Até que a morte nos separe

21 de novembro de 2018, 13:26

Por Gervásio Lima  –  

O sentimento de perda talvez esteja entre as piores dores sentidas por um ser humano. A palavra perder, por si só, já amedronta e leva automaticamente o positivo para o negativo, independente do que está em ‘jogo’. Como dizem os mineiros, ‘é ruim demais da conta sô’ saber que não mais contará com algo que saiu do presente para o ausente. Muita oração e reza por parte dos cristãos e yoga e meditação para os praticantes poderão minimizar o sofrimento daqueles que passam por algum tipo de acometimento.
A morte é sem dúvida a mais temida perda para o ser humano. Seu conceito, para a classe médica e científica é a cessação das funções vitais, ou seja, é a interrupção definitiva da vida de um organismo vivo que havia sido criado a partir do seu nascimento. A perda de um ente querido é imensamente dolorosa, chegando a ser insuportável. É algo durável, e permanente, que não se pode destruir, suprimir ou fazer desaparecer totalmente, um acontecimento geralmente difícil de ser enfrentado.
O sofrimento é uma marca indelével do ser humano, não resta outra possibilidade se não suportá-lo. Mas o termo morte não corresponde apenas ao final da vida física, será tudo aquilo que de alguma forma deixou de existir, que foi banido ou cerceado. Assim como uma patologia que pode ser curada através do uso de medicamento, existem infinitas maneiras de se evitar e até mesmo combater atitudes moralmente condenáveis e danosas contra uma sociedade. A participação popular, exigindo seus direitos e, ou, usando dos mesmos, de forma consciente para provocar as mudanças almejadas, contribuirá integralmente aplacar sofrimentos morais.
A perda de direitos conquistados com muitas lutas e até mesmo derramamento de sangue não pode e não deve ser uma complacência. A crise moral não pode ser desculpa para acreditar que um salvador da pátria irá conseguir resolver os problemas atribuídos apenas a uma sigla, em detrimento de fatores outros que corroboraram e ainda corroboram para uma situação estabelecida com fins políticos.
A quem interessar possa: quem atira no que viu não pode dizer que acertou no que não viu. Nada de sem querer querendo. Existem coisas na vida que podem ser evitadas, inclusive a morte. A falta de intenção não seria desculpas por erros premeditados. Não culpemos para não sermos culpados. Quem vai pela cabeça dos outros é piolho, por tanto é preciso explorar e valorizar sentimentos como a consciência através da razão.
Como dizia Fernando Pessoa: “como facto a morte tem pouco interesse; morrer é só não ser visto, a morte é a curva da estrada”.

* Jornalista e historiador

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