Bahia: Cafés da agricultura familiar se diferenciam pela qualidade, diversidade e sustentabilidade

23 de julho de 2020, 10:16

(Foto: SDR)

A cultura do café na Bahia vem ganhando, cada vez mais, lugar de destaque no país, com a qualidade dos grãos, especialmente os produzidos por agricultores e agricultoras familiares, em Territórios de Identidade como o da Chapada Diamantina e do Sudoeste Baiano. Os cafés atraem consumidores de diversas partes do mundo, gerando renda e qualidade de vida para quem vive da cafeicultura.

O estado possui uma diversidade de marcas, classificadas entre o Tradicional, Gourmet, Especial, Premium, Superior e Orgânico, com embalagens de diversas quantidades e formatos, vendidos em grãos ou moídos, atendendo a todos os paladares e exigências dos consumidores. As cooperativas da agricultura familiar vêm diversificando a produção, melhorando a qualidade do produto e se estruturando para atender novos mercados do Brasil e do exterior.

Um desses exemplos bem-sucedidos é o da Cooperativa de Cafés Especiais e Agropecuária de Piatã (Coopiatã), que surgiu da iniciativa de cafeicultores da agricultura familiar do município de Piatã, na Chapada Diamantina, e o da Cooperativa Mista dos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac), no município de Barra do Choça, conhecida como a “Capital do Café”.

Piatã é o município produtor de café mais alto do Norte e Nordeste, com lavouras em altitudes de 1.260 a 1.400 metros, o que permite obter excelentes resultados. Prova disso são as premiações em eventos como o Cup of Excelence, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Só na edição 2019, os cafés de três produtores da Coopiatã ficaram entre os 10 primeiros no concurso, sendo um deles em 3º lugar.

Para apoiar o sistema produtivo do café, o Governo do Estado está investindo R$10,4 milhões, por meio do Projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial. Os recursos estão sendo aplicados em 12 empreendimentos da agricultura familiar, beneficiando diretamente mais de 1.100 famílias.

Valorização da agricultura familiar

Segundo Rodolfo Moreno, presidente da Coopiatã, a cooperativa defende a valorização, cada vez maior, dos produtos da agricultura familiar. Ele afirma que já é possível ver pessoas buscando produtos e já percebendo melhor o que é a agricultura familiar: “Os investimentos do Governo do Estado têm mostrado esses reflexos e melhorias. Hoje, temos maior visibilidade e o entendimento do que é o Selo da Agricultura Familiar. A gente quer que cada vez mais pessoas, de diversas classes, possam consumir nossos produtos, que sejam produtos populares. Que o baiano possa ter em sua mesa um produto da Bahia, de alta qualidade e com preço acessível”.

A Coopiatã, tem uma produção anual de quatro a cinco mil sacas de café, comercializadas nas marcas Coopiatã, Do Bão, Rígno, Rafereito, Taperinha, Café da Lucineia, Café do João, Entrevales, Cafundó e Reserva da Chapada. Os cafés são vendidos em grãos ou moídos, em classificações como as Tradicional, Gourmet, Especial e Superior. São exportados para a Austrália e comercializados em lojas especializadas, por meio de plataformas digitais como balcao.online/coophub e www.escoarbrasil.com.br/, ou ainda o café verde em grãos, para cafeterias de diversas partes do Brasil. O faturamento da cooperativa, nos últimos anos, já chegou a R$1,4 milhão.

A Cooperativa está recebendo do Governo do Estado recursos da ordem de R$1,8 milhão, com ações que incluem a implantação de uma agroindústria de torrefação, que vai reduzir os custos com produção: no beneficiamento de cafés especiais, antes um serviço terceirizado; assistência técnica e extensão rural (Ater), para a melhoria da qualidade dos grãos; aquisição de um veículo utilitário; e investimentos voltados para estratégias de acesso ao mercado.

Lotes pequenos e únicos

A barista Natália Braga, de São Paulo, Mestre de Torra e Q-Grader – Avaliadora de cafés arábica especiais, a partir da utilização de um protocolo de avaliação da Associação Americana de Cafés Especiais, conta que sua experiência com os cafés da Chapada Diamantina começou em 2017, quando visitou propriedades de café no município de Piatã: “O grande diferencial é a possibilidade de se encontrar lotes pequenos e únicos, com muita diversidade sensorial, tanto lotes vindos da mesma propriedade, quanto do universo de cafés da cooperativa”, observa a barista.

Potencial produtivo no Sudoeste

No Sudoeste Baiano, a Cooperativa Mista dos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac) produz, por ano, cerca de 280 mil sacas com o cultivo em altitudes que variam entre 850 e 1.280 metros. A presidente da Cooperbac, Joahra Oliveira, explica que cafés cultivados em altas altitudes apresentam uma doçura marcante, dando um resultado diferenciado ao café. Ela salienta que cafés oriundos da agricultura familiar têm um trato cultural diferenciado, voltado à sustentabilidade ambiental, com a perspectiva de manter o agricultor no campo, conservando o meio ambiente, com respeito pelas pessoas que consomem o produto final, até a bebida na xícara.

“Quem trabalha com o café precisa entender a influência exercida por todos os aspectos presentes no cultivo de sua matéria-prima: o grão de café. Conhecer as diferenças entre as espécies, suas peculiaridades e os equipamentos corretos a serem utilizados. Essas são as melhores formas de atingir o sucesso na cafeicultura”, observa Oliveira.

O Governo do Estado vem investindo, nos últimos anos, na Cooperbac. Só por meio de editais do Bahia Produtiva/CAR/SDR, estão sendo destinados recursos da ordem de R$ 4,4 milhões. As ações estão contribuindo para a melhoria de todo o processo produtivo e escoamento da produção da cooperativa, com agroindústria qualificada, infraestrutura adequada, consultoria na gestão e assistência técnica e extensão rural (Ater). Por meio do projeto, estão sendo desenvolvidas ainda iniciativas voltadas para o melhoramento da base produtiva, a logística e o aprimoramento do trato no pós-colheita, além de estratégias de comercialização.

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