Taxa de mortes com cloroquina equivale à de quem não usa, diz estudo preliminar da Fiocruz
07 de abril de 2020, 13:40
De 81 pacientes que usaram, 13% foram a óbito, percentual parecido com o de estudos em que a droga não foi aplicada (Foto: Reprodução)
Os resultados preliminares de um estudo feito com a cloroquina pela Fiocruz e pela Fundação de Medicina Tropical mostraram que a letalidade, no grupo de pacientes com Covid-19 testado, em estado grave, foi de 13%.
De 81 doentes internados que tomaram o medicamento, 11 morreram.
A taxa de mortalidade verificada em pacientes em iguais condições que não usaram a droga é de 18%, segundo estudos internacionais, inclusive da China.
A proximidade dos dois índices não permite afirmar, por enquanto, que a cloroquina possa fazer diferença fundamental no tratamento dos doentes infectados pelo novo coronavírus.
“Os otimistas podem achar que [a taxa com o uso da cloroquina] é menor. Os pessimistas podem achar que é igual. Estatisticamente, é igual, na margem de confiança”, diz o infectologista Marcus Lacerda, da Fiocruz, que participa do estudo.
A pesquisa deve seguir, portanto, até que os dados sejam conclusivos. “Tudo pode. Mas não podemos achar nada”, diz ele, reafirmando que é preciso esperar pelas conclusões científicas e seguras do estudo.
Ele prevê que 440 pacientes, de diferentes hospitais do país, sejam testados –e pode durar ainda de dois a três meses. O grupo de pesquisa é integrado também pela cardiologista Ludhmila Hajjar, do Incor de SP.
A ideia inicial era que a metade dos doentes tomasse uma dose de 10g de cloroquina e o outro grupo, a metade disso.
A dose maior, no entanto, se mostrou tóxica, provocando reações indesejadas, como arritmia e “outras complicações graves”, diz Marcus Lacerda.
As conclusões preliminares já foram enviadas para publicação numa revista científica justamente porque os testes mostraram que a dose maior de cloroquina pode causar danos. E conclusões sobre a segurança dos doentes precisam ser rapidamente conhecidas.
“Quando comparamos os grupos de diferentes doses, vimos mais toxicidade na alta dose. Por isso suspendemos esse braço do estudo”, afirma o médico. “Agora todos usarão apenas a baixa dose.”
“Nosso estudo [até agora] apenas pode afirmar que a dose alta e muito tóxica”, conclui Marcus Lacerda.
Folha de S.Paulo
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