Questão Palestina é o nome dado ao movimento do povo palestino em busca da criação de um Estado nacional da Palestina. Teve início há mais de sete décadas
"Questão Palestina é o nome dado ao movimento histórico do povo árabe palestino em prol do estabelecimento de um Estado nacional da Palestina no Oriente Médio. Esse movimento teve início a partir de 1947, quando uma resolução da ONU determinou a partilha das terras situadas entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo e a criação do Estado de Israel. Os palestinos ficaram, inicialmente, com 45% das áreas, mas foram gradualmente perdendo território. Desde então, os embates entre os árabes e os israelenses são constantes, e a Questão Palestina permanece sem solução."
"Resumo sobre a Questão Palestina
Questão Palestina é a atribuição dada ao movimento dos povos palestinos em busca da criação de um Estado nacional da Palestina no Oriente Médio.
Teve origem em um conflito histórico entre os árabes e os israelenses pelos territórios situados entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão.
Tem como principal causa a partilha desigual das terras realizada pela ONU em 1947, seguido da criação do Estado de Israel sem o estabelecimento de um Estado próprio para os palestinos.
Os conflitos entre Palestina e Israel nunca cessaram desde então, a despeito de acordos de paz e das determinações da ONU.
Recentemente houve a deflagração de uma guerra entre Israel e o grupo fundamentalista Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007. Tal fato instalou uma grave crise humanitária na região.
O que é a Questão Palestina?
Questão Palestina é o nome dado ao movimento histórico de retomada dos territórios palestinos no Oriente Médio e de reconhecimento formal de um Estado da Palestina por parte dos povos árabes. Esse movimento teve início com a criação do Estado de Israel por meio de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1947. Desde então, os conflitos entre os árabes e os israelenses se tornaram cada vez mais recorrentes, e os palestinos ainda seguem em busca da criação de um território nacional independente.
É importante lembrar, no entanto, que as disputas por territórios situados entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão não começaram na década de 1940. Trata-se de uma problemática muito antiga, e que remonta a períodos bíblicos. No entanto, podemos dizer que a Questão Palestina começou a se desenhar quando houve o surgimento e a difusão do movimento sionista, ao final do século XIX."
Contexto histórico da Questão Palestina
A Questão Palestina teve início com a emergência do movimento sionista, um movimento nacionalista judaico que surgiu durante a década de 1890 e tinha como principal objetivo a criação de um Estado nacional para o povo judeu. Cabe lembrar que os hebreus conviveram com os demais povos da Palestina, descendentes dos árabes, dos filisteus e dos cananeus que já viviam naquela parte do Oriente, por muitos anos, mas foram expulsos durante a ocupação exercida pela Babilônia e, também, durante a dominação do Império Romano. Esse episódio foi denominado Primeira Diáspora Judaica.
Ao final do século XIX, o sentimento nacionalista ganhou forças com a publicação do livro O Estado judeu, em 1896, escrito pelo jornalista judeu Theodor Herzl. Um ano mais tarde, foi realizado o I Congresso Sionista na Suíça, e foi nessa reunião que ficou decidido o início efetivo de um movimento em prol do estabelecimento de um Estado judeu na área que era, então, conhecida como Palestina. A maior difusão dos ideais sionistas ampliou a corrente migratória de judeus em direção àquela região.
Quando da ampliação do movimento sionista e da migração dos judeus para a Palestina, a região estava sob o domínio do Império Turco-Otomano, assim permanecendo até o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1917). Depois do conflito, com o fim do Império Otomano, a Liga das Nações, antecessora da ONU, transferiu o território para o Reino Unido, que passou, então, a exercer controle sobre aquelas áreas. Tal mudança foi favorável aos judeus, que, em 1917, ainda durante a guerra, haviam obtido o apoio britânico para a criação de um Estado próprio mediante a Declaração de Balfour.
