Mudanças climáticas começam a ter impactos na saúde humana
21 de setembro de 2019, 07:47
(Foto: Reprodução)
As mudanças climáticas estão acentuando e agravando doenças, atingindo principalmente crianças, grávidas e idosos.
Das doenças cardíacas às alergias, o impacto da crise já está sendo sentido em todas as especialidades da medicina. Um artigo publicado em agosto no New England Journal of Medicine apresenta diversos estudos para mostrar como a crise climática afeta cada área da saúde humana. A coautora do relatório e professora de medicina de emergência na Harvard Medical School Renee Salas, ressalta que “a crise climática está afetando não apenas a saúde de nossos pacientes, mas também a maneira como prestamos atendimento e nossa capacidade de realizar nosso trabalho. E isso está acontecendo hoje”.
Alergias
À medida que as temperaturas aumentam, as plantas produzem mais pólen por períodos mais longos, intensificando as estações das alergias. O aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera pode fazer as plantas crescerem mais e causar mais pólen de grama, causa de alergias em cerca de 20% das pessoas. O dióxido de carbono também pode aumentar os efeitos alérgicos do pólen.
A especialista em ouvido, nariz e garganta da Faculdade de Medicina George Washington, em Washington DC, Neelu Tummala, afirma que atende muitos pacientes com rinite alérgica ou inflamação da cavidade nasal, congestão e gotejamento pós-nasal. “Antigamente, o pólen das árvores era apenas na primavera, as gramíneas eram apenas no verão, e a ambrósia era no outono. Mas isso está mudando”.
Grávidas e recém-nascidos
As grávidas são mais vulneráveis ??ao calor e à poluição do ar, fatores que estão se agravando devido às mudanças climáticas. A ginecologista obstetra de San Diego, Bruce Bekkar, compilou 68 estudos feitos nos Estados Unidos sobre a associação entre calor, poluição e as partículas de poluição provenientes de combustíveis fósseis e como eles estão relacionados com os números de nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer e natimortos.
Fonte: Divulgação/Pixabay.
A pesquisadora afirmou que ela e sua equipe encontraram uma associação significativa em 58 dos 68 estudos, que abrangem, ao todo, 30 milhões de nascimentos nos EUA. “Estamos descobrindo que temos um número crescente de crianças nascidas em um estado enfraquecido devido ao calor e à poluição do ar. É um impacto muito mais difundido e contínuo do que pensar nas mudanças climáticas como a causa dos furacões na Flórida”.
Além disso, doenças transmitidas por insetos, como o vírus Zika, também são um risco para o desenvolvimento de fetos.
Doenças cardíacas e pulmonares
O aumento da poluição do ar acaba estressando o coração e os pulmões e está diretamente ligado ao aumento de hospitalizações e mortes por doenças cardiovasculares e outros problemas respiratórios, como os crescentes ataques de asma.
Desidratação e problemas de rim
Os dias muito mais quentes tornam mais difícil a hidratação, intensificando desequilíbrios eletrolíticos, pedras nos rins e insuficiência renal. Pacientes que precisam de diálise devido à problemas renais podem ter problemas para realizar tratamento durante eventos climáticos extremos.
Doença de pele
Temperaturas mais altas e o enfraquecimento da camada de ozônio aumentam o risco de câncer de pele. Os mesmos gases que danificam a camada de ozônio contribuem para as mudanças climáticas.
Doenças infecciosas
A mudança de temperatura e os padrões de precipitação permitem que alguns insetos se espalhem mais e transmitam doenças como a malária e a dengue. A cólera e a criptosporidiose transmitidas pela água aumentam com a seca e as inundações.
Fonte: Divulgação/Pixabay.
Doenças digestivas
O calor está associado a riscos mais altos de surtos de salmonela e campylobacter. Chuvas extremas podem contaminar a água potável. Microrganismos prejudiciais que prosperam em temperaturas mais altas também podem causar problemas gastrointestinais.
Doenças mentais
A American Psychological Association criou um guia de 69 páginas sobre como as mudanças climáticas podem induzir estresse, depressão e ansiedade. Pessoas expostas ou deslocadas por condições climáticas extremas, como furacões, correm um risco maior de enfrentar problemas de saúde mental. Calor extremo também pode piorar algumas doenças mentais.
O Howard Center para Jornalismo Investigativo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, descobriu que as chamadas de emergência relacionadas a condições psiquiátricas aumentaram cerca de 40% em Baltimore no verão de 2018, quando o índice de calor subiu acima de 39º C.
Fonte: Divulgação/Pixabay.
Doenças neurológicas
A poluição por combustíveis fósseis pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral. A combustão de carvão também produz mercúrio – uma neurotoxina que atinge fetos. Doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos aumentam a chance de problemas neurológicos.
Nutrição
As emissões de dióxido de carbono estão diminuindo a densidade nutricional das culturas alimentares, reduzindo os níveis de proteína, zinco e ferro das plantas e levando a mais deficiências nutricionais. O suprimento de alimentos também é interrompido pela seca, instabilidade social e desigualdade ligadas às mudanças climáticas.
Boas Festas!