Queda de avião na China intriga técnicos: ‘não deveria ter acontecido’
21 de março de 2022, 15:40
Acidentes na fase de cruzeiro do voo são mais raros e segurança da aviação chinesa está entre as melhores do mundo (Foto: Reprodução)
A queda do avião Boeing 737-800 com 132 pessoas a bordo na China chamou a atenção de especialistas de aviação. Eles ressaltam que acidentes com a aeronave deste modelo são raros, ainda mais na fase de cruzeiro do voo — entre o final da subida da aeronave e o início da descida no aeroporto de destino. O histórico de segurança do setor aéreo do país também figura entre os melhores do mundo na última década.
“Normalmente, o avião está no piloto automático durante a fase de cruzeiro. Portanto, é muito difícil entender o que aconteceu. Do ponto de vista técnico, algo assim não deveria ter acontecido”, disse à Reuters o especialista em aviação Li Xiaojin.
A Boeing apontou em um relatório divulgado no ano passado que apenas 13% dos acidentes comerciais fatais em todo o mundo entre 2011 e 2020 ocorreram durante a fase de cruzeiro, enquanto 28% dos acidentes com mortes ocorreram na aproximação final e 26% no pouso.
O 737-800 tem um bom histórico de segurança e é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes fatais em 2018 na Indonésia e 2019 na Etiópia.
“A Administração de Aviação da China (CAAC, em inglês) tem regulamentos de segurança muito rígidos e só precisamos esperar por mais detalhes para ajudar a esclarecer a causa plausível do acidente” , disse à Reuters Shukor Yusof, chefe da consultoria de aviação Endau Analytics, com sede na Malásia.
Segundo as autoridades locais, o último acidente aéreo fatal na China foi em 2010, quando 44 das 96 pessoas a bordo de um jato modelo Embraer E-190 da Henan Airlines caiu próximo do aeroporto de Yichun, em uma situação de baixa visibilidade.
Especialistas também destacam que, embora bom, o sistema de aviação da China também é menos transparente do que o de países como os Estados Unidos e Austrália, onde os reguladores divulgam relatórios detalhados sobre incidentes não fatais. Conforme Greg Waldron, editor-chefe na Ásia da publicação Flightglobal.
“Isso dificulta ter uma noção da verdadeira situação das transportadoras chinesa. Há preocupação de que haja alguma subnotificação ou lapsos de segurança no país”, lamentou.
Uso suspenso
A companhia aérea China Eastern Airlines, que operava a aeronave envolvida no acidente, suspendeu o uso todos os Boeing 737-800. A empresa acionou um mecanismo de resposta para emergências e enviou uma equipe de trabalho para o local do acidente.
Conforme a Administração de Aviação chinesa, o contato com a aeronave foi perdido quando ela sobrevoava a cidade de Wuzhou. Às 14h20, no horário local, o avião voava a uma altura de 8,8 mil metros. Dois minutos e 15 segundos depois, ele já estava a 2.700 metros de altitude, conforme dados do site de monitoramento Flightradar24. Vinte segundos depois, a altura já era de apenas 900 metros.
O presidente Xi Jinping pediu aos investigadores que determinem a causa do acidente o mais rápido possível e garantam a segurança “absoluta” da aviação, informou a emissora estatal CCTV.
* Com informações de Agências Internacinais
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