Flamengo demite segurança que socorreu meninos no incêndio no Ninho do Urubu
16 de agosto de 2022, 09:14
Ele recebeu a notícia no início do mês, quando estava próximo de completar 14 anos de clube (Foto: Reprodução)
Benedito Ferreira, segurança que ajudou a socorrer sobreviventes do incêndio no Ninho do Urubu, foi demitido do Flamengo. Ele recebeu a notícia no início do mês, quando estava próximo de completar 14 anos de clube.
O agora ex-funcionário foi contratado em 2008 e começou a trabalhar no CT em 2017. Após a tragédia, porém, foi transferido para outros setores e chegou a passar alguns períodos longe das atividades devido a problemas desencadeados após aquela noite. A informação sobre a demissão foi publicada, inicialmente, pelo “ge” e confirmada pelo UOL Esporte.
Em resposta à reportagem, o Flamengo informou que “não existe um motivo especial” para a demissão e explicou que “apenas seus serviços não estavam mais sendo necessários às demandas internas do clube”, apontando se tratar de “uma demissão sem justa causa, a mais comum que existe”.
Benedito havia acionado o time na Justiça do Rio de Janeiro cobrando uma indenização por danos morais e indicou sequelas deixadas após o episódio. O clube foi notificado em maio.
Em depoimento à Polícia Civil momentos depois do incêndio, o então segurança contou que foi chamado por outras duas funcionárias sob o alerta de que havia “fumaça no contêiner onde dormiam os atletas do time da base”, e relatou como ajudou alguns dos meninos que sobreviveram.
Ele apontou ter conseguido retirar “três paletas de grade da janela de um dos quartos” e puxado “Cauan, um rapaz que não se recorda o nome, Jonatha Ventura e Pablo Juan”. Jhonata teve cerca de 35% do corpo queimado, em maioria na parte superior, chegou a ter o estado considerado como gravíssimo. Ele voltou a atuar em junho do ano passado, em uma partida do Campeonato Brasileiro Sub-17
Em entrevista ao programa Fantástico, concedida em março de 2021, Benedito afirmou não se considerar herói.
“Eu não sou herói. Eu fiz o que estava lá para fazer. Não me considero herói. Me considero uma pessoa normal, que estava fazendo uma função e de repente me deparei com esse fato que vitimou esses 10 garotos”, disse, na ocasião.
Ainda na entrevista, o ex-vigia citou que alguns extintores não teriam funcionado. À época, o Fla se antecipou à exibição do programa e, por meio de nota, afirmou que “os pontos levantados por ele na entrevista narram uma visão pessoal dele, que não encontra amparo nos fatos, na lei e muito menos no inquérito criminal”.
VEJA NOTA DO FLAMENGO
“O Benedito não foi demitido por nada que tenha feito. Não existe um motivo especial. Apenas seus serviços não estavam mais sendo necessários às demandas internas do clube. Tecnicamente falando, trata-se de uma demissão sem justa causa, a mais comum que existe. Tendo, o mesmo, recebido todos os seus direitos trabalhistas.
No que tange ao acordo e ao incêndio, são assuntos que estão sendo debatidos na Justiça, no processo ajuizado por ele, razão pela qual o clube tratará deles apenas na demanda ajuizada”.
Folhapress
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