Sonhos que queremos ter
04 de fevereiro de 2021, 16:53
*Por Gervásio Lima –
Entre as mais usadas em prosas, versos, canções e nos mais diversos discursos, principalmente políticos, a palavra ‘sonho’ vai além de uma simples expressão ou um recurso estilístico. Era o tempo em que sonhar remetia à utopia, à apenas vontade, desejo… De conotação forte e verdadeira ‘sonho’ sempre foi, mas com um sentido mais expressivo atualmente, uma palavra de sentidos positivos, sobretudo quando o ‘sonhador’ está literalmente acordado.
Ter, querer, realizar, conquistar e, para muitos, enricar, são, talvez, os mais egoístas dos verbos da gramática brasileira, se contrapondo com os mais suaves sentidos de doar, dedicar, dividir, ajudar, alimentar, ofertar e rezar. As palavras da primeira e segunda relação podem até ser antagônicas, mas todas elas se resumem no contexto do sonho. Por tanto, sonhar não é apenas ter vontade, imaginar ou como diz a gíria popular, ‘viajar na maionese’.
Sonhar é luta, labuta e sinônimo de realidade para os que acreditam que o impossível é uma lamentação dos fracos e incautos. Como tudo que se deseja precisa de cautela, responsabilidade, respeito e humildade, não se pode brincar com o sonho, caso contrário ‘o boi foi pro brejo’.
Geralmente a maneira como o indivíduo se comporta em suas ações demonstra sua personalidade. Se o modo de agir de um sujeito com os seus pares diferir da forma que agia quando era apenas um sonhador este passa a ser motivo de preocupação, por caracterizar um dos principais sinais de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), conhecido antigamente como “dupla personalidade” (o nome deixou de ser usado, inclusive porque o paciente pode apresentar mais de duas). Infelizmente muitas pessoas possuem uma maneira diferente de interagir e lidar com o meio onde estão inseridas.
As frases: “Dê poder ao homem e descobrirá quem ele é” (Nicolau Maquiavel), ‘‘Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder” (Platão) e “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe o poder” (Abrahm Lincoln), são tão recentes quanto era no período em que foram ditas. Guiam o atual momento político brasileiro, em todas as suas esferas.
“Essa noite
Eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
Com o dia em que a Terra parou … “
O dia em que a Terra parou – Raul Seixas
*Jornalista e Historiador
Boas Festas!