Itajaí: Audiência pública em defesa da vida

12 de março de 2020, 09:16

Além de acionar o Ministério Público e a Polícia Federal, os líderes do movimento protocolaram uma denúncia junto ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) (Foto: Reprodução)

A mobilização do Movimento Itajaí Resistência, em defesa do rio Gongogi, já começa a dar resultados, considerando-se que conquistou da administração do Município o agendamento de uma Audiência Pública para se discutir os impactos ambientais provocados pela exploração de pedras ornamentais (quartzitos) na Serra da Cebola, região das nascentes do Rio Gongogi.

O movimento de resistência foi formado a partir da observação de que os resíduos provenientes da extração do Quartzito está comprometendo a única fonte de abastecimento de água da região, especialmente de Itajaí, distrito do município de Nova Canaã, localizado no sudoeste baiano.

Além de acionar o Ministério Público e a Polícia Federal, os líderes do movimento protocolaram uma denúncia junto ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA-Ba, com sede em Vitória da Conquista. Protocolada por representantes da Associação dos Produtores Rurais e por moradores de Itajaí, a denúncia está registrada com o número 013/220: “O que se espera é que os Órgãos fiscalizadores tomem as providências legais pertinentes para impedir que ocorra um desastre ambiental”, afirma Almir Filho, morador de Itajaí e um dos líderes do movimento.
A Audiência Pública está marcada para a manhã do dia 18 de março, quarta-feira, no Clube Social de Itajaí. Além da comunidade local, moradores de Nova Canaã e de outras cidades da região estão mobilizados para exigirem que as empresas Uilmon Ferreira de Oliveira e Cia – Ltda; Mineração Monteiro Coutinho Comércio Ltda, e Mineração Vale do Rio Pardo Eireli não obtenham a concessão para extração do quartzito, já que vêm realizando pesquisas desde 2019. “É preocupante que a administração municipal não tenha se manifestado em nenhum momento em defesa do meio ambiente, das nascentes da bacia do Gongogi, e nem pela preservação do único rio que abastece a comunidade de Itajaí. Além do impacto ambiental e cerceamento do uso da água, a extração também comprometerá o desenvolvimento econômico da região, com consequências na agricultura, na pecuária e no comércio”, alerta Uilson Pedreira, que também faz parte do movimento.

Em visita ao local no último dia 06 de março, uma equipe de professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB – Vitória da Conquista – avaliou que se as empresas continuarem com a extração, os danos serão irreversíveis, principalmente para os cerca de 1500 moradores de Itajaí e regiões próximas: “A exploração ocorre a apenas 400 metros do principal ponto de abastecimento de água do distrito e da região da zona rural e é evidente que os resíduos sólidos que desagregam das pedras facilmente, os rejeitos resultantes desse processo, vão impactar todo o ecossistema da região, afetando a bacia hidrográfica e comprometendo o reservatório de água que abastece a localidade de Itajaí e região”, pondera Andreia Sanches, professora de geologia da UESB.

O Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Município, Vanildo Andrade, informou que cabe à prefeitura analisar todos os documentos e dar o parecer final, favorável ou não ao processo de exploração. E justamente por isso que a liderança do Movimento de Resistência do Gongogi convoca a população a se manter mobilizada até conseguires a vitória: “O que está em jogo e não apenas a nossa saúde, mas a nossa própria vida, já que sem água não existe vida”, observa Meim LPe Gabriela, uma das lideranças do movimento.

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