China se junta à corrida para encontrar vida extraterrestre

29 de abril de 2020, 15:04

Veículo deixa rastros de luz em uma foto de longa exposição sob o Telescópio Esférico de Abertura de 500 metros (FAST) (Foto: AP Photo / Liu Xu / Xinhua)

Projetos como o Observatório de Arecibo e o SETI@home, que parou no fim de março, têm tentado descobrir vida inteligente no espaço sem sucesso, mas um observatório na China tentará ter uma sorte diferente.

Segundo o Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências, a China iniciou a busca de civilizações extraterrestres com o maior radiotelescópio do mundo, o FAST.

O professor Huang Yongfeng, do Instituto de Astronomia da Universidade de Nanjing, contou à Sputnik China sobre o processo de busca e que sucesso foi alcançado nesta área.

Segundo Yongfeng, existem atualmente três maneiras de se encontrar civilizações extraterrestres. O mais comum é capturar sinais ou emissões de rádio de uma civilização extraterrestre.

Mesmo que o corpo celeste esteja longe de nós, suas emissões de rádio podem chegar à Terra, e é possível receber sinais de rádio através de um radiotelescópio.

“Corpos celestes, tais como o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas, podem gerar emissões de rádio. Os telescópios usados em astronomia que recebem essa radiação são chamados de radiotelescópios”, disse ele à Sputnik.

​O FAST da China, o maior radiotelescópio monodisco do mundo, começa a caçar sinais de civilizações alienígenas no Universo, de acordo com o Observatório Astronômico Nacional da China.

O acadêmico considera que se os extraterrestres existirem, eles próprios nos podem enviar sinais.

“O FAST pode estudar sinais de rádio vindos do espaço, ou os provenientes das profundezas do planeta, mas a intensidade da emissão de rádio desses sinais é muito alta, por isso, é muito difícil para nós detectar quais desses muitos sinais são evidências de civilizações extraterrestres”, comenta.

“No entanto, é precisamente a diferença de sinais que nos sugere que a vida extraterrestre existe. Ondas de rádio provenientes de objetos criados artificialmente são diferentes da radiação natural, etc.”

Esta forma é considerada a mais prática e precisa, e é assim que funciona o telescópio chinês FAST.

Projetos semelhantes

Existem várias dezenas de radiotelescópios diferentes no mundo, mas os projetos mais promissores são o de Arecibo em Porto Rico e o “olho celestial” chinês, o FAST.

“Claro, o projeto mais famoso do mundo para estudar a vida extraterrestre é o SETI@home”, diz o professor, se referindo a um projeto de computação científica voluntária sem fins lucrativos na plataforma BOINC, criado pelo Centro de Pesquisa SETI da Universidade da Califórnia, em Berkeley, EUA.

“Sua essência é usar o radiotelescópio de Arecibo para detectar sinais de rádio emitidos por corpos celestes. No entanto, os dados observados pelo radiotelescópio de Arecibo não encontraram nenhuma evidência concreta que sustente a existência de sinais alienígenas”, explica à Sputnik.

 

O telescópio FAST foi lançado oficialmente em 11 de janeiro de 2020, mas já em 2016 sua sensibilidade era 10 vezes maior que a do antigo recordista, o Observatório de Arecibo.

Após a melhoria do projeto, foi implantada uma rede de 10 telescópios auxiliares, com diâmetros entre 30 e 50 metros, ao redor do telescópio principal. Graças às inovações, o FAST se tornou seis vezes mais sensível, e agora pode trabalhar 19 vezes mais rápido.

“Em comparação com o radiotelescópio de Arecibo, o FAST realmente tem vantagens por causa de seu grande tamanho. É um dispositivo muito adequado para procurar formas de vida extraterrestres”, refere Yongfeng.

Confira esta vista do [satélite espanhol] Deimos-2 sobre o gigantesco FAST – Telescópio de Abertura Esférica de 500 metros, da China, o maior radiotelescópio do mundo!

No entanto, mesmo o grande trabalho aplicado no Arecibo ainda não surtiu sinais confirmados de vida extraterrestre, e por isso não se pode esperar que o telescópio FAST consiga um avanço no curto prazo, diz.

“Alguns progressos serão feitos no futuro, especialmente na busca de alienígenas, mas temos que esperar por resultados”, avisa.

Ao longo do seu tempo de serviço, o FAST detectou cerca de 102 novos pulsares, fontes não-identificadas de emissões de rádio que chegam à Terra sob forma de pulsos periódicos.

‘Correio espacial’

Outro dos métodos, o envio de naves espaciais que armazenem informações sobre a nossa civilização, tais como esquemas gráficos e vídeos, é bastante exigente em termos de tecnologia e recursos, o que não se justifica nesta fase de desenvolvimento.

“Naves assim devem ter alta velocidade para alcançar os limites do Sistema Solar e voar até as estrelas mais próximas. As civilizações extraterrestres poderão então interceptar este objeto, uma espécie de ‘cartão de visita’ da Terra. Mas a estrela mais próxima está a 4,2 anos-luz de distância”, adverte.

A terceira maneira é sermos nós a enviar sinais de rádio para os planetas que supomos poderem ser habitados, na esperança que um dia eles respondam.

“Se a vida inteligente existe, ela pode interceptar esses sinais. Mas mesmo que isso aconteça, será muito difícil decodificar e recuperar as informações que enviamos.”

Entretanto, muitos adeptos das “teorias da conspiração” acreditam que se o sinal chegar a uma civilização superior a nós em desenvolvimento, seremos atacados por eles, que é o cenário do bestseller chinês “Tarefa de Três Corpos”, de Liu Cixin.

 
 

O livro conta sobre um primeiro contato de terráqueos com uma civilização alienígena e suas consequências desagradáveis. Em 2015, o autor ganhou o prestigiado Prêmio Hugo de Melhor Romance, que avalia os melhores trabalhos de ficção científica internacionais.

Vídeos de OVNIs são prova?

O vídeo recente do Pentágono sobre OVNIs, que a Força Aérea dos EUA supostamente conseguiu capturar, também aumenta os receios. No entanto, Huang Yongfeng não considera estes dados como prova da existência de alienígenas:

“Estes chamados ‘OVNIs’ dificilmente são uma manifestação de vida extraterrestre. Claro, não duvido da existência de outras formas de vida na galáxia ou em planetas de todo o Universo. Mas o problema principal é que, mesmo que haja vida em algum lugar da galáxia, por causa da longa distância entre nós, a probabilidade de que outra vida chegue à Terra é muito pequena.”

“Eu pessoalmente prefiro pensar que esses OVNIs podem ser fenômenos atmosféricos ou naturais, objetos voadores artificiais, alucinações, ou mesmo conteúdo criado artificialmente para produzir ruído.”

Boas Festas!

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