Combinar remédios fitoterápicos com medicamentos pode fazer mal à saúde
26 de janeiro de 2018, 10:47
Remédios à base de plantas, como a erva de São João, ginseng e ginkgo biloba, podem promover interações prejudiciais com os medicamentos convencionais. É o que revelou uma revisão de estudos que descobriu dezenas de casos em que tratamentos alternativos afetaram os efeitos de medicamentos. Seja deixando-os mais potente ou causando efeitos colaterais perigosos.
O artigo apresentou exemplos de pacientes que sofreram sérios problemas depois de tomar medicamentos à base de plantas junto com drogas, como antidepressivos, medicamentos para o HIV, epilepsia e doenças cardíacas.
Charles Awortwe, da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, e um dos autores do artigo, disse que sua equipe resolveu investigar esse tema devido ao uso generalizado de medicamentos à base de plantas junto com medicamentos prescritos. Ele e os colegas examinaram a literatura médica para identificar casos anteriores de pacientes que sofreram reações adversas. A análise, publicada no British Journal of Clinical Pharmacology, incluiu 49 relatos de casos e dois estudos observacionais prévios, que detalham 15 casos de reações adversas a medicamentos.
Em seguida, analisaram os casos, determinando se os problemas foram provavelmente causados por uma interação, com base nas propriedades farmacológicas dos ingredientes ativos. Eles concluíram que os medicamentos à base de plantas provavelmente afetaram quase 60% dos casos. Em um relato de caso, um homem de 55 anos morreu de convulsão durante a natação. A autópsia concluiu que os suplementos de ginkgo biloba que o homem estava tomando –para aumentar a função cognitiva– podem ter inibido a medicação anticonvulsiva.
Vários casos documentaram pacientes com problemas cardíacos que tomavam anticoagulantes e estatinas que teriam sofrido complicações ligadas a sálvia, linhaça, erva de São João e chá-verde. A maioria dos pacientes foi diagnosticada com doenças cardiovasculares, câncer e transplantes de rim.
Estudos recentes mostraram que é possível que alguns ingredientes ativos em ervas medicinais afetem o metabolismo do fármaco, acelerando a taxa que os medicamentos são quebrados no fígado e reduzindo sua eficácia. “Se você está tomando remédios de ervas, deve contar ao clínico. Uma interação potencial e suas consequências podem ser muito prejudiciais para sua saúde”, revela Awortwe.
Um alerta no site da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), também aponta para os perigos de misturar os remédios:
“Os fitoterápicos são medicamentos alopáticos, possuindo compostos químicos que podem interagir com outros medicamentos. As plantas medicinais também possuem compostos químicos ativos que podem promover este tipo de interação.
Deve-se ter cuidado ao associar medicamentos, ou medicamentos com plantas medicinais, o que pode promover a diminuição dos efeitos ou provocar reações indesejadas.
Um exemplo é o uso de Hipérico junto a anticoncepcionais, podendo levar à gravidez, outro é o uso de Ginco (Ginkgo biloba) junto a anticoagulantes, como warfarina ou ácido acetilsalisílico, podendo promover hemorragias.
Deve-se sempre observar as informações contidas nas bulas disponibilizadas nos medicamentos e questionar o seu médico ou profissional de saúde sobre possíveis interações.” Informaçõs do Viva Bem UOL.
Boas Festas!