Aliados de Guaidó constrangem Brasil na abertura do Brics

13 de novembro de 2019, 12:17

A entrada de aliados de Guaidó em embaixada brasileira deixou o País constrangido na abertura do Brics (Foto: Federico Parra)

No dia em que a Cúpula dos Brics tem início em Brasília, um aliado do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, entrou na embaixada do país em Brasília.

O gesto foi visto como proposital pelo governo brasileiro e deve levar a um constrangimento diplomático já que os presidentes da China e da Rússia apoiam o ditador Nicolás Maduro, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (PSL), cuja gestão reconheceu Guaidó como presidente do país vizinho.

Na manhã desta quarta-feira (13), Tomás Silva, que é ministro-conselheiro e número dois da embaixadora María Teresa Belandria, representante de Guaidó, entrou no prédio da embaixada em Brasília.

O episódio gerou um tumulto no local e a polícia militar foi chamada. Parlamentares de partidos de esquerda do Brasil, como PT e PC do B, fizeram publicações nas redes sociais criticando a entrada de Silva.

Aliados da Venezuela, como integrantes da diplomacia cubana em Brasília, também protestam contra o ingresso do diplomata oposicionista.

Nas primeiras horas da manhã, o encarregado de negócios da embaixada venezuelana em Brasília, Freddy Efrain Meregote Flores, distribuiu uma mensagem de áudio a aliados pedindo ajuda.

“Informo a vocês que pessoas estranhas estão entrando e violentando o território da Venezuela. Precisamos de ajuda, precisamos de ação imediata de todos os movimentos sociais de partidos políticos”, afirmou Meregote na mensagem.

Enquanto oposicionistas de Maduro falam em invasão, aliados de Guaidó veem na ajuda dos funcionários da embaixada um reconhecimento de sua legitimidade como presidente autoproclamado.

A coincidência do episódio com o início do encontro dos Brics -grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul- pode trazer problemas para o governo de Bolsonaro.

O Palácio do Planalto pretendia manter o tema da Venezuela de fora da pauta do encontro, já que os presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, são aliados de Maduro.

A posição majoritária do governo é para que Bolsonaro siga a estratégia de não criar polêmicas com Rússia e China, mas já há assessores presidenciais que defendem a necessidade de ele se posicionar a favor de Juan Guaidó depois do incidente.

Aliados do presidente diziam que a meta era deixar assuntos polêmicos de fora da cúpula. A ala mais radical do governo chegou a cogitar convidar Guaidó para participar da reunião, o que foi descartado no desenrolar da organização.

A chancelaria brasileira decidiu não convidar nenhum país vizinho para participar da reunião dos Brics devido ao momento de instabilidade política na América Latina, marcado por turbulências e mudanças de governo em países como Argentina, Chile, Bolívia e Peru.

Em junho, quando Bolsonaro participou de encontro do grupo de países emergentes à margem da reunião de cúpula do G20, no Japão, ele decidiu não entrar no assunto da Venezuela em seu discurso de abertura.

Ele havia programado inicialmente falar sobre a situação do país vizinho, mas foi convencido pela equipe econômica e por militares a adotar moderação.

Á época, o presidente brasileiro disse que excluiu as críticas a Maduro de sua fala para não provocar Putin, que classificou como uma “potência nuclear”.

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