Brasileiros enfrentam até 4 horas de fila para abastecer na Argentina

23 de março de 2022, 11:06

Brasileiros passam até quatro horas em filas de postos de combustíveis em Puerto Iguazú, na Argentina, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), para comprar gasolina mais barata (Foto: Reprodução)

 Logo após a Petrobras anunciar o mega-aumento dos combustíveis, em Foz do Iguaçu, cidade do Paraná localizada na Tríplice Fronteira, motoristas cruzam a fronteira argentina para economizar.

Morador de Foz, o funcionário público Carlos Mendes, 50, roda 24 quilômetros entre ida e volta até o posto de gasolina mais próximo em território argentino, localizado em Puerto Iguazu, para encher o tanque do carro e da moto.

Ele costuma pagar o equivalente a R$ 3,10 a R$ 3,20 pelo combustível, cerca da metade do preço que ele gastaria no Brasil. Com o novo reajuste, ele calcula que a economia vai ser ainda maior.

Apesar da vantagem econômica, abastecer na Argentina é uma operação demorada, já que Puerto Iguazú recebe cada vez mais muitos brasileiros. A fila para cruzar a aduana pode chegar a três quilômetros, equivalentes a uma hora de espera; já o engarrafamento no posto costuma chegar a até quatro horas.

“Se [a gasolina] superar os R$ 7, não tem por onde correr. A busca pelo combustível mais barato gera longas filas, mesmo assim ainda vale a pena. Não sei qual é a mágica que o governo argentino faz para ter a gasolina tão barata”, diz Mendes que cruza a fronteira em média a cada 25 dias.

Já em Cidade de Leste, do lado paraguaio da Tríplice Fronteira, as filas de carros são menores, mas a economia também é reduzida. Mesmo assim, o preço do litro de gasolina é 30% a 40% mais barato do que no Brasil.

Em Curitiba, frentistas relataram que o movimento começou a aumentar pouco antes do meio-dia desta quinta. No meio da tarde as filas já chegavam a uma hora de duração, nos postos mais movimentados.

O taxista aposentado Nelson Hauptman, 89, enfrentou 50 minutos de engarrafamento para encher meio tanque de gasolina num posto na rua Alberto Folloni, no bairro Juvevê, na zona norte da capital paranaense. “Esta guerra não é boa para ninguém”, afirmou.

Pela localização numa esquina, a fila de carros ocupava quase três quadras na rua Alberto Folloni, uma na rua São Sebastião e dobrava na rua Eurípides Garcez do Nascimento, onde se estendia por mais três quadras.

A engenheira civil Nicole Rodrigues, 26, alcançou a bomba após 40 minutos de espera. “Visito obras o dia inteiro e rodo bastante de carro”, diz ela, que costuma gastar de R$ 600 a R$ 1.000 por mês de combustível. Com o reajuste, esta despesa pode subir até R$ 1.200 mensais.

Num outro posto no cruzamento da rua Martim Afonso com a rua Brigadeiro Franco, no bairro Mercês, na zona central da capital, a fila começou a engrossar no meio da tarde com diversos carros que ocupavam faixas nas duas vias, dificultando o trânsito na região.

O motoboy Darci Mascarello Filho, 31, correu para a bomba assim que soube do reajuste de preços. “Rodo de 150 a 200 quilômetros por dia em Curitiba e região metropolitana e gasto R$ 400 por mês de gasolina. Com o aumento vou gastar R$ 500. Obviamente o frete também vai aumentar”, explica.

O Paranapetro, sindicato dos revendedores de combustíveis e lojas de conveniências do Paraná, denunciou que desde o último final de semana, “algumas distribuidoras já começaram a aumentar os preços de venda para os postos, antes de qualquer anúncio oficial de elevação na Petrobras, alegando uma maior entrada de combustíveis importados no mercado”.

“Esta é uma prática frequente: algumas distribuidoras costumam repassar os aumentos com grande agilidade para os postos, muitas vezes de imediato”, afirmou a entidade em nota.

Folhapress

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