Governo de Minas adota fase roxa para todo o Estado com toque de recolher entre 20h e 5h

16 de março de 2021, 10:59

'Estamos aqui para preservar a vida dos mineiros. Tem um custo? Tem. Mas na minha opinião, bem menor do que a vida de todos os mineiros', diz Zema (Foto: Reprodução)

“Não quero que Minas Gerais vire palco de um filme de horror. Não há outra alternativa”, declarou o governador Romeu Zema (Novo) em entrevista coletiva no início da manhã desta terça-feira (16/3). Hoje, o governo detalha a imposição da onda roxa, fase mais restritiva do Minas Consciente, aos 853 municípios do estado na tentativa de conter o avanço da COVID-19. A medida já vale a partir de amanhã.
 
A adoção da onda roxa foi anunciada ontem pelo governador. Entre as medidas dessa fase, está o toque de recolher entre 20h e 5h, proibição da circulação de pessoas sem máscara, proibição de reuniões presenciais, entre outras. 
 
A medida é válida por 15 dias. “A outra alternativa seria se amanhã a gente conseguisse vacinar toda a população. Estamos atrás de cinco vacinas. Se eles laboratórios fornecerem para estados e municípios, a vacina vai chegar a Minas Gerais”, disse Zema nesta manhã. 
 
O governador avalia que, em até dois meses com vacinação, poderá haver uma queda expressiva no número de casos. Mas, enquanto isso, o “sacrifício” da maior restrição é necessário. 
 
“Estamos aqui para preservar a vida dos mineiros. Tem um custo? Tem. Mas na minha opinião, bem menor do que a vida de todos os mineiros”, pontuou. 
 
Além do governador, participam da coletiva o novo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, e o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Rodrigo Sousa Rodrigues. 
 
A proposta de ampliação da onda roxa para todo o estado foi lançada em reunião virtual fechada com prefeitos nessa segunda-feira (15/3). O sinal positivo dos municípios fez com que Zema decidisse editar decreto. Pouco depois da reunião, Zema publicou um vídeo confirmando as medidas restritivas. De acordo com o governador, todas as regiões de Minas enfrentam dificuldades em oferecer atendimento médico para quem precisa.
 
“Chegamos, agora, no momento mais difícil. Os hospitais estão no limite, ao mesmo tempo em que muitas pessoas não estão respeitando as medidas de isolamento. O resultado é que todas as regiões do estado enfrentam, hoje, dificuldades para oferecer atendimento médico. Por isso, ouvindo os especialistas em saúde e o nosso comitê de enfrentamento à COVID, anunciamos medidas mais duras, pensando na proteção de todos os mineiros e para garantir atendimento adequado”, disse o governador.

Belo Horizonte


De acordo com a deliberação do governo de Minas, a adesão dos municípios à fase roxa é obrigatória. Neste caso, por exemplo, a capital Belo Horizonte passaria a ter toque de recolher entre 20h e 5h. A onda roxa também prevê que as cidades instalem barreiras sanitárias, algo que BH voltou a fazer nesta pandemia da COVID-19 desde o dia 5 de março. Ao todo, a capital mineira conta com cinco pontos de inspeção, sendo três em avenidas movimentadas, além de uma na Rodoviária e outra na estação central do metrô.
 
A dinâmica do funcionamento da onda roxa na capital mineira tende a ser pelo caminho mais restritivo. No caso de Belo Horizonte, por exemplo, está proibida a abertura de lojas de construção civil, medida que passou a valer ontem. A onda roxa, por sua vez, autoriza o funcionamento do setor. Na última sexta-feira, ao anunciar mais uma série de medidas para conter o avanço do coronavírus na capital, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) falou sobre um possível toque de recolher na cidade, e classificou a medida como “inócua”.
 
“É inócuo. Não adianta abrir a cidade toda, como Sabará está fazendo, por exemplo, e amontoar todo mundo de dia, mas fazer toque de recolher durante a noite. Isso é uma brincadeira de péssimo gosto. O que temos que fazer é fechar de dia, pois aí não tem motivo para andar à noite”, disse. O Estado de Minas pediu um posicionamento à Prefeitura de Belo Horizonte sobre o anúncio do governador e aguarda retorno.
 

Onda roxa 


Uma das regras mais restritivas da fase citada é o toque de recolher, entre 20h às 5h. De acordo com a deliberação do governo de Minas, entre 20h às 5h, só poderão funcionar serviços essenciais, como setor de alimentos – exceto bares e restaurantes, que só podem funcionar via delivery –, indústrias, borracharias, entre outros. Nesta faixa de horário, deslocamentos por qualquer outra razão, com exceção aos trabalhadores das atividades autorizadas, deverá ser justificada perante a fiscalização, que terá apoio da Polícia Militar.
 
“Vamos reforçar os nossos turnos, principalmente nos horários de 15h às 23h e 23h até as 6h, para evitar a circulação. Onde não há guardas municipais, a própria Polícia Militar está sendo orientada para dar esse apoio aos municípios. Principalmente em relação a aglomerações em sítios, pessoas fazendo churrasco. Vamos atuar efetivamente, como foi feito durante o carnaval”, disse o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Rodrigo Rodrigues, ainda ontem.
 
A onda roxa também proíbe a circulação de pessoas sem o uso de máscara de proteção, seja em espaços públicos e privados, que sejam de uso coletivo. A regra também cita o veto para realização de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não coabitam. Eventos públicos e privados também não estão autorizados a acontecer, mesmo que respeitem as regras de distanciamento social.
 
Atualmente, Minas Gerais conta com cinco macrorregiões na onda roxa do Minas Consciente: Triângulo do Norte, Triângulo do Sul, Noroeste, Norte e Centro-Sul, além de algumas microrregiões. O padrão é que as localidades sigam a fase mais restritiva por 15 dias. No entanto, se a sugestão de Zema for colocada em prática, os municípios pertencentes às regiões ficarão por mais tempo na fase roxa.
 

Números elevados 


De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) ontem, o estado totaliza 974.594 casos e 20.687 mortes. O estado registrou a segunda maior média móvel no número de casos desde o início da pandemia, 7.147. Até o momento, a maior média foi verificada em 17 de janeiro, com 7.328 casos. Desta forma, a curva de transmissão do novo coronavírus segue em alta, com médias acima de 5 mil casos desde 23 de fevereiro.
 
O exemplo do avanço vertiginoso dos casos de coronavírus é verificado em Montes Claros, principal cidade do Norte de Minas. Ontem, de acordo com o boletim epidemiológico, o município somou 434 casos de coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número de pessoas contaminadas pela doença em um único dia. No mesmo dia, foram registradas 16 mortes provocadas pela doença. Com isso, a cidade totaliza, ate então, 21.895 casos confirmados e 383 mortes causadas pela COVID-19. Desde o dia 2 de março, os hospitais da cidade enfrentam a ocupação máxima de leitos clínicos e de UTI para pacientes do coronavírus.
 
Várias cidades do estado estão perto do colapso na ocupação de leitos de terapia intensiva para pacientes com COVID-19. Uberaba, no Triângulo Mineiro, por exemplo, está com ocupação quase que total de seus leitos de UTI/COVID. Do boletim epidemiológico do último dia 13 para o dia 14/3, a taxa de ocupação dos leitos UTI/COVID da rede pública registrou um considerável salto de 58% para 87%. No último sábado (13/03), o Hospital Regional José Alencar atingiu os 100% de ocupação destes tipos de leito.
 
Fonte: Estado de Minas

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