Terra da cachaça, Salinas decreta lockdwn para conter coronavírus
13 de junho de 2020, 08:49
Salinas decretou fechamento do comércio até segunda-feira e definiu multa de R$ 1 mil para empresas por descumprimento (Foto: Reprodução)
A Prefeitura de Salinas, de 41,5 mil habitantes, no Norte de Minas, decretou o lockdown (modelo mais severo de isolamento) contra a transmissão do novo coronavírus. A conhecida Capital da Cachaça é o terceiro município – o primeiro acima de 40 mil habitantes – do estado a decretar o bloqueio total como medida preventiva contra a propagação da COVID-19. A medida extrema causou polêmica na cidade, com reclamações dos comerciantes locais, sobretudo, do ramo de alimentos.
Até agora, Salinas teve 26 casos de contaminação e a confirmação de uma morte pela doença respiratória. A justificativa do prefeito do município, José Antônio Prates (PSD), o Zé Prates, é que adotou a medida mais dura contra a transmissão do coronavírus com o objetivo de “proteger a vida”. O decreto 8.949, assinado pelo chefe do executivo na terça-feira, determina a adoção do lockdown na cidade até a próxima segunda-feira, quando a prefeitura vai avaliar a situação e decidir se suspende ou mantém o fechamento das atividades, total ou parcialmente.
Foi determinado o fechamento temporário do comércio local. Os supermercados, padarias e sacolões podem realizar vendas somente pelo sistema de entrega. Lojas de outros ramos do comércio não essencial estão fechadas. A circulação de pessoas nas ruas também está proibida até a meia-noite segunda-feira, “salvo por motivo de força maior”, em deslocamento em situação de emergência.
Quem desrespeitar as regras pode receber multa diária de R$ 1 mil para estabelecimentos comerciais e de R$ 150, em caso de pessoas físicas. Nas justificativas para determinar o fechamento das atividades, o prefeito Zé Prates argumenta que o município está situado as margens da BR-251 (ligação entre Montes Claros e a Rio-Bahia), que tem grande circulação de caminhões e carretas de diversas cidades do Brasil, inclusive de lugares onde há quantidade considerável de óbitos causados pelo COVID-19”.
Ele argumenta, também, que foram identificadas em Salinas diversas pessoas que chegaram das cidades onde há um número considerável de casos confirmados de COVID-19, inclusive das cidades de São Paulo, Belo Horizonte, e Montes Claros. Em uma transmissão pela internet, Prates disse que várias pessoas entraram na cidade de forma “clandestina”, sem passar pelas barreiras sanitárias implementadas pela prefeitura, classificando a atitude como “criminosa”.
Pressão O prefeito afirma ainda que “entre proteger a economia e a proteção da vida era visível que proteger a vida era mais importante. E foi o que eu fiz”. Um comerciante de Salinas do ramo de alimentos disse que a medida de fechamento total das atividades do município foi “pesada demais” que acarretou muitos prejuízos para a economia local. “Nunca tive tanto prejuízo na vida como nesta semana”, alegou o empresário, que pediu para não ser identificado.
Em entrevista ao Estado de Minas, ontem, o prefeito alegou que não teve conhecimento de reclamações por parte de pessoas do comércio local lembrando que o presidente da Associação Comercial de Salinas integra o comitê de gerenciamento crise criado pela prefeitura para tratar da questão da pandemia. Opositores do prefeito de Salinas criticaram duramente a decisão do chefe do executivo determinar o lockdown e alegam que faltou diálogo.
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