brasil começou a negociar os tratados com a Inglaterra, a demanda pela mão de obra escravizada aumentou muito. Isso fez com que muitos negociantes entrassem no comércio para obter altos lucros. Pelo que eu consegui perceber, esse foi o caso dele.”

A pesquisadora encontrou registros de que Lacerda, o pai, era sócio em ao menos duas embarcações fretadas para fazer viagens negreiras para África no final da década de 1830 — a importação de escravizados africanos para o Brasil já era proibida desde 1831.

As embarcações foram apreendidas e condenadas pela Marinha britânica. Por isso, os registros de seus donos permaneceram arquivados.

“A documentação sobre o tráfico ilegal é justamente para as viagens que não deram certo. Quantas outras deram certo e não sabemos?”, questiona Silvana.

De acordo com ela, era comum que comerciantes da época entrassem no tráfico, realizassem algumas viagens, ganhassem um bom dinheiro e investissem em outros negócios que tinham.

Lucros com viagens negreiras ilegais permitiram a Antonio Francisco de Lacerda enviar os filhos para estudar no exterior e abrir a Companhia de Transportes Urbanos, que faria o Elevador Foto: Getty Images / BBC News Brasil

No caso de Antonio Francisco de Lacerda, o lucro foi usado em empreitadas como uma estrada de ferro, a maior fábrica de tecidos do país no século 19, o Banco da Bahia e a Companhia de Transportes Públicos. Seus filhos foram enviados para estudar em países como Suíça e Estados Unidos, algo que só estava ao alcance de família abastadas.

Em 1856, o filho, Antonio de Lacerda, volta ao Brasil sem concluir o curso de Engenharia que havia começado nos Estados Unidos e assume os negócios do pai. Alguns anos mais tarde, ele consumiria boa parte da fortuna familiar na construção do Elevador.

Discursos da família reproduzidos em jornais da época, no entanto, dão a entender que o Lacerda filho não acreditava ter recebido o devido reconhecimento por sua obra. Um de seus netos reclamou, inclusive, de seu ressentimento por ter que pagar a própria passagem, que, na época, custava o equivalente a R$ 0,10.

O grito de liberdade eternizado nas ruas 13 de Maio

Desde o final dos anos 1970, parte do movimento negro brasileiro questiona a importância do dia 13 de maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea, em contraposição à narrativa de que a abolição da escravidão teria sido uma generosidade da família real para com a população negra.

No entanto, as ruas de Salvador contam outra história. Em seu mapeamento, os historiadores do site Salvador Escravista encontraram sete ruas Treze de Maio na cidade, quase todas elas em bairros periféricos, como Liberdade e Paripe, cuja maioria da população é negra.

Segundo a historiadora Iacy Maia Mota, professora na Ufba e autora de uma tese sobre as reações à abolição na Bahia, a nomeação das ruas dá uma pista sobre a importância real que a data teve na vida das milhares de pessoas cujas vidas foram impactadas pela lei.

“Eu tenho esse debate com ativistas do movimento negro sobre a necessidade que temos de valorizar o 13 de maio. Não podemos esvaziar o significado dessa data. Ela foi um resultado da luta abolicionista que as pessoas celebraram. Elas foram para as ruas, desafiaram os ex-senhores, afirmaram sua liberdade”, disse à BBC News Brasil.

A lei Áurea, segundo Mata, rompeu com a estratégia de abolição gradual da escravidão. Até então, a libertação dos escravizados ocorria através de leis como a do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1875). Mas ambas impunham condições à liberdade, como a indenização dos ex-senhores ou um tempo extra de servidão.

Mas as disputas jurídicas sobre a legitimidade da escravidão começaram a crescer no país, assim como o movimento abolicionista.

“Quando o Brasil se viu internacionalmente isolado em relação à manutenção escravidão – já que foi o último país das Américas a acabar com ela – e o abolicionismo virou um movimento de massa, os legisladores brasileiros se viram forçados a resolver o que eles chamavam de ‘a questão servil'”, diz a historiadora.

O resultado disso é que a lei promulgada em 13 de maio, que tramitou rapidamente no Parlamento e foi sancionada pela princesa Isabel, é a única sobre o tema a ter somente dois parágrafos: um acabando com a escravidão e outro revogando todas as disposições em contrário.

“Os escravocratas baianos sabiam das discussões no Parlamento, mas não imaginavam que seria aprovada a abolição imediata, sem indenização a eles e sem um dispositivo que obrigasse os libertos a continuar trabalhando. Eles foram surpreendidos e reclamaram muito”, conta Iacy Mata.

