“Decapitações” de árvores nas margens do Rio Itapicuru em Jacobina indigna população

11 de novembro de 2021, 10:04

Árvores localizadas na Avenida Lomanto Júnior, em frente a sede do Ministério Público do Estaado, sofreram podas drásticas (Foto: Notícia Limpa)

“Estão assassinando as árvores de Jacobina”, bradou um transeunte ao presenciar no início da manhã desta quinta-feira (11), o trabalho de podas de árvores na orla da avenida Lomanto Júnior, no centro da cidade. “Estas ações criminosas só acontecem por omissão do poder público. Se essas árvores tivessem comprometidas com alguma doença, alguma praga ou parasita seria aceitável, mas neste caso percebemos que isso não justifica”, completou.

Ao receber a denúncia, o NOTÍCIA LIMPA, esteve no local e constatou que realmente estava acontecendo um crime ambiental. As árvores que margeiam um trecho do Rio Itapicuru estavam sendo podadas de forma drástica, ação condenada por ambientalistas, arboristas e biólogos e outros profissionais.

De acordo os trabalhadores que estavam realizando as podas, o serviço foi contratado por uma empresa de eletricidade e que sabiam informar se foi requerida licença ambiental à algum órgão do município.

“O sentimento é de indignação. O que estão fazendo com as árvores é uma brutalidade sem tamanho contra a natureza. Alguém precisa fazer alguma coisa. Infelizmente estamos em um mato sem cachorro”,”, reclamou um cidadão que não quis ser identificado.

O serviço de poda de árvores é obrigatório em algumas cidades, para manter a harmonia dos ambientes e por entender que as árvores são importantes para todo o processo sustentável do meio ambiente. De acordo especialistas, acontecendo de forma correta, adequada e sustentável a poda não compromete a estrutura da planta que também se beneficia com o processo, crescendo e se fortalecendo. Já a poda drástica é uma mudança brusca na condição da planta que causa um desequilíbrio entre superfície da copa e a superfície de absorção de água e nutrientes (raízes finas), danificando seriamente e causando perda de reservas energéticas do vegetal. Em espécies não tolerantes ao procedimento drástico de poda, pode acontecer a morte certa da árvore, e mesmo que não cause sua morte, a poda drástica reduz sua vida útil, degradando seu estado fitossanitário.

Há exatamente 30 dias, centenas de árvores nativas foram derrubadas às margens de um trecho da BR 324, próximo ao acesso à comunidade de Bom Jardim, a cerca de 5 quilômetros do centro da cidade. O estrago causado contra a natureza tem sido motivo de denúncias e reclamações por parte da população, mas até o momento nenhum pronunciamento oficial da Prefeitura Municipal, responsável pelas derrubadas, aconteceu. Milhares de troncos ficaram espalhados entre o acostamento da BR e parte de onde existiam frondosas árvores. O desmatamento está sendo considerado um dos maiores crimes contra a flora cometidos a partir da ação do Executivo municipal.

Crime ambiental – A prática da poda drástica infringe o artigo 49 da Lei Federal n° 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais): “Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia”. A pena é de três meses a um ano, ou multa de R$ 100,00 a R$ 1.000,00 por árvore, conforme previsto no artigo 56 do Decreto Federal nº 6.514/2008.

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