A migração dos judeus para a Palestina cresceu durante a década de 1930 com a instalação de um regime nazista na Alemanha, regime esse que incitou a perseguição de judeus por todo a Europa, mas principalmente na região do Leste Europeu. De acordo com Cláudio Camargo, a população de judeus na Palestina era de 808 mil pessoas ao fim do conflito, em 1946.|1| Esse montante representava 41% da população total que vivia na região da Palestina na época.
Junto do aumento da população de origem judaica na Palestina, crescia também o sentimento nacionalista em ambas as partes, isto é, dos judeus e dos árabes. Com os conflitos iminentes, houve uma proposta de partilha do território já na década de 1930, mas sem sucesso.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tendo em vista a necessidade de obter apoio para combater seus inimigos de guerra, a Grã-Bretanha passou a apoiar a criação de um Estado nacional tanto palestino quanto judeu. Como veremos, isso fez com que a questão fosse transferida para ser decidida pela ONU, que assim o fez. Nesse ínterim, começaram os movimentos de resistência árabe com relação tanto ao domínio britânico quanto à imigração de judeus para a Palestina.
A partir de 1946, a Palestina deixou de ser comandada pela Grã-Bretanha, e a resolução das disputas territoriais passou a ser delegada para a recém-criada ONU. Começa, aqui, o que chamamos de Questão Palestina.
Principais causas da Questão Palestina
Além de tudo aquilo que foi descrito como contexto histórico, a principal causa da Questão Palestina é a forma como foi realizada a partilha do território entre os judeus e os árabes. Essa partilha foi feita pela ONU com base na Resolução 181, que data de 1947, determinando a seguinte divisão:
53,5% do território seriam destinados ao Estado de Israel.
45,4% do território seriam destinados aos árabes, para a Palestina.
Além disso, a cidade de Jerusalém, reivindicada como capital nacional por ambos os povos, seria controlada por agentes internacionais. Atualmente, essa cidade se encontra dividida, e Jerusalém Oriental está sob o domínio israelense. De toda sorte, os árabes não concordaram com a partilha da maneira como ela foi estabelecida, haja vista que representavam a maior parcela da população que vivia naquela área.
O Estado de Israel foi oficialmente criado em 14 de maio de 1948, e, diante da não aceitação dos árabes, foi deflagrada a Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949), que teve duração aproximada de um ano. Nesse período já havia sido instalada a Liga Árabe, organização de países árabes que tinha como objetivo, entre outros, a defesa dos territórios árabes e a garantia de sua soberania. A Questão Palestina é uma das principais causas defendidas no âmbito dessa entidade.
Após o fim do conflito, que findou com um armistício entre os israelenses e os países árabes em 1949, Israel tomou conta de aproximadamente 77% das áreas que haviam sido atribuídas à Palestina durante a partilha, reduzindo o território árabe à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, conforme mostra o mapa da imagem a seguir. Mais de 750 mil palestinos saíram à força de suas terras, e todo esse conjunto de eventos foi chamado, pelos árabes, de Nakba, termo que significa “destruição”.
Os conflitos entre os árabes e os israelenses continuaram nos anos subsequentes, como durante a Guerra dos Seis Dias (1967), depois da qual houve um novo movimento expansionista por parte de Israel, que anexou novamente áreas pertencentes ao território árabe palestino. Foi durante esse conflito que houve a incorporação de Jerusalém Oriental por Israel. Após isso, aconteceu a Guerra do Yom Kippur (1973), com Israel mantendo domínio sobre as áreas que haviam sido incorporadas ao seu território até então.
Pouco antes da Guerra dos Seis Dias, em 1964, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que obteve o apoio da Liga Árabe para a sua criação enquanto principal órgão representativo da Palestina e do Estado palestino em busca de reconhecimento internacional. A OLP era gerida pelo grupo Al Fatah, que surgiu no ano de 1959 e tinha como líder Yasser Arafat, que depois esteve à frente da Autoridade Palestina, que governa os territórios na Cisjordânia.
