Reforma no MAM da Bahia gera críticas por ameaçar projeto de Lina Bo Bardi

20 de dezembro de 2020, 15:14

O Museu de Arte Moderna da Bahia -o MAM-BA- está com obras em andamento para a reforma do restaurante e do atracadouro, previstas para serem concluídas em maio de 2021 (Foto: Reprodução)

Sem comando próprio há um ano, quando a diretora Tereza Lino foi exonerada, o Museu de Arte Moderna da Bahia -o MAM-BA- está com obras em andamento para a reforma do restaurante e do atracadouro, previstas para serem concluídas em maio de 2021, conforme divulgado nas redes sociais do museu.

A nomeação da direção do MAM-BA é tarefa do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Ipac, responsável pelos museus estaduais, que informou que “o cargo será ocupado tão logo existam indicativos de segurança mínimos para abertura dos equipamentos”, acrescentando que vem construindo a articulação para nomeação.

De frente para a baía de Todos-os-Santos, em Salvador, o MAM-BA funciona no Solar do Unhão, imóvel tombado do século 17. O restauro, inaugurado em 1963, foi um projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi.

Para Francesco Perrotta-Bosch, autor de biografia de Lina Bo Bardi que será lançada no ano que vem, as reformas que estão sendo feitas no MAM-BA descaracterizam a obra da arquiteta italiana.

Além da descaracterização física, a grande descaracterização é com relação à ideia de museu e de instituição que Lina Bo Bardi tinha para o Solar do Unhão”, diz. “Ela tinha um projeto cultural, mas ao mesmo tempo econômico, arquitetônico e de design extremamente singular, impressionante para aquele espaço, e ele vai totalmente contra a cultura do turismo e dos espetáculos.”

Esta etapa das obras do MAM-BA faz parte do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo. Segundo a Secretaria de Turismo da Bahia, as embarcações só poderão parar no novo atracadouro no embarque e desembarque no restaurante, que terá capacidade para 200 pessoas.

“Existia um píer de madeira, leve, mas o que está sendo feito é outra coisa, muito mais agressiva”, diz Nivaldo Andrade, ex-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil.

Ele afirma que intervenções anteriores também descaracterizaram o restauro original. “Lina pensou num espaço aberto para a Baía de Todos-os-Santos. Quando climatizaram, fecharam tudo.”

O Ipac informa, por meio de sua coordenação de comunicação, que até agora não recebeu críticas às abordagens de restauração que ocorrem no museu, ressaltando que todas as obras de reforma foram anunciadas desde o ano passado e trazem projeto analisado e aprovado pelo Iphan.

O MAM-BA tem obras de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Pierre Verger. No início de dezembro, o governador Rui Costa anunciou que o acervo do cineasta Glauber Rocha será instalado ali.

Fechado por causa da pandemia, o museu recebe cerca de 200 mil visitantes por ano.

  • Fonte: Folhapress 

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