Mauro Cid confirma que golpe foi tramado sem base jurídica alguma
13 de março de 2024, 09:43
Mauro Cid fechou um acordo de delação premiada com a PF em setembro do ano passado (Foto: Lula Marques)
As declarações do militar, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, consolidaram pontos decisivos para as investigações relacionadas à vacinação, esquema de venda das joias sauditas; além da trama para o golpe de Estado que tentava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nas quase nove horas em que permaneceu perante o escrivão da Polícia Federal (PF), até às altas horas da noite passada, o tenente-coronel Mauro Cid reforçou a tese dos investigadores de que o golpe fracassado no 8 de Janeiro, foi tramado sem o menor fundamento legal. Em seu longo depoimento, o ex-ajudante de ordens do então mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) justificou a delação premiada que o beneficiou.
As declarações do militar, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, consolidaram pontos decisivos para as investigações relacionadas à vacinação, esquema de venda das joias sauditas; além da trama para o golpe de Estado que tentava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cid teria confirmado à PF que, no núcleo ao qual pertenciam o presidente e os ministros militares, todos sabiam de antemão da inexistência de fraude nas urnas eletrônicas, mas o fato passou ao largo dos debates. Segundo trechos do depoimento de Cid, vazados para a mídia conservadora, embora não houvesse o menor fundamento para se questionar a legitimidade das urnas eletrônicas, os golpistas insistiam na disseminação de notícias falsas sobre o assunto.
Suspeita
As mensagens trocadas entre Cid e interlocutores sobre o golpe em andamento, interceptadas com autorização judicial no celular de Mauro Cid, consubstanciam os fatos. Embora os relatórios e reuniões que atestavam a segurança das urnas, o discurso e os planos do grupo continuavam, incluindo a elaboração de uma minuta do golpe e a suspeita de um texto golpista editado pelo próprio Bolsonaro.
Logo no início do depoimento na véspera, às 15h, Cid falou sobre a tentativa de golpe de Estado. O depoimento, que terminou perto das 23h30, foi tomado na sede da PF em Brasília. Ele deixou o prédio por volta de 0h15.
Mauro Cid fechou um acordo de delação premiada com a PF em setembro do ano passado e, desde então, tem a obrigação de passar informações à PF para não perder os benefícios do acordo que o livrou da prisão, até agora. Esse foi o sétimo depoimento de Mauro Cid à PF. Nos três primeiros, entre maio e junho do ano passado, o ex-assessor militar de Bolsonaro permaneceu em silêncio.
Os investigadores esperavam que Cid esclarecesse ou reforçasse pontos das declarações do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. Em oitiva na última sexta-feira, o ex-comandante do Exército revelou detalhes cruciais sobre suas interações com Bolsonaro, em relação à integridade das eleições.
Detalhes
O processo de homologação do acordo foi finalizado no dia 9 de setembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Cid estava preso desde maio do ano passado por suspeita de fraude em cartões de vacinação, e deixou a prisão após a homologação da delação premiada.
Nos depoimentos anteriores, Mauro Cid não disse se o ex-presidente participou ativamente dos planos golpistas. A informação, no entanto, foi confirmada pela PF durante as investigações e ratificada nos depoimentos do ex-comandante da Aeronáutica tenente-brigadeiro, Carlos de Almeida Baptista Júnior, e de Freire Gomes.
Correio do Brasil/MSN
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