Cerca de 180 mulheres foram mortas na Bahia em 2020 vítimas de feminicídios

04 de março de 2021, 11:26

Levantamento da Rede de Observatórios da Segurança com cinco estados aponta que a Bahia é líder no homicídio de mulheres e fica em 3º lugar no ranking dos feminicídios (Foto: Reprodução)

O levantamento anual feito pela Rede de Observatórios da Segurança aponta que 181 mulheres foram mortas na Bahia em 2020. Desse total, 70 foram vítimas de feminicídio, crime de ódio em que a mulher é assassinada em contexto de violência doméstica ou por misoginia – aversão às mulheres.

Além da Bahia, a organização analisa dados de outros quatro estados: Ceará (138 casos, entre homicídios e feminicídios), Pernambuco (144, somando homicídios e feminicídios), Rio de Janeiro (84, contando homicídios e feminicídios) e São Paulo (200, também entre homicídios e feminicídios).

Divisão dos crimes por estado

Crime BA CE PE RJ SP
Feminicídios 70 47 82 50 200
Homicídios de mulheres 111 91 62 34
Total 181 134 144 84 200

Em comparação com eles, o estado baiano é o líder no homicídio de mulheres (111) e fica em 3º lugar no ranking dos feminicídios (70), somando 181 no total dos crimes.

 

Os dados foram publicados pela Rede nesta quinta-feira (4). Outros dados analisados pela Rede são: violência sexual e estupro; cárcere privado; agressões verbais e ameaças e tentativas de feminicídio. Veja tabela abaixo:

TIpos de violência contra as mulheres na BA

Violência Casos registrados
Feminicídio 70
Homicídio contra mulheres 111
Tentativa de feminicídio e agressão físicas 80
Tentativa de homicídios contra mulheres 0
Estupro e violência sexual 26
Agressão verbal e ameaça 4
Tortura, sequestro e cárcere privado 11
Bala perdida 2
Outros 2
Total 306

No primeiro semestre de 2020, o Monitor da Violência do G1 registro um aumento no número dos feminicídios, em comparação ao mesmo período de 2019. A cientista social e pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança e Iniciativa Negra, Luciene Santana, detalha que os números cresceram durante a pandemia.

“Nos cinco estados da Rede, foi identificado que os casos cresceram nesse período de pandemia. A gente conseguiu identificar esse aumento nos casos de violência e também de feminicídio. Na Bahia, o mês que nós mais registramos casos de feminicídios foi maio. Esse crescimento em relação à pandemia é relacionado ao fato de que, por essas mulheres estarem dentro de casa, elas podem estar convivendo mais tempo com seus agressores”.

Apesar do crescimento estar relacionado ao período pandêmico, é preciso detalhar, no entanto, que: se as mulheres estão sendo agredidas, violentadas e mortas dentro de casa, a culpa não é da pandemia, mas sim de comportamentos culturais de machismo e da ineficácia da polícia e da Justiça.

“É importante que a gente consiga aumentar a proteção judicial dessas mulheres, com emissão de medidas cautelares e de proteção, por exemplo. A gente vê que muitas mulheres que foram vítimas de feminicídio tinham, primeiramente, feito uma denúncia, registrado um boletim, e posteriormente foram vítimas. Isso aconteceu nos cinco estados da Rede de Observatório, então é muito grave”, enfatiza Luciene.

Fonte: G1

 

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