MP prende no RJ candidato que declarou R$ 5,1 milhões em dinheiro vivo

15 de setembro de 2022, 14:21

Justiça autorizou prisão de Clébio Jacaré e outras quatro pessoas no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)

Na manhã desta quinta-feira (15), o candidato a deputado federal Clébio Lopes Pereira, o Clébio Jacaré (União Brasil), que declarou ter um  patrimônio de R$ 5,1 milhões em espécie ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , foi preso na terceira fase da operação Apanthropia.

A ação foi deflagrada em Itatiaia , município do Vale do Paraíba fluminense, pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ). A Justiça autorizou a prisão de Jacaré e de outras quatro pessoas, incluindo o vereador e ex-prefeito Silvano Rodrigues da Silva, o Vaninho.

O juiz Marcelo Rubioli, titular da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça, ordenou o afastamento de seis dos dez vereadores da Câmara Municipal de Itatiaia na decisão. Jacaré foi preso na casa em que mora na Barra da Tijuca e foi levado para a 16ªDP (Barra da Tijuca).

Os detidos são acusados de  peculato e de compor uma organização criminosa por assumir ilegalmente o controle da Prefeitura local, além de promover uma farra com os recursos públicos por intermédio de nomeação de funcionários fantasmas e de contratações fraudulentas.

A suspeita é que o mesmo grupo tenha dado esse  golpe em outras prefeituras fluminenses, arrendando-as dos líderes políticos locais.

Clébio Jacaré

Jacaré é apontado como um dos mais atuantes lobistas do Rio, com negócios suspeitos especialmente na área de Saúde.

Em 2020, o nome do candidato apareceu nas investigações da Operação Favorito — que, mais tarde, levaria à queda do governador Wilson Witzel — associado a dois empresários presos na ocasião por venderem máscaras ao estado a preços superfaturados. Um deles teria subcontratado uma empresa do grupo de Clébio para aplicar o golpe.

Além disso, no ranking dos candidatos mais ricos do Rio de Janeiro , Jacaré aparece em nono lugar, com um patrimônio total de R$ 15,9 milhões. Ele também é presidente da Doctor Vip Brasil, empresa que teria sido favorecida em negócios na área de saúde da Prefeitura do Rio (na gestão de Marcelo Crivella), de acordo com apuração do Tribunal de Contas do Município (TCM).

No pedido de prisão, o Gaeco afirmou que o esquema liderado por Jacaré arrenda informalmente prefeituras fluminenses, mediante pagamento de propina a prefeitos e vereadores e inicia uma série de negócios escusos.

As investigações apontam que Jacaré atuava como uma espécie de prefeito paralelo e oculto em Itatiaia, tendo indicado Fábio Alves Ramos, que seria um nome de confiança — também preso na operação — para ser o chefe de gabinete do prefeito Imberê Moreira Alves. Quando o negócio foi fechado, Jacaré e os parceiros teriam providenciado a exoneração de todo o secretariado e indicaram outros nomes para o lugar.

Segundo o Gaeco, a suspeita é que o mesmo esquema tenha ocorrido nos municípios de Japeri e em parte da administração de Belford Roxo.

No total, cinco pessoas foram presas na operação do MP:

Clébio Jacaré;

Júlio César da Silva Santiago, o Julinho;

Édnei da Conceição Cordeiro;

Fábio Alves Ramos;

Silvano Rodrigues da Silvia, o Vaninho.

Os desafios da investigação serão enfrentar o grupo em outras prefeituras do Rio e comprovar o pagamento de propina — motivo pelo qual os suspeitos de receber o dinheiro ainda não foram presos.

Em nota ao jornal O Globo , Clébio disse que sua prisão ocorre no momento em que sua candidatura a deputado federal vem crescendo em várias regiões do estado e que isso tem preocupado diferentes correntes políticas.

Ele também disse que não tem contratos em Itatiaia e, muito menos, é ligado a qualquer sociedade empresarial que tenha contratos com a prefeitura local. O candidato afirmou estar tranquilo, que confia na Justiça e que sua equipe seguirá tocando sua campanha eleitoral.

Mário Peixo, mencionado na operação Favorito, disse que não possui relação com as OSs investigadas na operação e que os verdadeiros responsáveis foram investigados por quatro anos e presos, na Operação Filhote de Cuco, do Gaeco- MPRJ.

Com informações de Agência O Globo

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