Jacobina: Autoridades ainda não se pronunciaram publicamente sobre os frequentes tremores de terra

12 de maio de 2021, 18:50

Moradores de Jacobina estão assustados e com medo dos frequentes tremores (Foto: Notícia Limpa)

De acordo com o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis), a terra está tremendo desde o mês de fevereiro deste ano em Jacobina. Até o dia 10 de maio já foram registrados dez tremores de magnitudes que vão de 2.OmR até quase 3.0mR (houve dois tremores em janeiro e fevereiro, três em março, um em abril e dois em maio).

As notícias, que chegam primeiro por meio da imprensa da capital baiana, têm deixado moradores apreensivos e temerosos, principalmente os que habitam próximos dos chamados ‘epicentros’, nas regiões das comunidades de Canavieiras e Itapicuru, onde os abalos são sentidos com mais intensidades.

O NOTÍCIA LIMPA conversou na manhã desta quarta-feira (12) com o geofísico Eduardo Menezes, do LabSis. Segundo Eduardo, as causas dos abalos sísmicos ocorridos em Jacobina ainda são desconhecidas e somente um levantamento mais apurado poderá indicar o que está provocando tais fenômenos. O geofísico esclarece que para isso se faz necessária a instalação de estações sismográficas no município para se fazer o monitoramento local e a partir daí realizar estudos e mapeamentos mais detalhados para identificar inclusive a origem dos eventos, já que a estação que mede os abalos sísmicos está instalada na cidade de Ponto Novo, a mais de 70 km distante de Jacobina.

O geofísico tranquiliza a população sobre a gravidade dos tremores para a população local. De acordo com ele, a probabilidade de danos físicos e materiais é muito pequena, apesar de, dependendo da frequência dos acontecimentos e da aproximação da zona urbana, rachaduras poderem ocorrer em paredes e muros de construções civis.

BARRAGENS DE REJEITOS DA JMC

Por vários dias o NOTÍCIA LIMPA tentou, sem êxito, marcar uma entrevista presencial com a diretoria da mineração Yamana Gold/JMC para tratar sobre os abalos sísmicos sentidos por moradores próximos da mineradora e os potenciais perigos para as barragens de rejeitos da empresa. A JMC se limitou apenas em dizer, através de mensagem, que “Contratou uma equipe de sismologia que está realizando os estudos e análises nas áreas de riscos sísmicos”. Informou que assim que tiverem os resultados dos estudos irão divulgar para a imprensa. “Nosso porta-voz está sem agenda no momento, mas estamos à disposição para atender os outros questionamentos por email, por meio de equipe técnica responsável”, justificou.

Barragem B1 – A Barragem B1 operou até o ano de 2010. Atualmente, a B1 está em obra de fechamento para atendimento ao PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) e consequentemente a descaracterização da barragem junto ao Órgão Ambiental. Barragem B2 – A Barragem B2 começou a ser implementada em 2008 e iniciou sua operação em 2010. Atualmente, encontra-se em obra da 1ª etapa da 5ª Fase de alteamento. A crista atual está na cota 605m e altura máxima de 92m. (Informações da JMC)

DEFESA CIVIL DE JACOBINA

A reportagem falou por telefone com a coordenadora da Defesa Civil de Jacobina, Natália Alves. Ela informou que algumas reuniões já aconteceram para tratar sobre o assunto, mas não detalhou. Quanto às ações efetivas com relação aos tremores, disse que ainda não ocorreram, pois a ‘Defesa Civil atua quando existe solicitação para atendimento ou demandas graves’, o que, segundo ela, ainda não aconteceu.

A Prefeitura de Jacobina ainda não se manifestou publicamente com relação ao assunto.

A Universidade de Brasília constatou cerca de dez abalos sísmicos na região de Mariana (MG) antes e durante o rompimento da barragem que matou 19 pessoas

Possíveis tremores teriam sido a causa do desastre ocorrido no dia 5 de novembro de 2015 na barragem de Fundão, no município de Mariana, em Minas Gerais, em que  morreram 19 pessoas, no maior desastre ambiental do país. Na época, a Universidade de Brasília (UnB) chegou a confirmar que houve tremores antes do rompimento da barragem. Apesar de não confirmar que os tremores provocaram o rompimento da barragem, o professor George Sand França, do Observatório Sismológico da UnB, explicou à época que isso poderia ser possível. “As escavações e detonações podem desencadear tremores”, disse.

Registre-se que os abalos registrados em Mariana na época do desastre foram das mesmas intensidades dos que vêm ocorrendo em Jacobina.

Boas Festas!

VÍDEOS