Muitos dos recém-libertados, por sua vez, passaram a se recusar ao trabalho nos moldes da escravidão. Jornais da época tinham relatos de escravistas que foram abandonados por seus cativos no dia 13 de maio – alguns retornavam apenas para informar que não trabalhariam mais para ninguém.

“Entre 1888 e 1889 explodiram pedidos pelo uso da força policial em várias cidades da Bahia, inclusive Salvador, para conter os libertos porque havia muito samba, festas nas ruas e recusa a voltar às fazendas. Isso era entendido como insubordinação aos ex-senhores”, conta Mata.

Imediatamente após a aprovação da lei, os recém-libertos começaram a abandonar as fazendas e recusar-se a trabalhar para os senhores; eram acusados de insubordinação Foto: Harry Hamilton Johnston | New York Public Library / BBC News Brasil

No momento da abolição, a Bahia abrigava cerca de 10% da população escravizada do Brasil. Os beneficiados pela lei Áurea eram identificados nos registros policiais como “13 de maio 88 recém-libertados”.

“Sabemos que a aprovação da lei não abalou as estruturas fundacionais do Brasil, porque não trouxe inclusão para os ex-escravizados na sociedade”, reconhece a historiadora.

“Mas ela colocou em xeque, em alguma medida, a hierarquia racial. Porque a liberdade, em tese, já não tinha cor. Foi uma mudança importante para aquelas pessoas. E o caráter popular da lei pode ser visto na geografia da cidade.”

Mas, se nas periferias da capital baiana encontram-se algumas ruas Treze de Maio, nos bairros nobres uma única avenida – entre a Graça e a Barra – é dedicada, de certo modo, à abolição da escravidão. Chama-se Princesa Isabel.

O barão que tentou frear a abolição

Também homenageado com uma longa rua no bairro da Calçada, na Cidade Baixa, o barão de Cotegipe foi um dos principais antagonistas da princesa Isabel no tema da abolição — mesmo fazendo parte de seu governo.

O barão, cujo nome era João Maurício Wanderley, foi um dos principais representantes dos interesses escravagistas na política brasileira. Ele também dá nome a ruas em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Paraná e até de um município no Rio Grande do Sul.

“Ele foi uma figura relevante em todo o país, mas sua memória pública não dá ênfase ao fato de que ele foi o escravocrata mais poderoso dos últimos anos do Império. E tomou muitas medidas em prol da perpetuação da escravidão”, disse à BBC News Brasil o historiador Felipe Azevedo e Souza, da Ufba.

Como presidente do Conselho de Ministros, uma espécie de primeiro-ministro durante a regência da princesa Isabel, ele propôs a lei dos Sexagenários, que libertava os escravos com 60 anos ou mais, mas os obrigava a pagar indenização ao senhor e a trabalhar por mais três anos para compensá-lo.

“Cotegipe acreditava piamente que a escravidão não era, por si só, um problema. O problema eram os maus senhores, porque os bons senhores iriam cuidar bem dos escravizados. Ele usava isso como argumento para adiar a abolição”, conta Souza.

“Em 1887, quando se debate o fim da pena de açoite aos escravizados, ele se posiciona contra, dizendo que é uma maneira de o senhor educar o escravizado como um pai educa um filho ‘dando-lhe uma palmada’.”

Segundo o historiador, o barão havia sido alçado ao posto, em 1885, justamente para refrear as tendências abolicionistas da princesa. O resultado disso foi que um aumento da repressão violenta às manifestações pela abolição, que ganhavam força. Líderes foram presos e caçadas humanas a escravizados que fugiam de fazendas, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, foram promovidas.

“O Exército foi convocado para atuar na repressão, e isso também gerou uma crise para o regime. De um lado, boa parte dos jovens oficiais, prendados em filosofia e imbuídos de um certo idealismo, eram abolicionistas. De outro, os oficiais mais velhos queriam o reconhecimento de heróis nacionais pela vitória na Guerra do Paraguai e sentiam que estava sendo reduzidos a capitães do mato”, diz Souza.

Sob pressão, o movimento pela abolição recorria cada vez mais a métodos radicais, como articular fugas coletivas de escravizados e criar quilombos urbanos para abrigá-los. E aumentava a tensão entre o barão e a princesa, que acabou conseguindo sua renúncia da presidência do Conselho dos Ministros.

Cotegipe ainda voltou ao Senado para votar contra a lei Áurea em 1888. E disse à princesa Isabel que ela libertou os escravos, mas perdeu o Império.

“O interessante é perceber que boa parte da crise que acabou por derrubar o Império foi ele mesmo que causou, justamente por ser um escravista inflexível. Foi ele que provocou uma crise com os militares e demorou para negociar com os abolicionistas e com os setores progressistas da sociedade”, conclui o historiador.