Em 1974, a ONU aprovou uma resolução reforçando o direito inalienável do povo da Palestina à autodeterminação, à independência nacional e à soberania.
Durante a década de 1980, em meio à continuidade dos conflitos que motivam a manutenção da Questão Palestina, ocorreu o surgimento do grupo paramilitar Hamas. Desde 2007, após vencer as eleições locais, o Hamas governa a Faixa de Gaza, parte do território palestino situada a sudoeste da Cisjordânia. Esse grupo, que apresenta um braço militar e outro político, sendo responsável por ações sociais na Palestina, é classificado por muitos países como um grupo terrorista.
Ao final dos anos 1980, seguido de conflitos que aconteceram no Líbano, teve lugar a chamada Primeira Intifada (1987-1993), quando os palestinos começaram a se rebelar contra os israelenses. O fim desse primeiro levante, em 1993, ficou marcado pela assinatura de um acordo de paz negociado em Oslo, Noruega, e que por isso passou a ser conhecido como Acordos de Oslo. A sua assinatura foi mediada pelos Estados Unidos, e aconteceu em Washington D. C., na presença do então presidente estadunidense Bill Clinton.
A Palestina, com isso, recuperou algumas áreas, notadamente na Cisjordânia. Entretanto, a aparente estabilidade na região não perdurou e, no início dos anos 2000, aconteceu a Segunda Intifada (2000-2004). Esse segundo levante teve um resultado ainda mais devastador no que diz respeito ao número de mortos: 1330 israelenses e 3300 palestinos. Acredita-se que o ponto final do conflito aconteceu com a morte do então líder palestino Yasser Arafat, em 2004.
Houve, mais uma vez, a ocupação israelita de áreas governadas pela Autoridade Palestina durante os embates da Segunda Intifada. Nota-se que, em 2002, quando os conflitos estavam em andamento, teve início, por parte do Estado israelense, a construção do Muro de Israel, também chamado de Muro da Cisjordânia, para promover a separação entre os territórios sob o domínio israelense e aqueles que pertencem à Palestina.
Estima-se que 390 km² de áreas passaram do domínio palestino para o domínio israelense, culminando na atual configuração que vemos no mapa.|3| É importante reforçar que a Questão Palestina segue até hoje, havendo uma escalada recente nos confrontos naquela região, como veremos adiante.
Em verde estão as áreas e os enclaves pertencentes, hoje em dia, à Palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.[4]Para saber mais detalhes sobre as causas da Questão Palestina e sobre os principais conflitos entre Israel e Palestina, clique aqui.
Qual a situação atual da Questão Palestina?
Os conflitos entre Israel e a Palestina nunca cessaram desde a partilha das terras na década de 1940. Contudo, houve uma intensificação dos confrontos nos últimos anos, culminando na guerra atual que está em desenvolvimento na região desde o dia 7 de outubro de 2023. As agressões começaram quando o Hamas, grupo fundamentalista que governa a Faixa de Gaza, invadiu o território israelense, matando e sequestrando civis. Tal ação incitou a deflagração de uma guerra entre Israel e o Hamas.
Milhões de cidadãos palestinos que vivem na Faixa de Gaza foram obrigados a deixar suas residências em função dos bombardeios constantes que atingem prédios residenciais, escolas e hospitais. Estima-se que a guerra já tenha provocado mais de 4000 mortes na Palestina e 1400 mortes em Israel, além de milhares de pessoas feridas e desaparecidas.
Diante da crise humanitária que se instalou, o Brasil, na condição presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), levou para apreciação dos membros dessa entidade uma resolução sobre a guerra entre Israel e o Hamas. A proposta de um cessar-fogo teve voto favorável de 12 países, mas acabou sendo vetada pelos Estados Unidos.
A Palestina possui o amplo suporte dos países árabes, enquanto nações como os Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Itália lançaram uma declaração conjunta, no dia 22 de outubro de 2023, apoiando o direito de Israel se defender.
Revista Escola
Escrito por : Paloma GuitarraraLicenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.