Negros cortam o meu cabelo, diz torcedor ao negar ser racista
13 de novembro de 2019, 12:25
Acusado de injúria racial, Nathan Siqueira da Silva negou ser racista, justificando ser próximo a pessoas negras (Foto: Reprodução)
Acusado de injúria racial ao vigilante Fábio Coutinho, em episódio ocorrido após o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG no domingo (10), no Mineirão, o torcedor Nathan Siqueira da Silva, 28, negou ser racista, justificando ser próximo a pessoas negras.
“De forma alguma [acho que ele é inferior a mim por causa da cor da pele], tanto que eu tenho um irmão negro, tenho pessoas que cortam meu cabelo que são negras, tenho vários amigos negros, não foi da minha índole, não tenho nada contra. Pelo contrário, sempre gostei”, disse nesta terça-feira (12).
A declaração ocorreu no mesmo dia em que ele e o irmão mais velho Adrierre Siqueira Silva, 37, prestaram depoimento à Polícia Civil na delegacia da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). Os dois irão responder pelo crime de injúria racial, que prevê pena de reclusão de um a três anos e multa.
“Está circulando nas redes sociais e na imprensa que eu teria dirigido a ele a palavra ‘macaco’, eu não falei aquilo de forma alguma. Vocês podem ver e rever no vídeo que a palavra direcionada para ele foi ‘palhaço'”, afirmou ainda Nathan, que esteve acompanhado da advogada Aline Lopes Martins de Paula.
O caso no Mineirão ganhou repercussão a partir de um vídeo publicado pela Rádio 98FM em que um dos dois irmãos atleticanos diz ao segurança, entre diversas ofensas em meio a uma confusão generalizada, “olha a sua cor”. Em resposta, Coutinho questiona: “Você é racista?”.
Ao UOL Esporte, o vigilante relatou ainda ter recebido cusparadas. “Eu vou ser sincero, vou dar um relato aqui. Sou vigilante, sou profissional da área de segurança. Não vou me vitimizar, mas foi uma atitude muito baixa e rasa da parte dele. Se puder encontrar essa pessoa, seria bacana ele servir como lição. Não foi só uma atitude racista, ele cuspiu na minha face. Em vários momentos, ele tocou com os dedos em minha face. Eu pretendo sim, dar continuidade [ao caso].”
Ainda nesta terça, o Atlético comunicou a exclusão de Nathan e Adrierre de seu quadro de sócios-torcedores. Ambos pertenciam ao plano “Galo Na Veia”, mas estavam inadimplentes, segundo disse o clube alvinegro em nota oficial.
“O Clube Atlético Mineiro informa que os dois torcedores identificados pela Polícia Civil, acusados de praticar injúria racial no clássico do último domingo, pertenciam ao programa Galo na Veia, embora inadimplentes. De qualquer forma, ambos foram desligados do programa de sócio-torcedor do Clube”, escreveu o clube.
Boas Festas!