Garoto de 16 anos pega ‘doença do tatu’ e morre após 8 dias no Piauí
24 de agosto de 2022, 17:00
A “doença do tatu” pode causar lesões na pele, tosse, febre, falta de ar, linfonodomegalia (ínguas), comprometimento pulmonar e emagrecimento (Foto: Reprodução)
Um adolescente de 16 anos morreu no município de Simões (a 440 km de Teresina, capital do Piauí) vítima de uma infecção provocada pelo fungo Coccidioides brasiliensis, popularmente conhecida como “doença do tatu”. Um irmão dele, de 14 anos, e um amigo de 22 anos também foram contaminados. O amigo está internado em uma semi-UTI no hospital Justino Luz, na cidade de Picos, e o irmão é monitorado em sua residência.
A morte do jovem ocorreu no sábado (20). Ele ficou internado por oito dias na UTI do hospital de Picos, chegou a ser intubado, mas não resistiu e morreu.
“O paciente procurou atendimento após apresentar perda de peso, febre alta, dor torácica, dispneia e tosse”, informou em nota o Hospital Justino Luz.
Sobre o jovem que segue internado, o hospital disse em boletim que ele apresenta dispneia (dificuldade de respirar) e por isso está em uma sala de cuidados críticos.
Contato com tatu causa a doença
A Secretaria de Saúde de Simões informou que os pacientes tiveram contato com tocas de tatus há cerca de um mês, durante uma caçada, e em seguida apresentaram os sintomas.
“Há uma cultura de caçar tatu e algumas pessoas vendem as carnes. O local onde teriam sido contaminados pelo fungo é em uma área de uma serra na região”, disse o prefeito de Simões, Zé Wlisses, informando que não foi a primeira vez que o município registra caso dessa doença.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização é considerado crime ambiental.
O prefeito informou que a prefeitura está distribuindo folder esclarecendo a população e dando palestras para evitar a caça e a proliferação da doença.
Entenda a doença
O médico infectologista José Noronha, diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, em Teresina, informou que a coccidioidomicose é uma micose sistêmica e endêmica em algumas regiões.
“O fungo fica na toca, que é abrigo do tatu. Com a caça ilegal, [a pessoa] acaba inalando os esporos, liberados pelo ar e geralmente ocorre a infecção. O ideal é não fazer caça do tatu, até porque é ilegal”, disse o médico, que também é membro do COE (Comitê de Operações Emergenciais de combate a Covid) no Piauí.
A paracoccidioidomicose, segundo o Ministério da Saúde, representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no país.
De acordo com a pasta, a “doença do tatu” pode causar lesões na pele, tosse, febre, falta de ar, linfonodomegalia (ínguas), comprometimento pulmonar e emagrecimento.
UOL
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