Padre é preso suspeito de abusar e gravar crime contra adolescente, forçar aborto e enterrar feto

21 de agosto de 2024, 14:03

Padre Paulo Araújo da Silva, de 31 anos, foi preso pela Polícia Civil do Amazonas (Foto: Reprodução/Diocese de Coari)

O padre Paulo Araújo da Silva, de 31 anos, foi preso suspeito por filmar e produzir cenas de sexo explícito com adolescente, exploração sexual, aborto e ameaça. O religioso foi detido neste domingo, 18, durante uma operação de combate à pedofilia deflagrada pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari. 

As investigações contra o padre foram iniciadas em setembro de 2023, após denúncias anônimas, recebidas pelo Disque 100, dos Direitos Humanos. A denúncia relatava que uma adolescente de 17 anos vinha sofrendo vários tipos de crimes, envolvendo estupro, gravação de vídeos sexuais, aborto, ameaça e violência doméstica.

“Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão, sendo apreendidos diversos materiais que serão analisados. A Igreja Católica colaborou com as investigações. A polícia solicita que outras possíveis vítimas procurem a delegacia para registrar suas denúncias”, afirmou em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 19, o delegado-geral adjunto da PC-AM, Guilherme Torres. 

Segundo o delegado José Barradas, da DIP de Coari, quando a adolescente apontada na denúncia anônima foi levada à delegacia para prestar depoimento, relatou que, desde os 14 anos, mantinha relações sexuais com o padre, e que chegou a engravidar dele. Segundo ela, o suspeito a obrigou a abortar.

“Nesse contexto, entra a participação de Francisco Rayner Barros Batista, de 34 anos, que está foragido. Ele é amigo do infrator e foi o responsável por fornecer à adolescente um medicamento chamado Misoprostol, que ela ingeriu e resultou no aborto. O feto foi expelido no quintal da casa de Francisco Rayner e enterrado no local. Isso foi confirmado tanto por fotos quanto pelo depoimento da vítima”, explicou o delegado.

Segundo Barradas, a adolescente também estava sofrendo muita violência psicológica, já que o padre obrigava ela a manter relações sexuais com ele e fazia constantes ameaças caso ela não continuasse, dizendo que “iria acabar com a vida dela, pois ela era sua e de mais ninguém”. Com base nas investigações, a polícia representou à Justiça pelo mandado de busca e apreensão e preventiva dos envolvidos.

Prisão do padre

Durante a prisão do padre na paróquia, os investigadores encontraram ele na cama com uma jovem que tinha acabado de completar 18 anos, o que leva os investigadores a acreditarem que ele mantinha relações com essa jovem desde quando era menor de idade.

“Foram apreendidos mais de R$ 30 mil em espécie no quarto dele, além de mais de 260 vídeos de cenas de sexo com adolescentes e com outras pessoas. Todo o material vai ser analisado pela perícia, juntamente com o notebook dele”, relatou o delegado.

A autoridade policial destacou que as investigações continuarão, devido a possibilidade haver outras pessoas envolvidas. No depoimento das testemunhas, foi mencionado que o padre aliciava outras pessoas. Além de manter relações com essa vítima, ele pedia para que ela trouxesse outras amigas, para que todos tivessem relações sexuais em conjunto.

Os suspeitos vão responder por vários crimes, incluindo omissão de assistência a crianças e adolescentes, conforme o Art. 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), que prevê penas de 6 meses a 3 anos de detenção; estupro de vulnerável, conforme o Art. 218-B do Código Penal; aborto realizado por terceiro, previsto no Art. 125 do Código Penal, com pena de 1 a 3 anos de reclusão; e ameaça, conforme o Art. 147 do Código Penal, combinado com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).

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