Brasileiro que mentiu para se eleger nos EUA é detido e fica sob custódia
10 de maio de 2023, 15:05
Deputado norte-americano e filho de brasileiros que mentiu sobre currículo se entregou à Justiça após ser convocado a depor em processo por fraude, lavagem de dinheiro e roubo de fundos públicos (Foto: Reprodução)
O deputado republicano dos Estados Unidos George Santos, o filho de brasileiros que mentiu sobre seu currículo, foi detido nesta quarta-feira (10), informou o Departamento de Justiça norte-americano.
Santos, que responde a 13 acusações na Justiça por fraude, lavagem de dinheiro e roubo de fundos públicos, se entregou nesta manhã em um tribunal de Nova York e ficará sob custódia judicial pelo menos até o fim do dia, quando participará de uma sessão judicial.
Promotores federais acusam o deputado – que nasceu em Nova York mas é filho de imigrantes brasileiros e já morou no Rio de Janeiro – de uma série de crimes, como o de usar dinheiro público para compras de roupas de grife.
George Santos, de 34 anos, foi eleito para o Congresso dos EUA em novembro do ano passado. Ele chamou a atenção por ele ser o primeiro republicano abertamente gay a concorrer e conquistar um assento na Câmara de Deputados do país.
Logo após sua eleição, no entanto, o jornal “The New York Times” e outros veículos revelaram que ele havia inventado quase todos os aspectos de sua vida pessoal e profissional, prinicipalmente lugares onde ele estudou e trabalhou nos EUA e detalhes sobre a trajetória de sua mãe (leia mais abaixo).
Santos reconheceu que mentiu, mas minimizou o caso e disse que não renunciaria.
Na terça-feira (9), o caso entrou oficialmente na esfera judicial, quando promotores federais apresentaram acusações criminais contra Santos, pela primeira vez desde que as mentiras vieram à tona.
As acusações
A denúncia da Promotoria contra George Santos apresentada à Justiça inclui 13 acusações:Sete de fraude eletrônica, incluindo ter recebido irregularmente um auxílio do governo durante a pandemia a desempregados – segundo os promotores ele recebeu mais de US$ 24 mil (cerca de R$ 118 mil) em seguro-desemprego quando na verdade estava trabalhando em um empresa de fundos de investimentos.
Três de lavagem de dinheiro;
Uma de roubo de fundos públicos;
Duas de mentir à Câmara dos Deputados
Além do processo judicial, uma comissão da Câmara dos Deputados dos EUA também investiga as acusações. Nesta quarta, após a detenção, o líder do Partido Republicano no Congresso norte-americano disse que a sigla vai esperar o desenrolar do processo judicial para estudar ações contra o deputado brasileiro.
Até lá, ele está autorizado a seguir cumprindo seu mandato.
As acusações da Promotoria serão formalmente lidas a George Santos em uma audiência judicial prevista para ocorrer nesta tarde. Segundo o jornal “The New York Times”, Santos pode ter de entregar seus passaportes para garantir que não deixará o país – ele tem as nacionalidades brasileira, pelos pais, e norte-americana, por ter nascido nos Estados Unidos.
Depois disso, o deputado pode ser liberado caso pague fiança e se comprometa a comparecer ao tribunal sempre que solicitado. Mas o “The New York Times” afirma também, com base em fontes do caso, que promotores podem pedir que ele continue detido para garantir que não haja fuga.
A defesa de George Santos não havia se pronunciado sobre as acusações até a última atualização desta notícia.
As mentiras
Santos colocou uma série de mentiras em seu currículo, apresentado à Justiça eleitoral norte-americana ao se candidatar e que ele divulgou em diversas entrevistas durante a campanha eleitoral. Entre outras mentiras, Santos disse:Ter diplomas da Universidade de Nova York e do Baruch College, apesar de nenhuma das instituições ter registro de sua frequência.
Ter trabalhado nos bancos Goldman Sachs e Citigroup.
Que é judeu e que seus avós escaparam dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Que sua mãe foi uma dos sobreviventes do atentado contras as Torres Gêmeas de Nova York em 2001.
Além das informações falsas, Santos não revelou ainda que foi casado com uma mulher por vários anos, terminando em 2019.
G1
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