Para ser popular é indispensável ser medíocre

30 de janeiro de 2024, 13:41

(Foto: Gervásio Lima)

*Por Gervásio Lima –

O filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) defendia que “a arte imita a vida”, justificando que a arte é uma estratégia usada para vencer os empecilhos que sozinha a natureza teria dificuldades para superar. Entre as sua exemplificações, o filósofo afirmava que o homem à ético e político age com prudência, enquanto o técnico/artista age com habilidade, por meio da licença poética que lhe é concedida.

Já o famoso escritor Irlandês, Oscar Wilde (1854-1900), pregou o inverso: para ele, “a vida imita a arte mais do que a arte imita a vida”, destacando que existe um culto às ficções e a quem as interpreta. Independentemente do seu nível benéfico ou maléfico, uma grande quantidade de imitadores surgem de acordo com o sucesso que determinadas interpretações ou interpretadores fazem. Daí a preocupação de ‘a vida imitar a arte’ e o que se vê cotidianamente passe a ser comum, o politicamente correto.

Ao se adequar a comportamentos sociais impostos, o sujeito está propenso a se transformar naquilo que não é. Viver valores, crenças e outros sentimentos que não sejam verdadeiramente próprios, é mentir para si, causando um mal que fere a alma.

Nos primeiros parágrafos desta ‘inquietação textual’, dois grandes nomes da história filosófica e literária divergem seus pontos de vista em relação à vida e à arte, cada qual em seu tempo. Um viveu no período antes da Era Cristã (antes de Cristo) e o outro mais de dois mil e duzentos anos depois. A forma de interpretar não pode ser confundida com o ato de concordar. Cada momento expõe uma verdade ou realidade.

Pilotando a ‘máquina do mal’ com seu ajudante Mutley, Dick Vigarista era um dos principais personagens do desenho animado ‘A Corrida Maluca”. Os dois pilantras faziam de tudo para vencer uma corrida, inclusive utilizando-se de golpes sujos para deixarem seus adversários para trás; mas nunca conseguiram vencer, provando que o crime não compensa.

O desenho Corrida Maluca fez parte da infância de muita gente. O Vigarista  tinha tiradas como a famosa frase “pegue o pombo”. Uma forma de impedir o pombo, outro personagem do ‘cartoon’, de entregar mensagens secretas aos inimigos, motivo de o vilão estar sempre atrás do bicho, que usa sua inteligência para sempre ficar um passo à frente da trupe.

Recorrer a personagens fictícios e até mesmo reais é uma forma de caracterizar, ilustrativamente ou não, um momento e uma realidade vivida no passado e no presente, profetizando o futuro.

Corroborando com Oscar Wild, “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre”.

*Jornalista e Historiador

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