A revolta de escravizados que fez tremer o império — e foi apagada da cidade

O maior e mais importante levante urbano de africanos escravizados já registrado no Brasil ocorreu durante algumas horas entre os dias 24 e 25 de janeiro de 1835 em Salvador.

Em um sobrado na ladeira da Praça, no centro da cidade, cerca de 50 africanos de diversas etnias, muitos deles muçulmanos (conhecidos como imales, na língua iorubá, da África Ocidental), se reuniam quando foram cercados por forças de segurança.

Eles atacaram os soldados e dali saíram para libertar um de seus líderes, Pacífico Licutan, na cadeia pública. Enfrentaram mais soldados na praça Municipal e angariaram o apoio de outros grupos de africanos, libertos e escravizados, em um percurso por todo o centro até o Terreiro de Jesus, local onde hoje é o bairro do Pelourinho. A batalha sangrenta continuou até Água de Meninos, na Cidade Baixa, onde os africanos foram derrotados.

O Largo Terreiro de Jesus, no Pelourinho, foi palco de uma das batalhas entre os malês e os policiais durante a revolta, cujo objetivo final nunca foi conhecido Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em nenhum desses pontos, no entanto, há qualquer placa, monumento ou marco sobre a Revolta dos Malês.

“Mais de 20 anos atrás, eu e alguns colegas colocamos uma placa modesta de madeira marcando o lugar onde provavelmente a revolta começou. Não sabemos se a placa caiu ou foi retirada, mas ela não existe mais. Talvez essa tenha sido a primeira ação de demarcação da revolta na cidade”, disse à BBC News Brasil o historiador João José Reis, da Ufba, autor do livro Rebelião Escrava no Brasil – A História do Levante dos Malês em 1835.

Após a derrota, muitos dos revoltosos foram açoitados em praça pública, presos ou deportados à África. Quatro deles foram fuzilados no Campo da Pólvora, na Cidade Baixa, em local também mapeado pelo site Salvador Escravista como um dos “Locais esquecidos”.

Mesmo africanos que não participaram do levante passaram a ser perseguidos pela polícia, e senhores também passaram a impor a religião católica a escravizados muçulmanos.

O medo de outro episódio como aquele também tomou o Império. No Rio de Janeiro, africanos escravizados que chegavam da Bahia esperavam muitas vezes por meses dentro de navios sem poder desembarcar, até que tivessem uma ficha corrida aprovada pela polícia baiana que provasse que não participaram da revolta.

Por que, então, um momento tão importante da resistência à escravidão nunca foi marcado no espaço urbano?

“Isso faz parte de um pacote de apagamento da história do negro em todo o Brasil, e aqui em Salvador especificamente. É obviamente resultado de uma celebração da nossa história que privilegia temas não negros na monumentalização ou da nomeação de logradouros públicos. Por outro lado, vejo uma certa tendência de melhora”, diz Reis.

Um projeto aprovado pela Câmara dos Vereadores da capital baiana quer nomear a estação de metrô no Campo da Pólvora em homenagem aos malês, e colocar um monumento na praça onde fica a estação.

O grupo de pesquisadores chefiado por Reis, que reúne historiadores e museólogos de diversas universidades do Estado, também planeja um Museu da Escravidão e Invenção da Liberdade, que contemple não só o período da escravidão, mas toda a presença organização da população negra na política e na cultura brasileiras.

Apenas uma pequena rua no bairro da Liberdade homenageira o episódio, que foi o levante urbano de escravizados mais importante registrado no Brasil Foto: Google / BBC News Brasil

“É fundamental mostrar para as pessoas que os negros escravizados não se acomodaram, não aceitaram a situação de vítimas. Eles reagiram de muitas maneiras silenciosas, invisíveis, no cotidiano, mas também de maneiras barulhentas, espetaculares e espantosas, como foi a Revolta dos Malês”, afirma o historiador.

“E isso tem que ser inscrito na memória da cidade, particularmente na memória dos negros. Mas na dos brancos também, serve para todo mundo.”

Como contribuição ao site Salvador Escravista, João José Reis enviou uma pequena rua encontrada no bairro da Liberdade, conhecido por abrigar a sede de grupos culturais e políticos como o bloco afro Ilê Ayê e o Movimento Negro Unificado (MNU).

A homenagem torna o levante dos africanos de 1835 vitorioso, mesmo que não se saiba, até hoje, qual era o seu objetivo final — a rua foi nomeada Revolução, e não revolta, dos Malês.

Fonte:

Camilla Costa – @_camillacosta – Da BBC News Brasil em Londres
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Adab emite alerta sobre sementes ‘misteriosas’ que têm sido enviadas pelos Correios

27 de setembro de 2020, 10:29

Foto: USDA APHIS/Reuters

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) emitiu um alerta nesta semana para que a população baiana fique atenta ao recebimento de sementes “misteriosas” pelo correio, sem que tenha feito a encomenda do produto.

