Investimentos do Governo do Estado reforçam a atividade com o licuri em comunidades rurais baianas
09 de julho de 2020, 09:05
O licuri pode ser utilizado como base para diversas iguarias, a exemplo da cocada, cerveja, biscoitos, ou em diversas preparações, a partir do leite extraído da fruta batida (Foto: SDR)
A partir de pesquisas científicas e investimentos públicos, o licuri, fruto de uma das palmeiras típicas do Semiárido brasileiro, que há tempos era pouco valorizado, passa a ocupar, cada vez mais, um lugar de destaque na economia de diversos municípios da Bahia, como fonte de renda para agricultores familiares. O estado da Bahia, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o maior produtor de licuri do país.
O licuri pode ser utilizado como base para diversas iguarias, a exemplo da cocada, cerveja, biscoitos, ou em diversas preparações, a partir do leite extraído da fruta batida. Além do óleo, empregado popularmente com fins medicinais ou cosmético, como hidratantes para a pele e cabelo, ou como base para a produção de outros itens de cuidados com o corpo.
Uma dessas transformações está acontecendo na comunidade da Fazenda Boqueirão da Serra Grande, no município de Monte Santo. No local, famílias vinculadas à Associação Comunitária Terra Sertaneja (Acoterra) já começam a ver as primeiras mudanças que o processo de formação para a qualificação da atividade extrativista do licuri possibilitou. A associação, mantenedora da Escola Família Agrícola (EFA) de Monte Santo, atua em 16 comunidades rurais do município, e é uma das instituições selecionadas em editais do projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.
A agricultora Laudeci Maria de Santos, que trabalha com a quebra do licuri há cerca de 18 anos, observa as mudanças que já ocorreram na comunidade nos últimos anos, especialmente depois da valorização do produto. Laudeci conta que as ações realizadas pelo Governo do Estado incentivaram mais agricultoras e agricultores a iniciarem na atividade com o licuri, que é fonte de renda tanto com o fruto, quanto com outros produtos derivados.
A agricultora fala sobre a expectativa com a chegada, na comunidade, por meio do Bahia Produtiva, da Unidade Simplificada para Beneficiamento e Produção do Óleo do Licuri, de equipamentos e da implantação dos terreiros, que possibilitarão a secagem adequada dos frutos: “Acredito que vai melhorar a vida da gente aqui, tanto na questão do licuri, quanto no incentivo a se cuidar melhor dos licurizeiros, o que vai ajudar muito a comunidade”.
Investimentos
A Acoterra está recebendo aporte financeiro do Governo do Estado, por meio do Bahia Produtiva, da ordem de R$ 1,7 milhão. Os recursos são destinados para a implantação de uma Unidade Simplificada para Beneficiamento e Produção do Óleo do Licuri, com máquinas e equipamentos para atender à demanda das comunidades Fazenda Boqueirão da Serra Grande e Fazenda Lagoa do Pimentel, que beneficiará diretamente cerca de 40 famílias. Também são ofertados serviços de assistência técnica e extensão rural (Ater), com capacitações sobre manejo da palmeira do licuri, manejo adequado da amêndoa e sobre o processo de extração de óleo.
O agente comunitário rural (ACR) do Bahia Produtiva, Magno Carvalho, que atua junto à Acoterra, prestando o serviço de Ater, conta que, no início, o óleo e a torta, que resultavam do processamento da amêndoa de licuri, eram vendidos para fábricas de sabão em Euclides da Cunha e Miguel Calmon, a preço baixos: “Com o passar do tempo, o trabalho para o melhoramento do óleo, possibilitou alcançar melhores preços”.
Carvalho conta ainda que no início o valor pago pelo quilo da amêndoa era de menos de R$ 1, em geral, pelo alto índice de rancificação do produto. Ele observa que com a qualificação da atividade, o valor pago às famílias passou a ser de R$ 3 pela amêndoa utilizada na preparação do óleo bruto, R$ 5 para o azeite e R$ 10 para a amêndoa de petiscos.
Luís José dos Santos, da comunidade rural Boqueirão da Serra Grande, já trabalha com o licuri há 50 anos e conta que sempre tem uma boa produção de licuri todos os anos, mas antigamente eles vendiam o licuri por um preço muito baixo para evitar a perda: “De dez anos para cá começou a melhorar e espero melhorar ainda mais com o projeto Bahia Produtiva, com o galpão, os terreiros e as máquinas que virão, para melhorar os preços e também a vida de quem vive na comunidade”.
Oleaginosas
Por meio do edital de oleaginosas estão sendo destinados recursos da ordem de R$ 5 milhões em 15 projetos, distribuídos em municípios como Monte Santo, Caldeirão Grande, Caém, Capim Grosso, Várzea da Roça, Filadélfia e Andorinha.
Os principais investimentos são voltados para a implantação de unidades de extração do óleo do licuri, aquisição de máquinas e equipamentos para quebrar e despelar o licuri, e unidades de processamento e armazenamento. A ação vem transformar a realidade do trabalho, em sua maioria, das mulheres que quebravam e despelavam o licuri com o auxílio de pedras.
Boas Festas!