Por que guard rail não consegue segurar carro elétrico em caso de acidentes

28 de agosto de 2024, 16:35

Os guard rails tradicionais, que são barreiras metálicas contra veículos desgovernados, podem não ser eficazes em segurar veículos elétricos durante acidentes (Foto: Reprodução)

Com o avanço da tecnologia automotiva, os veículos elétricos estão cada vez mais presentes nas estradas. No entanto, estudos recentes do Midwest Roadside Safety Facility e da Universidade do Nebraska, nos Estados Unidos, apontam para uma preocupação crescente: os guard rails tradicionais, que são barreiras metálicas contra veículos desgovernados, podem não ser eficazes em segurar veículos elétricos durante acidentes.

Este tipo de automóvel, com seu centro de gravidade mais baixo e peso significativamente maior em comparação com carros a combustão, apresentam desafios únicos para as estruturas de segurança rodoviária existentes. Os testes de colisão revelaram que, mesmo com guard rails projetados para minimizar rupturas e capotamentos, a eficácia é limitada quando se trata de carros elétricos.

Em colisões envolvendo um Tesla Model 3 e uma picape Rivian R1T, observou-se que o primeiro conseguiu levantar a estrutura do guard rail e passar por baixo, enquanto o segundo rompeu a proteção sem uma redução significativa de velocidade.

Um vídeo nas redes sociais mostra a diferença do impacto das colisões. A alta densidade das baterias e a estrutura dos veículos elétricos, geralmente mais rígidos, podem influenciar o comportamento do carro em caso de batidas.

A indústria automotiva defensora da eletrificação minimiza os riscos e enfatiza a segurança deste tipo de modelo. Segundo Carlos Augusto Roma, diretor-técnico da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), tanto as picapes quanto os SUVs elétricos têm centro de gravidade mais baixo que as a gasolina, além de conteúdo de segurança mais sofisticado que os a combustão – o que traria menor chance de se envolver em acidentes.

“Os Tesla e BYD estão servindo de benchmarking como padrão de segurança. Os elétricos são mais seguros que os a combustão quando comparados. Em breve, tudo será autônomo e os acidentes serão reduzidos a quase zero. O guard rail é para depois que aconteceu o acidente, e são muito importantes, mas o que precisamos fazer para que os carros não sofram acidentes é agir de forma preventiva”, afirmou.

A opinião difere um pouco do professor Jairo Souza, de Engenharia Mecânica da FEI. “Os veículos elétricos, com as suas novas arquiteturas que são caracterizadas pela instalação do pacote de baterias no chassi, promoveram uma melhoria na estabilidade contra tombamentos pelo fato de terem seus centros de gravidades mais baixos, se comparados aos veículos convencionais a combustão. Por outro lado, o fato de terem o centro de gravidade mais baixo requer uma revisão da infraestrutura rodoviária, especialmente no caso dos guard rails, que deverão suportar o novo comportamento das cargas dinâmicas dos veículos elétricos em casos de colisão”.

Diante desses desafios, surgem inovações em estudos como o guard rail inteligente, que não apenas absorve a energia de impacto, mas também a converte em energia rotacional, impulsionando o veículo para frente e impedindo que ultrapasse a barreira.

Uma das abordagens é reforçar a estrutura dos guard rails, utilizando materiais mais resistentes que possam absorver a energia cinética de impactos mais significativos, com propriedades de deformação controlada que possam se dobrar de maneira a reter o veículo sem causar danos excessivos, como já ocorre nas principais corridas de automobilismo.

Wandick Donett – Fonte: UOL

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