Por leitos de UTI, Paraná vai restringir venda de bebidas alcoólicas

20 de junho de 2020, 22:13

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, 419 pessoas morreram por causa da complicações da doença (Foto: Reprodução)

OParaná vai restringir a venda de bebidas alcoólicas e limitar o horário de funcionamento do comércio na tentativa de frear a onda de contágio pelo novo coronavírus. As medidas valem a partir da próxima segunda-feira, 22, e devem durar pelo menos duas semanas.

O número de pacientes diagnosticados com covid-19 no Paraná aumentou 415% em um mês – passou de 2.480, em 19 de maio, para 12.785 até a sexta-feira, 19. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, 419 pessoas morreram por causa da complicações da doença.

Em resposta ao avanço da pandemia, o governo do Paraná baixou dois decretos que afetam diretamente bares, shoppings e outros serviços não essenciais. As orientações são válidas por 14 dias e podem ser prorrogadas pelo mesmo período.

Um dos decretos abrange todo o Estado e proíbe a venda de bebidas alcoólicas das 22h às 6h. Além disso, neste intervalo de horário, o consumo de bebidas em vias públicas não será mais permitido.

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, o governador Ratinho Junior (PSD) defendeu as restrições como forma de preservar o sistema público de saúde. “A pessoa vai no bar, acaba bebendo demais, bate o carro, e fica usando o leito de UTI que estaria à disposição”, alegou.

O outro decreto é exclusivo para a Grande Curitiba. A fim de evitar aglomerações durante a pandemia, sobretudo no transporte público, os municípios da região metropolitana deverão adotar os mesmos horários de funcionamento estabelecidos pela capital.

O comércio em geral deverá abrir as portas às 10h e fechar às 16h. Os shoppings poderão funcionar de segunda a sexta, das 12h às 20h, e ficam proibidos de abrir aos sábados e domingos.

Desta forma, o governo espera aliviar a pressão sobre os ônibus nos horários de pico da manhã (6h às 8h) e da tarde (17h às 19h). “As medidas vêm no sentido de tentar escalonar os horários no transporte coletivo”, resumiu o secretário da Saúde, Beto Preto.

Os documentos têm caráter orientativo. Por isso, caberá aos 399 municípios do Estado normatizar as regras, estipular as punições cabíveis e fiscalizar. Apesar de serem orientações, o governo do Paraná afirma que há um acordo para que as prefeituras sigam os decretos à risca.

A decisão anula parcialmente a flexibilização das medidas de restrição impostas por uma norma orientativa publicada no dia 22 de maio. O documento permitiu a reabertura dos shoppings, por exemplo, que estavam fechados desde 19 de março.

O governador Ratinho Junior fez um apelo para que a população acate as proibições. Segundo ele, medidas de restrição definidas pelo Poder Executivo não bastam para combater a pandemia. “O que vai vencer o coronavírus é o bom senso e a consciência de cada cidadão”, afirmou.

Escalada preocupa

O aumento repentino dos casos confirmados de coronavírus colocou todo o Paraná em alerta. O Estado é a apenas o 20º do Brasil em números absolutos de diagnósticos, mas a crescente taxa de ocupação dos leitos de UTI preocupa as autoridades locais.

A maior taxa de incidência vem de Cascavel, na região oeste, que registra 305 casos para 100 mil habitantes. Sem leitos de UTI em número suficiente para tratar pacientes com covid-19, o município tem transferido doentes graves para Foz do Iguaçu, na região da tríplice fronteira.

Curitiba é a cidade com maior número de casos no Estado – são 2.663 diagnósticos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Na capital, um em cada quatro pacientes com coronavírus necessita de internamento.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 na rede SUS alcançou o pico de 86% na última terça-feira, 16. Curitiba encerrou a semana com 75% das vagas ocupadas.

Em todo o Estado, a estrutura paralela para atender pacientes infectados pelo novo coronavírus ganhou quase 780 leitos em três meses.

“Estamos entrando em uma fase diferente”, anunciou o secretário Beto Preto, ponderando que os dados ainda não indicam uma situação crítica como vista em outros Estados. “Porém, não há zona de conforto. É uma zona de trabalho para evitar que esses números piorem”, finalizou.

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