Quatro denúncias de recebimento de sementes de origem indefinida foram registradas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. O Ministério da Agricultura acompanha as investigações. Na Bahia, até o momento, nenhum caso foi notificado.

De acordo com o G1, o alerta da Adab é para que a população fique alerta e não utilize as sementes, caso elas cheguem pelo correio sem solicitação. Ressalta ainda que, em caso de recebimento desse produto, o morador não deve abrir ou jogar no lixo. As sementes devem ser encaminhadas imediatamente à ADAB ou à superintendência do Ministério da Agricultura no estado, onde passarão por perícia.

Ainda de acordo com a Adab, as embalagens surgem com selos da China, porém o governo chinês nega qualquer envio, e ainda não é possível confirmar a procedência dos envelopes. “Não há informações seguras da origem dos envelopes que podem estar trazendo sementes de plantas exóticas […] mas, ao mesmo tempo, pode ser um grande perigo à saúde pública e à agricultura do nosso estado”, frisa o diretor-geral da ADAB, Maurício Bacelar.

As investigações ainda estão em andamento em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Como tudo ainda é uma incógnita, a preocupação com os pacotes passa ainda pelo receio que possam trazer doenças ou devastar plantações inteiras. Algumas pragas podem ser introduzidas na Bahia e provocar grandes prejuízos com a destruição de árvores adultas, causando desmatamento e prejuízos econômicos com destruição de pomares e ampliando o número de desempregados”, reforça Maurício.

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Eleições 2020: confira as regras e saiba o que pode e o que não pode fazer

27 de setembro de 2020, 10:15

No dia 15 de novembro, os catarinenses vão escolher os candidatos a prefeito e também a vereador, nas eleições municipais 2020. Esse pleito será marcado por algumas mudanças devido a pandemia coronavírus e é importante ficar atento às regras e ao que eleitores e candidatos podem ou não fazer. 

Dessa maneira algumas medidas serão tomadas para evitar ou reduzir a proliferação da doença. Entre elas estão no horário estendido da votação (das 7h às 17h), a presença de álcool gel nas seções eleitorais, o uso obrigatório de máscaras, protetores faciais para os mesários, entre outras medidas.

Vale destacar que duas semanas depois, em 29 de novembro, está previsto para acontecer o segundo turno. Esse pleito ocorrerá apenas nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

Quando começa a propaganda eleitoral?

A propaganda eleitoral está prevista para começar em 27 de setembro. Por esse motivo, os anúncios realizados antes desse período podem sofrer penalizações. Os candidatos, portanto, não podem pedir votos. No entanto, eles podem manifestar as suas opiniões.

O que pode ser feito nas eleições 2020?

Dois meses antes da data das eleições 2020, há algumas ações que podem ser feitas. 

Menções a candidatos

Pode ter menção à candidatura e a exaltação das qualidades pessoais dos candidatos desde que ambas as ações não envolvam um pedido explícito de voto;

Distribuição de folhetos

Os partidos poderão distribuir folhetos e outros impressos como material de propaganda eleitoral;

Anúncios nas redes sociais

Os candidatos podem utilizar anúncios pagos nas redes sociais impulsionar páginas ou publicações e também usar páginas (inclui sites ou blogs) e aplicativos de mensagens;

Vaquinhas virtuais

Candidatos podem usar o serviço de crowdfunding ou vaquinha virtual como uma das formas de financiamento da campanha. porém, as empresas são entidades interessadas devem cumprir vários requisitos previstos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral);

Bandeiras para distribuir material

É permitido o uso de bandeiras e mesas com o objetivo de distribuir material, desde que não atrapalhe o trânsito.

O que não pode fazer nas eleições 2020?

Quando se aproxima do período eleitoral há uma série de restrições e elas visam proporcionar, de forma geral, uma igualdade de condições entre os candidatos.

Nomeações de servidores

Desde o dia 15 de agosto, as autoridades municipais não podem nomear, contratar, admitir ou demitir servidor público municipal sem justa causa. Os gestores públicos estão proibidos de remover, transferir ou exonerar servidores do município até após de quem for eleito;

Brindes e shows

Não pode ter brindes e shows com artistas;

Transferências de recursos

É proibido fazer transferências voluntárias de recursos entre os entes federativos (por exemplo, da União aos municípios e dos estados aos municípios). As exceções ficam por conta das obras ou serviços em andamento de verbas destinadas para emergência e calamidade pública, como a Covid-19;

Distribuição de itens

A distribuição de adesivos, santinhos, panfletos, entre outros eventos, não podem acontecer depois do dia 14 de novembro — data da eleição do primeiro turno;

Aglomerações

É proibido no dia do pleito, até o fim do horário de votação, a aglomeração de pessoas com vestuário padronizado outros instrumentos de propaganda referidos a um determinado candidato;

Posts patrocinados no dia da eleição

No dia da votação, os candidatos não poderão publicar ou impulsionar conteúdos na internet;

Uso de veículos 

É proibido fazer o uso de qualquer veículo para divulgar link no dia das eleições.

