Quando começa, de verdade, uma gestão pública?
24 de fevereiro de 2021, 19:40
*Por Gervásio Lima –
É muito cedo para emitir opinião ou fazer uma avaliação de uma gestão com apenas 60 dias do seu início. Ledo engano. Os detentores de cargos eletivos no Executivo ou no Legislativo, seja em nível nacional, estadual e municipal são passíveis de críticas, sejam elas construtivas ou não, desde o primeiro dia de mandato, sim. O comportamento do executor e do legislador já pode ser observado desde o ‘arriar das malas’, ou seja, no momento em que se oficializa a função.
Como diz o ditado popular, ‘é preciso mostrar para que veio logo no começo, pois amanhã pode ser muito tarde’. É compreensível as dificuldades encontradas pelos novos representantes, principalmente para os prefeitos de primeira viagem. Conhecer a máquina, o seu funcionamento e aprender a conduzi-la podem levar dias e até meses, mas não justifica insistir no discurso de que encontrou apenas bagunça e os ‘cofres’ vazios. Assim como outras desculpas, proferidas desde quando a terra era quadrada, condicionar determinadas dificuldades ao passado é repetir e se igualar àquele ou aquilo que considera falho.
Por conta da pandemia de coronavírus, o ano de 2020 foi atípico, inclusive no processo eleitoral. Ao contrário de outros anos, as eleições municipais aconteceram em meados do mês de novembro e o período de transição do Executivo que antes durava cerca de dois meses durou menos de um mês. Os novos chefes dos executivos dos municípios de todo o Brasil tiveram que ‘se virar nos 30’.
Mesmo com o curto tempo muitos conseguiram iniciar seus governos como ‘gente grande’, outros ainda patinam. Como dica de sucesso, para os especialistas em gestão pública, a primeira coisa a ser observada é a composição da equipe que iniciará o ‘jogo’, pois o time precisa ser técnico e ágil para que o prefeito, ou prefeita, eleito se antecipe e se informe sobre a administração municipal e seus procedimentos. Assim ele ou ela vai saber quais são os recursos disponíveis, qual a infraestrutura básica para levar adiante as políticas e quais são as em andamento. ‘É fundamental, e lógico, que os menos experientes tenham pessoas com uma qualificação mínima no setor público, que saibam como funciona a máquina governamental para poder tocar isso adiante’, pontuam.
O que pode se observar é que nas campanhas eleitorais não houve uma discussão técnica sobre os projetos de desenvolvimento das cidades, quase que não foi debatido este assunto. Foram muitas acusações, promessas e poucas discussões sobre de onde iriam tirar o recurso para fazer. Não houve também uma discussão sobre qual a arrecadação das prefeituras, seu equilíbrio fiscal, entre outros.
Recorrendo novamente ao esporte, um time amador dificilmente será profissional sem investimentos financeiros, humanos e técnicos. Com exceções…
*Jornalista e historiador
Boas Festas!