Vick

30 de agosto de 2018, 17:26

Por Marcelo Rodrigues – 

A Vick, minha idosa cadelinha de quase quinze anos, conseguiu recupera-se. Antes, fora um enorme trabalho para trazer-lhe de volta a frágil saúde, que poderia lhe dá mais alguns meses de vida. Aconteceu que um verme vazou um dos seus olhos e a deixou com um rombo assustador no rosto, o que fez com que muita gente sugerisse o sacrifício do animal, pois seria menos doloroso para ela e, de certo modo, mais cômodo para a gente. Mas não o fiz. Em vez disso, acionei a minha sobrinha Mariane, que ama bichos e sempre os protege dos maus tratos alheios, e lhe pedi ajuda para àquela situação. Com toda a paciência do mundo ela tratou da Vick, jamais se intimidando com a avançada ferida aberta e, em pouco tempo, a pequena cadela já retomava o curso natural da sua vidinha de cachorro.

Estou distante da Vick há alguns meses. Vim para Salvador e não pude trazê-la ainda. Deixei-a aos cuidados de uma boa senhora da Vila Feliz, e a idéia era buscá-la logo que pudesse, mas, quando soube da possibilidade do seu falecimento, fiquei bastante comovido e me culpei por tê-la deixado tão só. Lamentei a sua possível morte como se fosse a de um parente próximo e querido. Inconformado e também para me redimir do meu descaso, assim que pude, viajei de volta para Jacobina, a fim de tratar pessoalmente dela. Agora a Vick já se restabeleceu. Conseguimos retardar a sua partida, aquele fatídico momento reservado a toda criatura viva e do qual ninguém foge.

Salvador, agosto de 2018

 

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