Ensaios agroecológicos forrageiros possibilitam autonomia e renda para agricultores familiares do Semiárido baiano

15 de maio de 2020, 18:22

A área de experimentação é coletiva e foi implantada em dezenas de comunidades acompanhadas pelo Projeto (Foto: SDR)

Milho, sorgo, moringa, leucena, mandioca e palma são algumas das plantas forrageiras que são cultivadas nos Ensaios Forrageiros Agroecológicos. A tecnologia implantada pelo Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), tem assegurado alimentos para os animais e renda para agricultores e agricultoras que vivem na região semiárida da Bahia.

“O ensaio é um espaço de produção de alimentos para o rebanho. Ele tem a característica de ser um espaço pedagógico de aprendizado, que estabelece uma relação em que técnico e agricultor experimentam formas de manejo de culturas. Além de ser um espaço de aprendizado e de produção de forragens, é um espaço que gera uma renda não econômica ao ajudar na redução do custo de produção de alimento para os animais”, explica o técnico do projeto da área produtiva, Victor Leonam.

A área de experimentação é coletiva e foi implantada em dezenas de comunidades acompanhadas pelo Projeto. O ensaio tem o objetivo de mostrar a viabilidade da produção agroecológica utilizando diversas técnicas como o uso de defensivos naturais, alelopatia, plantas companheiras, adubação orgânica, caldas bordaleiras e manejo ecológico de solo. A ideia é que os agricultores possam experimentar nessa área e implantar as culturas que deram certo nas suas áreas de produção individuais.

Rilza Maria Ferreira é presidente do grupo de mulheres da comunidade Lagoa do Boi, em Juazeiro, e tem sido uma grande incentivadora da produção no ensaio. Ela afirma que a adoção da tecnologia mudou a forma de produção na sua comunidade e tem garantido novas possibilidades de conviver com a seca e de assegurar renda para as famílias da região.

“Nossos hábitos estavam totalmente errados a gente mora no Semiárido e não sabia conviver com isso. Então, nossos técnicos da CAR nos ajudaram muito neste sentido de ver que a gente estava trabalhando de uma forma errada porque as famílias quase não tinham renda e a renda que tinham estava sendo gasta praticamente com insumos. Foi uma coisa tão boa que cerca de 20 a 25 criadores, que fazem parte do Projeto, resolveram fazer os cultivos num quintal no muro de casa. O ensaio é um dos elementos mais importantes do Projeto porque, quando eles viram que tava dando certo, todo mundo quis fazer em casa”, destacou Rilza.

Isso garante que, ao invés da dependência do mercado para a compra de alimentos para os animais, como farelo de milho, silagem e feno, essas famílias tenham renda, a partir da economia deste gasto, e soberania para produzir sua própria forragem. “O Pró-Semiárido mudou nossas vidas de todas as formas, mudou a compreensão dos agricultores sobre a criação de animais, hoje se for na nossa comunidade vai ver tudo muito diferente e até a união da nossa comunidade é outra”, ratificou Rilza.

A área em que foi implantado o ensaio na comunidade já rendeu uma colheita de material para ser armazenada em forma de silagem (técnica que permite o armazenamento de alimentos em sacos, túneis ou em valas, para ser fornecido aos animais em períodos de seca). Neste domingo, 17, a comunidade vai fazer um segundo mutirão para colheita, que garantirá mais insumos para a criação.

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