O que levar no dia da votação?

Primeiramente, não se pode esquecer da máscara. Trata-se de um dos principais elementos de proteção contra o coronavírus. Dessa maneira, ao sair de casa o eleitor deverá colocá-la e permanecer com a proteção. Não será permitido alimentar, beber algo ou fazer qualquer atividade e deixa a retirada da máscara.

Também é importante levar os documentos dos básicos para a votação. Esteja em mãos, portanto, com o título de eleitor e um documento de identificação (identidade).

Caso seja possível, cada eleitor deve levar a sua própria caneta para assinar o caderno de votação. Isso porque, a medida evita ou ajuda a reduzir o compartilhamento de objetos. No entanto, as seções eleitorais terão caneta de uso comum aos eleitores que não puderem levar uma. Ela deve ser higienizada com álcool após cada uso.

É indicado ainda que as pessoas levem anotados os nomes e os números dos candidatos, a conhecida “cola eleitoral”. Com essa medida não há o risco de esquecer o número dos candidatos e, assim, será possível votar mais rápido.

Quais os cuidados devem ser tomados no dia da eleição?

Com a pandemia do Coronavírus é recomendável que o eleitor tome alguns cuidados no dia da votação para evitar a proliferação da Covid-19. São medidas básicas que ajudarão a garantir a segurança da sociedade.

Primeiramente, a Justiça Eleitoral orienta que o eleitor deve evitar levar as crianças ou acompanhantes para o local de votação. Essa medida visa evitar ou reduzir as aglomerações no dia do pleito.

Também é muito importante manter o distanciamento social. O eleitor deve manter uma distância mínima de 1 metro para as outras pessoas e evitar contato físico. Além disso, deve-se votar rapidamente e não permanecer nos locais de votação por mais tempo do que o necessário.

Não vote caso tenha algum sintoma do coronavírus. Se tiver febre no dia da votação ou teve a Covid-19 nas 2 semanas anteriores da eleição, a pessoa deve ficar em casa, pois é possível justificar a ausência posteriormente.

Álcool gel será obrigatório nas eleições 2020

Qual será o passo a passo da votação?

Passo 1

Após entrar na sessão eleitoral, o indivíduo deve ficar em frente à mesa e respeitando a distância de 1 metro. A pessoa deve exibir o documento de identificação a distância e esticando os braços em direção ao mesário.

Passo 2

Se o mesário não conseguir fazer a identificação, ele poderá pedir que o eleitor de dois passos para trás e abaixe e máscara rapidamente.

Passo 3

Depois de digitar todos os dados, o mesário lerá em voz alta o nome do eleitor. Caso esteja correto, o cidadão poderá guardar documento limpar as mãos com álcool em gel para assinar o caderno de votação.

Passo 4

Quando a urna for liberada o eleitor seguirá à cabine de votação para digitar o número dos candidatos a prefeito e vereador. Após votar, deverá limpar novamente as mãos com álcool em gel e sair da seção.

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Comando Vermelho se alia a facção local e se estabelece na Bahia

26 de setembro de 2020, 08:35

Foto: Nara Gentil/CORREIO

A facção carioca Comando Vermelho está se estabelecendo em Salvador, de acordo com o que indicam pichações em muros da capital baiana, além de mensagens de WhatsApp e monitoramento realizado pela polícia. A informação foi originalmente publicada pelo jornal Correio da Bahia e foi confirmada pelo Estadão.

A chegada do grupo às terras baianas aconteceu durante a pandemia do novo coronavírus e se deu através de uma aliança feita com uma facção local, a Comando da Paz, que foi criada em 2007. Agora, a CP, como é popularmente conhecida, funciona como uma célula do Comando Vermelho, que já tinha o hábito de fornecer armas e drogas para criminosos do Estado.

Um dos principais locais de Salvador que estão no domínio do CV é o Complexo do Nordeste de Amaralina, que também engloba os bairros de Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho. É na frente de uma base comunitária do bairro de Santa Cruz e a menos de 500 metros da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar que, em cor vermelha, a pichação “CP” e “CV” foram feitas. Após a reportagem do Correio, as pichações foram apagadas.

