Prefeitura de Caém prioriza produtos da agricultura familiar para o ‘kit de alimentação escolar’ (Fotos)

20 de outubro de 2021, 15:25

O ‘Kit de Alimentação Escolar’ é destinado para as famílias de alunos que frequentam a rede municipal de ensino (Foto: Notícia Limpa)

A comunidade onde se vive, mesmo com as adversidades, é um lugar como qualquer outro, capaz de se reinventar através da força de vontade, da labuta e da busca inconstante de mecanismos para garantir a sobrevivência por parte dos seus moradores, sejam eles homens ou mulheres que têm o cansaço como uma espécie de prêmio, por considerar o trabalho um fortificante capaz de aumentar as forças e elevar a autoestima.

Partindo deste pressuposto, como forma de demonstrar suas capacidades até então não manifestada, moradores de comunidades rurais do município de Caém se juntaram através do sistema de associativismo e passaram a fornecer produtos da agricultura familiar para a prefeitura.

Muitos talentos culinários surgiram a partir da produção de guloseimas tradicionais locais como o beiju, o avoador e os sequilhos. Com a participação em sua maioria de mulheres, a oportunidade da venda do que se produz artesanalmente nas próprias comunidades onde se vive tem servido como incentivo para profissionalizar o negócio e consequentemente aumentar a escala de fabricação.

As aquisições são feitas pela Prefeitura, através de recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e coordenadas pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. A decisão de adquirir determinados produtos da própria comunidade é da gestão local; o que tem justamente acontecido em Caém. Para o prefeito da cidade, Arnaldo Oliveira, a valorização social e a econômica foram os fatores primordiais na decisão de incluir itens da culinária regional no Programa de Alimentação. “Acreditamos que a valorização é um instrumento vital para que uma comunidade saia do anonimato e passe a ter maior expressão social e econômica. É por meio do coletivo que a comunidade se fortalece e alcança objetivos comuns”, ressaltou o prefeito.

A reportagem do Notícia Limpa visitou algumas comunidades rurais para acompanhar a produção dos alimentos e conhecer algumas histórias, muitas de superação, da população.

“Passamos o dia todo na roça, capinando, consertando cercas, cuidando de animais e plantando quando Deus manda chuva. Hoje já enxergamos que podemos fazer mais e menos dispendioso”, destaca Elenita Oliveira dos Santos, moradora de Várzea Dantas, em Caém. A lavradora é uma das 11 mulheres que fazem parte da associação comunitária daquela localidade rural que passou a produzir sequilhos e fornecer para a Prefeitura Municipal. A primeira produção contou com mais de mil e 300 potes do produto, gerando pela primeira vez uma renda extra oriunda de um serviço não rústico. “Muitas amigas que não trabalham na roça ficavam em casa fazendo as tarefas domésticas sem ganhar nada por isso, agora já podem contar com um dinheirinho para comprar suas coisinhas”, disse Elenita.

Com histórias idênticas, moradores de outras comunidades rurais relatam as mudanças ocorridas após a produção e venda de seus produtos. No povoado de Giral além dos sequilhos, o avoador (biscoito de polvilho) também faz parte dos itens fabricados. “Doze famílias estão envolvidas, um número expressivo de pessoas beneficiadas. Uma ajuda bem vida, principalmente para as mães de famílias”, informou Ana Cláudia da Silva Oliveira, presidente da Associação Beneficente da Fazenda Giral (ABFG).

Uma das primeiras ações que caracterizam o empreendedorismo rural e familiar do município de Caém está presente igualmente na comunidade quilombola de Várzea Queimada, onde cerca de 20 famílias participam do processo de produção de biscoitos. Milhares de embalagens de avoador, sequilhos e beiju já foram entregues, o que tem feito pessoas como Janailda Santos de Jesus comemorar bastante. “Iniciativa louvável da prefeitura, o dinheiro que recebi por ter participado da produção dos biscoitos ajudou a comprar mantimentos para os meus quatro filhos”, enfatizou.

A mais tradicional e famosa fabricante de beijus da região não ficou de fora do programa de aquisição de alimentos. A Associação Quilombola de Bom Jardim (Aquibom), localizada na comunidade que leva o mesmo nome, já entregou 3 mil e 600 pacotes da iguaria e mais de cinco centenas de embalagens com sequilhos.

“Trabalhamos mais de vinte e quatro horas sem parar para conseguir produzir cinquenta mil unidades de beiju e cumprir o prazo de entrega. Foi um esforço que valeu a pena pois é a primeira vez que fomos convidados a fornecer para o município. Sabemos que este é o primeiro passo de outros que iremos dar”, salientou a secretária da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Recanto do Rio Mirim, Antonina Oliveira de Jesus. O Recanto, como é mais conhecida a comunidade, produz e fornece ainda, coentro, alface, couve e cebolinha.

Kit alimentação – Todos os produtos foram adquiridos com recursos do PNAE e fazem parte do ‘Kit de Alimentação Escolar’ para as famílias de alunos que frequentam a rede municipal de ensino. Montados com recursos próprios da Secretaria de Educação e sob supervisão nutricional os kits seguem os padrões de qualidade e quantidade estabelecidos. Além das hortaliças, os sequilhos, os beijus e avoadores, oriundos da agricultura familiar (produção local), os s kits contam com itens como arroz, feijão, leite integral, macarrão, farinha de mandioca, fubá de milho, óleo de soja, proteína de soja, bolacha, açúcar e café.

Conforme o prefeito de Caém, Arnaldo Oliveira, um dos principais objetivos da sua gestão é a valorização do ser humano, criando condições para que todos vivam com dignidade e a entrega do kit alimentação é mais uma das obrigações e compromisso que o seu governo tem com a população. “Cuidar das pessoas é uma das obrigações de uma gestão, assim como prestar contas e ter responsabilidades com os recursos públicos.”, destacou o prefeito.

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