O brasileiro é, antes de tudo, um forte

17 de março de 2022, 08:32

(Foto: Reprodução)

*Por Gervásio Lima – Um novo normal se apresenta como a banalização de tudo que se foi construído em torno da essência do apaziguamento, das relações interpessoais e do que realmente é o respeito à vida. O egoísmo e as vicissitudes preponderam, enquanto o bom senso se confunde com o irreal.

O saber viver nunca foi tão necessário, principalmente no momento em que o comportamento passou a ser um termo que generaliza as escolhas em todos os sentidos. O novo não significa necessariamente boas mudanças, ao contrário, em muitos casos ele tem sido nocivo, perigoso.

As distorções propositais estão aliadas à falta da capacidade de interpretar determinadas mensagens. O querer apenas ouvir e falar o que considera como verdade absoluta é a ponta do iceberg, uma pequena parte de um problema que inevitavelmente pode gerar situações desagradáveis.

Como se estivessem em uma verdadeira guerra, onde o perigo é iminente, os indivíduos se comportam como se estivessem em um campo minado, colocando o fator sorte e sua crença religiosa como justificativa para o livramento.

A Angústia, o medo e até mesmo a vergonha por ter tomado determinada decisão ou ação têm transformado criaturas em seres introvertidos e rodeados de incertezas.

O novo normal não acontecerá quando tudo que se entende por ruim passar ou acabar; o novo normal nada mais é que a capacidade de aceitar as diferenças, respeitar o semelhante e não fazer juízo de valor através de conceitos antecipados.

Enquanto xenofóbicos, misóginos, homofóbicos, ’etaristas’ e outros tantos praticantes de discriminações e preconceitos não aprenderem que todos são iguais e dividem espaços no mesmo planeta, a normalidade não deixará de ser uma utopia.

Quem acredita que a prática do bem é um caminho ainda seguido pela maioria, não se deixa abater e nem dá lugar para o desanimo e o desespero. Parafraseando Euclides da Cunha, em seu clássico Os Sertões, ‘o brasileiro é, antes de tudo, um forte’.

As adversidades não são invencíveis e não podem ser usadas como subterfúgio. A partir das dificuldades é que se alimentam as forças para derrotar aquilo que aflige. O alento ao encarar uma ladeira é saber que ela não possui apenas subida, mas também descida.

Forte é o povo.

* Jornalista e historiador.

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