Nos grupos de WhatsApp, uma mensagem atribuída aos integrantes baianos do Comando Vermelho lamentava a morte do traficante Elias Pereira da Silva,  o Elias Maluco, uma das principais lideranças da facção. Elias foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Ele foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.

O texto compartilhado dizia ainda que a facção possui o comando de 26 localidades baianas, da capital e interior. “Dentro dos presídios baianos, já têm integrantes tanto do CV como do Primeiro Comando da Capital (PCC). De certa forma, eles já estavam presentes na Bahia. O que pode estar acontecendo agora é uma oficialização, se é que podemos usar esse termo”, explicou o especialista em segurança pública e coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia – Estácio FIB, coronel Antônio Jorge.

Para ele, essa oficialização pode trazer consequências para a segurança pública do Estado. “A chegada do Comando Vermelho muda a identificação das ocorrências ligadas ao narcotráfico. Poderemos ter um acirramento dos confrontos para conquista de território, como já ocorreu em outros estados”, disse.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani, lembrou que tanto o PCC como CV possuem uma disputa nacional e que os integrantes entram em conflito para controlar territórios. “O PCC já está presente na Bahia há cerca de seis anos, após começar sua expansão nacional. Para o Comando Vermelho, é uma questão de posicionamento estratégico ir para a Bahia e ocupar mais posições nesse jogo de xadrez que é o crime organizado do Brasil”, disse.

Também para o professor Rafael, a consequência disso tudo pode ser o aumento da violência no Estado. “Podemos ver crescimento no número de homicídios e de disputas em bairros pelo controle do tráfico. No Ceará, tivemos recentemente problemas graves por causa de uma guerra de facções. Nós sabemos que o Comando Vermelho é menos estruturado do que o PCC, mas as características de violência são parecidas”, afirmou.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia disse que qualquer organização criminosa que almeje se instalar na Bahia será combatida com ações de inteligência e de repressão. “Em 2020, o trabalho contra o tráfico de drogas apreendeu, até agosto, 3,2 toneladas de cocaína, número 913% maior do que o de 2019, e 10 toneladas de maconha, representando um aumento de 54%, na comparação com o mesmo período do ano passado”, disseram.

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Ex de Briatore diz que Schumacher só se comunica com os olhos

25 de setembro de 2020, 16:05

Foto: Reprodução

A modelo italiana Elisabetta Gregoraci, ex-mulher do empresário Flavio Briatore, disse na quinta-feira que o alemão Michael Schumacher, heptacampeão mundial de Fórmula 1, só se comunica com os olhos e é mantido sob cuidados graças a um hospital montado dentro da casa da família. Elisabetta teve informações sobre o alemão porque o ex-marido foi empresário de Schumacher e é um grande amigo do ex-piloto.

Os detalhes foram revelados durante conversa de Elisabetta na versão italiana do reality show Big Brother. Ao ser questionada por um colega da casa sobre o estado de saúde de Schumacher, a modelo afirmou que o alemão recebe poucas visitas. “Ele não fala. Ele se comunica com os olhos e apenas três pessoas podem ir vê-lo”, disse a modelo, que foi casada com Briatore de 2008 até 2017.

Segundo Elisabetta, a família de Schumacher deixou a Suíça para morar na Espanha. “Eles se mudaram para a Espanha e sua esposa fez um hospital na casa”, revelou. O alemão sofreu um grave acidente de esqui no final de 2013 em Meribel, no sul da França. O ex-piloto teve graves lesões cerebrais e desde que deixou o hospital as informações sobre o estado de saúde dele têm sido mantido sob sigilo.

A mulher de Schumacher, Corina Betsch, revelou recentemente que o marido continua reagindo lentamente ao tratamento. O filho do casal, Mick Schumacher, tem se destacado na atual temporada da Fórmula 2, mas também evita comentar informações sobre o estado de saúde do pai.

Maior campeão da história da Fórmula 1, Schumacher somou sete títulos mundiais e 91 vitórias. No entanto, pode ser superado pelo inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, ainda neste ano. O piloto da Mercedes está a um triunfo de igualar o alemão e é o favorito para vencer a temporada deste ano e chegar, assim, à sétima conquista.

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Governo libera entrada de estrangeiros em todos os aeroportos do país

25 de setembro de 2020, 12:17

Foto: Reprodução

O governo federal autorizou a entrada de estrangeiros, de qualquer nacionalidade, em todos os aeroportos do Brasil. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União de ontem (24) e prorroga, por 30 dias, a restrição à entrada de estrangeiros “por rodovias, por outros meios terrestres ou por transporte aquaviário.”

