Coreia do Norte diz completar teste de míssil que pode atingir EUA

13 de julho de 2023, 11:33

O lançamento ocorreu no mesmo dia em que rivais do país asiático se reuniram na cúpula da Otan, a aliança militar ocidental (Foto: Reprodução)

 A Coreia do Norte disse nesta quinta-feira (13) que o teste com o míssil nuclear ocorrido na véspera foi bem-sucedido. Segundo Pyongyang, o projétil disparado foi um Hwasong-18, a versão mais moderna da arma balística intercontinental do regime de Kim Jong-un e que desperta preocupações no mundo.

O lançamento ocorreu no mesmo dia em que rivais do país asiático se reuniram na cúpula da Otan, a aliança militar ocidental. O projétil gerou alarme no Japão e caiu no mar após voar por 74 minutos.

Segundo a agência estatal norte-coreana KCNA, trata-se do voo mais longo de um míssil do país. O regime disse que o artefato, que tem capacidade de atingir o território americano, percorreu 1.001 km e atingiu uma altitude de 6.648 km. Imagens divulgadas nesta quinta mostram o ditador Kim Jong-un sorrindo e aplaudindo o disparo de forma enfática ao lado da mulher e de assessores.

“O teste de fogo é um processo essencial destinado a desenvolver ainda mais a força nuclear estratégica da Coreia e, ao mesmo tempo, serve como um forte aviso prático”, disse a KCNA, acrescentando que o lançamento foi uma “enorme explosão” que abalou “todo o planeta”. A agência acusou Washington de aumentar as tensões na região ao enviar submarinos e bombardeiros para a península coreana e conduzir exercícios com as Forças Armadas da Coreia do Sul, também rival geopolítico de Pyongyang.

O regime norte-coreano disse que a crise de segurança atingiu a fase mais crítica após a Guerra Fria. O líder Kim Jong-un, que supervisionou pessoalmente o teste, afirmou que o país tomará medidas cada vez mais fortes para se proteger até que os EUA e seus aliados abandonem o que chamou de políticas hostis.

O Hwasong-18 foi testado na Coreia do Norte pela primeira vez em abril. O combustível sólido consumido pelo artefato facilita seu armazenamento e transporte. Também permite o lançamento do míssil sem aviso ou tempo de preparação. O regime diz que a arma “aumenta a capacidade de contra-ataque nuclear”.

O lançamento de quarta (12) foi condenado por líderes dos EUA, da Coreia do Sul e do Japão. O Conselho de Segurança das Nações Unidas, que aprovou resoluções proibindo o desenvolvimento de mísseis balísticos e armas nucleares da Coreia do Norte, deverá se reunir nesta quinta para discutir o teste.

“Este lançamento é uma violação flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aumentando desnecessariamente as tensões e ameaçando desestabilizar a situação de segurança na região”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adam Hodge, em comunicado.

O porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno, comparou o teste de quarta com o disparo feito em abril. Ele alertou que essas armas têm a vantagem do disparo imediato em relação aos mísseis de combustível líquido que Pyongyang também possui.

O lançamento mais recente ocorre apenas dois dias após a Coreia do Norte acusar os EUA de violar seu espaço aéreo com aviões espiões e condenar os planos de Washington para posicionar submarinos com mísseis nucleares perto da península.

Os EUA anunciaram em abril que um submarino com armas nucleares atracaria em um porto sul-coreano pela primeira vez em décadas, mas sem especificar quando. No mês que vem, as forças americanas e sul-coreanas devem iniciar exercícios militares anuais de grande escala. A Coreia do Norte vê as manobras como preparativos para uma eventual guerra contra o país.

O disparo de quarta foi feito na sequência do pior fracasso do programa de mísseis de Kim Jong-un, o lançamento abortado do primeiro satélite espião do país, em maio. Houve apenas alguns lançamentos de menor alcance desde então. Foi feito também para coincidir com a cúpula da Otan, encerrada na quarta em Vilnius, capital lituana.

A ação mantém elevada a tensão na península, que no próximo dia 27 marca os 70 anos da divisão prevista no armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53). O conflito opôs tropas locais capitalistas do sul, apoiadas pelos EUA, e comunistas do norte, secundadas pela China e pela União Soviética.

Até hoje, tecnicamente Seul e Pyongyang estão em guerra, dada a falta de uma paz assinada e termos de reconciliação. Desde o ano passado, seguidos testes de mísseis do Norte e provocações militares abertas de americanos e sul-coreanos aumentaram ainda mais a tensão.

Folhapress