Sinal de rádio vindo do centro da galáxia está intrigando cientistas

14 de outubro de 2021, 16:10

Na prática, a luz estava vindo para a direção da Terra em parafuso, com um ritmo e razão desconhecidos e acabou desaparecendo depois de ter sido detectada (Foto: Reprodução)

Uma equipe de astrônomos na Austrália identificou, no decorrer de 2020, um conjunto de ondas de rádio provenientes do centro da galáxia. Depois destes ‘primeiros encontros’, tentaram calibrar instrumentos de monitorização mais precisos, mas o sinal acabou desaparecendo, assumindo um comportamento diferente daquele que tinha tido anteriormente.

Ziteng Wang, astrofísico que liderou o estudo publicado no Astrophysical Journal, explica que “a propriedade mais estranha deste novo sinal é que tem uma polarização muito elevada. Isto significa que a luz oscila só numa direção, mas essa direção roda com o passar do tempo”.

Na prática, a luz estava vindo para a direção da Terra em parafuso, com um ritmo e razão desconhecidos e acabou desaparecendo depois de ter sido detectada. A primeira detecção foi feita com leituras de um radiotelescópio .

Tara Murphy, coautora do estudo, afirma que “este objeto é único no sentido em que começou invisível, tornou-se brilhante, desapareceu e depois reapareceu. Este comportamento é extraordinário”. O objeto acaba por ser novamente detectado com o MeerKAT, um telescópio localizado na África do Sul, mas desapareceu no próprio dia e ainda não foi visto novamente.

Os pesquisadores atribuem este desaparecimento a instabilidades no campo magnético, levando a equipe a acreditar que o objeto não parou de emitir, mas sim que está emitindo apenas esporadicamente. Quanto à origem, há múltiplas teorias, sem que nenhuma seja completamente esclarecedora, com o objeto a ter características semelhantes às de uma classe conhecida por Galactic Centre Radio Transients, um grupo de objetos que emite ondas de rádio de perto do centro da Via Láctea.

A expetativa da comunidade é que o Square Kilometre Array, o maior radiotelescópio do mundo, com 130 mil antenas, possa ser usado em observações futuras e acabe por pegar novamente vestígios deste sinal.

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