Em julho, o governo já havia liberado parcialmente a entrada de estrangeiros por via aérea, mantendo a restrição nos aeroportos de Mato Grosso do Sul, da Paraíba, de Rondônia, do Rio Grande do Sul e do Tocantins. Já no mês passado, a restrição atingiu os aeroportos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, de Rondônia, Roraima e do Tocantins.

Desde que os voos internacionais e a entrada de estrangeiros por outras vias foram restringidos em março, em razão da pandemia da covid-19, o governo vem avaliando, mês a mês, as medidas que devem ser mantidas.

A entrada por estrangeiros por via aérea está permitida desde que obedecidos os requisitos migratórios adequados à sua condição, inclusive o de portar visto de entrada, quando este for exigido. Aqueles que vierem ao Brasil para viagem de curta duração, de até 90 dias, deverão apresentar à empresa aérea, antes do embarque, comprovante de aquisição de seguro válido no Brasil, para gastos de saúde.

A portaria conjunta assinada pela Casa Civil e pelos ministérios da Saúde, Infraestrutura, Justiça e Segurança Pública autoriza, excepcionalmente, o estrangeiro que estiver em país de fronteira terrestre com o Brasil e precisar atravessá-la para embarcar em voo de retorno a seu país de residência, a entrar com autorização da Polícia Federal e dirigir-se diretamente ao aeroporto. Para isso, deverá apresentar demanda oficial da embaixada ou do consulado do seu país e os bilhetes aéreos correspondentes.

Com informações da Agência Brasil

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EXCLUSIVO – UTIs estão prontas para funcionar, afirma secretária de Saúde de Jacobina

25 de setembro de 2020, 08:51

Foto: PMJ/Sec. Saúde

Na tarde desta terça-feira (22), a secretária de Saúde de Jacobina, a enfermeira Adelzina Paiva recebeu em seu gabinete a reportagem do Notícia Limpa para falar das ações da pasta neste momento de pandemia, principalmente do funcionamento do Hospital Regional Vicentina Goulart (HRVG) que atualmente funcional como Centro de Referência para Covid-19, com atendimento para todos os municípios da região.

A secretária Aldezina, que assumiu oficialmente a função no dia 20 de abril, quando o município apresentava os primeiros casos de coronavírus, chegou com a tarefa de por em prática uma das principais cobranças da população, a implantação e instalação de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), como parte de enfrentamento da Covid-19. De lá para cá já se passaram 5 meses e a boa notícia é que em fim os equipamentos já estão prontos para atender pacientes, caso seja necessário. Segundo Aldezina, o atraso na implementação e funcionamento se deram em consequência de problemas técnicos, pois uma nova central de oxigênio medicinal teve que ser construída já que a que existia na unidade hospitalar não suportava os novos equipamentos e de questões burocráticas, pois normas e protocolos haviam sido exigidos pela Secretaria de Saúde do Estado. “Já contamos com profissionais intensivistas e cumprimos todas as exigências e fizemos a solicitação da habilitação dos leitos de UTI e das Semi Intensivas ao Governo do Estado. Acredito que no início do próximo mês (semana que vem), já estejamos com a habilitação aprovada”, prognosticou.

Aline Oliveira  e Adelzina Paiva

Acompanhada de Aline Cecília Lima Oliveira, diretora da Vigilância Epidemiológica, a secretária destacou a importância para o que considera ser uma das maiores conquistas da área de saúde da cidade. Segundo ela, Jacobina é referência em atendimentos de pacientes acometidos pelo coronavírus, com uma unidade exclusiva e disponível para não somente para os jacobinenses, mas para diversas cidades da região. “Ao contrário de outros centros de referência para Covid-19, que só recebem pacientes via regulação do Estado, nossa unidade, o Hospital Regional, tem atendido pessoas de 19 municípios”, informou, justificando a iniciativa ao fato de Jacobina ser considerada ‘cidade mãe’ da região: “o prefeito Luciano Pinheiro entende que além de se tratar de vidas, não poderia deixar de atender aos que precisam e nos procuram”, concluiu.

Quanto aos números de infectados pelo coronavírus no município a secretária reconhece que ainda esteja alto, mas destaca as medidas de enfrentamento tomadas pelo Poder Público local. Conforme a timoneira da Saúde de Jacobina é preciso que as pessoas se policiem e obedeçam as orientações com relação ao distanciamento e o isolamento social quando for possível, lavando sempre as mãos, fazendo uso de álcool em gel e, principalmente, usando máscara de proteção facial.

Perguntada se existe a possibilidade de voltar o ‘toque de recolher’ com o fechamento dos serviços considerados não essenciais, a secretária se limitou a dizer que “tudo pode acontecer”.

