WhatsApp, Telegram ou Signal: qual app de conversa é mais seguro
20 de janeiro de 2021, 13:41
(Foto: Reprodução)
As novas políticas de privacidade do WhatsApp deixaram muita gente confusa sobre continuar utilizando o serviço e sobre as possibilidades de migrar para outros apps de conversa. Segundo o Facebook, os novos termos querem oficializar o compartilhamento de dados entre os apps da empresa, o que não agradou muitos usuários. Nesse meio tempo, Sugnal e Telegran viram o número de downloads disparar e seu rival tet que ir a público explicar porquê das mudanças neste ano.
Em termos de privacidade, qual é o app mais seguro para manter no smartphone? Existe diferença entre eles? Reunimos alguns pontos para comparar qual é o melhor app de conversa no smartphone.
Criptografia
A criptografia de ponta a ponta é um dos principais indícios de segurança e privacidade em aplicativos de conversa atualmente. Isso porque as mensagens com esse tipo de código não podem ser acessadas pela controladora do app, nem se elas quiserem descobrir o conteúdo das conversas.
“O usuário deve olhar a política de privacidade para saber quais dados são coletados e com quem eles são compartilhados”, afirma Bruna Martins do Santos, da associação Data Privacy Brasil. “Uma dica importante é ficar atento se o aplicativo tem criptografia de ponta a ponta, que é uma ferramenta que impede que a sua comunicação seja lida ou interceptada por terceiros”.
Nesse quesito, whatsApp, Telegran e Signal oferecem o recurso, mas não incluem as mesmas funcionalidades entre eles. No WhatsApp e no Signal, por exemplo, todas as mensagens são criptografadas, com a tecnologia de ponta a ponta, sem que seja necessário ativar nenhuma aba para isso. Elas já funcionam por padrão. Já no Telegram, as únicas conversas protegidas pela tecnologia são as que acontecem nos “chats secretos”, que precisam ser habilitados manualmente nas configurações. Aqui só há um derrotado: Telegram.
Verificação
Em relação à segurança, também é importante checar os mecanismos de proteção à conta do usuário, e não só à conversa. Uma das causas de invasão desses apps são estratégias de engenharia social, que atuam com golpes para roubar dados de acesso, aqueles que pedem algum tipo de código em troca de um prêmio, por exemplo.
A verificação de dois fatores é um dos meios de garantir uma camada a mais de proteção para essas contas. O WhatsApp possui um método, que deve ser ativado nas configurações, para que o usuário cadastre uma senha de seis dígitos, que é requisitada de tempos em tempos para continuar logado no app.
O Telegram também possui a verificação em duas etapas, assim como o WhatsApp — ela pode ser ativada nas configurações. Ao habilitar, é possível definir também uma dica, que fica salva no app para servir como lembrete caso a senha seja esquecida.
O que faz muitas pessoas classificarem o Signal como o mais seguro é uma tecnologia que vai além da confirmação de senhas para a identificação do usuário. O app conta com um código, que pode ser QR Code ou uma sequência numérica, que é enviada por meio de outro contato já aprovado previamente. Assim, apenas o dono de ambas as contas — a do Signal e a do outro meio de contato — pode verificar a autenticidade do app. Portanto, aqui quem leva é o Signal.
Compartilhamento e coleta de dados
O que mais causou confusão — e até certa indignação — com o anúncio do WhatsApp foi o compartilhamento de dados. A empresa afirmou aos usuários que iria compartilhar informações das contas do app de mensagem com o Facebook e que usuários que não concordassem com a condição teriam suas contas suspensas. O próprio Facebook, porém, voltou atrás e declarou que as contas poderiam continuar com os usuários, além de adiar para 15 de maio a vigência das novas políticas, Até lá, os termos continuarão os mesmos – e muita coisa ainda pode acontecer.
Os termos que o WhatsApp planeja implementar têm foco na integração entre os apps da empresa de Mark Zuckerberg com serviços voltados para fins comerciais, como o WhatsApp Business. Para quem começou a usar o WhatsApp nos últimos quatro anos, ou aceitou os termos lá em 2016, o Facebook já está coletando e compartilhando informações entre os seus serviços — entre esses dados estão número de telefone, modelo do aparelho, tempo de uso e foto de perfil.
O Signal e o Telegram também podem compartilhar os dados dos usuários, mas se comportam de forma distinta. Criada por um ex-funcionário do WhatsApp, o Signal exibe uma mensagem, em suas configurações, de que os únicos dados recolhidos são as informações de contato, mas que elas não são linkadas à identidade do usuário. O compartilhamento pode ser feito com autoridades da lei em casos de processo, investigação ou para evitar fraudes. Parceiros que trabalham com a empresa com serviços conectados ao app, como YouTube e Spotify, também podem receber as informações. O Signal, porém, não comercializa dados para fins publicitários.
Já o Telegram opera diferente: dados como identificação, agenda e informações de contato podem ser acessados pelo app e conectados à identidade do usuário. Algumas informações pessoais são compartilhadas informações com outros contatos do app, desde que permitido pelo usuário — entre eles, estão nome, número de telefone e o texto de descrição preenchido pelo dono da conta. As mesmas informações podem ser compartilhadas com as empresas que fazem parte do grupo que controla o Telegram. Autoridades também podem ter acesso a essas informações em casos de processo ou alguma ação judicial — embora a empresa afirme em seus termos que a última opção nunca foi necessária. O compartilhamento de dados não é feito com terceiros para fins publicitários.
Mesmo assim, ponto para o Signal (mas se você já vinha usando o WhatsApp, talvez seja tarde demais para se revoltar contra compartilhamento de dados).
Como escolher?
No final das contas, cada aplicativo tem sua própria comunidade de uso — não adianta, por exemplo, baixar um app que não tenha nenhum dos seus contatos — mas a principal questão levantada pela recente mudança do WhatsApp é o quão atentos os usuários estão com a sua privacidade.
“As pessoas estão prestando mais atenção em políticas de privacidade. Isso significa que as empresas precisam ter cautela redobrada e um esforço de comunicação mais informativo nessas mudanças, incluindo linguagem que não seja o juridiquês”, afirma Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio).
Assim, a solução ainda é ficar atento às letras miúdas dos termos do app e saber que nem tudo pode ser desativado dos apps. Fortalecer a segurança da conta e entender como cada aplicativo funciona também é fundamental para adaptar seus contatos e hábitos ao melhor mensageiro possível. A boa notícia é que ninguém precisa ficar sem se comunicar e que os três aplicativos citados podem ajudar nisso.
Fonte: Estadão
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