Hoje é o dia de São Francisco

04 de outubro de 2020, 08:14

(Foto: Reprodução)

Por Montiez Rodrigues – 

O santo que mais respeito na hagiografia católica é São Francisco de Assis, o medieval Francesco Bernadoni. Uma das mais belas cidades e de povo mais lindo que conheci foi San Francisco, na Califórnia. Velho Chico é o rio São Francisco que se esparrama banhando quatro estados nordestinos e agora, com sua transposição, adentra-se, também, pelo Piauí, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Francisco é Jorge Mario Bergoglio, nosso papa. Meu pai era Francisco, tenho ainda uma tia de nome Francisca e namorei uma Chiquinha, apesar de detestar as chiquititas. Santo ecológico, bem que empunharia a bandeira que a sueca Greta Thunberg agora agita.

Ganhei de batismo este nome porque um padre francês François Demontieux foi quem chefiou a delegação que trouxe ao Brasil a efígie original de Nossa Senhora de Fátima para uma peregrinação por todo o território nacional e que, quando minha mãe engravidou de mim, este padre passava uns dias em Juazeiro do Norte, onde nasci. O padre de pele morena tostada pelo sol da costa mediterrânea, a famosa Cote d’Azur francesa, era tão bonito que impressionou profundamente as jovens caririenses da época, entre elas minha mãe. Às vezes, desconfio que sou filho deste padre. Se eu fosse mais bonito, teria certeza! Por outro lado, talvez isto explique todo este amor que tenho pela língua e pela cultura francesa. Os nomes de meus filhos são franceses: Isabelle, Marianne e Brunnell. Até mesmo minha frustrada vocação pra ser padre ou frade franciscano pode ter se derivado disto.

Novas pesquisas científicas revelaram que as chagas de São Francisco de Assis eram lepra que ele havia adquirido em destemido e íntimo contato com os leprosos da época. Não eram as chagas de Cristo, como a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana fez o mundo acreditar nesta mentira que durou séculos. O best seller A CONSPIRAÇÃO FRANCISCANA também faz revelações do tipo. Então São Francisco das Chagas não tinha chagas; São Francisco do Oeste era do Nordeste; o do Canindé nem cantava nem tocava violão como o Canindé baiano; o do Conde não era nobre; o de Paula não era sambista nem nunca tinha visto um piano; o Xavier não era chaveiro; São Francisco do Sul era nortista e os outros Sãos Franciscos, todos eles milagreiros e que, apesar desta miríade de nomes, dá tudo no mesmo na hora de apelar para o Santo: VALEI-ME, MEU SÃO FRANCISCO!

Ainda bem que o futuro São Francisco Demontiez possui as mãos limpas, é do Cariri, canta e escreve nas areias do Facebook. Não é nobre, não fabrica chaves e nem toca piano. No futuro, alguns o chamarão apenas de São Chico ou Santo Demo para diferenciá-lo dos Sãos Franciscos algures.

Nestes tempos conturbados, de ameaças ao meio ambiente com a derrubada de florestas e incêndios criminosos na Amazônia, no pantanal e na mata do cerrado; de racismo e xenofobia exarcebados; e de uma concentração de renda tão cruel, seria tão bom se todos ao dormir e ao levantar pedissem tudo o que se reza na ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO:
“Senhor, fazei de mim um instrumento da tua paz…”

Boas Festas!

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