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Jacobina: JMC realiza pela primeira vez o ‘Dia da Imprensa’ de forma virtual

24 de setembro de 2020, 17:20

Foto: Print/Notícia Limpa

Aconteceu na noite desta quarta-feira (23), o já tradicional ‘Dia da Imprensa’, idealizado pela mineradora Yamana Gold (JMC) de Jacobina. Por conta da pandemia do Coronavírus, o evento que é realizado todos anos como forma de confraternização entre os profissionais de imprensa e a empresa, desta vez foi de forma virtual.

Um aplicativo de videochamadas foi disponibilizado para que os participantes convidados pudessem assistir à palestra que teve como tema: “Os desafios da comunicação em tempos de pandemia”, proferida por Jefferson Beltrão, jornalista, radialista, coach, practitioner em PNL, mestre de cerimônias, palestrante e instrutor de temas relacionados à comunicação social e ao desenvolvimento pessoal. Já a mediadora foi Lara Machado, jornalista, pós-graduada em Gestão da Comunicação Organizacional Integrada pela UFBA e assessora de comunicação da JMC, através da empresa Darana.

Após a palestra, jornalistas, radialistas, blogueiros e outros profissionais da área de comunicação, puderam externar suas opiniões referentes ao tema e sobre sua experiência com a comunicação escrita, falada, televisa e internet. “Obrigado a Yamana Gold pela homenagem e valorização a todos os profissionais de imprensa e a grande oportunidade de estarmos juntos que é algo muito raro”, escreveu o radialista Geraldo Oliveira, seguido pelo seu colega Marcílio Alves, “obrigado, muito bom, seria importante a cada trimestre, um evento como este. A gente aprende mais, obrigado a todos da Yamaha”. A Âncora do jornalismo da Rádio Clube FM, Maurício Dias também agradeceu: “Obrigado a todos da Yamana pela homenagem ao nosso dia e pela oportunidade de estarmos juntos nessa Live muito proveitosa”.

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Bahia: Ovinocaprinocultura transforma a vida de agricultores familiares de Iuiú

24 de setembro de 2020, 09:34

Foto: SDR

Agricultores familiares da comunidade de Lagedão, localizada no município de Iuiú, no Sertão Produtivo, viram na ovinocaprinocultura uma oportunidade de renda. Hoje, a criação de caprinos e ovinos é a principal atividade desenvolvida e os produtores já realizaram a venda de 800 animais para a Organização de Cooperativas e Produtores de Caprinos e Ovinos da Bahia (FrigBahia). O empreendimento é o principal frigorífico do estado, especializado na produção e comercialização de carnes especiais de cordeiros e cabritos, e outros comércios.

A comunidade foi beneficiada pelo projeto do Governo do Estado, Bahia Produtiva, com investimento de cerca de R$491,2 mil, que possibilitou a aquisição de cinco ovinos reprodutores puro de origem, para que os produtores melhorassem geneticamente seus rebanhos, além da aquisição de equipamentos como plantadeira, adubadeira, máquina forrageira e grade aradora, para o cultivo das terras. Foram investidos recursos também em 260 mil raquetes de palma miúda, para implantar nas propriedades como fonte de alimentação para melhorar a qualidade dos rebanhos.

A assistente territorial do Bahia Produtiva, que atua no Território Sertão Produtivo, Itamar Pina, conta que quando a associação de Lagedão se inscreveu no edital para receber recursos do projeto, nem todas as famílias inscritas possuíam rebanho: “Esclarecemos sobre a obrigatoriedade de as famílias garantirem as matrizes ovinos, vez que o Bahia Produtiva só estaria financiando os reprodutores. Por não obedecer aos critérios, meu parecer técnico foi então pela inviabilidade, porém o nível de boa qualidade da inscrição e o nível de organização da associação, garantiu a pontuação e a entidade foi selecionada com boa colocação. As famílias compraram as matrizes e com a chegada dos reprodutores, o rebanho ganhou corpo e se multiplicou em pouco tempo”.

O presidente da associação, Cleone Pereira, destaca que com o investimento foi possível construir também um escritório para a associação, que ajudou na gestão: “Além dos investimentos, contamos com assistência técnica. Todo esse conjunto valorizou nossos animais e o resultado já pode ser visto em comunidades vizinhas também”.

O Agente Comunitário Rural (ACR), que presta assessoria técnica a associação, Charles Bruno, lembra que o Bahia Produtiva chegou iniciou uma nova atividade na comunidade, onde poucas pessoas criavam ovelhas: “Com esse projeto chegamos a 20 famílias criando esses animais, proporcionando a nós, enquanto produtores rurais, desenvolvermos essa nova atividade, gerando emprego e renda para nossas famílias e município”.

O Bahia Produtiva é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.

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