Humanos e robôs têm viagem marcada para a Lua em 2024

04 de janeiro de 2024, 13:18

A tripulação, formada pelos americanos Reid Wiseman, Victor Glover e Christina Koch e o canadense Jeremy Hansen, já está treinando para a excursão, que será conduzida a bordo de uma cápsula Orion, impulsionada pelo foguete SLS (Foto: Reprodução)

 Este ano será da Lua -e das luas. Além de várias missões não tripuladas a nosso satélite natural, 2024 poderá terminar com a primeira viagem humana às imediações lunares desde o fim da missão Apollo 17, em 1972. De quebra, dois países ambicionam despachar sondas para explorar luas de Marte e de Júpiter.

De todos os lançamentos previstos para os próximos 12 meses, o mais incerto mesmo é o da Artemis 2, histórica missão que levará quatro astronautas a uma jornada de dez dias em um contorno da Lua. A tripulação, formada pelos americanos Reid Wiseman, Victor Glover e Christina Koch e o canadense Jeremy Hansen, já está treinando para a excursão, que será conduzida a bordo de uma cápsula Orion, impulsionada pelo foguete SLS.

Ambos tiveram um teste não tripulado bem-sucedido em 2022, pavimentando o caminho para o voo com tripulação. Foi preciso resgatar equipamentos usados nessa missão inaugural para uso no segundo voo, o que tornou o desafio de preparar o lançamento para 2024 maior. Mas a Nasa diz que, até o momento, as coisas estão caminhando conforme o cronograma para um lançamento a partir de novembro deste novo ano.

Trata-se, contudo, de uma ambição. Se houver atrasos daqui até lá, é bem possível que o histórico retorno de humanos ao espaço profundo, após as missões lunares conduzidas entre 1968 e 1972, fique para 2025.

Em paralelo, há uma corrida para deixar tudo pronto para a missão Artemis 3, que em tese deve levar uma tripulação à superfície lunar. O calendário da Nasa põe essa missão no fim de 2025, mas avaliações independentes sugerem que é mais provável que ela seja atrasada em dois anos, para 2027.

Os dois grandes entraves são o desenvolvimento dos novos trajes espaciais (sob a responsabilidade da empresa Axiom) e do veículo que levará os astronautas à superfície (ao encargo da SpaceX).

A empresa de Elon Musk está trabalhando o mais rápido que pode em seu veículo Starship, que realizou dois lançamentos apenas parcialmente bem-sucedidos em 2023, mas precisa atingir alta confiabilidade antes que possa cumprir seu papel no programa Artemis.

Trata-se do foguete mais poderoso já desenvolvido, e a companhia terá demonstrar não só que ele voa a contento, mas que pode ser reabastecido em órbita e é capaz de sobreviver à reentrada na atmosfera terrestre. O ano de 2024 sem dúvida verá avanços nessa direção, até porque começa a haver pressa entre os americanos -o programa espacial chinês promete colocar astronautas no solo lunar antes de 2030.

A LUA PARA OS ROBÔS

Enquanto não se pode levar gente até a superfície da Lua, temos de nos contentar com robôs. E 2024 será um ano eletrizante para a exploração lunar por meio de sondas.

Um dos postulantes a realizar uma alunissagem neste ano é o Slim, módulo de pequeno porte desenvolvido pela Jaxa (agência espacial japonesa) para demonstrar pouso de alta precisão. Lançado em 2023, ele fará uma tentativa de descer ao solo lunar em 19 de janeiro.

Nesse meio-tempo, os dois primeiros “carretos” contratados pela Nasa junto a startups espaciais devem também pegar o caminho da Lua.

O módulo Peregrine, da empresa Astrobotic, deve partir no dia 8 de janeiro, impulsionado pelo primeiro lançamento do Vulcan, novo foguete da empresa americana United Launch Alliance (ULA).

Já o Nova-C, da empresa Intuitive Machines, parte no dia 13, a bordo de um Falcon 9 da SpaceX, e deve chegar lá primeiro, para tentar o pouso entre os dias 19 e 21. O Peregrine passará um mês em órbita antes de se encaminhar para o chão.

Além de japoneses e americanos, também haverá presença chinesa na Lua.

Em maio, parte a missão Chang’e 6, que promete mais uma realização inédita e histórica: o retorno de amostras provenientes do lado oculto da Lua, que não pode ser visualizado aqui da Terra. Tem tudo para dar certo: afinal, os chineses já foram os primeiros a pousar no lado afastado, com a Chang’e 4, e realizaram com sucesso um retorno de amostras do hemisfério próximo, com a Chang’e 5. A nova missão combinará os dois sucessos em um.

OUTRAS LUAS

O ano também será marcado pelo início de duas jornadas interplanetárias fascinantes. Japão e EUA estão quase prontos para lançar espaçonaves não tripuladas para explorar luas de Marte e de Júpiter, respectivamente.

A MMX (Martian Moons eXploration) fará um mapeamento completo dos dois pequenos satélites naturais marcianos, Fobos e Deimos, e trará uma amostra do maior deles para análise por laboratórios da Terra.

É uma missão bastante ambiciosa, mas a Jaxa tem experiência com projetos similares, depois de ter conduzido com sucesso as sondas Hayabusa e Hayabusa2 para colher amostras de asteroides e trazê-las à Terra. Fobos não é muito diferente de um asteroide, o que torna o desafio quase equivalente. A partida deve acontecer em setembro, com uma chegada a Marte em 2025 e um retorno à Terra em 2029.

O projeto mais ambicioso, contudo, é o da Nasa. A Europa Clipper, desenvolvida pelo JPL (o Laboratório de Propulsão a Jato da agência), sai a um custo de US$ 5 bilhões.

Impulsionada por um foguete Falcon Heavy, da SpaceX, ela fará uma longa jornada. Partindo em outubro de 2024, chegará a Júpiter em abril de 2030. Depois de entrar em órbita dele, deve fazer sucessivos sobrevoos de Europa, a intrigante lua joviana que possui um oceano de água líquida sob sua crosta de gelo -um dos lugares mais promissores do Sistema Solar para a busca por vida extraterrestre. O que ela encontrará por lá? Teremos de esperar para saber. Mas a grande aventura começa agora.

Folhapress

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